Por
Ricardo Seelig
Nota:
9
Mudanças
de formação são sempre complicadas. No caso do Dream Theater, a
coisa foi ainda mais séria. Com a saída de Mike Portnoy, a banda
perdeu não apenas o seu baterista, mas principalmente a força
motriz e a mão controladora que conduziram o grupo ao topo do prog
metal. Além disso, Portnoy foi o responsável por definir o papel da
bateria dentro do metal progressivo, com seus andamentos quebrados,
velocidade, precisão, quebras constantes e tempos incomuns sendo
adotados como padrão.
Estilisticamente,
há uma aproximação maior com o rock progressivo em A Dramatic Turn
of Events, ao contrário dos últimos álbuns da banda. Produzido
pelo próprio Petrucci, o disco é longo, com quatro de suas nove
faixas durando mais de dez minutos. Ou seja: se você não é fã do
Dream Theater, não é com esse álbum que você passará a ser.
Agora, se você curte o som da banda, prepare-se para ouvir um de
seus melhores trabalhos.
Algumas
características são bem marcantes em A Dramatic Turn of Events. Em
primeiro lugar, nunca houve tanta melodia em um disco do Dream
Theater como aqui. Há uma presença maior do teclado de Jordan
Rudess, que emerge como a principal força criativa do grupo, ao lado
de John Petrucci. O peso dos riffs da guitarra de Petrucci também se
destaca. E, fechando, um surpreendente e até então inédito clima
épico surge em algumas composições, levando a música do grupo
para terrenos inesperados.
Mas
o ponto que todos querem saber é como Mike Mangini se integrou ao
grupo, certo? A resposta é simples e direta: da melhor forma
possível. Dono de uma técnica absurda, o novo baterista do Dream
Theater parece fazer parte da banda há tempos, não deixando a falta
de Mike Portnoy emergir. Se havia alguma dúvida sobre a capacidade
de Mangini em substituir o antigo dono da banda, ela se desfaz ao
final da audição.
A
Dramatic Turn of Events é um álbum feito sob medida para aqueles
fãs que curtem as composições mais instrincadas da carreira do
Dream Theater, repletas de longas passagens instrumentais
elaboradíssimas. Faixas como “Lost Not Forgotten”, “Bridges in
the Sky”, “Outcry” e “Breaking All Illusions” estão
repletas de momentos assim. O que se ouve é uma espécie de mistura
do que a banda fez nos álbuns Awake e Scenes from a Memory, dois dos pontos mais altos da discografia do quinteto.
Entre
as faixas, o maior destaque é a sensacional “Breaking All
Illusions”, com status de novo clássico. “Build Me Up, Break Me
Down”, com seu início com elementos eletrônicos e uma clara
influência do Muse, também chama a atenção. Mas é quando o grupo
resolve focar naquilo que sabe e faz como ninguém que o disco cresce
assustadoramente. O prog metal puro e do mais alto gabarito é a
marca principal de “Lost Not Forgotten”, “Bridges in the Sky”
e “Outcry”, além da já citada “Breaking All Illusions”, a
melhor do disco. Entre as faixas mais calmas, “This is the Life”
é uma prima próxima de “The Spirit Carries On”, e a bela
“Beneath the Surface” fecha o álbum com classe e bom gosto.
A
saída de Portnoy e a entrada de Mangini mexeram positivamente com o
Dream Theater, tirando a banda de sua zona de conforto e levando os
músicos a se desafiarem mutuamente. O som do grupo surge renovado em
A Dramatic Turn of Events, refrescante como há tempos não soava.
Ao
lado de Images and Words (1992), Awake (1994) e Scenes from a Memory
(1999), o melhor disco do grupo.
Faixas:
- On the Back of Angels
- Build Me Up, Break Me Down
- Lost Not Forgotten
- This is the Life
- Bridges in the Sky
- Outcry
- Far From Heaven
- Breaking All Illusions
- Beneath the Surface
Fico honradíssimo de ser o primeiro a comentar a 'fresquinha' resenha do Ricardo sobre o tão aguardado novo disco do DT. E lendo o texto, ao som de Breaking All Illusions, fico ainda mais ansioso pelo oficial lançamento do material. Bom demais saber que, na opinião do Ricardo, este é um disco renovado e que lança o ouvinte a clássicos como Images and Words, Awake e Scenes from a Memory. Não vejo a hora de comprar o meu, conferir e curtir!
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ResponderExcluirExcelente álbum! Realmente ele tem um lado mais prog, algo que me agrada muito. Mal posso esperar para poder comprá-lo.
ResponderExcluirEspero que ele venham ao Brasil e toquem as músicas do novo álbum. (shows de preferências em dias em que não há vestibular!)
Tô gostando tambem, tá descendo mais redondo que os últimos deles na primeira audição.
ResponderExcluirEstamos falando aqui de uma banda acima da média (com ou sem Portnoy) então não tem como eles fazerem besteira.
Putz....
ResponderExcluirMinha primeira impressão não foi boa não....como disse no outro post...
pra mim soa tudo bem mediano e no automático.... com algumas passagens inspiradas e outras bem chatas (principalmente os refrões cantadados pelo Labrie e as baladas) ...
Com certeza ouvirei mais vezes pra ver se a impressão muda
Abraços
Alias Cadão...apesar de eu não concordar inicialmente com oque vc escreveu...quero parabenizar vc por mais uma ótima resenha...gosto muito de suas análises....elas não são tecnicistas e nem simplistas...considero que vc atingiu o ponto certo em seus textos...e também concordo com vc que análise detalhadas de cada faixa deixam a resenha muito cansativa...também gosto muito de suas contextualizações...
ResponderExcluirum abraço
Veleu Fábio. É aquilo que eu digo: ninguém precisa concordar com a opinião de um crítico em uma resenha, mas se ela está bem argumentada e bem escrita você ao menos irá respeitar a opinião dele, mesmo que contrária a sua, correto?
ResponderExcluirAbraço.
Não devemos esquecer que foi o Pretucci que escreveu as linhas de bateria!
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