09/09/2009: O dia D para os Beatlemaníacos


Por Emílio Pacheco
Colecionador e Jornalista
Blog do Emílio Pacheco

O anúncio foi feito com meses de antecedência, mas hoje, dia 09 de setembro, é a data oficial do relançamento dos álbuns dos Beatles em CD. Eles já haviam saído em 1987, mas desde então os fãs e colecionadores clamavam por uma remasterização mais caprichada. Desta vez são duas edições: uma em mono, outra em estéreo. A primeira só está disponível em uma caixa que logo esgotou em pré-venda na Amazon americana. A minha está vindo da Amazon inglesa. Vai causar uma queda vertiginosa no meu saldo bancário, ainda mais considerando a taxa de importação quando chegar no Brasil. Mas o 13º está logo ali para cobrir o rombo.

Talvez as gerações mais novas não entendam o porquê de tanto interesse por gravações em mono. Não bastaria pegar os CDs em estéreo e jogar os dois canais num só? Alguns amplificadores já vêm com esse recurso. Mas a resposta é: não. No caso dos Beatles (e de vários outros grupos dos anos 60) as músicas eram mixadas, em primeiro lugar, em mono. Em geral os próprios Beatles participavam dessa etapa e tudo era feito meticulosamente, para obter o melhor resultado possível. Depois é que se faziam as mixagens para estéreo, que ainda era visto como um recurso novo e secundário. Não vai muito longe: é mais ou menos o que o 5.1 é hoje. Muitos dos clássicos do rock já foram remixados nesse formato para lançamento em SACD ou DVD-A, mas poucos privilegiados tiveram a chance de ouvir o resultado.

Assim, como o estéreo era relegado ao segundo plano nos anos 60, as gravações em mono eram mais ricas em detalhes. Em alguns casos, apareciam diferenças notáveis. Basta dizer que, em 1980, foi lançado nos Estados Unidos (e depois no Brasil) um LP chamado
Rarities contendo faixas raras ou pouco conhecidas dos Beatles. Entre elas, apareciam as versões mono de "Helter Skelter" e "Don't Pass Me By", do White Album. E assim, várias outras músicas dos Beatles apresentam alterações significativas entre mono e estéreo. Unir os dois canais do estéreo num só não produzirá o mesmo resultado (se bem que a edição do Álbum Branco que saiu no Brasil nos anos 60 era exatamente assim, "falso mono", ou o que se chama em inglês de "fold down", sem contar que "Revolution" tinha uma rotação totalmente distorcida, como se alguém ficasse brincando com o pitch control do toca-discos.)

Nem todo o mundo é obrigado a gostar dos Beatles. Eu, por exemplo, não sou exatamente fã de Elvis Presley, o Rei do Rock. Mas reconheço e entendo a importância que ele teve na cultura como um todo. Infelizmente, nem todos os que não gostam dos Beatles compreendem o que eles significaram. Às vezes chego a ter pena de certos fãs de outros grupos que acham mesmo que, com um longo discurso, vão conseguir provar por "a" mais "b" vezes "x" dividido por "y" elevado ao quadrado que a banda preferida deles é ou era melhor do que o quarteto de Liverpool. E geralmente os argumentos são os mesmos: "
Os Beatles duraram só dez anos, o grupo tal está aí até hoje" ou "durou mais de 30". "Fulano canta muito melhor do que o Paul", "Beltrano toca muito melhor do que o George", "Ringo é um baterista limitado" e assim por diante. A pérola mais incrível que já li foi a de que "os Beatles só são famosos porque John Lennon morreu". E ao final dessa argumentação toda, obviamente feita por pessoas desinformadas, os Beatles continuam sendo os maiores.

Preparem-se para uma overdose de Beatles nos próximos dias. Nos próximos meses. Anos. Décadas. Séculos. Os Beatles são eternos.

Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Ahhh...mas que ótimo desabafo o do último parágrafo....
    É dificil entender porque as pessoas misturam suas preferências musicais com importância histórica... uma de doer foi quando li...nestes murais de comentários da vida que os rolling stones eram apenas uma banda que compunham rockinhos básicos ou que Clapton e Santana eram guitarristas enganadores sendo que na verdade eram apenas músicos POP (como se tivesse algum mau nisso)...

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