Sou um grande fã do Iron Maiden. Cresci ouvindo suas músicas, tenho todos os seus discos, gosto de pesquisar e ler sobre o grupo, e, passados 27 anos do meu primeiro contato com a banda, ela continua sendo uma parte importante da minha vida. Por isso, resolvi escrever sobre algo que sempre esteve na minha cabeça, e que acho que também faz parte do pensamento de uma parcela considerável de fãs do Maiden.
Mas, para começar a nossa conversa, é preciso voltar um pouco no tempo. Ainda lembro da repercussão negativa dos shows da turnê brasileira do grupo em 1998, que acabaria se tornando a última com Blaze Bayley. O Iron Maiden tocou em algumas cidades brasileiras, e o show no Rio de Janeiro ficou marcado pelo fato de a banda abandonar o palco e não voltar para o bis após o guitarrista Janick Gers ter sido atingido por um objeto. Esse acontecimento foi, na verdade, a gota d'água de uma tour que deixou claro, definitivamente, que Blaze Bayley não era o vocalista adequado para o Iron Maiden. A questão nem era a qualidade ou não da sua voz, mas sim o fato de que o seu timbre, mais grave, não casava com as músicas do Maiden, originalmente concebidas para os tons mais altos de Bruce Dickinson. O controverso álbum The X Factor, lançado em 1995, é a prova disso, com um direcionamento mais sombrio que os anteriores, mas que acabou não sendo mantido no disco seguinte, Virtual XI, lançado em 1998. Pessoalmente, considero Virtual XI o álbum mais fraco de todo o catálogo do Maiden, com composições ruins, refrões repetidos à exaustão e uma sonoridade genérica. Apenas duas de suas canções, “Futureal” e “The Clansman”, são dignas de nota.
Quem ouviu os b-sides dos singles lançados pelo Iron Maiden nesse período, ou algum bootleg gravado na época, percebe sem maior esforço a absoluta incapacidade de Blaze em interpretar as canções da era Dickinson. A versão ao vivo de “The Evil That Men Do” presente no single de “Futureal”, por exemplo, é constrangedora. O mesmo vale para as tentativas de Bayley em cantar sons como “The Trooper” e “Hallowed Be Thy Name”, notórias marcas pessoais de Bruce. Mais tarde, ao sair do Maiden, Blaze Bayley encontraria uma sonoridade adequada à sua voz nos bons discos de sua carreira solo, principalmente na ótima estreia com Silicon Messiah (2000).
A verdade era que, passados já alguns anos com Blaze no Maiden, a sua situação havia ficado insustentável. O público da banda havia caído drasticamente. A crítica não engoliu os álbuns com o novo vocalista, principalmente Virtual XI. E o Iron Maiden, que sempre esteve na linha de frente do heavy metal ditando os caminhos do estilo, passava por uma fase onde beirava a irrelevância. Tudo isso refletiu no clima interno do conjunto. Janick surtou com o objeto lançado contra si no show no Rio de Janeiro e no camarim colocou Steve Harris na parede, dizendo que era ele ou Blaze. O baterista Nicko McBrain também já havia demonstrado a sua insatisfação com a fase vivida pela banda para Steve e Rod Smallwood, empresário do grupo. Até mesmo o calmo e passivo Dave Murray, um dos caras mais gente boa do show business, não escondia de ninguém o seu desgosto com os rumos do conjunto.
Os shows no Brasil foram os últimos da tour de Virtual XI. Após eles, a banda entrou em recesso, curtindo merecidas férias. Foi nessa época que a figura sempre forte do empresário Rod Smalwood entrou em cena. Rod, dono de opiniões sempre diretas e persuasivas – a revista inglesa Classic Rock, ao se referir a Rod, Steve e Bruce, classifica o trio como “o grosseirão, o cabeça-dura e o tagarela” -, chamou Steve Harris para uma reunião e disse, sem meias palavras, que era preciso trazer Bruce Dickinson de volta. Steve, como era de se esperar, respondeu que não, que a relação com Bruce era complicada e que não gostaria de tê-lo de volta no grupo. Mas aí a coisa virou briga de gente grande: de um lado um dos empresários mais respeitados e fortes do show business, famoso por seu aparentemente infinito poder de convencer qualquer pessoa a concordar com suas ideias, e do outro a mente criativa responsável por transformar o Iron Maiden em uma das maiores e mais importantes bandas da história do heavy metal. Após uma longa conversa, Rod provou para Steve que o retorno de Bruce era necessário, e a banda então marcou uma reunião.
Ao mesmo tempo, os rumores sobre um possível retorno de Bruce Dickinson ao grupo só aumentavam. Fóruns e sites por toda a internet alimentavam rumores e mais rumores sobre o assunto, mas ninguém tinha uma posição clara sobre o que estava realmente acontecendo. Essa falação toda chegou até à própria banda solo de Bruce. Roy Z, seu guitarrista, produtor e principal parceiro em álbuns como Accident of Birth (1997) e The Chemical Wedding (1998), chamou Dickinson para um papo e bateu a real: “Bruce, nós gravamos ótimos discos, mas todo mundo sabe que o seu lugar é no Maiden!”. O vocalista não teve outra resposta para Roy a não ser concordar com a sua afirmação.
Após contatos preliminares e sondagens de ambos os lados, Rod Smallwood convocou Steve Harris, Dave Murray, Janick Gers, Nicko McBrain e Bruce Dickinson para uma reunião em sua casa. Todos sentaram na sala de Rod, e a reunião, que era para ser longa, acabou sendo surpreendentemente curta, com Steve pedindo a palavra e dizendo: “Eu não concordo com a volta de Bruce ao Iron Maiden, mas essa é a coisa certa a ser feita”. Todos apertaram as mãos, trocaram abraços e foram comemorar o retorno do vocalista em um pub próximo à mansão de Rod. Lá, embalados por rodadas e mais rodadas de bebibas, tiveram a ideia de chamar de volta também o guitarrista Adrian Smith, que havia saído em 1990 e estava tocando com Bruce em sua banda solo. O mundo ficou sabendo da notícia através de um comunicado oficial dia 11 de fevereiro de 1999, e o resto é história.
E é justamente nesse ponto que eu quero chegar. O agora sexteto saiu em uma turnê mundial batizada Eddie Hunter Tour, onde tocou diversos clássicos de seus anos dourados com a nova formação com três guitarristas e trancou-se em estúdio para compor o tão aguardado álbum de retorno. Brave New World chegou às lojas de todo o mundo no dia 29 de maio de 2000 e atendeu as expectativas tanto dos fãs quanto da crítica com composições fortes e inspiradas, que recolocaram o Iron Maiden automaticamente no lugar de onde nunca deveria ter saído: o Olimpo do heavy metal.
Mas o que me chamou a atenção desde a primeira vez que ouvi o disco é o fato de ele, na minha percepção, conter diversas mensagens - subliminares ou não - espalhadas por suas letras, dando margem à interpretações variadas por parte dos fãs. Vamos a elas:
- a história já começa no título, Brave New World, fazendo uma alusão direta ao “admirável mundo novo” que estava começando para a banda e para os seus fãs com o retorno de Bruce Dickinson e Adrian Smith
- o refrão da primeira faixa, “The Wicker Man”, traz Bruce cantando a frase “your time will come” - sua hora chegará – repetidamente, como que preparando os fãs de todo o mundo para o tão aguardado retorno do grupo
- a emocionante “Blood Brothers”, composta por Steve Harris para o seu pai, pode ser interpretada como uma reafirmação dos laços de sangue que unem a banda e seus fãs, em uma das relações mais fortes e apaixonantes do universo musical, e também os próprios músicos uns aos outros, já que juntos são muito maiores do que separados, como ficou claro durante os anos em que Bruce e Adrian estiveram longe do grupo e, mais recentemente, quando Steve se aventurou em seu primeiro álbum solo, British Lion, com resultados abaixo do esperado pela maioria
- a faixa “The Mercenary”, uma das mais pesadas do álbum, tem um título que pode ser interpretado como uma indireta a Bruce Dickinson, que quando saiu do Maiden deu várias declarações a respeito do grupo e do próprio heavy metal, chegando até mesmo a renegar o estilo, mas que agora estava de volta à banda que o fez famoso em todo o planeta
- a frase “the dream is true” presente em “Dream of Mirrors” exemplifica o que os fãs do grupo sentiram ao saberem da volta de Bruce e Adrian: o sonho havia se tornado realidade
- “The Fallen Angel” pode ser uma alusão ao próprio grupo, que alcançou o topo, caiu ao chão e agora preparava-se para alçar um novo e duradouro vôo, como uma fênix renascida
- “Out of the Silent Planet” pode ser entendida como uma brincadeira com o fato de as plateias da banda terem se reduzido muito durante o período com Blaze, e, com o simples anúncio do retorno de Bruce e Adrian, o grupo começou a lotar arenas novamente em todo o mundo, saindo, assim, do “planeta silencioso” em que se encontrava
- e, finalmente, o encerramento do álbum com a estupenda “The Thin Line Between Love and Hate” - a tênue linha entre o amor e o ódio -, alusão direta à relação de Steve Harris e Bruce Dickinson, os dois pilares do Iron Maiden, donos de personalidades fortes e líderes natos, que se admiram na mesma proporção que se odeiam, e que sabem que são mais fortes juntos do que trilhando caminhos separados.
É claro que todas essas interpretações são baseadas apenas na minha opinião e são extremamente pessoais, mas, como disse antes, desde a primeira vez que ouvi o disco esses detalhes me chamaram a atenção. Alguns podem ser verdadeiros, outros podem ser apenas suposições e viagens de um fã, mas queria compartilhar isso com vocês.
Após Brave New World o Maiden gravou mais três álbuns de estúdio – Dance of Death (2003), A Matter of Life and Death (2006) e The Final Frontier (2010) -, um quarteto de discos ao vivo – Rock in Rio (2002), Death on the Road (2005), Flight 666: The Original Soundtrack (2009) e En Vivo! (2012) -, lançou três coletâneas – Edward the Great (2002), Somewhere Back in Time – The Best of 1980-1989 (2008) e From Fear to Eternity – The Best of 1990-2010 (2011) – e seis DVDs – Rock in Rio (2002), Visions of the Beast: The Complete Video History (2003), The History of Iron Maiden, Part 1: The Early Days (2004), Death on the Road (2005), Flight 666: The Film (2009) e En Vivo! (2012) -, solidificando a sua posição como uma das maiores bandas de heavy metal do mundo e gozando uma popularidade atual que rivaliza com a alcançada durante a década de oitenta – basta ver os números do último álbum do grupo, The Final Frontier, que alcançou o número 1 em nada mais nada menos que 28 países, incluindo o Brasil.
Rod Smallwood estava certo, não é mesmo, Steve?
Mas, para começar a nossa conversa, é preciso voltar um pouco no tempo. Ainda lembro da repercussão negativa dos shows da turnê brasileira do grupo em 1998, que acabaria se tornando a última com Blaze Bayley. O Iron Maiden tocou em algumas cidades brasileiras, e o show no Rio de Janeiro ficou marcado pelo fato de a banda abandonar o palco e não voltar para o bis após o guitarrista Janick Gers ter sido atingido por um objeto. Esse acontecimento foi, na verdade, a gota d'água de uma tour que deixou claro, definitivamente, que Blaze Bayley não era o vocalista adequado para o Iron Maiden. A questão nem era a qualidade ou não da sua voz, mas sim o fato de que o seu timbre, mais grave, não casava com as músicas do Maiden, originalmente concebidas para os tons mais altos de Bruce Dickinson. O controverso álbum The X Factor, lançado em 1995, é a prova disso, com um direcionamento mais sombrio que os anteriores, mas que acabou não sendo mantido no disco seguinte, Virtual XI, lançado em 1998. Pessoalmente, considero Virtual XI o álbum mais fraco de todo o catálogo do Maiden, com composições ruins, refrões repetidos à exaustão e uma sonoridade genérica. Apenas duas de suas canções, “Futureal” e “The Clansman”, são dignas de nota.
Quem ouviu os b-sides dos singles lançados pelo Iron Maiden nesse período, ou algum bootleg gravado na época, percebe sem maior esforço a absoluta incapacidade de Blaze em interpretar as canções da era Dickinson. A versão ao vivo de “The Evil That Men Do” presente no single de “Futureal”, por exemplo, é constrangedora. O mesmo vale para as tentativas de Bayley em cantar sons como “The Trooper” e “Hallowed Be Thy Name”, notórias marcas pessoais de Bruce. Mais tarde, ao sair do Maiden, Blaze Bayley encontraria uma sonoridade adequada à sua voz nos bons discos de sua carreira solo, principalmente na ótima estreia com Silicon Messiah (2000).
A verdade era que, passados já alguns anos com Blaze no Maiden, a sua situação havia ficado insustentável. O público da banda havia caído drasticamente. A crítica não engoliu os álbuns com o novo vocalista, principalmente Virtual XI. E o Iron Maiden, que sempre esteve na linha de frente do heavy metal ditando os caminhos do estilo, passava por uma fase onde beirava a irrelevância. Tudo isso refletiu no clima interno do conjunto. Janick surtou com o objeto lançado contra si no show no Rio de Janeiro e no camarim colocou Steve Harris na parede, dizendo que era ele ou Blaze. O baterista Nicko McBrain também já havia demonstrado a sua insatisfação com a fase vivida pela banda para Steve e Rod Smallwood, empresário do grupo. Até mesmo o calmo e passivo Dave Murray, um dos caras mais gente boa do show business, não escondia de ninguém o seu desgosto com os rumos do conjunto.
Os shows no Brasil foram os últimos da tour de Virtual XI. Após eles, a banda entrou em recesso, curtindo merecidas férias. Foi nessa época que a figura sempre forte do empresário Rod Smalwood entrou em cena. Rod, dono de opiniões sempre diretas e persuasivas – a revista inglesa Classic Rock, ao se referir a Rod, Steve e Bruce, classifica o trio como “o grosseirão, o cabeça-dura e o tagarela” -, chamou Steve Harris para uma reunião e disse, sem meias palavras, que era preciso trazer Bruce Dickinson de volta. Steve, como era de se esperar, respondeu que não, que a relação com Bruce era complicada e que não gostaria de tê-lo de volta no grupo. Mas aí a coisa virou briga de gente grande: de um lado um dos empresários mais respeitados e fortes do show business, famoso por seu aparentemente infinito poder de convencer qualquer pessoa a concordar com suas ideias, e do outro a mente criativa responsável por transformar o Iron Maiden em uma das maiores e mais importantes bandas da história do heavy metal. Após uma longa conversa, Rod provou para Steve que o retorno de Bruce era necessário, e a banda então marcou uma reunião.
Ao mesmo tempo, os rumores sobre um possível retorno de Bruce Dickinson ao grupo só aumentavam. Fóruns e sites por toda a internet alimentavam rumores e mais rumores sobre o assunto, mas ninguém tinha uma posição clara sobre o que estava realmente acontecendo. Essa falação toda chegou até à própria banda solo de Bruce. Roy Z, seu guitarrista, produtor e principal parceiro em álbuns como Accident of Birth (1997) e The Chemical Wedding (1998), chamou Dickinson para um papo e bateu a real: “Bruce, nós gravamos ótimos discos, mas todo mundo sabe que o seu lugar é no Maiden!”. O vocalista não teve outra resposta para Roy a não ser concordar com a sua afirmação.
Após contatos preliminares e sondagens de ambos os lados, Rod Smallwood convocou Steve Harris, Dave Murray, Janick Gers, Nicko McBrain e Bruce Dickinson para uma reunião em sua casa. Todos sentaram na sala de Rod, e a reunião, que era para ser longa, acabou sendo surpreendentemente curta, com Steve pedindo a palavra e dizendo: “Eu não concordo com a volta de Bruce ao Iron Maiden, mas essa é a coisa certa a ser feita”. Todos apertaram as mãos, trocaram abraços e foram comemorar o retorno do vocalista em um pub próximo à mansão de Rod. Lá, embalados por rodadas e mais rodadas de bebibas, tiveram a ideia de chamar de volta também o guitarrista Adrian Smith, que havia saído em 1990 e estava tocando com Bruce em sua banda solo. O mundo ficou sabendo da notícia através de um comunicado oficial dia 11 de fevereiro de 1999, e o resto é história.
E é justamente nesse ponto que eu quero chegar. O agora sexteto saiu em uma turnê mundial batizada Eddie Hunter Tour, onde tocou diversos clássicos de seus anos dourados com a nova formação com três guitarristas e trancou-se em estúdio para compor o tão aguardado álbum de retorno. Brave New World chegou às lojas de todo o mundo no dia 29 de maio de 2000 e atendeu as expectativas tanto dos fãs quanto da crítica com composições fortes e inspiradas, que recolocaram o Iron Maiden automaticamente no lugar de onde nunca deveria ter saído: o Olimpo do heavy metal.
Mas o que me chamou a atenção desde a primeira vez que ouvi o disco é o fato de ele, na minha percepção, conter diversas mensagens - subliminares ou não - espalhadas por suas letras, dando margem à interpretações variadas por parte dos fãs. Vamos a elas:
- a história já começa no título, Brave New World, fazendo uma alusão direta ao “admirável mundo novo” que estava começando para a banda e para os seus fãs com o retorno de Bruce Dickinson e Adrian Smith
- o refrão da primeira faixa, “The Wicker Man”, traz Bruce cantando a frase “your time will come” - sua hora chegará – repetidamente, como que preparando os fãs de todo o mundo para o tão aguardado retorno do grupo
- a emocionante “Blood Brothers”, composta por Steve Harris para o seu pai, pode ser interpretada como uma reafirmação dos laços de sangue que unem a banda e seus fãs, em uma das relações mais fortes e apaixonantes do universo musical, e também os próprios músicos uns aos outros, já que juntos são muito maiores do que separados, como ficou claro durante os anos em que Bruce e Adrian estiveram longe do grupo e, mais recentemente, quando Steve se aventurou em seu primeiro álbum solo, British Lion, com resultados abaixo do esperado pela maioria
- a faixa “The Mercenary”, uma das mais pesadas do álbum, tem um título que pode ser interpretado como uma indireta a Bruce Dickinson, que quando saiu do Maiden deu várias declarações a respeito do grupo e do próprio heavy metal, chegando até mesmo a renegar o estilo, mas que agora estava de volta à banda que o fez famoso em todo o planeta
- a frase “the dream is true” presente em “Dream of Mirrors” exemplifica o que os fãs do grupo sentiram ao saberem da volta de Bruce e Adrian: o sonho havia se tornado realidade
- “The Fallen Angel” pode ser uma alusão ao próprio grupo, que alcançou o topo, caiu ao chão e agora preparava-se para alçar um novo e duradouro vôo, como uma fênix renascida
- “Out of the Silent Planet” pode ser entendida como uma brincadeira com o fato de as plateias da banda terem se reduzido muito durante o período com Blaze, e, com o simples anúncio do retorno de Bruce e Adrian, o grupo começou a lotar arenas novamente em todo o mundo, saindo, assim, do “planeta silencioso” em que se encontrava
- e, finalmente, o encerramento do álbum com a estupenda “The Thin Line Between Love and Hate” - a tênue linha entre o amor e o ódio -, alusão direta à relação de Steve Harris e Bruce Dickinson, os dois pilares do Iron Maiden, donos de personalidades fortes e líderes natos, que se admiram na mesma proporção que se odeiam, e que sabem que são mais fortes juntos do que trilhando caminhos separados.
É claro que todas essas interpretações são baseadas apenas na minha opinião e são extremamente pessoais, mas, como disse antes, desde a primeira vez que ouvi o disco esses detalhes me chamaram a atenção. Alguns podem ser verdadeiros, outros podem ser apenas suposições e viagens de um fã, mas queria compartilhar isso com vocês.
Após Brave New World o Maiden gravou mais três álbuns de estúdio – Dance of Death (2003), A Matter of Life and Death (2006) e The Final Frontier (2010) -, um quarteto de discos ao vivo – Rock in Rio (2002), Death on the Road (2005), Flight 666: The Original Soundtrack (2009) e En Vivo! (2012) -, lançou três coletâneas – Edward the Great (2002), Somewhere Back in Time – The Best of 1980-1989 (2008) e From Fear to Eternity – The Best of 1990-2010 (2011) – e seis DVDs – Rock in Rio (2002), Visions of the Beast: The Complete Video History (2003), The History of Iron Maiden, Part 1: The Early Days (2004), Death on the Road (2005), Flight 666: The Film (2009) e En Vivo! (2012) -, solidificando a sua posição como uma das maiores bandas de heavy metal do mundo e gozando uma popularidade atual que rivaliza com a alcançada durante a década de oitenta – basta ver os números do último álbum do grupo, The Final Frontier, que alcançou o número 1 em nada mais nada menos que 28 países, incluindo o Brasil.
Rod Smallwood estava certo, não é mesmo, Steve?
Não, não é. O Janick é um excelente compositor, e é só olhar os créditos das músicas presentes nos últimos quatro álbuns da banda para perceber isso.
ResponderExcluir"Pô, e ele perdeu a oportunidade de se livrar dos dois? Porque o Gers é praticamente o Blaze da guitarra..."
ResponderExcluirNão sou paga pau de ninguém, mas fico revoltado com comentários desse tipo, falar que o Blaze não era o cara certo pro Iron, tudo bem, agora falar que é um ruim vocalista, não é legal, pega e escuta a discografia do cara antes! E sobre o Janick, olha o DVD do Rock in Rio e como ja citou o Ricardo, suas composições...
Grande texto!
ResponderExcluiremocionante
Ricardo, Excelente texto. Um dos melhores que li no Collector's.
ResponderExcluirSobre o Blaze, eu era um dos que falava mal dele no passado, mas se olharmos hoje o trabalho solo dele, temos que tirar o chapéu. O cara acertou a mão e esta fazendo bons discos. Só não era o cara certo pro Maiden.
Dos álbuns da volta do Bruce, o Brave New World é o melhor na minha opinião.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNa minha Opnião o Maiden Está ai Vivo ate Hoje por causa do Bruce e Steve , para mim eles (Bruce e Steve) são Coração é Alma do Maiden.É mais eu Gosto muito do Janick ele é um Baita de um Guitarrista é Odeio pessoas Falando que ele não é um Bom Guitarrista.
ResponderExcluirGostei de todo o texto, tirando a parte que começa a análise das músicas. Achei meio forçado, dá pra fazer isso com qualquer álbum do Maiden.
ResponderExcluirGers é um bom guitarrista assim como Blaze é um ótimo vocalista, só que ambos não deveriam estar no Maiden. Gers é bom, mas não tem a pegada da dupla dinâmica da banda. o maior mistério do Metal é pq ele ainda ta na banda. Poderia ter sua carreira respeitada, assim como Blaze que conseguiu se fazer respeitar por sua própria força e esforço, lançando ótimos discos. Ao invés disso fica mamando nas tetas da Donzela. Acho isso deprimente. MAs cada um cada um.
ResponderExcluirSinceramente, gostaria que os comentários fossem a respeito da matéria, e não se Janick pode ou não ser guitarrista do Iron Maiden. Pode ser? Fechado? Muito obrigado!
ResponderExcluirSobre o texto, como disse no seu início e no seu final, ele é uma interpretação exclusivamente pessoal, então não tem a pretensão de ser algo definitivo ou nessa linha.
Sempre achei que a música ‘Brave New World’ era uma alusão ao livro Admirável Mundo Novo (Brave New World) de Aldous Huxley
ResponderExcluirE é. Como eu disse, essas interpretações são puramente pessoais minhas, apenas isso.
ResponderExcluirGrande texto.
ResponderExcluirParabens!!! Brave é um dos melhores albuns do Maiden e foi quando eu conheci a banda.
Vlw
Também conheci a banda a partir do Brave New World, e realmente é um puta álbum. aliás, esses três últimos são matadores. O Janick realmente é um grande compositor, ele trouxe uma veia rock clássica pro Maiden, só prestar atenção nos riffs da "Lord of the flies" ou da "Gates of Tomorrow", e também uma veia acústica perfeita com "The talisman" e "The Legacy", onde na minha opinião ele se superou completamente.
ResponderExcluirO Blaze é um excelente vocalista, só que não era o cara certo para o Iron, até porque tinha Bruce Dickinson para ser comparado, dai meu amigo, qualquer vocalista sai perdendo mesmo.
ResponderExcluirEm relação ao álbum, Brave New World é um puta álbum, com grandes músicas, indiscutivelmente um dos melhores do Maiden, após a volta do Bruce.
"- a tênue linha entre o amor e o ódio -, alusão direta à relação de Steve Harris e Bruce Dickinson, os dois pilares do Iron Maiden, donos de personalidades fortes e líderes natos, que se admiram na mesma proporção que se odeiam, e que sabem que são mais fortes juntos do que trilhando caminhos separados."
ResponderExcluirComentário PERFEITO.
Boa visão, talvez a banda tenha feito todas essas alusões sem se dar conta, Freud explica... mas tenho uma pequena (três letras) correção a fazer: a turnê de retorno da banda foi 'Ed Hunter', assim como o jogo e a coletânea que haviam saído na mesma época.
ResponderExcluirA minha opinião, sobre o Blaze Bayley é que ele é um ótimo vocalista, mas o estilo dele não é apropriado para o Iron Maiden e o fato dele não ter dado certo não é vergonha nenhuma, pois se formos falar sobre o estilo dele e das composições que ele obrigatoriamente teria que interpretar o resultado não seria outro, quem já conhecia o Wolfsbane no mínimo deveria ter feito essa associação a época em que ele foi efetivado na banda.
ResponderExcluirA escolha foi equivocada, pois tinham várias opções para substituir o Bruce Dickinson e a primeira e em minha opinião poderia ter sido um retorno com o Paul D’ianno, mas provavelmente o estilo dele não casaria com o de Bruce Dickinson e seria impossível naquela altura abandonar o passado recente, que eles haviam construído cujo sucesso monstruoso havia lhes dado a fama de que desfrutavam naquele momento para recomeçar de onde parou.
Então, eu entendo que esse período do Iron Maiden foi uma tentativa do Steve Harris de apagar o Bruce Dickinson, mas o tiro errou feio o alvo pela escolha errada no substituto e as faixas de álbuns como The Number of the Beast (1982), Piece of Mind (1983), Powerslave (1984), Life After Death (1985), Somewhere in Time (1986) e Seventh Son of a Seventh Son (1988) que na opinião da maioria dos fãs é a fase áurea do grupo que os consagrou e como diz o próprio texto trazem não apenas os vocais, mas trazem uma marca pessoal, ou seja, uma característica que não se encontra em outro lugar por ser única e justamente por isso que o Blaze Bayley não deu certo e isso não é suficiente para dizer que ele é um péssimo vocalista porque não é verdade.
O Iron Maiden quer queiram ou não só funciona com o Bruce Dickinson atualmente pela marca que ele imprimiu na banda e quem não entendeu é só ouvir os álbuns que eu citei e vai encontrar o que eu estou dizendo lá. O álbum de retorno dessa nova formação, o sexteto é excelente mesmo e não para colocar defeitos nele e a correlação com as letras é válida e inclusive pode estar certo considerado a história dos caras naquele período, mas ainda fica difícil acreditar que duas pessoas que se odeiam trabalhem juntas, ou seja, o elo seja apenas financeiro eu acredito por serem duas personalidades diferentes e fortes é natural que as brigas aconteçam, mas no ódio não acredito, pois não há dinheiro que pague certas coisas óbvias e se isso fosse assim talvez ambos preferissem deixar como estava seria melhor.
Mais uma vez parabéns pelo texto porque isso mostra uma melhora muito grande no blog que sempre aprofunda mais às suas pesquisas e é muito válido para o debate e a reflexão dos leitores coisa que você não vê nas revistas.
A verdade não é tão singela assim...Janick só está no Maiden por imposição do Bruce, seu grande amigo! O vocalista e Adrian Smith decidiram voltar à banda juntos e Steve não teria o mínimo pudor de demitir o Jenick Gers, mas o Bruce não deixou e colocou as cartas na mesa: "voltamos eu e o Adrian e o Janick continua na banda, se não nada feito!". As coisas aconteceram desta forma, não vamos "enobrecer" a história...
ResponderExcluirMuito conteúdo na resenha, parabéns ao autor.
ResponderExcluirAcho que para escrever uma resenha que exprima uma crítica válida sobre um cenário bem específico como esse do Maiden dessa época, o cara deve ser fã mesmo.
Esperava um pouco mais de detalhamento do conteúdo do álbum e de suas partes e composições, em um nível mais amplo, mas gostei bastante do texto no geral.
Esse CD será resenhado no site http://metalcolatras.blogspot.com.br/ no decorrer deste mês.
Saudações!
Essa matéria não é uma resenha, mas sim uma espécie de ensaio sobre o disco.
ResponderExcluirPoxa, a melhor música do álbum ele não mencionou, The Nomad?? Pecado, hein? Sobre o terceiro guitarrista, ele só é útil nas composições, pq na guitarra é um mero coadjuvante. O Adrian Smith é quem faz diferença, e isso é fato e não achismo de fã. É só vcs analisarem os álbuns da banda na década de 80 com ele, e os da década de 90 sem ele... Rs, o pulmão da banda é a trinca Harris, Dickinson e Adrian! Aceita que dói menos, galera.
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