Por Ricardo Seelig
Colecionador
Collector´s Room
Formado por Mao (vocal), Mauro (guitarra), Godô (baixo) e Maurício (bateria), o Garotos Podres surgiu em 1982, no boom do movimento punk no Brasil, quando centenas de bandas nasceram, principalmente na periferia das grandes metrópoles, embaladas pela lendária coletânea Grito Suburbano, lançada pela Punk Rock Discos naquele ano e considerada um dos mais importantes registros do gênero em nosso país.
Mauá, São Paulo. Essa cidade do Grande ABC paulista foi o berço de um dos mais cultuados grupos da história do punk rock brasileiro.
Formado por Mao (vocal), Mauro (guitarra), Godô (baixo) e Maurício (bateria), o Garotos Podres surgiu em 1982, no boom do movimento punk no Brasil, quando centenas de bandas nasceram, principalmente na periferia das grandes metrópoles, embaladas pela lendária coletânea Grito Suburbano, lançada pela Punk Rock Discos naquele ano e considerada um dos mais importantes registros do gênero em nosso país.
O LP trazia as bandas Olho Seco, Inocentes e Cólera, cada uma marcando presença com quatro faixas. O impacto sobre a juventude brasileira do começo dos anos oitenta, sufocada pelas limitações e censuras impostas pela ditadura militar, foi imenso, tirando milhares de garotos do limbo em que viviam, que trocaram os bancos das escolas por acordes de guitarras, letras repletas de revolta e cheias de atitude.
Grito Suburbano teve uma repercussão tão intensa que foi lançado também na Alemanha, em 1984, pela Vinyl Boogie, com o título alterado para Volks Grito, e transformou Olho Seco, Inocentes e Cólera em ícones eternos do punk brazuca.
Outro evento marcante daquele ano foi o festival O Começo do Fim do Mundo, organizado pelo escritor e dramaturgo paulista Antônio Bivar. O festival aconteceu nos dias 27 e 28 de novembro de 1982 no SESC Pompéia, em São Paulo, e tinha o objetivo de selar a união entre as variadas facções e diferentes grupos que formavam a cena punk da capital e do ABC paulista, e que constantemente envolviam-se em brigas e confrontos entre si.
Grito Suburbano teve uma repercussão tão intensa que foi lançado também na Alemanha, em 1984, pela Vinyl Boogie, com o título alterado para Volks Grito, e transformou Olho Seco, Inocentes e Cólera em ícones eternos do punk brazuca.
Outro evento marcante daquele ano foi o festival O Começo do Fim do Mundo, organizado pelo escritor e dramaturgo paulista Antônio Bivar. O festival aconteceu nos dias 27 e 28 de novembro de 1982 no SESC Pompéia, em São Paulo, e tinha o objetivo de selar a união entre as variadas facções e diferentes grupos que formavam a cena punk da capital e do ABC paulista, e que constantemente envolviam-se em brigas e confrontos entre si.
Vinte bandas apresentaram-se no festival, entre elas Cólera, Inocentes, Olho Seco, Estado de Coma, Extermínio, Fogo Cruzado, Hino Mortal e Ratos de Porão. Além de shows, o evento contou com exposição de materiais da forte cena punk de então, como discos dos mais variados grupos, fanzines e filmes.
Bivar providenciou que o festival fosse gravado, e lançou um LP com o mesmo nome um ano depois, em 1983, pela gravadora New Face. O disco vale como importante registro histórico, já que a qualidade de áudio, infelizmente, não é das melhores. Como curiosidade vale mencionar que uma das bandas do evento, a Ulster, recusou-se a ter sua participação incluída no vinil original de 1983, porque, segundo o grupo, teriam sido prejudicados na hora da gravação de sua performance. A faixa do Ulster acabou entrando como bonus track no relançamento de O Começo do Fim do Mundo em CD, em 1995, pela Decontrol Records.
Voltando, o primeiro show do Garotos Podres foi em Santo André, em 1983, em um evento que reuniu várias bandas em benefício ao Fundo de Greve dos Metalúrgicos do ABC. Passaram a tocar com frequência, e acabaram sendo convidados a participar de uma coletânea em fita K7 ao lado dos grupos Corte Marcial, Infratores e Grito de Alerta.
Em 1984 ocorreram algumas mudanças na formação da banda. Godô saiu e passou o posto de baixista para Sukata, que está com o grupo até hoje. Na bateria, Maurício foi embora e em seu lugar entrou Português, que permaneceria até 1997. Com o line-up estabilizado, entraram em estúdio em meados de 1985 para gravar uma demo-tape com suas composições. As sessões duraram doze horas, e nelas foram registradas quatorze músicas. O resultado final animou a banda, que incluiu onze delas em sua disco de estreia, batizado como Mais Podres do que Nunca e lançado em 1985 pelo selo Rocker.
Mais Podres do Que Nunca é um petardo do começo ao fim. Produzido por Edson "Redson" Lopes Pozzi (vocalista, guitarrista e líder do Cólera), o LP foi gravado em oito canais no estúdio Vice-Versa, em São Paulo. As onze faixas do play são de autoria do trio Mao, Mauro e Sukata, a espinha dorsal do grupo.
O debut do Garotos Podres é um disco recheado de clássicos. O play abre com "Não Devemos Temer", cuja letra prega a união de forças para destruir aqueles que detém o poder. A lendária "Johnny" vem a seguir, e tornou-se uma das faixas mais emblemáticas da carreira da banda. Sua execução foi proibida nas emissoras de rádio e TV devido à sua letra, considerada ofensiva pela censura. O pau continua comendo com "Insatisfação", retrato fiel do estado de espírito dos brasileiros do período.
A hilária "Vou Fazer Coco" é um chute no peito do estabilishment tupiniquim daquela primeira metade dos anos oitenta, onde a ditadura dava seus últimos suspiros e o sonho de uma nova república era vendido através da figura de Tancredo Neves, que acabou virando mito ao falecer sem tomar posse no posto de primeiro Presidente da República de uma nova era, posto esse que acabou caindo no colo de José Sarney.
Outros destaques absolutos são "Eu Não Sei o que Quero" - com a clássica frase "eu não sei o que quero, mas eu sei que eu vou conseguir" - e a sensacional "Papai Noel Velho Batuta", que teve seu título alterado para driblar a censura, pois originalmente se chamava "Papai Noel Filho da Puta".
A primeira tiragem de Mais Podres do que Nunca esgotou rapidamente, e uma nova edição do disco foi lançada em 1986 pela Lup-Som. Em 1987 uma terceira prensagem chegou às lojas com as mesmas onze faixas mas com o título alterado para Pisando na M ..., alusão a um incidente protagonizado pelos integrantes da banda que, descontentes com o trabalho de divulgação e o descaso da gravadora pelo disco, pisaram em coco de cachorro na rua e passearam calmamente pelo escritório acarpetado da companhia.
Mesmo assim, o disco vendeu muito bem, alcançando 50 mil cópias comercializadas, o que é um feito considerável levando-se em conta a época em que foi lançado, a eterna crise econômica vivida pelo Brasil naquele período e o tipo de som executado pelo grupo, anti-comercial ao extremo.
Mais Podres do que Nunca ganhou uma versão em CD em 1995 pela Rotten Records, com direito a uma bonus track, a faixa "Meu Bem". Desde 1997 a própria banda assumiu a comercialização do disco.
A carreira dos Garotos Podres seguiu com o lançamento dos álbuns Pior que Antes (1988) - ótimo disco, recomendo! -, Canções para Ninar (1993), Rock de Subúrbio - Live! (1995), Com a Corda Toda (1997), Arriba! Arriba! (1997) - coletânea com faixas dos dois primeiros discos e algumas canções gravadas ao vivo na Alemanha em 1995, lançada pelo selo português Fast´n´Loud e atualmente fora de catálogo -, Live in Rio (2001) e Garotozil de Podrezepam (2003).
O grupo está na ativa até hoje, mantendo vivas a força, a ideologia e a atitude do punk rock.
Voltando, o primeiro show do Garotos Podres foi em Santo André, em 1983, em um evento que reuniu várias bandas em benefício ao Fundo de Greve dos Metalúrgicos do ABC. Passaram a tocar com frequência, e acabaram sendo convidados a participar de uma coletânea em fita K7 ao lado dos grupos Corte Marcial, Infratores e Grito de Alerta.
Em 1984 ocorreram algumas mudanças na formação da banda. Godô saiu e passou o posto de baixista para Sukata, que está com o grupo até hoje. Na bateria, Maurício foi embora e em seu lugar entrou Português, que permaneceria até 1997. Com o line-up estabilizado, entraram em estúdio em meados de 1985 para gravar uma demo-tape com suas composições. As sessões duraram doze horas, e nelas foram registradas quatorze músicas. O resultado final animou a banda, que incluiu onze delas em sua disco de estreia, batizado como Mais Podres do que Nunca e lançado em 1985 pelo selo Rocker.
Mais Podres do Que Nunca é um petardo do começo ao fim. Produzido por Edson "Redson" Lopes Pozzi (vocalista, guitarrista e líder do Cólera), o LP foi gravado em oito canais no estúdio Vice-Versa, em São Paulo. As onze faixas do play são de autoria do trio Mao, Mauro e Sukata, a espinha dorsal do grupo.
O debut do Garotos Podres é um disco recheado de clássicos. O play abre com "Não Devemos Temer", cuja letra prega a união de forças para destruir aqueles que detém o poder. A lendária "Johnny" vem a seguir, e tornou-se uma das faixas mais emblemáticas da carreira da banda. Sua execução foi proibida nas emissoras de rádio e TV devido à sua letra, considerada ofensiva pela censura. O pau continua comendo com "Insatisfação", retrato fiel do estado de espírito dos brasileiros do período.
A hilária "Vou Fazer Coco" é um chute no peito do estabilishment tupiniquim daquela primeira metade dos anos oitenta, onde a ditadura dava seus últimos suspiros e o sonho de uma nova república era vendido através da figura de Tancredo Neves, que acabou virando mito ao falecer sem tomar posse no posto de primeiro Presidente da República de uma nova era, posto esse que acabou caindo no colo de José Sarney.
Outros destaques absolutos são "Eu Não Sei o que Quero" - com a clássica frase "eu não sei o que quero, mas eu sei que eu vou conseguir" - e a sensacional "Papai Noel Velho Batuta", que teve seu título alterado para driblar a censura, pois originalmente se chamava "Papai Noel Filho da Puta".
A primeira tiragem de Mais Podres do que Nunca esgotou rapidamente, e uma nova edição do disco foi lançada em 1986 pela Lup-Som. Em 1987 uma terceira prensagem chegou às lojas com as mesmas onze faixas mas com o título alterado para Pisando na M ..., alusão a um incidente protagonizado pelos integrantes da banda que, descontentes com o trabalho de divulgação e o descaso da gravadora pelo disco, pisaram em coco de cachorro na rua e passearam calmamente pelo escritório acarpetado da companhia.
Mesmo assim, o disco vendeu muito bem, alcançando 50 mil cópias comercializadas, o que é um feito considerável levando-se em conta a época em que foi lançado, a eterna crise econômica vivida pelo Brasil naquele período e o tipo de som executado pelo grupo, anti-comercial ao extremo.
Mais Podres do que Nunca ganhou uma versão em CD em 1995 pela Rotten Records, com direito a uma bonus track, a faixa "Meu Bem". Desde 1997 a própria banda assumiu a comercialização do disco.
A carreira dos Garotos Podres seguiu com o lançamento dos álbuns Pior que Antes (1988) - ótimo disco, recomendo! -, Canções para Ninar (1993), Rock de Subúrbio - Live! (1995), Com a Corda Toda (1997), Arriba! Arriba! (1997) - coletânea com faixas dos dois primeiros discos e algumas canções gravadas ao vivo na Alemanha em 1995, lançada pelo selo português Fast´n´Loud e atualmente fora de catálogo -, Live in Rio (2001) e Garotozil de Podrezepam (2003).
O grupo está na ativa até hoje, mantendo vivas a força, a ideologia e a atitude do punk rock.
Apesar de Punk não ser minha praia, eu conheci Garotos podres e gostei, isso faz um tempinho, foi inclusive através do Musikaos da tv cultura, nesse programa, entre uma musica e outra eles entraram numas de discutir sobre o newmetal , e todo o auê q tavam fazendo na época, daí o vocal do Garotos deu uma respota muito boa aquela questão, ele disse que preferia sim ouvir esse tipo de som tocando nas rádios a ter q ouvir “Bonde do tigrão”. meio extremo a comparação, mas achei bem legal.
ResponderExcluirGarotos Podres é a melhor banda punk já surgida no Brasil, na minha humilde opinião! Esse primeiro disco é "discoteca básica obrigatória" sem nenhuma dúvida, mas eu ainda prefiro o segundo, em que todas as músicas (e as letras) são de altíssimo nível.
ResponderExcluirConheci o segundo disco lá por 1989 (tinha certeza de ser antes, mas está escrito que o disco é de 88, então devo estar enganado...) e ele virou trilha sonora da minha turma na época. O engraçado é que quando vim para Porto Alegre eu não conhecia este primeiro disco, que era (e é) cultuado nesta capital (especialmente "Vou Fazer Cocô") e o pessoal daqui não conhecia o segundo disco, então foi uma legítima "troca cultural" quando conhecemos os discos...
"ê ô, ê ô, Garoooooto Poodre, Garoooooto Poodre"...
Mara e Micael, obrigado pelos comentários. O primeiro disco da banda sempre foi o mais cultuado na minha região também, Micael. Conheço o segundo, e ele é de 1988 realmente, e tem uma das minhas músicas favoritas da banda: "Batman", lembra?
ResponderExcluirGrande banda, ótimo disco!
"Batman era um bom menino..." Clássico absoluto.
ResponderExcluirO segundo disco inteiro só tem músicas nota 10...
Esse resgate das bandas oitentistas está muito bom Cadão. Quando virão Astaroth, Inocentes, Cólera, Os Eles, De Falla, Sarcófago, Overdose, Golpe de Estado, ...
ResponderExcluirÓtimas sugestões, Mairon e pessoal. Vamos ver o que vai rolar, mas com certeza são ótimas ideias.
ResponderExcluirNão simpatizo com o som dos caras, mas as letras são sensacionais, principalmente porque em sua grande maioria expressam a perspecitva revolucionária.
ResponderExcluirGostei muito da versão que eles fizeram da Internacional.
Garotos Podres é uma das bandas que contribui com suas músicas na luta contra a cultura burguesa, e esse motivo é mais do que suficiente para elogiar e divulgar a mensagem desses companheiros de luta pela libertação humana dos grilhões do modo de produção capitalista.