Minha Coleção - Luiz Mayro NAZA: "Estava ouvindo prog experimental e meu sogro perguntou se o aparelho de som estava com problema!"


Por Fernando Bueno
Colecionador

Para começar o nosso papo, eu queria agradecer sua participação e gostaria que você se apresentasse aos nossos leitores.

Meu nome é Luiz Mayro, mas sou conhecido no Orkut como NAZA. Sou dono da comunidade “Rock Progressivo – Brasil”. Trabalho na área comercial tem uns 25 anos.

Qual foi o seu primeiro contato com a música?

Meu pai sempre ouvia música clássica e ópera. Acho que no berço já curtia. Mas oficialmente foi no final dos anos 60 e início dos 70 que passei a entender e gostar.

Mais ou menos com que idade você percebeu que essa paixão pela música iria acompanhá-lo por toda a vida?

Foi a partir da compra do meu primeiro álbum que percebi que ia seguir este caminho. Eu devia ter uns dez anos.

Sendo assim, qual foi o seu primeiro disco?

Um disco que me chamou a atenção e comprei sem pensar, e é uma obra de arte na minha opinião, foi To Our Childrens Childrens Children, do The Moody Blues, de 1969.


Você consegue dizer em que momento se transformou de um fã normal de música em um colecionador?

Foi a vontade de ouvir repetidamente determinado álbum e a vontade de conhecer outros trabalhos da mesma banda. Assim eu acabei seguindo a carreira de algumas bandas e comprando todos os seus discos.

Quanto itens você tem?

Somando meus CDs, DVDs, LDs, VHS, discos e compactos, eu devo passar de 4.000 itens. Ainda vou contar meu acervo (risos).

Qual foi o número máximo de itens que você já adquiriu de uma única vez?

Não sou de arrematar lotes, mas já cheguei a comprar uns dez discos em um só dia visitando sebos do centro da cidade.


Qual item você considera o mais raro da sua coleção?

Não sei se posso classificar como raro, mas tenho certeza que não é fácil de se obter - Pink Floyd - Live in Rotterdam (vinil duplo). Deve ter sido gravado com um gravador portátil por alguém da plateia.

Não estou contando com alguns discos que tenho para serem tocados em Gramofone e que são tocados para alguns amigos que me visitam em casa no meu aparelho. O que enche o saco é ficar dando corda enquanto o pessoal esta curtindo (risos).


Isso é muito interessante, fale mais um pouco sobre o gramofone. Como você o conseguiu? De quando é o aparelho? Quais são esses discos que você possui para serem tocados nesse aparelho?

Eu sempre gostei muito de móveis e aparelhos antigos, e este aparelho gramofone eu comprei em um brechó já tem muitos anos. Tenho uma coleção de uns 40 discos que só podem ser tocados em um aparelho deste tipo. Quando paro para escutar estes discos é como voltar ao passado, uma verdadeira viagem no tempo.


Qual é o item mais diferente e curioso do seu acervo?

É um vinil “jingle” feito para General Motors de 1959. Foi no lançamento do caminhão Chevrolet. O curioso é que tenho a carta do pedido e cotação deste trabalho.

Existe algum disco que você passou um tempão atrás até consegui-lo para a sua coleção?

Sim, alguns deram trabalho para encontrar, e um foi o Riff Raff”com Tommy Eyre, de 1973.

E qual é aquele que você ainda não conseguiu?

É uma eterna procura, mas não tenho atualmente um em específico.


Quais são, para você, os dez melhores álbuns de todos os tempos?

Sempre vou postar que depende muito de gosto pessoal quando se trata dos dez melhores para um ouvinte. Quando se trata de uma revista ou gravadora, o que se leva em conta é o poder de venda e retorno. E claro que isso é na minha opinião.

Como ouvinte vou mencionar 10 entre tantos :

1 - Dark Side of the Moon (Pink Floyd)
2 - Islands (King Crimson)
3 - When The Eagle Flies (Traffic)
4 - A Passion Play (Jethro Tull)
5 – The Yes Album (Yes)
6 - IV (Led Zeppelin)
7 - Sabbath Bloody Sabbath (Black Sabbath)
8 - Criaturas da Noite (O Terço)
9 - 1º (Secos & Molhados)
10 - Corra o Risco (Olívia Byington com A Barca do Sol)

Na minha modesta opinião esses são trabalhos obrigatórios em qualquer acervo.


Pelos discos citados podemos dizer que o seu estilo musical preferido é o rock progressivo. É isso mesmo?

Sim, o rock progressivo e experimental é uma paixão sem controle.

A sua coleção tem um limite? Tipo, você acha que, algum dia, vai parar de comprar discos porque acha que, enfim, tem tudo o que sempre quis ter? Você acha que esse dia chegará, ou ele não existe para um colecionador?

Nunca vou parar, não tem como.


Você compra discos de bandas novas? Se sim, cite alguma banda que você ache que se destaca atualmente.

Minha procura por bandas novas não é constante. Continuo procurando por grupos que não tiveram espaço nos anos 60/70. Existe muitas bandas novas que tem um som fantástico (surgidas a partir de 2000), e entre uma destas eu destaco uma banda japonesa formada originalmente por três mulheres, chamada Ars Nova, e que hoje está com uma 4ª integrante.

Já parou para pensar em quem será o herdeiro da sua coleção no seu futuro?

Meu filho já esta no caminho certo. A banda que ele mais gosta é o Black Sabbath.

Se você tivesse que indicar algumas bandas, e alguns discos, para uma pessoa que nunca teve contato com o rock, o que indicaria?

Putz ... isso nunca deu certo. Já tentei mostrar algumas bandas prog e de rock e a reação foi “duca”. Mas para quem nunca ouviu um rock na vida, eu mandaria curtir uns discos dos Beatles e dos Rolling Stones.

Tem alguma história engraçada ou curiosa que aconteceu com você por causa da música?

Muitas. Uma foi quando minha família e eu estávamos passando um final de semana na chácara e meu sogro perguntou se o aparelho de CD estava com defeito quando eu estava ouvindo prog experimental. E piorou quando tentei explicar ... (risos)

Com isso tenho que perguntar: o que sua família (pais, mulher e filhos) dizem sobre sua coleção e seu gosto musical?

(Risos) A resposta já é conhecida. Eu tenho que escutar com fones de ouvido ou quando estou sozinho, caso contrario é “duca” (risos).


Você acompanhou a “época de ouro” do rock, com o progressivo em alta e o nascimento do hard rock e do heavy metal? Como foi participar daquela época?

Foi algo que marcou minha vida, foi uma época de descobertas e mudança total, foi a base de tudo que escutamos hoje.

Nos anos 70 não havia a divulgação que temos hoje, nem a facilidade de se conhecer coisas novas. Existe alguma banda daquela época que você gosta e só conheceu recentemente?

Era um parto conseguir um disco novo, descobrir e acompanhar os últimos lançamentos. O incrível era que essas bandas realmente criavam um novo som e não tinha influências de medalhões. A base era o clássico, blues, jazz e o simples, mas complexo, experimento.

Deixe um recado para os leitores da Collector´s Room.

Vou tomar emprestado uma frase que acho resumir o significado da música, a importância do som para a alma: "Nos fios tensos da pauta de metal, as andorinhas gritam por falta de uma clave de sol (Secos & Molhados)". Valeu pessoas !!!

Comentários

  1. parabéns pela entrevista! Tá muito legal! Bela coleção bem organizado do Luiz.

    Albert Mansour

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  2. ARSNOVA é muito bom. Acho o Andoir Domina excelente. Parabéns pela coleção!

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  3. Ficou muito boa a entrevista, embora tenha deixado um gostinho de "quero mais" aquela história do gramofone e as fotos dos discos "Gramofônicos"...

    E só de ter colocado o filho no "caminho certo" musical já é prova suficiente de que ele é um bom pai (risos).

    Parabéns pela coleção!

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  4. Fernando, olha ae, abra um "pergunte ao entrevistado" na comunidade.... que tal?

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Fiquei devendo mais fotos.....LDs....Compactos....Discos.....e o principal....Discos para o Gramofone.....e obrigado pelos comentários dessas feras....Valeu !!!

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  7. Parabéns pelo acervo e pela entrevista.

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  8. Grande Naza! Excelente entrevista! Realmente, o progressivo é muito difícil de ser absorvido, sempre me perguntam se sou louco demais por ouvir, como eles mesmos definem: "barulhinhos chatos e teclados de igreja.". HAHAHA! E que senhora coleção, heim? Parabéns!

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  9. Graaaaande Naza...

    Além de amantes dos bons sons e um grande chapa, agora o maninho tá ficando famoso...

    Aí sim hein... HAHAHA

    Abraço, e precisamos tomar umas cervejas hein...

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  10. O Naza, além de ter essa coleção maravilhosa e possuir um gosto musical impecável, é uma pessoa muito querida... excelente entrevista!

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  11. Ô tio! Conhece Porcupine Tree? Se não conhece, corre que você vai ficar passado!

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