Por
Fabiano Negri
Nota:
7,5
Joss
Stone é uma grande cantora. Disso ninguém pode discordar. Com
apenas 16 anos gravou o ótimo álbum de releituras The Soul Sessions
(2003) e despontou para o mundo como uma das mais promissoras de sua
geração. O segundo disco – Mind, Body & Soul (2004) –
também foi muito bem recebido, dessa vez exibindo seus dotes como
compositora.
Só
que a partir daí sua carreira entrou em declínio criativo, caindo
num direcionamento pop adolescente que, ao invés de alavancá-la
para o estrelato, fez as suas vendas despencarem vertiginosamente.
Depois
de resolver problemas com sua antiga gravadora e se tornar uma
artista independente, Joss chamou o experiente David Stewart –
fundador do Eurythmics – para co-produzir e escrever o material de
seu último esforço, o álbum LP1. Mesmo com resultado inferior ao
de seus dois primeiros trabalhos, a bela cantora inglesa conseguiu
criar um disco digno de seu talento. No entanto, existe um grave erro
na produção: a falta de ritmo.
A
abertura traz um boa canção com influências folk em “Newborn”.
A letra é meio tola, mas a produção cristalina e a sempre ótima
performance de Joss Stone criam boas expectativas pelo que está por
vir. “Karma” é a grande faixa do álbum. Com um swing contagioso
e uma Joss explorando um lado bem mais raivoso de sua voz, a faixa
ainda conta com um ótimo trabalho de guitarra de Stewart mostrando
como se joga uma música para frente com excelente timbre, poucos
acordes e um belo trampo na mão direita. A manhosa “Don't Start
Lying to Me Now” segue mantendo o clima em alta. Um rock dançante
que conta com uma interessante divisão rítmica da parte vocal nas
estrofes e um pegajoso refrão, bem na linha dos Rolling Stones
setentistas.
Infelizmente,
a partir desse momento o disco dá uma maneirada no andamento, com um
número excessivo de baladas. Isoladamente algumas funcionam muito
bem, como na boa e pop melodia de “Last One to Know”, no clima
intimista e sensual de “Drive All Night” e na pegada country de
“Take Good Care”. O único problema é que, após a terceira
faixa, apenas “Somehow” faz a coisa andar novamente, o que é
muito pouco para manter o clima de um álbum que começou a todo
vapor.
LP1
não é um trabalho ruim, muito pelo contrário. Mas acho que da
próxima vez Joss Stone deveria investir em um direcionamento mais
'up', pois fica difícil ouvi-lo de cabo a rabo sem se entediar.
Mesmo com alguns percalços, LP1 mostra que a cantora pode ainda nos
brindar com boas e maduras composições, e que sua voz parece estar
cada vez melhor. Com apenas alguns ajustes ela pode fazer seu retorno
definitivo ao primeiro time!
Faixas:
- Newborn
- Karma
- Don't Start Lying to Me Now
- Last One to Know
- Drive All Night
- Cry Myself to Sleep
- Somehow
- Landlord
- Boat Yard
- Take Good Care
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