Joss Stone: crítica do álbum 'LP1' (2011)


Por Fabiano Negri

Nota: 7,5

Joss Stone é uma grande cantora. Disso ninguém pode discordar. Com apenas 16 anos gravou o ótimo álbum de releituras The Soul Sessions (2003) e despontou para o mundo como uma das mais promissoras de sua geração. O segundo disco – Mind, Body & Soul (2004) – também foi muito bem recebido, dessa vez exibindo seus dotes como compositora.

Só que a partir daí sua carreira entrou em declínio criativo, caindo num direcionamento pop adolescente que, ao invés de alavancá-la para o estrelato, fez as suas vendas despencarem vertiginosamente.

Depois de resolver problemas com sua antiga gravadora e se tornar uma artista independente, Joss chamou o experiente David Stewart – fundador do Eurythmics – para co-produzir e escrever o material de seu último esforço, o álbum LP1. Mesmo com resultado inferior ao de seus dois primeiros trabalhos, a bela cantora inglesa conseguiu criar um disco digno de seu talento. No entanto, existe um grave erro na produção: a falta de ritmo.

A abertura traz um boa canção com influências folk em “Newborn”. A letra é meio tola, mas a produção cristalina e a sempre ótima performance de Joss Stone criam boas expectativas pelo que está por vir. “Karma” é a grande faixa do álbum. Com um swing contagioso e uma Joss explorando um lado bem mais raivoso de sua voz, a faixa ainda conta com um ótimo trabalho de guitarra de Stewart mostrando como se joga uma música para frente com excelente timbre, poucos acordes e um belo trampo na mão direita. A manhosa “Don't Start Lying to Me Now” segue mantendo o clima em alta. Um rock dançante que conta com uma interessante divisão rítmica da parte vocal nas estrofes e um pegajoso refrão, bem na linha dos Rolling Stones setentistas.

Infelizmente, a partir desse momento o disco dá uma maneirada no andamento, com um número excessivo de baladas. Isoladamente algumas funcionam muito bem, como na boa e pop melodia de “Last One to Know”, no clima intimista e sensual de “Drive All Night” e na pegada country de “Take Good Care”. O único problema é que, após a terceira faixa, apenas “Somehow” faz a coisa andar novamente, o que é muito pouco para manter o clima de um álbum que começou a todo vapor.

LP1 não é um trabalho ruim, muito pelo contrário. Mas acho que da próxima vez Joss Stone deveria investir em um direcionamento mais 'up', pois fica difícil ouvi-lo de cabo a rabo sem se entediar. Mesmo com alguns percalços, LP1 mostra que a cantora pode ainda nos brindar com boas e maduras composições, e que sua voz parece estar cada vez melhor. Com apenas alguns ajustes ela pode fazer seu retorno definitivo ao primeiro time!


Faixas:
  1. Newborn
  2. Karma
  3. Don't Start Lying to Me Now
  4. Last One to Know
  5. Drive All Night
  6. Cry Myself to Sleep
  7. Somehow
  8. Landlord
  9. Boat Yard
  10. Take Good Care

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