Firehouse: review do álbum 'Full Circle' (2011)!



Por Marcelo Vieira


Nota: 6,5


De tempos em tempos, os aposentados e pensionistas do INSS que recebem benefícios têm de comprovar que estão vivos. É a chamada prova de vida. No meio musical não é diferente. Não fosse o nome que indica o fechamento do ciclo – provavelmente marcando a despedida da banda –, Full Circle, o novo álbum do Firehouse, poderia ser tomado como exemplo para esta prática tão comum a quem amarga anos no ostracismo.


Sem lançar nada de novo desde 2003 – ano do excelente Prime Time –, CJ Snare (vocais), Bill Leverty (guitarra), Allen McKenzie (baixo) e Michael Foster (bateria) quebram o silêncio com um álbum de regravações (!). Verdade seja dita: o que resta às bandas de hard rock contemporâneas ao Firehouse? As mais sortudas assinam com a Frontiers e gravam material inédito por sua própria conta e risco, mas o grosso da renda vem mesmo dos shows em clubes tocando os hits da época.


No tocante à vida na estrada, viver de passado é sempre um bom negócio, mas em se tratando de álbuns, torço o nariz para bandas que regravam seus clássicos. Regravações nunca causam o impacto das originais e, o que é pior, ainda evidenciam aspectos negativos que são puro sinal dos tempos, como o desgaste vocal, por exemplo. Um caso recente disso é a coletânea Greatest Hits 2, lançada em 2010 pelo Dokken com seus maiores sucessos repaginados pela formação atual da banda. Terrível!


Mas então, o que funciona em Full Circle? Em primeiro lugar, tanto tempo tocando junto facilita as coisas. Snare, Leverty e Foster estão nessa há mais de duas décadas – apesar de há quase uma só o fazerem para manter as aparências. Em segundo, e que ficou evidente na passagem da banda pelo Brasil em 2007, Allen McKenzie é o melhor baixista desde Perry Richardson e comanda os backing vocals com brilhantismo. E em terceiro lugar, o maestro Bill Leverty, inovando na medida certa, com uma pegada de dar inveja!


CJ Snare continua cantando muito, mas não dá mais conta dos agudos de outrora. Trocando em miúdos, nota 10 nas baladas e notas de 0 a 5 no restante. Vale ressaltar que, ao contrário do já citado Dokken, que baixou suas músicas em um ou mais tons, o Firehouse manteve a tonalidade original de todas. Fidelidade sonora é isso.


No geral, e diante do baixíssimo nível dos parâmetros de comparação, Full Circle é um bom disco. Só espero que não feche o ciclo de fato, pois por mais que nos bastidores o clima seja tenso, o que se vê em cima do palco mostra que Snare, Leverty e Foster ainda têm muito combustível para queimar. Que tal fazer uma oferta, hein, Frontiers? 



Faixas:
1 – Overnight Sensation
2 – Shake and Tumble
3 – Hold the Dream
4 – All She Wrote
5 – Love of a Lifetime
6 – Don’t Treat Me Bad
7 – Reach for the Sky
8 – When I Look Into Your Eyes
09 – You Are My Religion
10 – I Live My Life For You
11 – Christmas with You

Comentários

  1. Marcelo, você fez uma boa recapitulação da situação em que se encontra o Firehouse e do cenário contemporâneo em relação aos grupos desse gênero, mas esqueceu de uma coisa... comentar sobre o disco! Você elogiou Allen e Bill, fez ressalvas a CJ, mas não fez nenhum comentário em especial a respeito das regravações em si, do conteúdo sonoro.

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  2. Bem, Diogo. Eu acredito que com os elogios e as ressalvas dê pra ter uma ideia do conteúdo do CD. Se houvesse algo nessas gravações que fugisse muito ao que está registrado nas originais, certamente teria mencionado. Mas não é o que acontece, ainda mais nas baladas. As regravações são reproduções quase que fiéis das originais. O que difere mesmo é a voz do CJ, que como citei, está ótima nas músicas lentas e fica devendo nas mais rápidas. Se você é fã da banda, baixa o CD e dá uma conferida se não é isso mesmo. No mais, valeu pelo comentário. Abraços!

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  3. Certo, Marcelo... passo longe de ser um fã do grupo, mas acredito que eles são possuidores de características interessantes o suficiente para não receber o rótulo de meras cópias das bandas de hard rock oitentista que surgiram antes, em especial o talento de Bill Leverty, bem ressaltado quando unia guitarra e violão na mesma música, caso de "Don't Treat Me Bad", "Hold Your Fire" e "Sleeping With You". E sim, eu gosto daquelas malditas baladas, heheheh...

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  4. Entrando no papo, vale citar o belíssimo timbre de guitarra nos 2 primeiros discos, que NUNCA mais foi reproduzido. Não ouvi ainda esse play, mas só por conta disso, já acho um disco desnecessário. Ouvirei!

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