Classic Tracks: Crosby, Stills, Nash & Young - Carry On (1969)

Por Ronaldo Rodrigues

Colecionador

Apresentador do programa Estação Rádio Espacial

Solid Rock Radio


1969 foi o ápice criativo da carreira destes 4 músicos, que têm seus sobrenomes estampados nos corações e mentes de muitos apreciadores do rock dos anos 60 e 70. O supergrupo, inicialmente trio – David Crosby, Stephen Stills e Graham Nash – haviam lançado ao mundo sua fantástica estreia em maio. Naquele mesmo mês, o ex-companheiro de Stills no Buffalo Springfield, Neil Young, havia lançado o também aclamado Everybody Know this is Nowhere, creditado como Neil Young and Crazy Horse. Em agosto, Neil passou a integrar a banda.

A primeira apresentação dos quatros foi em agosto de 69, em Chicago, e logo em seguida no Festival de Woodstock. Neil Young não participou da parte acústica do show e exigiu não ser filmado.

O período, após o lançamento do disco e os primeiros shows, foi de trabalho intenso em estúdios de San Francisco e de Los Angeles, e também de vários atritos entre os quatro. Questões contratuais também interferiam, porque os músicos ainda tinham vínculos com suas antigas bandas e Neil Young entrou com total liberdade de manter uma carreira solista em paralelo.

O grupo vinha num embalo criativo imenso e até o final daquele ano gravaram quase todas as músicas que viriam a integrar o maravilhoso disco Déjà-Vu, lançado em março de 1970, que foi logo para o topo das paradas, atingindo o primeiro lugar nos EUA e o quinto lugar na Inglaterra.

A faixa em questão, “Carry On”, era a abertura deste disco e junto com “Woodstock” representava a criação coletiva do grupo. As demais eram composições solo de cada um, executadas pelo conjunto. A sessão que originou “Carry On” foi gravada sob a engenharia sonora de Bill Halverson no Wally Heider's Studio C, em San Francisco, no dia 28 de dezembro de 69.


Parida nas cavalgadas eletro-acústicas do grupo, rumo ao topo do imaginário coletivo juvenil, a canção é surpreendente logo à primeira audição, mesmo que fosse somente a primeira parte, com as vozes alinhadas do quarteto, os violões vibrantes e bandeirosos e seu clima de amanhecer ensolarado. Para os iniciados, cada audição não deixa de ser estupefante, diante da grandeza da composição, das intervenções de guitarra cheia de alma por entre os espaços acústicos, das interposições perfeitas das vozes.

No meio da canção, somente as vozes entoam um espetáculo harmônico – “Carry On, Love is coming to us all”. Entram percussões, órgão Hammond, solo de guitarra e uma versão revisitada de “Questions”, do Buffalo Springfield, com mais vocais divididos da mais fina excelência. Musicalidade ao extremo e uma comunicação tão direta com os ouvidos que é difícil expressar tamanho poder.

Ao vivo, a banda fazia vigorosas versões elétricas de “Carry On”, tirando-lhe um pouco da magia, mas acrescentando-lhe peso e força, junto a grandes jams e duelos de guitarra.

Leia também: Classic Tracks: Lady Fantasy - Camel (1974)

Comentários

  1. 'Deja Vu' é um dos melhores discos de todos os tempos!

    Disco de cabeceira, assim como o anterior 'Crosby, Stills & Nash' e o posterior, o fenomenal duplo ao vivo '4 Way Street'.

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  2. Que disco sensacional!!!

    Eu particularmente me emociono e chego em alguns momento a "molhar os olhos" quando ouço Almost Cut My Hair e Helpless.

    Entei em contato com esta pérola há cerca de 2 meses e desde então não páro de ouví-lo!!

    Baixei o ao vivo que o Maurício citou e em breve irei conferí-lo.

    É muito bom pode ampliar os horizontes musicais através do maravilhoso e infinito mundo do rock and roll ( o bom, velho e verdadeiro).

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  3. Eu conheci o disco pela música Carry On, e ainda pelo rádio! foi uma sensação incrível, um choque, aquilo me pegou de assalto quando ouvi. E ainda gravei numa fita cassete, que ainda tenho. O disco é todo lindo, indispensável.
    Abraços!!!
    Ronaldo

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  4. "(...) Where are you going now, my love? Where will you be tomorrow?
    Will it bring you hapiness?
    Will it bring you sorrow?(...)"
    Belíssima canção, banda genial...obra-prima da múscia contemporânea!

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