Apontado
frequentemente como o melhor álbum de thrash metal já gravado,
Reign in Blood,
terceiro disco do quarteto norte-americano Slayer, completou 25 anos
de vida no último dia 7 de outubro. Nessas duas décadas e meia sua
influência apenas se solidificou, evoluindo do fulminante impacto
inicial à onipresença ostentada nos dias atuais.
Mas
o que faz de Reign in Blood um álbum tão especial? Porque
ele é tão influente? O que ele mudou no heavy metal? Pra começo de
conversa, Reign in Blood é, sem dúvida alguma, o melhor
trabalho do Slayer e o seu ápice criativo. Um dos criadores do
thrash metal, o grupo foi formado em 1981 na Califórnia. Seus dois
primeiros discos – Show No Mercy (1983) e Hell Awaits
(1985) – já mostravam uma banda diferenciada, com bala na agulha
para causar uma revolução. E essa expectativa se confirmou em Reign
in Blood.
Nunca
um álbum havia soado tão extremo antes. Musicalmente, a
agressividade instrumental pegava o ouvinte totalmente desprevenido,
mostrando que era possível ir muito além do que qualquer banda já
havia ousado antes. Em termos líricos, as letras acompanhavam a
violência instrumental, porém com uma mudança de foco em relação
aos dois primeiros discos, que exploravam temas satânicos. Em Reign
in Blood as letras passaram a relatar temas mais mundanos,
retratando acontecimentos reais do cotidiano. Isso fez com que as
histórias cantadas por Tom Araya se tornassem assustadoramente
próximas ao ouvinte, perturbando por serem totalmente verossímeis e
possíveis. No lugar da fantasia entrava a realidade, e ela era muito
mais assustadora.
Essa
acentuação para o lado mais extremo foi o principal trunfo de Reign
in Blood. Foi essa característica que fez não só o disco, mas
o próprio Slayer, se transformar em uma banda única. Ao tornar o
seu som mais agressivo tanto instrumental quanto liricamente,
acelerando a velocidade e acrescentando doses cavalares de peso, o
grupo formado por Tom Araya (vocal e baixo), Kerry King (guitarra),
Jeff Hanneman (guitarra) e Dave Lombardo (bateria) foi responsável
direto pelo surgimento e popularização do metal extremo, através
de estilos como o death metal. As bandas iniciais do gênero, como
Death, Possessed e Atheist, mesmo sendo contemporâneas do Slayer e
já terem os seus primeiros registros em demo tapes em 1986, foram
influenciadas profundamente por Reign in Blood. Além disso, a
maneira como o Slayer tornou a sua música mais agressiva, usando
para isso uma grande dose de técnica, mostrou que aquele estilo que
surgia não era apenas mero barulho, mas sim um esforço consciente
em busca de novas fronteiras para o heavy metal.
A
resposta da crítica especializada avalizou a ousadia da banda. Reign
in Blood foi aclamado de imediato como uma obra-prima pelas mais
diversas publicações em todo o mundo. O semanário inglês Kerrang!
classificou o disco como o mais pesado de todos os tempos e um grande
avanço, tanto para o thrash quanto para o speed metal. Clay Jarvis,
da Stylus Magazine, escreveu que o álbum definia um estilo. A
Metal Hammer, na época,
apontou Reign in Blood como o melhor álbum de heavy metal dos
últimos 20 anos. Publicações musicais não especializadas em metal
também reconheceram a força do trabalho. A Q Magazine
incluiu Reign in Blood em sua lista dos 50 álbuns mais
pesados de todos os tempos, enquando a Spin colocou o disco na
posição 67 de sua lista com os 100 melhores álbuns lançados entre
1985 e 2005. O crítico Chad Bowar, do renomado site About Heavy
Metal, classificou Reign in Blood como, provavelmente, o
melhor álbum de thrash metal já gravado.
Há
uma história interessante sobre a capa de Reign in Blood. O
disco foi lançado pela Def Jam, um selo que, até então, era quase
que exclusivamente focado em artistas de hip hop. A distribuição da
Def Jam era feita pela Columbia, que, ao ver a arte criada pelo
ilustrador Larry Carroll, se recusou a colocar o álbum nas lojas. O
LP acabou sendo distribuído pela Geffen Records.
As
dez faixas de Reign in Blood estão entre os momentos mais
marcantes da história do heavy metal. Repleto de composições
excelentes, o disco tem o seu ápice em suas faixas de abertura e
encerramento. “Angel of Death”, a primeira faixa, se transformou
em um dos maiores clássicos do Slayer. A letra, escrita por Jeff
Hanneman, conta, de forma aterrorizante, as experiências com cobaias
humanas levadas a cabo pelo médico Joseph Mengele durante a Segunda
Guerra Mundial. Isso fez com que a banda fosse acusada de
simpatizante do nazismo, motivando declarações contrárias dos
músicos. Uma das composições mais violentas já gravadas, “Angel
of Death” transporta o ouvinte para um mundo de sombras e
pesadelos. A interpretação sublime de Tom Araya, com sua voz aguda
e gritos ensandecidos, é uma das grandes responsáveis por isso.
O
fechamento, com “Raining Blood”, uma das composições mais
emblemáticas do thrash metal, é de arrepiar. Uma introdução que
surge ao final da faixa anterior, “Postmortem”, prepara o clima
para a sucessão de riffs repletos de melodia da dupla King e
Hanneman, em uma canção que desafia qualquer fã de metal a ficar
parado, tamanha a sua força. No meio disso tudo, há faixas do
quilate de “Piece by Piece”, “Jesus Saves”, “Criminally
Insane” e “Altar of Sacrifice”, resultando em um álbum da mais
alta qualidade. Para quem quer entender a força que Reign in
Blood exerce sobre os fãs, recomendo o DVD Still Reigning,
lançado em 2004, em que a banda toca o disco na íntegra. O ponto
alto dessa apresentação é justamente a faixa “Raining Blood”,
onde o grupo é banhado por uma tinta vermelha que simula sangue,
resultando em um efeito visual de grande impacto.
Reign
in Blood entrou no top 200 da Billboard, alcançando a
posição 94. Na Inglaterra, o disco chegou no número 47 nas
paradas. Além disso, foram lançados cinco singles para o álbum,
para as faixas “Raining Blood”, “Angel of Death”,
“Necrophobic”, “Postmortem” e “Criminally Insane”. O
disco ganhou uma reedição em 1998, com a inclusão de duas faixas
bônus - “Aggressive Perfector” e uma nova mixagem para
“Criminally Insane”.
Pessoalmente,
apesar de reconhecer a inegável qualidade de Reign in Blood,
coloco Master of Puppets (1986) e Ride the Lightning
(1984), ambos do Metallica, a sua frente em uma lista com os melhores
álbuns da história do thrash metal. Essa é uma opinião
estritamente pessoal, e está baseada muito na relação emocional
que tenho com esses dois discos do Metallica, já que foi através
deles que conheci a banda e ambos sempre estiveram entre os meus
favoritos. Só fui ter contato com Reign in Blood mais tarde.
Porém, como já disse, trata-se
de um álbum estupendo, que merece todo o status que possui.
Se
por algum motivo você ainda não possui esse clássico em sua
coleção, aproveite o aniversário de 25 anos de Reign in Blood e
se dê de presente essa obra-prima da música pesada. E, como a
maioria que está lendo esse texto já o possui em seu acervo, sugiro
uma audição em alto e bom som em comemoração.
Não é nada demais... são apenas 30 minutos de um 'puro' massacre sonoro!
ResponderExcluirEstá na minha lista de albuns preferidos junto ao Vol.4 do Black Sabbath, Machine Head e Burn do Deep Purple e Stained Class do Judas Priest, só para citar alguns.
Concordo com a excelência dos albuns citados por você, mas eu manteria empatado com o Master Of Puppets.
Ouvi-lo foi um susto só igualado quando ouvi Scum e From Enslavement To Obliteration do Napam Death e as bandas Death Metal que se seguiram.
pronto lá estou eu comparando também...
Excelente matéria!
Me perdoem mas não consigo gostar de Slayer, acho muito chato o som
ResponderExcluirSempre vou amar este disco!
ResponderExcluirDesde que o adquiri, já em 1987, considero o melhor dos trabalhos do Thrash Metal de todos os tempos, se bem que o rótulo 'Thrash' é muito limitante para o que eles apresentaram no disco.
30 minutos de um abusivo massacre sonoro sem precedentes, e que serve de referencial para várias gerações no Thrash, no Death e no Black Metal.
Um disco muito a frente de seu tempo...
Ao lado de 'DArkness Descends' do Dark Angel e de "Pleasure To Kill' do Kreator estes erma os dosi trbalhos d e Thrash Metal mais ifernais do Thrash Metal. Ambos foram lançados em 1986, um período que foi dívisor de águas para o ápice da brutalidade do Aço Ríspido, brutal e rápido: 1987 o Ano do Esporro Metálico e Sonoro.
ResponderExcluirhttp://covenofdarkness.blogspot.com/2011/05/1987-o-ano-do-esporro-metalico.html
Respeitando a escolha de todos mas este é o melhor disco de Death Thrash Metal de todos os tempos. Ao lado dele não vejo nenhum outro. Abaixo eu colocaria o:
ResponderExcluirHell Awaits - Slayer
Inri - Sarcófago
Scum - Napalm Death
Spiritual Healing - Death
Scrolls of Megiloth - Mortification