![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhA1AQlhGjifqj9F9gpnUhcJhD9mOU29mKy1JjRtAEuHpUAgXOwslwEsT8kXikk-VTYDJyJmdfUE9AUcQ3Y3kDtBS8qXNmeIkzWGLKPqG94Lb2kuCEq9-ACeoa0IT-pT6TaciCjyUlgB5BM/s320/Galeria_Independente_grande.jpg)
Por Rafael Corrêa
Jornalista
Pode-se dizer, com segura certeza, que 2010 foi um ano gratificante para o cenário musical independente do Brasil. Festivais, shows, apresentações - de um modo ou de outro, de Manaus à Porto Alegre, em dias de chuva ou de sol, a música em nenhum momento foi silenciada.
Certamente, boa parte disto deve-se às bandas que, não importando onde e como, transformaram a batalha hercúlea da busca por seu lugar à luz em uma real possibilidade, e não em mero sonho. Mas, além disso, destaca-se também a iniciativa de diversas pessoas em diversos estados que, por meios simples ou mais rebuscados, fizeram à vezes de alto-falantes das bandas que seguiam.
E é justamente neste grupo que o site Galeria Musical, assim como tantos outros, se enquadra e, em decorrência disto, é que apresentamos com imenso prazer o CD Galeria Independente de 2010, que traz à baila as doze bandas/artistas que se destacaram neste ano. Aproveitem ao máximo as canções e as mensagens incrustadas em cada verso, em cada refrão; aproveitam a música que vem de nossas paragens e atracam diretamente em nossos ouvidos. Aproveitem a arte que cresce a cada dia em nosso país. Simplesmente, meus caros, aproveitem!
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFY6sUmFrm-UrsXcmXT5NkDE-Cp1MDl_ri2XwPCZnMJ_5Cj1YETbtvV2dWc8MSLqV7oZ0fuwiGAb6QujzVl5Y-7mFh3NbbcOrwX46WrAXIqAPaHqv1wz-J0kUTcD3V-iUeYMi1MOAkyHYr/s320/Gametas4.jpg)
Damos o start com o rock pulsante dos Gametas, grupo carioca que, desde 2000, vem dando lições de como fazer um som forte sem perder o bom humor. Em 2010, apesar dos dez anos de estrada, a banda lançou seu primeiro álbum, recheado de bons momentos. Destes, destaca-se enfaticamente a faixa “Ela Fala com Espíritos”, que busca no cotidiano a exposição de uma relação explosiva entre “um homem e sua maior tentação”. “Ela Fala com Espíritos” merece ser ouvida ao mais alto tom. Longa vida ao rock carioca!
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdFgPvrELjj-pWSD2PdA9oLmpAZZ30MiaKhKzTNC9GEXNyhjJ0rEk2Tgr4t6OCloAhl-iJTxkOBrv1zR0jMamKOZdRgUEV74wGlPwZdGEL2LY5vxeyEltqrus84o0jT5XyPNkz3IJdvvwI/s320/veraloca2.jpg)
A trupe do Vera Loca faz valer toda a tradição do sul brasileiro com um rock and roll de alto nível. “Serenata”, canção que integra Vera Loca III, de 2008, é uma irrefutável prova de toda essa tradição: a letra inteligente, calcada nos contrapontos da vida, mescla-se como o vinho na boca do ébrio. É como se não houvesse melhor combinação. A canção parece ter sido lapidada e pensada com um cuidado assombroso, daqueles em que a mais simples rima é calculada com o sorriso dos espíritos mais versáteis. Se no Brasil existem tesouros em forma de som, “Serenata” é um deles e repousa sob o manto criativo do Rio Grande do Sul.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7BP8uRkC8FfnItJshwhcE8YINokjb6wNsnXXhNVx4cFmpjTPHPCUWuzMO0eZRhQsV-EqoCc8GI4U9RJPtYDIEEPYnQpqGs6s5WkP2hzgVMEVDDnQMnFIyZ_kuRvnuV3G8iqSeOCbMz8rt/s320/selvagens.jpg)
As mesmas qualidades do sul podem atravessar o tempo e espaço e atracar no nordeste do país. Essa parece ser a mensagem no som dos Selvagens à Procura da Lei, banda do Ceará que é dona de um som que, apesar de fazer várias referências, pode ser qualificado como único. De Strokes ao melhor que o punk tem a oferecer, SAPDL é uma prova que, da fusão, pode surgir o divino. É um deleite igualmente único viajar ao som de “Mucambo Cafundó”: forte, vibrante e simples. Assim como todo bom rock deve ser.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEIAf-TrmiYJoPT1LtAfBW-d2hKYshWR7iJ3Aj_X_bcDAhfYha_jKaSqo63kn-tIh51AnZ2eQJcvVWPH9MNnsTApDD1WSzk3ue43FnxpnQ4lI53HoXDAZqLi2HDUlgycJX0-g4uI03JqSM/s320/bjack.jpg)
Com a mesma velocidade que se trafega ao norte, pode-se voltar ao sul. Este é o recomeço oferecido pela banda gaúcha Bjack, responsável por uma interessante sonoridade mais voltada ao pop que busca em diversos elementos a sua especialidade. De sintetizadores a um inesperado solo em tapping, “Recomeçar” vale a atenta degustação, de seu início até o fim.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX9_17R7n-qammqw-yjVGY_HbnxJvfVc5QjXyIM1zzvGvBZ5pFTjPp7xB5Waj7f54tnTt3yBbKWkzmKf_5-E7cq72PvTcxANbJmkCEbohNfvr8vUWuHic9YgNeUeC193yW2p54byrUC45p/s320/bleffe.jpg)
Apesar de contarem com oito anos de luta, os cariocas do Bleffe remetem seu som para o rock melódico alicerçado no início da última década e reproduzido mais recentemente por bandas como Detonautas. A sonoridade criativa, que explora a mistura acústica com o peso comedido, transforma-se no pulo do gato da banda. É um capricho que merece ser apreciado.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqY20gJeMIua0XMgB65uP_a-ydsgaWCxG4RaESKcHSKuwXO7kNQ5HuHhoXgNeGSI4og5e3vQN17RcV3a4E8CTKkmcLUpsyh3-QNO2ZS8stEerGmks6bm0C4wHF1mYF_JgwpxLUzgw3IbBE/s320/Viramundo+%25281%2529.jpg)
Os mineiros do Viramundo são responsáveis por uma sonoridade das mais reflexivas vista nos dias de hoje. A banda soube dosar na medida certa a pulsação de cada instrumento; da bateria ao piano, tudo remete ao doce pensamento que apenas a mais fina arte é capaz de conduzir. “A Trilha” nos faz caminhar sob uma sombra mais tênue e calma, como se quisesse nos lembrar de algo que deixamos para trás em um certo momento da vida. Cabe a cada um de nós, ao som de suas canções, descobrir o que precisamos recuperar. Vale cada segundo de audição.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhotJivpAh1J87NXLYh-Koh-BLcbtvDpy-lNkLpIj7YfQCAqBlbMbJM_Jy2hWeOmhDWTvTdJDtTCXEOKdw4kj2rq780mZpcJDur1TWFw_KWhgRNxL-UL5XKk22Ojy_-FHSykFDANbIs9TmX/s320/nuno.jpg)
“Abram-se as nuvens: é hora do sol brilhar.” Este é o aviso que nos vem à mente quando ouvimos as canções do gaúcho Nuno Marques, que busca nas influências do reggae e do pop a combinação perfeita da alegria. “Tão Linda” é prova disso: mesmo relatando o trivial, consegue contagiar quem ouve com uma onda de invejável otimismo. É a variedade do som gaúcho que se destaca no Brasil!
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_qR1S3v2CIV4_D8UYOR8rSrYxcMl44dZ67p2AjHYQad-CrSm_UCbxE2LBu_EqFcca4MLCCEmvGF3dE_-Kg0gtyehLn6qw2eQOnFT1dmVe2HdUCJfHWTLpUDs3wO7ooin2EnPmWPOpcQs7/s320/biaso.jpg)
O carioca Márcio Biaso é um músico experiente, tendo acompanhado figuras emblemáticas como Marcelo Bonfá. Talvez por isso suas canções sejam recheadas com lições valorosas que o ouvinte capta a cada verso e a cada refrão. Seguindo o norte indicado pela MPB, Márcio descortina a arte que pulsa dentro da alma e a apresenta para o sol, que a faz refletir em cada um de nós. Tudo segue uma métrica compreensivelmente fantástica: desde a trilha acústica do violão até a marcação da percussão e órgão, tudo parece estar em seu devido lugar, inclusive o ouvinte, que, de queixo caído, começa a cantarolar com Márcio o 'derundê' mais saboroso da MPB. Os aplausos são mais que merecidos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdGsyvUQC77eJYEILcpb9K4heX4t-lmaD3gULPDPbUJKJUMFZdCbLxI47uKjD5TzruQImK0L68xWBDsa-7gskJ1piVvT6cR9AZnbmwXRVpNi-KY0AtsAg23rbsJysR6wD9aZqZrQEKTuwC/s320/trivoltz.jpg)
O Trivoltz é uma banda que faz o ouvinte se perder deliciosamente. Até os dezesseis primeiros segundos de “Sol#1” parece que estamos a ouvir algo similar ao que o U2 geralmente oferece em seu som. Depois, diversos elementos fazem outra configuração, que explode em um estouro indie de vigor invejável. A canção é cativante e abriga o ouvinte em lugar aconchegante. Devemos concordar com Trivoltz: bom mesmo é se perder, e isso com uma trilha sonora de primeira. Excelente registro.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxXXgiBvccZ3DO9znGel6IYV7Bhj98ippo-h6T9bFxvHZmpx7UWT1a5HZ3LCUTXL9_sFuwKOxtJa2tLyYJooGmzLnG8FEj0JKZsN_-NNYTHYx_JBYMPKZHX_61WkerYgMYxIUOPWh1HqZs/s320/pao.jpg)
Se hoje Curitiba abandonou o cinza e possui cores no céu, é porque os artistas do Pão de Hamburguer lhe entregaram de mão beijada paleta, tinta e pincel. Se a missão é tentar rotular o som da banda, desistam: como tudo o que vale a pena, o trabalho do grupo não pode ser resumido em uma palavra. Aprendemos isso com “Jonas”, nosso querido cicerone que, em questão de minutos, nos faz visitar paisagens tão distintas e vivas que parece querer nos transformar em personagens de um filme de Kubrick: imprevisíveis, intensos, amáveis e violentos. A sonoridade do Pão merece ser apreciada em completude, do verso ao anverso, de trás para frente. É a arte em seu sentido mais sublime: a sinceridade.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5VLSCwUBXDxI3ZxrRUF6WQL-8ccufyCip6kbpU3-RrnjgNaBKPxOudm0yr3HMyIKsSAMTbunWK-V2blTl-dRIDzDp6CdYkfEaZ2SOFplmhOXEIy-QDsLwV8-GYWMtyljJHsUDQNbM_UNp/s320/cardioides_big.jpg)
Os cariocas do Cardióides também são responsáveis por uma sonoridade completa, que parece fazer refletir três décadas em poucos minutos: as características do som dos anos 80 e 90 parecem trafegar em harmonia com a letra totalmente atual. É uma surpresa deliciosa, tal qual abrir um presente há tempos esperado. Como crianças, descobrimos em “Vivendo de Sonhos” a surpresa da boa música. Uma experiência fantástica que vale a atenção.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYZ1ySHKNBlLBl0lbWHdxrcNgpSL7tBs2Fph3-Q1jQlOF4gXF9M44Acl64v7OMc7MDPOP_oYH3exuQujToFyKohK9gWRRf42ZHOxH8A9Y_c7hgN5GxiZHC1DnfdbsXAL8ECovkvSLMvqZP/s320/andrea.jpg)
A coletânea Galeria Independente 2010 encerra-se com um épico. Talvez esta seja uma boa forma de retratar o que é “Cúmulo”, canção da pernambucana Andrea Amorim que traduz com peso, força e classe uma mensagem incrivelmente interessante. A letra cavalga por recôncavos explorados e descobertos com um cuidado invejável. Do sol, enxergamos a neve: é nesta contradição que a voz de Andrea parece desenhar seu retrato em uma tela alva, à espera da pura arte. A recompensa é justamente esta: arte que, de tão simples, chega até a ser difícil de imaginá-la.
Estas doze bandas representam todo o potencial que permeia a cena independente do Brasil, tão rica e heterogênea como a própria população verde loura. Estes artistas asseveram a arte que é feita cotidianamente em nossas cidades, e que raramente apreciamos com a devida atenção. Se, durante os dias e as noites, apostássemos mais no novo do que na repetição, certamente o resultado seria diferente. Talvez esta seja a principal missão desta compilação: incentivar o descobrimento daquilo que reside sob nossos olhos, uma arte que, de tão óbvia, sequer percebemos na maioria das vezes. Como diria Ezequiel Neves, “sejamos urgentes”: é hora de fazer valer toda esta arte que pulsa em nossa terra. Ainda há tempo.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFY6sUmFrm-UrsXcmXT5NkDE-Cp1MDl_ri2XwPCZnMJ_5Cj1YETbtvV2dWc8MSLqV7oZ0fuwiGAb6QujzVl5Y-7mFh3NbbcOrwX46WrAXIqAPaHqv1wz-J0kUTcD3V-iUeYMi1MOAkyHYr/s320/Gametas4.jpg)
1. Ela Fala com Espíritos – Gametas (RJ)
Damos o start com o rock pulsante dos Gametas, grupo carioca que, desde 2000, vem dando lições de como fazer um som forte sem perder o bom humor. Em 2010, apesar dos dez anos de estrada, a banda lançou seu primeiro álbum, recheado de bons momentos. Destes, destaca-se enfaticamente a faixa “Ela Fala com Espíritos”, que busca no cotidiano a exposição de uma relação explosiva entre “um homem e sua maior tentação”. “Ela Fala com Espíritos” merece ser ouvida ao mais alto tom. Longa vida ao rock carioca!
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdFgPvrELjj-pWSD2PdA9oLmpAZZ30MiaKhKzTNC9GEXNyhjJ0rEk2Tgr4t6OCloAhl-iJTxkOBrv1zR0jMamKOZdRgUEV74wGlPwZdGEL2LY5vxeyEltqrus84o0jT5XyPNkz3IJdvvwI/s320/veraloca2.jpg)
2. Serenata – Vera Loca (RS)
A trupe do Vera Loca faz valer toda a tradição do sul brasileiro com um rock and roll de alto nível. “Serenata”, canção que integra Vera Loca III, de 2008, é uma irrefutável prova de toda essa tradição: a letra inteligente, calcada nos contrapontos da vida, mescla-se como o vinho na boca do ébrio. É como se não houvesse melhor combinação. A canção parece ter sido lapidada e pensada com um cuidado assombroso, daqueles em que a mais simples rima é calculada com o sorriso dos espíritos mais versáteis. Se no Brasil existem tesouros em forma de som, “Serenata” é um deles e repousa sob o manto criativo do Rio Grande do Sul.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7BP8uRkC8FfnItJshwhcE8YINokjb6wNsnXXhNVx4cFmpjTPHPCUWuzMO0eZRhQsV-EqoCc8GI4U9RJPtYDIEEPYnQpqGs6s5WkP2hzgVMEVDDnQMnFIyZ_kuRvnuV3G8iqSeOCbMz8rt/s320/selvagens.jpg)
3. Mucambo Cafundó – Selvagens à Procura da Lei (CE)
As mesmas qualidades do sul podem atravessar o tempo e espaço e atracar no nordeste do país. Essa parece ser a mensagem no som dos Selvagens à Procura da Lei, banda do Ceará que é dona de um som que, apesar de fazer várias referências, pode ser qualificado como único. De Strokes ao melhor que o punk tem a oferecer, SAPDL é uma prova que, da fusão, pode surgir o divino. É um deleite igualmente único viajar ao som de “Mucambo Cafundó”: forte, vibrante e simples. Assim como todo bom rock deve ser.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEIAf-TrmiYJoPT1LtAfBW-d2hKYshWR7iJ3Aj_X_bcDAhfYha_jKaSqo63kn-tIh51AnZ2eQJcvVWPH9MNnsTApDD1WSzk3ue43FnxpnQ4lI53HoXDAZqLi2HDUlgycJX0-g4uI03JqSM/s320/bjack.jpg)
4. Recomeçar – Bjack (RS)
Com a mesma velocidade que se trafega ao norte, pode-se voltar ao sul. Este é o recomeço oferecido pela banda gaúcha Bjack, responsável por uma interessante sonoridade mais voltada ao pop que busca em diversos elementos a sua especialidade. De sintetizadores a um inesperado solo em tapping, “Recomeçar” vale a atenta degustação, de seu início até o fim.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX9_17R7n-qammqw-yjVGY_HbnxJvfVc5QjXyIM1zzvGvBZ5pFTjPp7xB5Waj7f54tnTt3yBbKWkzmKf_5-E7cq72PvTcxANbJmkCEbohNfvr8vUWuHic9YgNeUeC193yW2p54byrUC45p/s320/bleffe.jpg)
5. Tá Tarde – Bleffe (RJ)
Apesar de contarem com oito anos de luta, os cariocas do Bleffe remetem seu som para o rock melódico alicerçado no início da última década e reproduzido mais recentemente por bandas como Detonautas. A sonoridade criativa, que explora a mistura acústica com o peso comedido, transforma-se no pulo do gato da banda. É um capricho que merece ser apreciado.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqY20gJeMIua0XMgB65uP_a-ydsgaWCxG4RaESKcHSKuwXO7kNQ5HuHhoXgNeGSI4og5e3vQN17RcV3a4E8CTKkmcLUpsyh3-QNO2ZS8stEerGmks6bm0C4wHF1mYF_JgwpxLUzgw3IbBE/s320/Viramundo+%25281%2529.jpg)
6. A Trilha - Viramundo (MG)
Os mineiros do Viramundo são responsáveis por uma sonoridade das mais reflexivas vista nos dias de hoje. A banda soube dosar na medida certa a pulsação de cada instrumento; da bateria ao piano, tudo remete ao doce pensamento que apenas a mais fina arte é capaz de conduzir. “A Trilha” nos faz caminhar sob uma sombra mais tênue e calma, como se quisesse nos lembrar de algo que deixamos para trás em um certo momento da vida. Cabe a cada um de nós, ao som de suas canções, descobrir o que precisamos recuperar. Vale cada segundo de audição.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhotJivpAh1J87NXLYh-Koh-BLcbtvDpy-lNkLpIj7YfQCAqBlbMbJM_Jy2hWeOmhDWTvTdJDtTCXEOKdw4kj2rq780mZpcJDur1TWFw_KWhgRNxL-UL5XKk22Ojy_-FHSykFDANbIs9TmX/s320/nuno.jpg)
7. Tão Linda - Nuno Marques (RS)
“Abram-se as nuvens: é hora do sol brilhar.” Este é o aviso que nos vem à mente quando ouvimos as canções do gaúcho Nuno Marques, que busca nas influências do reggae e do pop a combinação perfeita da alegria. “Tão Linda” é prova disso: mesmo relatando o trivial, consegue contagiar quem ouve com uma onda de invejável otimismo. É a variedade do som gaúcho que se destaca no Brasil!
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_qR1S3v2CIV4_D8UYOR8rSrYxcMl44dZ67p2AjHYQad-CrSm_UCbxE2LBu_EqFcca4MLCCEmvGF3dE_-Kg0gtyehLn6qw2eQOnFT1dmVe2HdUCJfHWTLpUDs3wO7ooin2EnPmWPOpcQs7/s320/biaso.jpg)
8. Tudo o Que é Meu – Márcio Biaso (RJ)
O carioca Márcio Biaso é um músico experiente, tendo acompanhado figuras emblemáticas como Marcelo Bonfá. Talvez por isso suas canções sejam recheadas com lições valorosas que o ouvinte capta a cada verso e a cada refrão. Seguindo o norte indicado pela MPB, Márcio descortina a arte que pulsa dentro da alma e a apresenta para o sol, que a faz refletir em cada um de nós. Tudo segue uma métrica compreensivelmente fantástica: desde a trilha acústica do violão até a marcação da percussão e órgão, tudo parece estar em seu devido lugar, inclusive o ouvinte, que, de queixo caído, começa a cantarolar com Márcio o 'derundê' mais saboroso da MPB. Os aplausos são mais que merecidos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdGsyvUQC77eJYEILcpb9K4heX4t-lmaD3gULPDPbUJKJUMFZdCbLxI47uKjD5TzruQImK0L68xWBDsa-7gskJ1piVvT6cR9AZnbmwXRVpNi-KY0AtsAg23rbsJysR6wD9aZqZrQEKTuwC/s320/trivoltz.jpg)
9. Sol#1 – Trivoltz (GO)
O Trivoltz é uma banda que faz o ouvinte se perder deliciosamente. Até os dezesseis primeiros segundos de “Sol#1” parece que estamos a ouvir algo similar ao que o U2 geralmente oferece em seu som. Depois, diversos elementos fazem outra configuração, que explode em um estouro indie de vigor invejável. A canção é cativante e abriga o ouvinte em lugar aconchegante. Devemos concordar com Trivoltz: bom mesmo é se perder, e isso com uma trilha sonora de primeira. Excelente registro.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxXXgiBvccZ3DO9znGel6IYV7Bhj98ippo-h6T9bFxvHZmpx7UWT1a5HZ3LCUTXL9_sFuwKOxtJa2tLyYJooGmzLnG8FEj0JKZsN_-NNYTHYx_JBYMPKZHX_61WkerYgMYxIUOPWh1HqZs/s320/pao.jpg)
10. Jonas – Pão de Hamburguer (PR)
Se hoje Curitiba abandonou o cinza e possui cores no céu, é porque os artistas do Pão de Hamburguer lhe entregaram de mão beijada paleta, tinta e pincel. Se a missão é tentar rotular o som da banda, desistam: como tudo o que vale a pena, o trabalho do grupo não pode ser resumido em uma palavra. Aprendemos isso com “Jonas”, nosso querido cicerone que, em questão de minutos, nos faz visitar paisagens tão distintas e vivas que parece querer nos transformar em personagens de um filme de Kubrick: imprevisíveis, intensos, amáveis e violentos. A sonoridade do Pão merece ser apreciada em completude, do verso ao anverso, de trás para frente. É a arte em seu sentido mais sublime: a sinceridade.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5VLSCwUBXDxI3ZxrRUF6WQL-8ccufyCip6kbpU3-RrnjgNaBKPxOudm0yr3HMyIKsSAMTbunWK-V2blTl-dRIDzDp6CdYkfEaZ2SOFplmhOXEIy-QDsLwV8-GYWMtyljJHsUDQNbM_UNp/s320/cardioides_big.jpg)
11. Vivendo de Sonhos – Cardióides (RJ)
Os cariocas do Cardióides também são responsáveis por uma sonoridade completa, que parece fazer refletir três décadas em poucos minutos: as características do som dos anos 80 e 90 parecem trafegar em harmonia com a letra totalmente atual. É uma surpresa deliciosa, tal qual abrir um presente há tempos esperado. Como crianças, descobrimos em “Vivendo de Sonhos” a surpresa da boa música. Uma experiência fantástica que vale a atenção.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYZ1ySHKNBlLBl0lbWHdxrcNgpSL7tBs2Fph3-Q1jQlOF4gXF9M44Acl64v7OMc7MDPOP_oYH3exuQujToFyKohK9gWRRf42ZHOxH8A9Y_c7hgN5GxiZHC1DnfdbsXAL8ECovkvSLMvqZP/s320/andrea.jpg)
12. Cúmulo – Andrea Amorim (PE)
A coletânea Galeria Independente 2010 encerra-se com um épico. Talvez esta seja uma boa forma de retratar o que é “Cúmulo”, canção da pernambucana Andrea Amorim que traduz com peso, força e classe uma mensagem incrivelmente interessante. A letra cavalga por recôncavos explorados e descobertos com um cuidado invejável. Do sol, enxergamos a neve: é nesta contradição que a voz de Andrea parece desenhar seu retrato em uma tela alva, à espera da pura arte. A recompensa é justamente esta: arte que, de tão simples, chega até a ser difícil de imaginá-la.
Estas doze bandas representam todo o potencial que permeia a cena independente do Brasil, tão rica e heterogênea como a própria população verde loura. Estes artistas asseveram a arte que é feita cotidianamente em nossas cidades, e que raramente apreciamos com a devida atenção. Se, durante os dias e as noites, apostássemos mais no novo do que na repetição, certamente o resultado seria diferente. Talvez esta seja a principal missão desta compilação: incentivar o descobrimento daquilo que reside sob nossos olhos, uma arte que, de tão óbvia, sequer percebemos na maioria das vezes. Como diria Ezequiel Neves, “sejamos urgentes”: é hora de fazer valer toda esta arte que pulsa em nossa terra. Ainda há tempo.
Nem ouvi ainda, mas já estou cheio de curiosidade para saborear a música do cenário independente brasileiro! Que bela iniciativa!
ResponderExcluir