Por Tiago Rolim
Colecionador
Neste texto vou abordar uma das bandas mais conhecidas e respeitadas bandas do Brasil, mas que, ao mesmo tempo, também é uma dos mais injustiçados e desrespeitados grupos brasileiros da última década.
Tudo começou em dezembro de 1996, quando Max Cavalera brigou com seu irmão Iggor e seus companheiros de uma vida e saiu do Sepultura, em um episódio conhecido por todos. Desde então o Sepultura se viu alvo de toda sorte de especulações e questionamentos possíveis, pois muitos achavam que sem Max a banda não daria em nada, que Max era a figura principal, entre outros tópicos. Mas aos poucos a banda foi dando a volta por cima, e em 1998 lançou seu oitavo disco, e o primeiro com o novo vocalista, Derrick Green, chamado Against.
Against (1998) ***1/2
Neste disco o Sepultura, incrivelmente, tendo em vista tudo o que ocorreu, conseguiu um bom registro, com músicas que deveriam ser mais bem avaliadas pelos fãs. Faixas como "Against", "Choke", "Common Bonds", "Kamaitachi", "Drowned Out" e "Old Earth" não negam o passado glorioso da banda e mostram um novo direcionamento.
Ouso dizer que, se este disco fosse gravado com Max Cavalera, ele seria considerado um sucessor à altura do Roots (1996), visto a manutenção da mistura de heavy metal com culturas diferentes, no caso a japonesa, presente inclusive na capa.
Vale lembrar que este CD conta com a participação de João Gordo na ríspida "Reza" e de Jason Newsted na confusa "Hatred Aside".
Nation (2001) **1/2
O segundo disco com Derrick foi um passo atrás na carreira do Sepultura, pois se mostrou muito confuso e prepotente, um trabalho com um conceito muito rebuscado. Outro fator extra musical que pesou contra foi o fato de a banda ter dado muita importância à parte lírica do mesmo, e ele sair sem as letras no encarte! Inaceitável!
Bom, vamos a ele: o disco começa maravilhoso, com "Sepulnation", uma música que tinha tudo para ser um clássico no nível de "Attitude" ou "Territory" caso tivesse sido bem trabalhada na época; seguida de "Revolt", um hardcore que nos mostra de onde o Sepultura tirou Derrick - ele canta com perfeição e raiva esta curta faixa.
A partir daí o álbum oscila muito, com bons momentos, vide "Tribe to a Nation" com a participação de um músico de reggae, Dr Israel; "Human Cause", com o vocalista do Hatebreed; "Reject"; a linda participação do Apocalyptica em "Valtio", uma música perfeita para abrir shows; e a "Politricks", com Jello Biafra detonando tudo.
Mas que pena que o CD não é todo assim, pois ao lado das citadas temos coisas como "One Man Army", a pior música do Sepultura sem dúvida; "Border Wars", outro equívoco totalmente desnecessário; "Vox Populli" e "Uma Cura", que de tão ruim só pode ser encarada como uma brincadeira da banda.
Enfim, um disco que se tivesse tido umas cinco faixas a menos teria uma avaliação diferente.
Roorback (2003) ****
Este é o disco mais injustiçado do Sepultura. Um álbum em que eles limaram os excessos de Nation, muito mais pesado e conciso, uma arma letal que inexplicavelmente foi ignorada.
"Come Back Alive" já começa destruindo tudo, com um peso e uma velocidade que fica até difícil acompanhar a letra no encarte, tal a rapidez e a fúria com que Derrick canta. Outra faixas rápidas deste CD são "Leech", "The Rift" e "Activist", todas com um acento hardcore e com muito peso.
"Come Back Alive" já começa destruindo tudo, com um peso e uma velocidade que fica até difícil acompanhar a letra no encarte, tal a rapidez e a fúria com que Derrick canta. Outra faixas rápidas deste CD são "Leech", "The Rift" e "Activist", todas com um acento hardcore e com muito peso.
Ao mesmo tempo, neste trabalho estão músicas lentas que mostram que o peso e a velocidade podem ser separados em um disco do Sepultura. "More of the Same", "Apes of God" e "As It Is" são lentas e mortais. Pelo menos o play teve um hit: "MindWar", que rendeu um belo clipe.
Este disco, como citado, de todos os da era Derrick é o mais injustiçado pelos fãs, e é bom que se diga isso pois a crítica adorou, basta ler as resenhas publicadas na época do seu lançamento.
Dante XXI (2006) ****1/2
A partir deste álbum o Sepultura, ao mesmo tempo em que reconquistava vários fãs devido à qualidade do mesmo, perdia seu baterista Iggor Cavalera, que alegando estar cansado do grupo e não querer mais fazer turnês resolveu sair. Uma pena, pois estão aqui registradas algumas das melhores músicas com Derrick.
"Convicted in Life", que rendeu o melhor clipe da banda até hoje, é um arregaço, perfeita, e que não ficaria deslocada no "Chaos A.D." (1993). "False", "Dark Wood of Error" e "Ostia" são exemplos de como o Sepultura estava inspirado nesta época, mesmo com os problemas com Iggor se avolumando.
Vale registrar que este álbum foi inspirado no clássico livro A Divina Comédia, de Dante Alighieri.
A-Lex (2009) ****1/2
Com o fôlego renovado pela entrada de Jean Dolabella no lugar que foi de Iggor Cavalera, o Sepultura mais uma vez partiu em busca de inspiração na literatura, e a encontrou na obra Laranja Mecânica, de Anthony Burgess, o que mais uma vez rendeu um belíssimo álbum. Ouso dizer o melhor até agora, desde o Against.
É incrível como o CD flui em suas dezoito faixas. Ele possui uma unidade que surpreende, visto que o baterista é um novato na banda, e, mesmo assim, um dos destaques do álbum.
Músicas como "Moloko Mesto", "What I Do", "The Treatment" e "Strike" são agressivas, rápidas e muito pesadas. "Sadistic Values" é uma faixa que tem um início lento, mas que vai ganhando peso e se transforma em um monstro pesado e insano, onde o Sepultura ainda encontra tempo para homenagear uma de suas maiores influências, o Voivod. Basta uma rápida escutada nesta música para se perceber isso.
"Paradox" e "We’ve Lost You" são destaques, inclusive a segunda rendeu mais um bom clipe. Outro destaque incontestável do é a versão para a "Nona Sinfonia" de Beethoven, que ficou esplêndida e é uma prova incontestável da musicalidade da banda, que sempre soube inovar e se manter relevante, apesar de todas as tempestades pelas quais passou.
Cara, adoro One Man Army e Vox Populi, falo sério. Poxa, atualiza a lista agora. Espera sair o Machine Messiahn dia 13 e escreve sobre o Kairos, Mediator e Machine...
ResponderExcluirCara, adoro One Man Army e Vox Populi, falo sério. Poxa, atualiza a lista agora. Espera sair o Machine Messiahn dia 13 e escreve sobre o Kairos, Mediator e Machine...
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