Por Ricardo Seelig
O Engenheiros do Hawaii foi uma das maiores bandas da história recente do rock brasileiro. A música do grupo conquistou uma quantidade enorme de fãs em todo o Brasil, assim como uma leva gigantesca de detratores. Particularmente, gosto muito do segundo disco – A Revolta dos Dândis, de 1987, dono de uma sonoridade que me agrada bastante -, e de Várias Variáveis (1991), com canções mais densas e pesadas.
Carlos Maltz, baterista fundador, deixou o grupo em 1995 e, após algumas aventuras musicais, sumiu de vista. Na verdade, Maltz afastou-se da música, mudou-se para Brasília e começou a trabalhar com outra de suas paixões, a astrologia. Uma vida muito mais calma e sossegada do que a que tinha na época dos Engenheiros, e com muito mais tempo livre para curtir a vida em família ao lado da esposa e de suas duas filhas pequenas.
Mas todo indivíduo envolvido com alguma atividade artística não consegue ficar quieto por muito tempo. A necessidade de se expressar é quase fisiológica, e com Maltz não foi diferente. O resultado é o livro Abilolado Mundo Novo, primeira inserção do músico e astrólogo na literatura.
Abilolado Mundo Novo é um livro diferente. Maltz o concebeu como se fosse a transcrição de um chat em algum fórum na internet, eternizado em uma obra física. Mas o que torna ele realmente único é que todos os personagens que interagem nos diálogos desse chat são fictícios, criações da mente de Maltz. A construção de cada indivíduo foi tão bem feita que é até difícil admitir que estamos falando de personagens de ficção e não de pessoas reais. Esse é, talvez, o principal mérito de Maltz: identificar os fragmentos de sua múltipla personalidade e dar vida própria a cada um deles.
O livro não gira em torno de um assunto específico. Maltz propõe discussões sobre os mais variados temas, mas todos eles sempre abordando tópicos mais filosóficos, como religião, felicidade, amor, realização pessoal. A obra não faz, por exemplo, relações com a cultura pop, como encontramos nos textos do inglês Nick Hornby e do brasileiro André Takeda.
Ainda que alguns trechos soem como um intrincado e cansativo papo-cabeça, é inegável que Abilolado Mundo Novo tem muitos momentos interessantes e que buscam encontrar caminhos e soluções para tornar a vida do leitor mais leve e recompensadora.
Indicado para fãs dos Engenheiros do Hawaii e para quem curte textos mais densos e filosóficos. Se essa é a sua praia, Abilolado Mundo Novo é um prato cheio.
Engenheiros do Hawaii, taí uma bandinha michuruca.
ResponderExcluirEnaldo, todos os seus comentário aqui no blog são negativos e irônicos, já reparou nisso? Se você não curte o trabalho, de repente é de se pensar o porque comenta, não é mesmo?
ResponderExcluirAbraço.
eu ainda não li o livro, mas, com certeza pretendo, pois a resenha me incentivou a isso, mas uma coisa sou forçado a comentar, essa é uma das piores capas que já vi nos ultimos anos.
ResponderExcluirVocê foi injusto comigo, você concordou diversas vezes com o que eu disse em outras ocasiões, mas fique tranquilo, eu não volto mais aqui, que coisa mais infantil não saber lidar com críticas, vindo de um jornalista.
ResponderExcluirMas mesmo assim o seu blog é muito bom.
Você que criticou o Peter Gabriel, eu elogiei o trabalho dele, outros concordaram comigo e agora vem este ciuminho bobo.
Eu lhe desejo boa sorte na vida e no seu trabalho de promover a música.