Nota: 10
Quatro
discos lançados, nenhum igual ao outro e todos aclamados pela
crítica. Em pouco mais de dez anos de carreira, o Mastodon colocou o
heavy metal em uma nova perspectiva. As composições complexas do
quarteto levaram o gênero além dos seus limites. Em The Hunter,
seu novo trabalho, a jornada continua. Nele, a banda mais ambiciosa e
destemida da música pesada segue a sua cruzada, alcançando um
resultado final brilhante.
The
Hunter é mais direto que o seu antecessor, Crack the Skye.
Há muita melodia, o que faz com que o disco seja mais amigável do
que o costume. De uma certa forma, o grupo abriu mão da abordagem
avant-garde dos trabalhos anteriores, concentrando-se em uma
sonoridade mais tradicional, porém não menos criativa. Com canções
baseadas em riffs pesados, que sempre surgem amparados pelo baixo
cheio de groove de Troy Sanders, The Hunter é um álbum
incrivelmente cativante. Nele, a banda passou por cima de seus
limites novamente, apresentando uma nova faceta de sua múltipla
personalidade.
O
timbre das guitarras remete, em alguns momentos, ao Black Sabbath. A
ótima “Curl of the Burl”, por exemplo, é puro stoner. A
inquietude do grupo faz com que cada composição jogue novas cartas
na mesa, diferenciando-se da anterior. O fato de o disco ser apenas o
segundo trabalho não conceitual do conjunto – o primeiro foi a
estreia Remission, de 2002 – intensifica essa pluralidade.
No entanto, apesar de diferentes entre si, as faixas constróem um
todo coeso, unificado em sua essência e coração – a própria
banda.
Não
vou apontar destaques, porque isso seria simplificar e reduzir o
álbum a uma mera peça de consumo instantâneo e descartável. The
Hunter é muito mais do que isso. Suas treze faixas formam uma
obra de arte que não será esquecida tão cedo e colocam o grupo lá
na frente, sozinho, com uma foice na mão, abrindo caminho e rompendo
barreiras com o seu som, mais uma vez.
O
Mastodon não respeita convenções, não segue regras, não conhece
limites. É isso que o faz único e tão diferente de tudo o que
existe.
Eis
aqui um álbum que todos deveriam ouvir.
Faixas:
- Black Tongue
- Curl of the Burl
- Blasteroid
- Stargasm
- Octopus Has No Friends
- All the Heavy Lifting
- The Hunter
- Dry Bone Valley
- Thickening
- Creature Lives
- Spectrelight
- Bedazzled Fingernails
- The Sparrow
acho o mastodon uma banda excelente, mas o que eles fazem o meshuggah faz a muito mais tempo e nao tem nenhum reconhecimento. o cineasta espanhol bunuel tinha uma teoria muito interessante, ele dizia que, dependendo a nacionalidade do artista, ele teria mais ou menos reconhecimento. por exemplo, ele seria endeusado de uma forma se nascesse na finlandia e de outra totalmente diferente se nascesse nos eua. nao tenho duvidas que os elogios que o mastodon recebe, merecidos diga-se de passagem, seriam bem menores ou ate inexistentes se a banda fosse finlandesa.
ResponderExcluirCleibsom, eu já acho que o Meshuggah tem um som muito difícil de digerir, o que não acontece com o Mastodon. Acho o Mastodon genial, e uma banda única não só dentro do heavy metal, mas no rock em geral.
ResponderExcluirSobre o reconhecimento, não adianta apenas ser bom se o som não chega até as pessoas. É preciso equilibrar os dois lados, e para isso, além da nacionalidade, o papel da gravadora é essencial no processo. É preciso levar a música da banda ao maior número possível de pessoas, isso faz parte do negócio.
ricardo, esse papo e muito parecido com um que tivemos sobre o nirvana. a musica hoje lembra muito a literatura antes da 2ª guerra mundial. se naquela epoca os escritores iam para a franca, mais especificamente paris, para terem sua fama espandida pelo mundo, os musicos hoje em dia correm para os eua, mais especificamente nova york ou los angeles, para terem seu desejo de sucesso mundial concretizado.
ResponderExcluirExiste um livro chamado 'Como os Beatles Mataram o Rock and Roll' que explora uma teoria parecida com essa. No livro, o autor diz que a música que fica, que irá ser mencionada na história para as gerações futuras, é aquela que cai no gosto dos formadores de opinião, dos críticos, seja lá porque motivo. Pode ser por qualidade pura e simples, pode ser por um bom relacionamento entre o artista e a imprensa especializada, ou pelos mais variados fatores. Gostei da teoria, mas ainda não li a obra inteira.
ResponderExcluirO Meshuggah tem forte influência do Thrash/Death Metal na sua sonoridade, o que torna menos acessível para alguns. Já o Mastodon amplia essa sonoridade, flertando com outros gêneros do metal/rock. São duas bandas criativas que engrandecem ainda mais essa por vezes saturada cena rock!
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