Castiga!: Almendra, um clássico do rock argentino


Por Marco Antonio Gonçalves
Colecionador

Mantendo a vibe hermana, um grupo altamente recomendado é o Almendra, pioneiro na cena roqueira argentina ao lado de Los Gatos e Manal. Formado em 1968, possuía no seu line-up dois dos maiores guitarristas argentinos de todos os tempos: Luis Alberto Spinetta e Edelmiro Molinari. A cozinha, muito bem guarnecida, ficava a cargo de Emilio Del Guercio (baixo) e Rodolfo García (bateria). 

Gravaram dois álbuns homônimos muito bons em 1969 e 1970, e depois a banda se desfez. Emilio e Rodolfo fundaram o Aquelarre, Spinetta criou o lendário Pescado Rabioso e Edelmiro Molinari - depois de formar vários trios - acertou a mão no Color Humano, mandando ver no mais puro hard rock. No final dos anos setenta o Almendra voltou para realizar alguns shows e nesse revival gravaram mais três discos:
Almendra en Obras I, El Valle Interior e Almendra en Obras II, todos de 1980.


Agora mesmo estou escutando o primeiro álbum de 1969, dominado por temas introspectivos e reflexivos, num misto de tristeza e esperança. Emocionante é pouco. Tanto as poesias, de autoria da dupla Spinetta/Molinari, quanto as melodias e os arranjos instrumentais e vocais deflagrados pelo quarteto argentino são de uma beleza ímpar e só contribuem para torná-lo um dos melhores discos de rock portenho de todos os tempos.

Para acompanhá-los nessa empreitada, foram chamados músicos que simplesmente debulham na condução de seus instrumentos: Santiago Giacobre (órgão), Alicia Varadi (harpa), Bernardo Stalman (violino), Simon Zlotnik (viola), Carlos Pompeyo (flauta), José Bragato (violoncelo), Walter Cironi (fagote), Gustavo Bergalli (trompete), Alberto Misrahi (clarinete), Mario Tenreyro (corno, um instrumento da família do oboé), Rodolfo Medeiros (bandoneón), Tito Mariano (percussão) e o escambau. Tudo tocado com muita técnica e sentimento, criando uma atmosfera pra lá de comovente.

Clássicos como “Muchacha (Ojos de Papel)”, “Plegaria para un Niño Dormido”, “Color Humano” e “Ana no Duerme” fizeram a cabeça dos hermanos, criando uma absoluta identificação do público com a banda. O reflexo disso é que dois meses após seu lançamento o disco já havia vendido mais de vinte mil cópias na Argentina. Quando o escutei pela primeira vez, confesso que também fui pego de jeito. Entre tantas maravilhas, o destaque fica por conta da música “Fermin”, com uma das letras e melodias mais belas que já ouvi no rock portenho, onde um tema triste narra a história de um pobre louco em busca da felicidade.

Pegando carona na capa desenhada por Spinetta, diria só uma coisa: dá pra chegar as lágrimas. Imperdível!

Comentários

  1. O segundo álbum (duplo) também é altamente recomendavel. è o meu preferido. Bela matéria!

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  2. Valeu pelas dicas! Com essa besteira de rivalidade entre Brasil e Argentina (que é muito mais nossa do que deles), deixamos de conhecer muita coisa legal.
    Conhecia apenas alguma coisa da carreira solo do Spinetta e gostei muito do som do Almendra. Valeu!

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  3. Hola!
    É sempre legal ver brasileiros gostando do nosso rock porteño (assim como nos gostamos tanto da musica brasileira). Por algum daqueles esquemas cosmicos me deparei com este blog enquanto ouvia exatamente Almendra (el disco doble). Com 53 anos posso contar que os vi pessoalmente, junto com Manal. Uma das carinhas da contracapa do primeiro disco (foto do publico ao fundo) deve ter um magrinho de 13 anos deslumbrado. É so procurar, estou lá. Abraços de un porteño, Sergio

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  4. Hola Sergio!

    Que ótimo ler esse seu comentário. O rock argentino é realmente muito bom, muito melhor que o brasileiro, pode ter certeza disso.

    De onde você está nos acessando?

    Abração cara.

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  5. Olá tem muita coisa boa do rock argentino.Eu sou Argentina,da cidade de Córdoba,mas pesquiso Musica brasileira,tenho programa de radio dedicado a essa materia,e mesmo sendo colecionadora de vinyls,sempre teve primeiramente duas paixoes a musica negra(soul ,funk e jazz ) e MPB,com os anos decidi por justiça conhecer mais de nosso rock.E musica como de Almendra e Pescado Rabioso..sao pérolas..assim como Tanguito...gostaria de colaborar em nos comentarios..eu cheguei a este blog de casualidade...por ser colecionadora de LPS...Gostei demais..abraços..
    odaracba(crim)

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  6. Crim, muito obrigado pelo contato e por seu comentário. Se quiser realmente colaborar com o blog, as portas estão abertas. Que tal nos contar o que de bom está rolando no rock argentino?

    Abraço.

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  7. Cadao...obrigada pela suas boas vindas..e alô a todo o pessoal...eu particularmente acho,queo rock argentino atual ta passando momentos exquisitos...más tem mostros sagrados fazendo ainda arte ,graças a Deus..tem gente como Litto Nebia coautor de La Balsa,que é hiper productivo,tambêm tem gente na mixtura hiper valiosa como nosso Jaime Torres charanguista que atê lançou uma mixtura de musica folcklorica com cores electronicas.E posso falar dos grupos de minha cidade,Córdoba..tenho muita coisa..arrumo um trio de materias coloca a escrever..e vou pra frente.Há 4 dias que sai da cama logod e uma forte gripe..e tô hiper atrassada com meu blog isso pra me desculpar que esta atrassado por muitos motivos..mas apresento eles e meu canal en Youtube..
    http://odaracba.vox.com
    Youtube:Agorasoumusica
    Estou me preparando..rapaz...pra estreiar aqui...
    Beijos.

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  8. Aguardarei seus textos então, e melhoras por aí, que a gripe já chegou aqui no sul do Brasil também.

    Abraço.

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  9. Esse disco é incrível. Já valeria como curiosidade simplesmente por ser a estréia do Spinetta, mas é MUITO mais que isso. A banda é fundamental!
    Apesar de ser um entusiasta do vinil, tenho que recomendar a edição remasterizada em CD com faixas bônus. Compilaram ali todos os compactos que, ao meu ver, são o ponto alto na produção do grupo.
    Lendário!

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