Por Emílio Pacheco
Colecionador e Jornalista
Blog do Emílio Pacheco
O esperado livro de Erasmo Carlos, com texto final de Leonardo Lichote, é escrito em tom coloquial, sem fugir a palavrões quando o contexto exige. As cerca de 340 páginas não contam sua história no estilo tradicional de autobiografia. Em vez disso, o Tremendão optou por uma sequência de crônicas em ordem mais ou menos cronológica. Cada uma delas poderia ser publicada separadamente, sem prejudicar o entendimento.
Destacam-se a humildade e o espírito esportivo do músico para dividir com o leitor seus êxitos e fracassos, acertos e micos. Ele narra, por exemplo, a vaia que tomou no primeiro Rock in Rio, em 1985, quando foi escalado para se apresentar no mesmo dia dos metaleiros. Fala também de seu começo com os Snakes, o trabalho com Carlos Imperial, seu amor por Narinha, a parceira com Roberto Carlos, as peripécias de Tim Maia, a amizade com o saudoso radialista Big Boy, a lealdade do secretário Alcides e muitas outras histórias.
É um livro divertido e obrigatório para fãs de Erasmo e da Jovem Guarda. Mas não se pode deixar de observar uma omissão grave: a fase em que ele foi crooner e guitarrista de Renato e Seus Blue Caps é simplesmente ignorada. Erasmo participou de dois álbuns do grupo, um como integrante oficial com foto na capa e tudo, outro como anônimo. Nada disso é mencionado. Mesmo não pretendendo ser um relato exaustivo (no sentido de completo), o texto não poderia ter deixado de fora essa passagem.
Já o chiclete Tremendão é um esquecimento perdoável, mesmo assim seria bom rever as figurinhas com trechos de letras como "A Pescaria" e "É Duro Ser Estátua". Será que alguém guardou isso?
Trecho (sobre o Rock in Rio):
Para desanuviar o ambiente, havia a inocência do filho pequeno da maquiadora, que, ao sentir um cheirinho de maconha que de vez em quando era trazido pela brisa, perguntou:
- Mamãe, que cheiro é esse?
- Não sei, deve ser alguém que soltou um pum – respondeu ela, com naturalidade.
A todo momento que ventava, o menino dizia:
- Tá sentindo, mãe? Soltaram outro pum!
Trecho (sobre o Rock in Rio):
Para desanuviar o ambiente, havia a inocência do filho pequeno da maquiadora, que, ao sentir um cheirinho de maconha que de vez em quando era trazido pela brisa, perguntou:
- Mamãe, que cheiro é esse?
- Não sei, deve ser alguém que soltou um pum – respondeu ela, com naturalidade.
A todo momento que ventava, o menino dizia:
- Tá sentindo, mãe? Soltaram outro pum!
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