Por Guilherme Vasconcelos
Jornalista
Ao longo dos anos são vários os exemplos dessa prática perniciosa. O Iron Maiden, maior ícone do rock pesado depois do Black Sabbath, sofreu ataques tanto da mídia especializada (?) quanto dos fãs mais xiitas quando lançou, em 1986, o hoje clássico Somewhere in Time. Diziam os arautos da verdade absoluta – que esquecem o caráter extremamente emocional e, portanto, individual da música – que a Donzela estava mais comercial (outra nomenclatura supérflua e genérica que se tornou um escudo para os fãs mais tradicionalistas quando suas bandas preferidas inovam) por usar guitarras sintetizadas e por incluir o teclado de forma mais contundente nas canções. Não compreendiam que a banda procurava uma válvula de escape para, simultaneamente, renovar-se e manter sua essência. Muitos dos que criticavam a banda à época são os mesmos que hoje classificam o disco supracitado como item obrigatório na discografia básica de qualquer headbanger que se preze.
Outra polêmica carregada pelo grupo até hoje é o guitarrista Janick Gers. Tido pela maioria ortodoxa (e aqui eu me incluo nela) como um instrumentista inferior aos inquestionáveis Dave Murray e Adrian Smith por, em apresentações ao vivo, assassinar solos originalmente compostos pelo último e por, em estúdio, utilizar timbres mais sujos e agressivos do que aqueles consagrados na fase oitentista do grupo. Toda essa aversão reside na formação musical de Janick, que é mais calcada no hard rock simples do que no heavy metal tradicional. Por isso, essa repulsa deve ser depositada em quem o escolheu para integrar uma banda cujo estilo não combina perfeitamente com a sua concepção musical mais despojada, típica de um rock and roll descompromissado - e nem venha dizer que você não aceitaria um tentador convite como esse.
Mais um exemplo explícito do tradicionalismo inerente ao estilo é a incapacidade dos headbangers de aceitar a radical mudança de ares de um dos melhores vocalistas da história, o ex-Helloween Michael Kiske. Após ter deixado a banda alemã em 1993, no qual já tentava incluir a sua nova mentalidade musical, Kiske colocou a sua vontade e a sua liberdade musical acima das conveniências mercadológicas do heavy metal. Ousou mais do que qualquer banda do estilo, tocando um pop rock honesto, oriundo da alma, sem amarras. Por meio de declarações sinceras e consciente do seu papel como músico, Kiske revelou toda a sua decepção com uma indústria musical dominada pelo capitalismo selvagem, que consagra bandas robóticas e fabricadas e despreza aquelas que valorizam o sentimento e a liberdade artística.
Para Kiske, são raros os fãs que verdadeiramente valorizam a criatividade e que compreendem as suas inovações musicais. Ainda segundo ele, grande parte dos bangers é gente de cabeça fechada, que não consegue apreciar outros estilos musicais. Assim, esse extraordinário músico e ser humano reacendeu uma discussão ao mesmo tempo antiga e atual: o que é mais desonesto e comercial? Construir uma carreira sem inovações dentro de um gênero um tanto quanto marginalizado, ou ser versátil e passear por estilos diferentes e mais acessíveis? Fico com a primeira opção. Quando uma banda constrói uma trajetória respeitável, mas burocrática porque carece de arrojo (como o AC/DC e o Motörhead), ela se acomoda numa base de fãs formada ao longo dos anos que, inevitavelmente, comprará tudo o que a banda lançar, independente da qualidade do trabalho. Além disso, o grupo corre um sério risco de estuprar sua criatividade em nome da segurança financeira, o que a torna engessada e vai de encontro ao propósito de ser músico, ainda mais de heavy metal.
Outro grupo que causou “indignação” no meio heavy foi o Metallica, com o lançamento de Load e Reload. A banda havia mudado não só no quesito musical, mas também na indumentária e no logotipo, que já não transmitia a agressividade de outrora. Os bangers mais apressados logo os chamaram de traidores e se perguntavam se aquele era o mesmo Metallica que havia concebido a obra-prima Master of Puppets. E era sim. Para falar a verdade, os dois álbuns mencionados são bastante honestos e refletem fielmente o momento conturbado que a banda vivia. Drogas, bebidas, problemas familiares e o sucesso repentino contribuíram para a formação da atmosfera sombria presente nos discos. Musicalmente falando, Load e Reload (que deveriam ser um álbum duplo) são discos pesados, cheios de feeling e mais experimentais. E essa última palavra, junto com a supervalorização da questão estética – que, para muitos, tornou-se mais crucial do que a música em si – incomodou os batedores de cabeça sem causa, que não se dão ao trabalho de pensar o heavy metal, querem apenas curti-lo.
Há ainda tantos outros exemplos de experimentações que causaram aversão aos bangers. O próprio Metallica, quando lançou o Black Album (talvez o mais bem pensado disco da carreira da banda, já que conseguiu conciliar acessibilidade com o peso e a agressividade inerentes ao grupo), em 1991, dividiu opiniões. Os admiradores de longa data, baseando-se na ótima repercussão mercadológica capitaneada pela famigerada MTV (emissora dona de uma necessidade mórbida e efêmera de eleger e descartar superastros de tempos em tempos de acordo com as suas convicções financeiras), dizem que o declínio começou nessa época. Estes fãs, que reprimem a ousadia ao mesmo tempo em que abraçam a segurança, quase nada têm de revolucionários. Por isso, não conseguem compreender que o Black Album foi um projeto extremamente arrojado, com o objetivo claro de expandir a sua legião de fãs e de, conseqrentemente, popularizar (termo odiado pelos conservadores elitistas) o heavy metal. Afinal, ser comercial nem sempre é sinônimo de produzir trabalhos ruins. Ser comercial honestamente é ter a capacidade de modernizar o seu som sem desprezar as suas raízes para, dessa forma, abrir espaço para o metal na grande mídia, o que é, simultaneamente, o sonho e o pesadelo dos bangers. Quando, apesar da qualidade, determinada banda não consegue uma divulgação e reconhecimento razoáveis nos veículos de comunicação massificados - aqueles mesmos que, desonestamente, tiram onda de imparciais - logo os headbangers se “revoltam” contra essa discriminação. Mas, quando outra banda (como o Metallica, por exemplo) consegue ser valorizada e atinge o estrelato, então os mesmos insurretos torcem o nariz para a banda em questão. Afinal, o que quer essa parte dos metaleiros?
O Slayer com South of Heaven, álbum da maior qualidade, foi criticado quando do seu lançamento apenas por ser menos veloz que o velocíssimo e revolucionário Reign in Blood. O Dream Theater com o “pop” Falling Into Infinity, o Angra com o “demasiadamente batucado” Holy Land, o Helloween com o “excessivamente experimental” Pink Bubbles Go Ape, o Sepultura com o antropofágico Roots. O que importa para grande parte dos fãs não é o fato de uma banda conseguir inovar e se manter relevante, mas sim de repetir fórmulas prontas que deram certo no passado.
Contudo, as intolerâncias supracitadas são apenas algumas gotas num oceano de preconceitos. Ao visitar os paupérrimos fóruns metálicos, que servem para desmistificar a lenda de que a maioria dos headbangers é gente progressista e de ideias arejadas, é fácil perceber preconceitos relativos a especulações acerca da opção sexual de determinados músicos (quem não já ouviu comentários sobre a possível homossexualidade do Andre Matos devido aos seus antigos agudos estridentes? E a pejorativa transformação do nome Edguy em “Edgay” apenas por essa banda cultuar a irreverência e a alegria em suas músicas? É até desnecessário apontar o paradoxo de pessoas que se consideram revolucionárias terem preconceitos retrógrados como esses), como se o caráter ou a competência profissional desses indivíduos dependesse de escolhas pessoais, as quais, numa sociedade teoricamente democrática, devem ser respeitadas sem concessões. É a tão comum e nociva inversão de valores, tendência fundamentada na ignorância capaz de priorizar quesitos irrelevantes para estereotipar assuntos de primeira grandeza.
E de onde vem a discriminação acima mencionada? Do machismo, outra perniciosa característica intrínseca ao heavy metal. Desde a sua concepção, o metal é movido por uma necessidade mercadológica de parecer mal, de rejeitar o sentimentalismo diante da racionalidade, mesmo sendo um dos estilos mais emocionais que já existiram. É por isso, certamente, que até hoje os instrumentistas roboticamente virtuosos e frios são mais valorizados do que aqueles que priorizam o feeling à velocidade, o experimentalismo à mesmice. É também por conta dessa imposição financeira que bandas como Helloween e Gamma Ray, que no início das suas carreiras veneravam o bom humor e até a utopia socialista (lembra-se de “Future World”?), tiveram que passar por um processo de mecanização com o passar dos anos, o que resultou em discos mais introspectivos e pessimistas e o que, em última instância, jogou no lixo a originalidade ideológica desses grupos.
O heavy metal nasceu nos subúrbios ingleses e se transformou numa expressão artística de pessoas marginalizadas pela sociedade, oriundos da base da pirâmide social. Hoje, pelo menos no Brasil, é um estilo musical consumido e muitas vezes tocado pela classe média. Como não poderia deixar de ser, esse extrato social transfere para a música todo o seu conservadorismo e seu falso moralismo. Boa parte do público headbanger alimenta uma revolta fútil e localizada, que se expressa apenas no campo emocional. Aquela velha história do “esse cara deve gostar de pagode”, sabe? Como seria bom se esse descontentamento oco fosse canalizado para quebrar a inércia dessa classe social.
É por todas as limitações impostas pelos fãs e, consequentemente, pelo mercado, que o metal tem se tornado um estilo quase imutável e sem fantasias de mudar o mundo e coisas do tipo. As minhas, alimentadas durante os primeiros anos de headbanger, já começam a desaparecer. Só irão sobreviver por conta de uma minoria pensante e verdadeiramente preocupada com os rumos que este fascinante estilo de música e, principalmente, de vida, tem tomado. Por sorte, essa minoria é a maioria dos que frequentam e escrevem para o DELFOS.
Achei o texto altamente questionável. Poderia ficar um tempão falando sobre ele, mas não é o caso. Vou comentar só alguns pontos, de acordo com o meu modo de pensar:
ResponderExcluir1) Load e Reload são muito, mas muito inferiores aos discos anteriores do Metallica, por isso foram tão criticados. St Anger é pior que os dois, por isso foi tão criticado. Death Magnetic é muito pior que os "clássicos antigos", mas é um disco bom, e foi elogiado por isso. A qualidade dos discos gerou as críticas, não só a aparência dos músicos. Se os discos tivessem sido bons, a banda poderia usar camisas havaianas com bermudas (como o Slayer posava para fotos em determinada época dos anos 90) que ninguém reclamaria...
2) Preconceito contra homossexuais? Poxa, O Rob Halford é homossexual assumido e é um dos maiores ícones do estilo... como "preconceituosos" aceitariam isso? Gozações como as citadas se equiparam às gozações entre times de futebol, não são "a sério", e se o autor não entendeu isso, acho que ele é quem não teve inteligência, não quem ouve Heavy Metal...
3) As críticas ao Kiske se encaixam no caso do Metallica. O Chameleon já era criticado por ser um disco ruim, não apenas por ser diferente dos anteriores. E os discos solos do Kiske não são nenhuma maravilha para serem isentos de críticas só por serem "pop rock honesto, oriundo da alma"... Se fossem bons álbuns, as críticas seriam menores...
4) Eu admito que tenho a cabeça fechada. Acredito que "uma vez flamengo, sempre flamengo", ou seja, metal uma vez, metal sempre. Se uma banda era black metal e virou trash metal e depois Gothic metal e depois sei lá o que, posso me dar ao direito de não gostar mais da banda, assim como posso gostar das várias fases (cito o Therion como exemplo), desde que a banda mantenha a qualidade. Agora, se os discos virarem uma porcaria, eu paro de acompanhar e pronto. Fiz isso com várias bandas (só gosto até certos discos) e não me sinto "cabeça fechada" por isso, apenas acredito que os discos não batem com o meu gosto...
5) Não vou gostar se uma banda que eu gosto começar a gravar pagode. O Sepultura gravou com Carlinhos Brown, mas a música ficou tão legal que eu não liguei. O Angra gravou com Milton Nascimento, mas ficou bom e eu curti. Agora, se tivesse ficado ruim, não seria o estilo dos "convidados" que me levaria a criticar, e sim a qualidade da música...
6) Se "evolução do metal" for Korn e Limp Biskit, então que não evolua mesmo e fique estagnado, mas soando bem...
7) Não gostei do texto e não concordo com ele, é isso... não sei se foi porque me senti pessoalmente ofendido (visto que não ouço só Heavy Metal) e não consegui ver que me encaixo numa minoria que o texto não engloba, ou se porque as opiniões expostas são questionáveis mesmo.
Desculpe o desabafo, mas não consegui segurar...
Dizia Tom Jobim: "Só existe 2 tipos de música: a boa e a ruim"
ResponderExcluirSó lamento existirem pessoas (a grande maioria) que possuem a mente fechada não apenas para outros gêneros musicais, mas para opiniões divergentes, seja o assunto que for. Isso não é um privilégio dos chamados metaleiros, apesar do seu artigo referir-se especificamente a eles.
Mas deixe estar, pobres pessoas que perdem oportunidades de engrandecer sua mente e espírito por frágeis convicções.
Eu gosto de músicas e não de estilos musicais e estou sempre disposto a conhecer coisas novas. É com essa mentalidade que mantenho meus dois blogs sobre música, ou seja, sem preconceitos ou barreiras.
Abraço
Micael, este texto é polêmico mesmo. Publiquei ele aqui na Collector´s para discutirmos mesmo, para falarmos de metal.
ResponderExcluirA evolução do metal está muito mais em bandas como Kamelot do que Korn, para mim - e eu gosto das duas.
Não acho Load e Reload ruim, gosto dos discos, acho álbuns medianos, com bons sons.
Também não considero Chameleon um trabalho ruim, apenas diferente do que se espera de um disco do Helloween, e por isso foi tão mal recebido.
Sobre a questão da homossexualidade, Rob Halford é gay, mas isso pegou todo mundo de surpresa, porque o metal é, sim um, estilo machista até a alma.
Na minha opinião esse texto do Guilherme está muito mais focado na atitude de uma parcela considerável de pessoas que ouvem heavy metal e julgam que só aquilo é bom, que possuem um gosto superior por entenderem e curtirem heavy metal, e que todo o resto é uma merda.
Como eu sempre disse aqui, e continuarei falando, existem apenas dois tipos de música: a boa e a ruim. O fato de alguém não curtir um grupo não quer dizer que ele seja ruim, apenas não faz música para você - pelo menos até o momento, pois pode chegar um ponto em que aquilo vai bater e você perceberá quanto tempo perdeu. Minha história com o jazz é assim.
Quem ouve heavy metal não tem um gosto musical superior, assim como também quem não gosta não é uma besta.
Dizer que bandas como Beatles e U2 são ruins é de uma imbecilidade espantosa - e não estou dizendo que você falou isso, Micael. O fato de não gostar dos Beatles, por exemplo, não significa que você não possa admitir a qualidade e importância do grupo.
Enfim, música é uma experiência muito pessoal, é momento, e bate diferente de pessoa para pessoa. Entender isso é o primeiro passo para ver que o mundo é feito de sons maravilhosos, e cabe a nós encontrá-los pelo caminho.
Abraço.
Eu concordo plenamente que só existem dois tipos de música, a boa e a ruim. As que eu gosto são as "boas" e as que eu não gosto são as "ruins", embora para outros possa ser o contrário e diferente. E concordo plenamente que o gosto musical depende de muitos fatores, e pode mudar com o tempo.
ResponderExcluirE sou obrigado a admitir que me sinto "superior" musicalmente a quem só ouve funk, pagode e sertanejo, visto que ouço heavy metal. Mas, como já expus antes, me sinto "inferior" a quem ouve jazz e múscica clássica, pois ainda não evoluí a este nível. Por outro lado, como ouço muito progressivo, então deveria me sentir superior a mim mesmo, pois (ao meu ver)é mais difícil entender as "sinfonias" do Yes do que o "barulho" do Sepultura...
Ao menos do que enxergo e acredito, só quando você é muito novo e inexperiente que consegue ser "radical" em qualquer coisa. Com o tempo, as experiências "acumuladas" nos fazem ver que nem tudo tem apenas uma cor, um sabor e uma verdade, e que a verdade do passado pode não ter sido tão correta assim...
E, só para dizer que entendi, os Beatles são importantíssimos, talentosíssimos e coisa e tal, mas não fazem música para o meu gosto, só isso. Vou dizer que são ruins? Bem capaz... só vou dizer que não gosto, mas que devem ser ouvidos apesar disso... (vá que, se mais gente OUVIR os discos ao invés de acreditar na "VERDADE ESTABELECIDA", mais gente concorde comigo?).
Peço licença para me intrometer no debate.
ResponderExcluirÀ meu ver existe um equívoco na argumentação quanto a definição de música "boa" ou "ruim".
Essa classificação deve ser baseada em diversos critérios. Alguns deles são: técnica, interpretação, inovação, originalidade, influência exercida, sensibilidade, etc. E deve ser feita de forma isenta. O gosto pessoal não entra nessa equação por ser indiscutível.
Claro que não existe verdade absoluta, apenas o tempo é o juíz perfeito, pois a verdadeira arte é atemporal.
Abraço
Rodrigo, complementando o seu raciocício: para chegar nesse equilíbrio e nessa isenção é preciso experiência e maturidade, o que varia de pessoa para pessoa.
ResponderExcluirUm exemplo: eu não gosto do Nirvana e do Radiohead, mas não é por isso que vou dizer que ambas são ruins - e pode ter certeza de que várias pessoas aqui acham isso.
Enfim ...
Abraço.
Ricardo, faço minhas suas palavras. Só mais um detalhe, se me permite, sobre a argumentação do amigo Micael.
ResponderExcluirNão é porque se gosta ou se entende um estilo musical tecnicamente mais elaborado que outro que "serei superior" aos outros pobres mortais. O funk (não me refiro ao carioca) e o sertanejo citados podem mostrar uma riqueza interpretativa, expressiva, lírica e poética em sua síntese técnica infinitamente superiores ao mais rebuscado bebop.
Mais um abraço
Sim Rodrigo, concordo com isso. O jazz, por exemplo, é considerado um gênero de elite, mas tem suas raízes na pobreza. São estigmas que os gêneros carregam, e muitas vezes eles não são verdade.
ResponderExcluirRodrigo,
ResponderExcluirEu me referia ao funk carioca mesmo. O funk "black" tipo James Brown e George Clinton é muito bom, não posso nem quero dizer nada contra este estilo...
E o sertanejo a que me referi é o "pasteurizado" dos Poranguinhos e Porangões da vida, ou essa coisa "universitária" que inventaram agora... o sertanejo "de verdade", tipo Tonico e Tinoco ou similares, tem muita qualidade, e representa uma tradição e uma parcela considerável do povo brasileiro. Mas esse "sertanejo" que a mídia nos empurra garganta abaixo, isso eu não consigo dar valor...
O mesmo vale para o samba "samba", de Jorge Aragão, Alcione e tantos outros... agora, este "pagode" com um sujeito cantando e outros 7 fazendo coreografia lá atrás, convenhamos, né?
Foi a estes estilos "descartáveis" (na minha opinião) a que me referi anteriormente, não aos estilos "originais"...
Ricardo, teu texto é muito legal e instigante, mas discordo praticamente de tudo que v. escreveu ... continuo detestando o Somewhere in Time, do Black Album pra frente e o Kiske virou um cara muito chato, todos os cds mais novos dele são duros de se engolir ... e olha que não sou radical: curto muito Rush, Marillion (até com o Hogarth), Arena, Pendragon
ResponderExcluirmas assim é a democracia: cada um com sua opinião !!
Abração
Não concordo com um monte de coisas ditas e colocado os meus discos do Steely Dan no player minha mente já se refrescou para dizer algo. Ainda existe uma verdade no meio do caminho entre o objeto do discurso e o criador do mesmo. Deve-se cercar as afirmações para não cair em generalizações errôneas. Uma banda de Rock seja enquadrada em qual estilo for, pode experimentar mudar o seu estilo e isso ser contrário a sua vontade – não sendo portanto uma intenção de criar uma evolução, ou inovação, ou renovação. Simplesmente uma tentativa para se manter mesmo economicamente, ou você acredita que todas as bandas de Rock And Roll (em qualquer estilo dentro deste) quando mudam o estilo se sentem confortáveis com as novas direções musicais que passam a seguir? Até mesmo YES nos tempos de “Big generator”? Gentle Giant nos tempos de “The missing piece”? Isso é uma “evolução experimental” digna de orgulho? Portanto existem motivos óbvios que expliquem as razões do desapontamento de certos fãs, crítica especializada ou não. Se existe a tentativa de continuar ganhando o pão nosso de cada dia, existe a tentativa mais ousada – a de virar milionário, de conseguir projeção,não sendo explicado por um raciocínio irônico ou verdadeiro ao imaginar isso como reacional ou provocado pela exclusão de determinado movimento musical pela maioria que aprecia música mas sim por ambições pessoais. Se o resultado independente do objetivo for bom tudo bem. Mas quase tudo movido por essa causa é apedrejado. Castigo? Lhe veio na cabeça o Black Album do Metallica? Os adolescentes se identificam em massa com o Heavy Metal? Sim, concordo. São radicais pela imaturidade? Sim... Mas existirá sempre o meio termo, a parcela de fãs que consegue perceber realmente as influências(de grupos musicais mesmo ou no sentido amplo da palavra por sinal comentada) que levam as bandas a mudarem o seu som e apesar disso, não julgam isso adequado e não enxergam qualidades artísticas nesses trabalhos inovadores (?) Somem vocês ainda, dentro desse campo de idéias a questão já comentada do gosto pessoal, formado por circunstâncias diversas, também exauridamente discutidas. Então meu amigo, como taxar um fã com um comportamento qualquer que ilustre a sua argumentação de radical? Sim, pode até ser por preconceito. Mas você entendeu que a pergunta pode ter resposta negativa. Outro ponto: Não vejo motivos para defender a liberdade de criação artística dentro do Heavy Metal – o estilo já está mais do que delineado. Já ficou o mais pesado que podia, e já tentaram o sofisticar mais do que o podia. Já o Jazz permite uma adição muito maior de idéias musicais. Aí há espaço para muita inovação, e um número imenso de pessoas “aceitará” isso facilmente. Outro ponto: O AC/DC faz aquele mesmo tipo de som simples desde o primeiro disco pois encontrou o sucesso logo no início. Mas será que eles permaneceram ambiciosos por dinheiro por toda a carreira após se transformarem nos artistas Australianos mais ricos? Nada ali é movido por paixão e composto “honestamente”? Stones idem? Entre excesso de preconceito ou excesso de Tolerância absoluta quanto aceitação artística eu opto pelo meio desse fio.-- Luciano
ResponderExcluirSó corrigindo: o texto não é meu, não sou o autor e não o escrevi. O autor está mencionado no início do post, eu apenas o publiquei aqui no site como editor do mesmo, por achar que ele suscitaria - como suscitou - uma acalorada e proveitosa discussão.
ResponderExcluirAbraço.
Esse texto do Guilherme Vasconcelos é um dos meus textos de cabeceira. O público xiita do metal está bem descrito nessas linhas. Eu mesmo vejo parte do meu passado cuspido e escarrado no que foi dito aí... eheheh.
ResponderExcluirQuem nunca criticou o Kiske por ter largado o estilo, ou nunca chamou o Angra de Metal Calcinha, ou nunca meteu o pau no Metallica pela mudança de sonoridade, que atire a primeira pedra.
Hoje acho engraçado como essas atitudes fazem parte do consciente coletivo de boa parte dos bangers. Esse tipo de discurso radicalóide sempre é seguido pelo público que vem chegando e o papo furado se mantém a cada renovação da base de fãs.
Uma coisa que aprendi é que ouvido é coisa que a gente adquire. Formação musical vai muito além de se empolgar com algo novo numa primeira ouvida. Também envolve certa dedicação em entender uma proposta musical – que não pode ser confundida com forçar-se a gostar de algo que simplesmente não desceu.
Aliás, eu discordo da afirmação "o que existe é musica boa e música ruim". Tudo depende do que você procura ouvir. E isso transcende os gêneros supracitados (rock, jazz, funk). A musicalidade dos aborígenes australianos e de alguns povos do Himalaia não quer dizer nada pra mim, mas dentro dessas culturas o som deles faz muito sentido. E nem estou sendo pejorativo. A real é que não existe algo em mim que consiga assimilar esses sons, porque eles são muito diferentes daqueles que eu estou acostumado a ouvir.
Não consigo compreendê-los porque, ao contrário do que muita gente pensa, música não é um conceito universal. Qualquer estilo musical depende de um contexto para ser apreciado e/ou entendido. Qualquer tentativa de concluir que uma música é boa ou ruim é simplificar demais a questão.
Um exemplo engraçado disso é um vídeo do Youtube que mostra o Tom Zé no Programa do Jô falando sobre o funk "Atoladinha". É cômico mas o cara estava falando sério. Depois da explicação dele quem sou eu pra dizer que funk carioca não presta? Se bem que continuo não gostando... AHAHAAH!
O texto é ótimo e coloca o dedo na ferida.... Grande parte dos ditos Bangers (como eu odeio esse termo)são hipócritas.... alías tem que ser muito sem noção pra ouvir músicas que falam de dragões, rituais macabros, bebedeiras e batalhas medievias e se achar superior....convenhamos né gente...pelo amor de Deus...fora que em ritmica, harmonia, arranjos o heavy metal é um gênero bem limitado se comparado a outros...então pra se achar superior tem que ser muito desprovido de bom senso.... Alias esse negócio de se achar melhor ou pior porque houve um estilo não faz o menor sentido... tem gente que prefere um som mais orgânico, mais simples, mais cru...então não vai curtir música clássica que é mais cheia de sofisticação ...além do mais é tudo uma questão de momento...tem dias que vc vai querer ouvir uma moda de viola pq vc tá meio saudosista e em outros vai querer ouvir um Sabbath ou Slayer pq quer algo mais agressivo...acho que me perdi nas minhas argumentações....hehehehe...mas resumindo a música é grande demais pra ficar se limitando a tocar só de um jeito ou ouvir só um tipo de som....pra mim é desperdício
ResponderExcluirConheci hoje este blog e já estou adorando. O texto em questão é denunciador de uma verdade muito percebida mas pouco comentada no meio metal. Devo admitir que aos meus 15 anos eu era um figura que poderia ser descrita facilmente por esse texto. Felizmente, hoje aprecio os mais diversos estilos musicais, podendo indicar para mim mesmo ou para quem se prestar a ouvir minha opinião, o que tem qualidade e o que não tem dentro de cada um.
ResponderExcluirEspero que ainda possa haver salvação ao metal. Como músico de banda autoral, sofro o preconceito não só dos xiitas ouvintes, mas também dos donos de estabelecimentos que, pensando somente no dinheiro, ou simplesmente não pesando, acabam dando prioridade à música cover, datada e previsível, ao invés da tentativa de se fazer música autoral.
Abraços
Miller, seja bem-vindo e sinta-se em casa. Como você descobriu a Collector´s Room?
ResponderExcluirAbraço.
o Load e o reload são uma merda (sim, eu ouvi).
ResponderExcluirO St Anger eu particularmente gosto apesar de reconhecer q merece as críticas q recebem (é o tipo de coisa q vc gosta mas sabe q n presta- como papo de jacaré q eu adoro).
O Black Album é bom sim. A banda fez 4 ótimos albuns mas q n foram tao bem aceitos universalmente, precisavam vender e tentar trazer nao-headbangers pro mundo do metal. O erro n foi o black album, foi o q veio dpois dele (devia ter sido algo porradeiro pra mostrar pros novos fãs o q é de fato o metallica)
E barulho por barulho eu compro uma guitarra com distorçao fodona e fico tocando rápido qlqr merda pesada q faça barulho. O importante é música kct!!!
Eu tbm n entendo o machismo do metal...os caras do glam se vestiam de viados e aposto q comiam muito mais garotas q qlqr banda de metal.
ResponderExcluirAté os viadinhos do emocore devem pegar mais...eles n sao necessariamente gays, apenas ganham dinheiro pra fingir q sao. E mesmo q fossem, aposto q eles curtem mto mais q qlqr fdp mente fechada. Ve o cazuza...morreu cedo mas viveu muito mais q um cara q viveu 100 trancafiado, ficou 50 anos casado e nunca se divertiu.