Por Ricardo Seelig
Colecionador
Collector´s Room
Filho de peixe, peixinho é? Nesse caso, sim. Johnny Alexander Veliotes herdou do pai não apenas o nome, mas sobretudo o talento musical. Filho de Johnny Otis (cujo nome de batismo é John Alexander Veliotes), um dos pioneiros do rock norte-americano, Shuggie Otis nasceu em Los Angeles em 30 de novembro de 1953, e aos doze anos já tocava em clubes noturnos acompanhando o pai. Para disfarçar a tenra idade, escondia-se atrás de enormes óculos escuros e camadas de maquiagem, já que, pela lei americana, não poderia se apresentar profissionalmente sendo ainda um mero adolescente.
Desde cedo revelou-se um prodígio. Além da guitarra, seu instrumento preferido, tocava com perfeição também piano, órgão, bateria e baixo. Seu talento precoce impressionava a todos que o conheciam, e chamou a atenção de Al Kooper, que o convidou para substituir Stephen Stills no seu projeto Super Sessions, que já havia rendido um elogiadíssimo álbum lançado em julho de 1968.
Colecionador
Collector´s Room
Filho de peixe, peixinho é? Nesse caso, sim. Johnny Alexander Veliotes herdou do pai não apenas o nome, mas sobretudo o talento musical. Filho de Johnny Otis (cujo nome de batismo é John Alexander Veliotes), um dos pioneiros do rock norte-americano, Shuggie Otis nasceu em Los Angeles em 30 de novembro de 1953, e aos doze anos já tocava em clubes noturnos acompanhando o pai. Para disfarçar a tenra idade, escondia-se atrás de enormes óculos escuros e camadas de maquiagem, já que, pela lei americana, não poderia se apresentar profissionalmente sendo ainda um mero adolescente.
Desde cedo revelou-se um prodígio. Além da guitarra, seu instrumento preferido, tocava com perfeição também piano, órgão, bateria e baixo. Seu talento precoce impressionava a todos que o conheciam, e chamou a atenção de Al Kooper, que o convidou para substituir Stephen Stills no seu projeto Super Sessions, que já havia rendido um elogiadíssimo álbum lançado em julho de 1968.
Ao lado de Kooper, Shuggie, então com apenas 15 anos, gravou o disco Kooper Sessions: Super Session Vol II, gravado em 1969 e lançado em 1970. No álbum, além de Kooper, Shuggie contracenou com o baixista Stu Woods, com o baterista Wells Kelly, com o pianista Mark Klingman e com os backing vocals da The Hilda Harris-Albertine Robinson Singers. O disco era dividido em dois lados distintos: o primeiro, batizado como “The Songs”, era voltado para o gospel e para o rhythm & blues, enquanto o segundo, chamado “The Blues”, trazia o banda improvisando sobre bases de blues. A performance de Shuggie Otis chamou muita atenção, com o garoto recebendo rasgados elogios da crítica e dos próprios músicos, além de render o convite para a gravação de um álbum solo pela Epic.
Um fato importante que deve ser mencionado é que Shuggie cresceu tendo contato direto e convivência quase diária com músicos talentosíssimos como Sly Stone e Arthur Lee, da cultuada banda Love, além dos instrumentistas que acompanhavam seu pai. Outra passagem interessante é a participação de Shuggie no álbum Hot Rats, lançado por Frank Zappa em 1969. Nesse disco, Shuggie Otis toca baixo na faixa que abre o LP, a clássica “Peaches en Regalia”. O músico também participou de sessões de gravação ao lado de nomes como Etta James, Cal Tjader e Eddie Vinson.
Um fato importante que deve ser mencionado é que Shuggie cresceu tendo contato direto e convivência quase diária com músicos talentosíssimos como Sly Stone e Arthur Lee, da cultuada banda Love, além dos instrumentistas que acompanhavam seu pai. Outra passagem interessante é a participação de Shuggie no álbum Hot Rats, lançado por Frank Zappa em 1969. Nesse disco, Shuggie Otis toca baixo na faixa que abre o LP, a clássica “Peaches en Regalia”. O músico também participou de sessões de gravação ao lado de nomes como Etta James, Cal Tjader e Eddie Vinson.
Em 1970 chegou às lojas o primeiro trabalho solo de Shuggie Otis. Com o título de Here Comes Shuggie Otis, o álbum é um primor, mesclando com enormes doses de talento elementos do rock, blues, funk, soul e jazz. O resultado final é um dos melhores discos lançados nos anos setenta, infelizmente pouco conhecido do público em geral, mas presença garantida na prateleira dos mais antenados. Entre as faixas, pérolas como “Oxford Gray”, “Shuggie´s Boogie”, “Hurricane”, “Gospel Groove” e “The Hawks”. Se você nunca ouviu, vá atrás agora mesmo.
No embalo, Shuggie voltou para o estúdio e gravou o seu segundo play, Freedom Flight, lançado em 1971. Mais uma vez explorando a mistura dos gêneros musicais negros com o rock, nosso herói cometeu outro ótimo álbum, apontando para uma carreira promissora. Entre as faixas, destaque para “Ice Cold Daydream”, “Sweet Thang”, “Me and My Woman” e sensacional faixa-título, uma jóia free jazz com mais de doze minutos.
Nos últimos anos, Shuggie Otis tem feito algumas gravações esporádicas, como o registro das faixas “Violet in Blue” e “Novemberin´”, essa última presente na compilação de mesmo nome, lançada em 2008. Além disso, colaborou com Mos Def e com Beyonce, mostrando que está ligado no que anda acontecendo na música pop atual.
Pessoalmente, apesar de considerar Inspiration Information uma obra-prima inquestionável, recomendo como porta de entrada para o universo multicolorido de Shuggie Otis a sua estreia, Here Comes Shuggie Otis, de 1970, um álbum perfeito e coeso na medida certa.
Pra fechar, uma dica: se você estiver dando uma volta por Sebastopol, pequena cidade californiana com quase oito mil habitantes distante cerca de 80 kilômetros de San Francisco, é bem capaz de você topar com Shuggie Otis pelas ruas e praças do lugar, já que Shuggie reside nesse lugarejo há vários anos. Se isso acontecer, não perca a chance de bater um papo com um dos músicos mais influentes das últimas décadas.
Após esses dois primeiros discos, Shuggie se recolheu, retirando-se do cenário musical e trabalhando obcessivamente por três anos em seu próximo álbum. Finalmente, em 1974 chegou às lojas o aguardado Inspiration Information. O disco foi instantaneamente aclamado pela crítica como uma obra-prima, e não sem motivo. Shuggie toca todos os instrumentos do álbum, em um trabalho de arquitetura sonora semelhante ao de um artesão. O que se ouve no disco mostra o quanto o jovem músico estava bem à frente do seu tempo. A inserção de beats eletrônicos nas composições deixou muita gente de queixo caído, e influenciou definitivamente a música negra pós-Inspiration Information, notadamente gênios comerciais como Michael Jackson e Prince.
Talvez a principal influência de Shuggie no LP tenha sido outro ícone da música negra, Curtis Mayfield. A delicadeza das canções e as melodias doces que saltam dos sulcos grudam de imediato, soando como um bálsamo reconfortante para os ouvidos.
Aclamado por Inspiration Information, um universo repleto de possibilidades apontava para o futuro de Shuggie Otis. O guitarrista foi convidado para ingressar nos Rolling Stones no lugar de Mick Taylor, mas recusou a oferta pela chance de trabalhar com Quincy Jones em seu quarto álbum – que, infelizmente, nunca viu a luz dia.
Uma série de incidentes com outros músicos e problemas em shows aos poucos deram fama de difícil para Shuggie. O músico, já naturalmente introspectivo e com propensão à reclusão, afastou-se definitivamente dos palcos, produzindo apenas trabalhos como músico de estúdio contratado.
No final dos anos setenta algumas músicas suas foram regravadas por outros artistas, jogando os holofotes sobre Otis. Aliado a isso, faixas gravadas por Shuggie começaram a ser incluídas com frequência em coletâneas, despertando nos ouvintes o interesse e a curiosidade sobre o legado do músico. Esse processo alcançou seu ápice nos anos 2000, e culminou com o relançamento de seu principal trabalho, a obra-prima Inspiration Information, pela gravadora Luaka Bop, do pesquisador e líder do Talking Heads, David Byrne. Essa reedição de Inspiration Information chegou às lojas em 03 de abril de 2001 com uma nova capa e com a inclusão quatro faixas bônus, todas retiradas do álbum Freedom Flight, de 1971 – “Strawberry Letter 23”, Sweet Thang”, Ice Cold Daydream” e “Freedom Flight”.Talvez a principal influência de Shuggie no LP tenha sido outro ícone da música negra, Curtis Mayfield. A delicadeza das canções e as melodias doces que saltam dos sulcos grudam de imediato, soando como um bálsamo reconfortante para os ouvidos.
Aclamado por Inspiration Information, um universo repleto de possibilidades apontava para o futuro de Shuggie Otis. O guitarrista foi convidado para ingressar nos Rolling Stones no lugar de Mick Taylor, mas recusou a oferta pela chance de trabalhar com Quincy Jones em seu quarto álbum – que, infelizmente, nunca viu a luz dia.
Uma série de incidentes com outros músicos e problemas em shows aos poucos deram fama de difícil para Shuggie. O músico, já naturalmente introspectivo e com propensão à reclusão, afastou-se definitivamente dos palcos, produzindo apenas trabalhos como músico de estúdio contratado.
Nos últimos anos, Shuggie Otis tem feito algumas gravações esporádicas, como o registro das faixas “Violet in Blue” e “Novemberin´”, essa última presente na compilação de mesmo nome, lançada em 2008. Além disso, colaborou com Mos Def e com Beyonce, mostrando que está ligado no que anda acontecendo na música pop atual.
Pessoalmente, apesar de considerar Inspiration Information uma obra-prima inquestionável, recomendo como porta de entrada para o universo multicolorido de Shuggie Otis a sua estreia, Here Comes Shuggie Otis, de 1970, um álbum perfeito e coeso na medida certa.
Pra fechar, uma dica: se você estiver dando uma volta por Sebastopol, pequena cidade californiana com quase oito mil habitantes distante cerca de 80 kilômetros de San Francisco, é bem capaz de você topar com Shuggie Otis pelas ruas e praças do lugar, já que Shuggie reside nesse lugarejo há vários anos. Se isso acontecer, não perca a chance de bater um papo com um dos músicos mais influentes das últimas décadas.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTexto sensacional. Shuggie Otis foi um dos maiores inovadores da linguagem da black music. Demais!
ResponderExcluirE o blog da "Collector´s..." continua classe como sempre, diversificado e com ótimos textos, para deleite dos colecionadores e apreciadores dos bons sons.
Abraço.
Cadão, seu texto atingiu o objetivo de todo o texto aqui do blog: despertar o interesse na obra musical em questão. Eu não conheço o Shuggie mas tá aí o estopim pra conhecê-lo....valeu, abraço!
ResponderExcluirRonaldo