Discografia Comentada: Tuatha de Danann


Por Alessandro Cubas
Colecionador

Um ano antes da aparição de um ser extraterrestre, já havia surgido outro fenômeno na cidade de Varginha, interior de Minas Gerais. Desta vez o fenômeno foi a banda Tuatha de Danann, ainda com o nome de Pendragon, fazendo um som totalmente louco e inusitado para os padrões brasileiros, mesclando música celta e medieval ao heavy metal e algumas de suas vertentes.

Após o lançamento de duas demo tapes e excelentes álbuns, a banda abriu shows para grupos como Blind Guardian e Nightwish, e também tocou em festivais como o Brasil Metal Union, Live N’ Louder e no Wacken Open Air durante a turnê que fizeram pela Europa, isso sem contar inúmeros shows pelo Brasil afora, que só fortaleceram o nome do grupo, conquistando assim muitos fãs ao redor do mundo.

Tuatha de Danann (1999) ***

Neste primeiro registro, lançado no ano de 1999 através do selo Heavy Metal Rock, o Tuatha nos apresenta quatro faixas inéditas juntamente com as quatro da demo tape
Faeryage (1998).

O play começa justamente com as composições inéditas, sendo que a primeira delas, “Us”, é uma bonita música acústica toda no estilo celta, com belas flautas, violões, palminhas e tudo mais, além de um belo refrão reverenciando a grande Mãe Terra. Já a segunda faixa é a que também batiza a banda, “Tuatha de Danann”, já bem mais pesada do que a anterior, mas também com passagens acústicas de muito bom gosto. 

Ainda temos as inéditas “Beltane”, com guitarras bem boladas e passagens bem doom metal; e “The Bards of the Infinity”, que conta com uma boa introdução acústica antes de cair na paulada, é a música mais rápida do álbum, chegando a nos lembrar o antigo Blind Guardian em algumas partes. 

Nas composições que vieram da demo temos “Queen of the Witches”; “Faeryage”, que também saiu em uma coletânea da revista Planet Metal; “Oisin” que é bem legal, e “Inrahma”, que encerra o álbum novamente de forma acústica.

Desde este primeiro registro o Tuatha de Danann já estava com seu estilo bem definido, mas que ainda evoluiria, e muito, nos trabalhos seguintes.

Tingaralatingadun (2001) ***1/2

Com um título totalmente inusitado, para não dizer outra coisa, o Tuatha de Danann lança seu segundo álbum, o primeiro contando apenas com composições inéditas, e tendo uma produção superior a anterior. Novamente misturando o metal com música celta, o Tuatha nos traz um trabalho muito superior em relação ao disco de estreia, com composições mais elaboradas, cheias de flautas, violinos e bandolins, sendo que muitas destas faixas se tornaram as principais músicas da banda, estando presentes no repertório dos shows até hoje.

O álbum abre com a animada “The Dance of the Little Ones” e segue com “Battle Song”, “Behold the Horned King”, “Tan Pinga Ra Tan”, todas boas músicas e com ótimos climas. “Fingaforn” se tornou um dos pontos altos dos shows, onde, em algumas ocasiões, o grupo conta até com um anão representando o personagem da canção. Ainda temos “Vercingetorix”, “Celtia”, “Some Tunes to Fly”, a faixa-título e “MacDara”.

Neste mesmo ano, 2001, a banda também participou da ópera metálica William Shakespeare’s Hamlet, idealizado pela Die Hard Records, sendo que os mineiros ficaram responsáveis em apresentar a morte do personagem com a excelente faixa "Last Words", o que veio a concretizar ainda mais essa boa fase da banda.

Devido a esta visível evolução que o conjunto passou após este álbum, o grupo passou a ser visto com outros olhos, tanto pela mídia quanto pelo público em geral. Este álbum vale a pena ser conferido.

The Delirium Has Just Began ... (2002) ***1/2

Neste terceiro trabalho a banda nos apresenta novamente evolução dentro de seu já característico som. Novamente lançado através Heavy Metal Rock, este álbum foi posteriormente lançado na França, obtendo uma ótima resposta do público e da mídia.

A primeira faixa deste trampo dos mineiros é “Brazuzan – Taller than a Hill”, uma música cheia de mudanças de andamento e com uma das melhores melodias de flauta composta pelos mineiros. A segunda faixa “The Last Pendragon” é a regravação da primeira canção composta pelo grupo quando ainda se chamava Pendragon e tem até algumas passagens prog metal e vocais agressivos. “Abracadabra” dá continuidade ao play no melhor estilo folk/celtic e é mais uma ótima composição. “The Last Words”, que já havia aparecido na projeto
William Shakespeare’s Hamlet,  agora saiu no próprio álbum. Ainda temos a bela “The Wanderings of Osin” e a variada “The Delirium Has Just Began ...”, com passagens pesadas contrastando com belos climas e passagens acústicas.

Um trabalho curto, mas que mais uma vez nos passa o espírito da banda, mostrando que no Brasil também temos ótimos representantes da música folclórica européia. 

Trova di Danú (2004) ****

Na minha opinião o melhor trabalho do Tuatha de Danann, com excelentes composições e uma boa produção. Indico este álbum para quem ainda não conhece o trabalho da banda.

Desta vez o trabalho foi lançado pela Paradoxx Music e possui também influências de grupo nos anos setenta misturadas ao estilo dos mineiros. Além disso, o CD nos traz muitas participações especiais, onde podemos destacar a do Sr Victor Rodrigues, muito conhecidos por seus gritos no Torture Squad, que é outra banda de extremo potencial na cena brasileira.

A banda já começa com tudo com a super empolgante “Bella Natura”, segue com “Lover of the Queen”, “Land of Youth”, “De Danann’s Voice”, “The Lands of Revenge”, “Spellboundance”, “Believe: It’s True!” “The Arrival”, “The Oghma’s Rheel”, “Trova di Danú” e fecha com “The Wheel”, onde é quase impossível citarmos apenas algumas faixas como destaque. 

O disco inteiro nos traz as melhores melodias de flautas compostas por estes bardos. Aliás, o que seria do Tuatha de Danann sem as flautas? Talvez Bruno Maia tenha encarnado o mesmo espírito que desce no gênio Ian Anderson. Bricadeiras a parte, esta banda se mostra uma das mais originais do país, merecendo sem dúvida seu reconhecimento.

Comentários

  1. Esta foi a primeira banda nacional de folk metal que eu conheci. Eu adorei esta banda, quem sugeriu esta banda foi o meu irmão. Vale muito a pena ouvir esta banda que você não se arrependerá!

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