Firewind - Days of Defiance (2010)


Por João Renato Alves
Jornalista e Colecionador
Collector´s Room

Cotação: **1/2

Não havia momento mais propício para o Firewind soltar um álbum arrasador. Afinal de contas, com seu líder Gus G ocupando um dos postos mais desejados na cena heavy – o de guitarrista da banda de Ozzy Osbourne – a visibilidade sobre um lançamento do grupo será bem maior em comparação ao que obtiveram até hoje. Cientes disso, os gregos lançam Days of Defiance, sexto álbum de estúdio. Aproveitaram a grande chance? Acredito que não. Primeiro porque o estilo praticado não é exatamente do tipo que desperta grande paixão no mercado norte-americano, justamente onde são a grande novidade. E segundo pelo fato de o disco rodar, rodar e não sair do lugar.

Após uma intro acústica soturna, os riffs de Gus tomam a linha de frente na faixa “The Ark of Lies”, típico número de abertura de disco de uma banda de power metal, com refrão grandioso e coros entoando a melodia. Mais uma vez o guitarrista surge como figura proeminente em “World on Fire”, música de fácil assimilação e, até por isso, escolhida para divulgação. Bom som, embora um tanto quanto comum. De novo a mesma entrada genérica e vem “Chariot”, junto à sensação de que estamos ouvindo novamente a mesma canção. Um sopro de novidade surge na cadenciada “Embrace the Sun”, que chega a lembrar o Edguy da fase Mandrake / Hellfire Club. Mas a chupinhada de “Phantom of the Opera” de Andrew Lloyd Webber nos teclados poderia ter sido mais discreta.

A música rapidinha, com melodia alegre e bateria estilo coelhinho da Duracell, comparece em “Heading for the Dawn”. Muito bem feita, como quase tudo até aqui. Só que a sensação de déjà vu é inevitável a cada momento. A balada “Broken” dá uma esperança de reação, com seu ótimo arranjo, mesclando um bonito violão com os instrumentos elétricos, dando um tempero especial. Sem dúvida, um grande destaque. Mas enterram a retomada em “Cold as Ice”, que tem uma melodia praticamente copiada da quarta faixa. Será que eles não se deram conta disso? “Kill in the Name of Love” é a melhor do play e deixa o ouvinte com a pergunta inevitável: não dava pra ter feito mais sons assim? Seu começo lembra Bruce Dickinson solo (mais recente) e depois vira um daqueles hard/heavy que o Helloween faz tão bem com Andi Deris.

A instrumental “SKG” não acrescenta nada e sequer chega a servir como número de exibição, pois apenas traz o que eles já fazem nas outras faixas. “Losing My Faith” chega a dar uma animada, mostrando que pode ser uma boa opção para os vindouros shows. Os riffs mais pesados do álbum surgem em “The Yearning”, outra que poderia ter servido como referência para a banda, com seu peso e pegada consistentes. Uma pena que demoraram muito para reagir. Mas não fosse essa reta final, o disco merecia cair no total esquecimento. Agora, ainda dá para salvar algo. O encerramento vem com a variada “When All is Said and Done”. Boa ideia - execução, mais uma vez, sem grande inspiração.

Talvez a grande chance tenha sido desperdiçada. Ou quem sabe ela nem viesse a existir mesmo. O fato é que o Firewind lançou algo redundante quando precisava se superar. De positivo, os sempre bons riffs e solos de Gus G, que continua sendo um dos grandes instrumentistas do estilo. Mas uma melhorada nas composições não faria mal. Fãs irão aprovar, certamente. Mas se você não conhece, prefira começar pelo debut, Between Heaven and Hell (2002), ou seus sucessores diretos, Burning Earth (2003) e Forged by Fire (2005), musicalmente melhores e com identidade menos dispersa.


Faixas:
1 The Ark of Lies
2 World on Fire
3 Chariot
4 Embrace the Sun
5 The Departure
6 Heading for the Dawn
7 Broken
8 Cold as Ice
9 Kill in the Name of Love
10 SKG
11 Losing Faith
12 The Yearning
13 When All Is Said and Done

Comentários

  1. Também concordo, ouço Firewind desde 2008 e esse álbum novo não me empolgou, justamente nessa hora que a banda mais precisava de um petardo, lançam um álbum que não chega nem perto em peso e técnica dos seus antecessores.
    Els foram ficando cada vez mais melódicos, perdendo aquilo que diferenciava das outras bandas de power, o peso, os riffs thrash e até death, aqueles harmônicos matadores da Kill to live do Forged by Fire.
    Enfim, acho um erro grave quando qualquer banda perde peso.
    Pra quem quer conhecer a banda é melhor começar pelos primeiros mesmo como disse o autor desse post.
    vlw

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.