Os vícios da crítica musical brasileira


Duas características chamam a atenção em grande parte da crítica musical brasileira. Enquanto uma parcela cultua o passado e não tem ouvidos para o que está sendo produzido agora, outra escuta apenas o novo e despreza os clássicos. A primeira turma é facilmente encontrada no heavy metal, enquanto a segunda bate ponto no mundinho indie.

Duas publicações exemplificam bem esses opostos. A Rock Brigade, revista brasileira dedicada ao heavy metal surgida na primeira metade dos anos oitenta, sempre trouxe resenhas construídas a partir de um ponto de vista extremamente conservador. Nos seus primeiros anos, em uma época em que o rock e o heavy metal não tinham a exposição que têm hoje, os textos da Brigade vinham carregados de um preconceito que acabou se tornando folclórico. Ler as resenhas de álbuns publicadas nos primeiros números da revista é diversão garantida, já que o que não faltava para os redatores era senso de humor, ainda que, na maioria das vezes, involuntário. Isso fez surgir pérolas antológicas, como as listadas abaixo:

Paice mostra uma feroz sequência de hipnotizantes estrondos tirados de sua Ludwig rústica, mas resistente aos seus golpes certeiros. O baterista trata seus pratos como um escravo fugitivo, enquanto Gillan solta um verdejante grito como um leão em seu mais duradouro período de cio.

Ronnie James Dio encarou o demônio de frente, galopou no cavalo da morte e dançou na propriedade do sobrenatural. A amarga gota de fel que é nódoa nos corações humanos e o desespero pelo poder da força que arrasta todos às profundezas do inferno foram por ele galhardamente cantadas em um heavy metal que Satanás não ensinaria nas escolas do inferno.

Joey De Maio lança maldições em cada nota executada, despedaça seu baixo em agonia mutiladora. Ross the Boss arrepia os recônditos mais profanos do corpo. Eric Adams vocifera tão afiado que choca-se em contato com a nossa era. A bateria parece ser tocada pelo próprio Lúcifer em êxtase, Scott Columbus detona a estrutura espaço-tempo com suas porradas sônicas.

Misericórdia não existe! Não cabe na filosofia do heavy metal, por isso que Dave Lombardo pulveriza as moléculas do ar com suas patadas letais na mesma medida em que o terremoto provocado pelo baixo de Tom Araya invoca Satanás para a destruição. Não tem música melosa! A mais lenta faz qualquer um sair por aí chamando urubu de meu louro e Jesus de Genésio.


Poesia e romantismo puros, certo? Entretanto, esses textos, que soam hilários hoje em dia, eram a principal fonte de informação para toda uma geração de ouvintes. A Rock Brigade era, ao lado da Metal, a única revista especializada em heavy metal no Brasil. E, enquanto a segunda durou poucas edições, continua na ativa até hoje, ainda que de forma cambaleante.

Esses textos, mais tarde, evoluíram para resenhas que, invariavelmente, elogiavam as bandas que executavam o “verdadeiro” metal e malhavam impiedosamente qualquer grupo que ousasse soar diferente. Assim, um álbum do Slayer, do Helloween ou de qualquer outra banda considerada “clássica” era sempre idolatrado, por pior que pudesse ser. O melhor exemplo ocorria com o Iron Maiden, cujas críticas dos álbuns na Rock Brigade invariavelmente começavam com a frase “Em se tratando do Iron Maiden, é impossível ser imparcial” ou algo do gênero. Essa postura levou a revista, por exemplo, a classificar o álbum Virtual XI, um disco que, com muita boa vontade, podemos considerar apenas ruim, com um trabalho muito bom. Isso sem falar das críticas dos álbuns lançados pela gravadora Rock Brigade Records, todos muito bons e que nunca ganharam uma nota inferior a 7, mas isso é papo para outro dia.

Essa postura foi a principal responsável por formar uma geração de ouvintes conservadores, e perdura, em menor grau, até hoje. Basta ler a grande maioria dos sites e publicações direcionadas ao público headbanger para identificar claramente uma visão conservadora e um culto exagerado ao passado. Isso faz, por exemplo, que uma banda inovadora como o System of a Down recebe muito menos destaque e aval da crítica brasileira especializada em metal do que o Manowar, que há anos repete fórmulas e não lança nada relevante.

Mais tarde, em uma tentativa de se atualizar com o que estava rolando, a Rock Brigade ampliou a sua linha editorial, abrindo espaço para nomes vindos do grunge e do rock alternativo. Isso, naturalmente, desagradou os leitores, que foram educados pela própria revista, durante vários anos, a acreditar que nada era melhor do que o “verdadeiro” heavy metal. É claro que a abertura demasiada da linha editorial, colocando nas páginas de uma publicação especializada em heavy metal bandas como Red Hot Chili Peppers e Nirvana, foi uma decisão arriscada, e essa postura acabou alcançando o efeito contrário ao que almejava: ao invés de aumentar o número de leitores, a Rock Brigade foi rejeitada pelo seu próprio público e teve a sua reputação e credibilidade arranhadas de forma profunda, em um processo que, somado a outros fatores, arrasta-se até hoje.


No outro extremo havia a Bizz, na minha opinião a melhor revista de música que o Brasil já teve. Fonte de informação do mais alto nível e matérias antológicas em suas mais de 200 edições, em uma época pré-internet a revista assumiu o posto de plataforma de lançamento, apresentando novas bandas e artistas para o público brasileiro. Entretanto, a revista sempre teve um certo preconceito com as bandas clássicas, notadamente em relação ao rock progressivo, visto com uma evidente má vontade.

Isso fica claro ao darmos uma olhada na Discoteca Básica Bizz, sessão que trazia, em cada edição, um texto sobre um álbum considerado clássico. Das 215 edições, apenas cinco foram dedicadas ao prog - King Crimson - In the Court of the Crimson King (1969) – edição 6, Pink Floyd – The Dark Side of the Moon (1973) – edição 21, Soft Machine – Third (1970) – edição 45, Genesis – The Lamb Lies Down on Broadway (1974) – edição 67 e Yes – Fragile (1971) – edição 128. Desses álbuns, um extrapola totalmente o público prog e é figura certa em qualquer lista de melhores de todos os tempos – Dark Side of the Moon – e outro, ainda que alinhado à Canterbury Scene, é muito mais um disco de jazz rock do que um álbum progressivo – Third. Restam, portanto, 3 discos em um universo de 215 – pouco mais de 1%.

Para você não pensar que eu estou enxergando coisas onde não devo, veja só como começa o texto dedicado a The Lamb Lies Down on Broadway, do Genesis, publicado em fevereiro de 1991 – ou seja, poucos meses antes do estouro planetário de Nevermind, que causou uma revolução semelhante à ocorrida quase 15 anos antes, quando o Sex Pistols lançou o seu primeiro disco e varreu os excessos dos grupos prog: “Esta é a terceira vez que um grupo progressivo clássico chega à Discoteca Básica Bizz. Por mais controversa que seja a posição deste movimento dentro da história do rock, ele marcou seus tentos, e esse disco faz parte do escore favorável aos dinossauros”. De cara, a própria revista desconsidera o Soft Machine como uma banda de “progressivo clássico”, alusão feita ao King Crimson e ao Pink Floyd. O uso do termo “dinossauro”, de forma claramente depreciativa, comprova o preconceito, exemplificado em uma passagem do texto sobre o álbum Fragile, do Yes, publicado em março de 1996: “Se o progressivo tinha algo de bom era a liberdade de ousar misturar qualquer tipo de informação musical”. Detalhe: o autor de ambos os textos era o mesmo, Marcos Smirkoff.

Não reconhecer a importância de um estilo como o rock progressivo é uma estupidez. É claro que, em determinado momento, as bandas do gênero se perderam em excessos desnecessários, mas isso aconteceu com praticamente todos os grupos em todos os estilos musicais – do punk ao heavy metal, do pop ao rap. Mas, antes desse declínio, o prog revelou ao mundo não somente músicos excepcionais, mas também álbuns que fizeram história e que, por uma escolha que parece muito mais focada no gosto pessoal de uma equipe editorial do que qualquer outra coisa, passaram batido pelo “reconhecimento” da Discoteca Básica Bizz. Exemplos não faltam: Wish You Were Here do Pink Floyd, Red do King Crimson, Close to the Edge do Yes, Selling England by the Pound do Genesis, Thick as a Brick do Jethro Tull, Pawn Hearts do Van der Graaf Generator, Mirage do Camel, In the Land of Grey and Pink do Caravan e diversos outros discos dessas e de outras bandas foram solenemente ignorados, vendendo a ideia de que o rock progressivo era um estilo formado por bandas jurássicas e auto-indulgentes que gravavam álbuns conceituais com canções de 20 minutos – o que não deixa de ser verdade, mas também não significa que essas canções eram ruins, muito pelo contrário. Eu, por exemplo, prefiro mil vezes o Pink Floyd arrogante de The Wall do que o Sex Pistols barulhento de Nevermind the Bollocks, apesar de reconhecer a importância e influência de ambos. Isso fez com que grande parte dos leitores da Bizz acreditasse que não havia nada de bom no prog, e que o que importava era apenas o que vinha da capital musical do momento, fosse ela Manchester ou Seattle.


É possível haver um meio termo entre essas duas visões tão antagônicas? Sim, é possível. Vou contar uma historinha para vocês: no final de 2010 convidei diversos amigos para listarem aqui na Collector´s Room quais foram os seus discos favoritos lançados naquele ano. Recebi listas maravilhosas e repletas de bons sons, mas uma delas me chamou a atenção. O autor era o brother Bento Araújo, editor da poeira Zine, uma publicação dedicada exclusivamente ao rock dos anos 60 e 70. Porém, ao contrário do que se poderia esperar, a lista do Bento veio repleta de novas bandas e não de trabalhos recentes de ícones do período. Ou seja, um cara que é referência em rock clássico para todo o Brasil, e que todos imaginavam que só ouvia isso, mostrou que se mantém atualizado com o que está acontecendo atualmente na música, atestando a qualidade dos grupos atuais.

É difícil encontrar esse equilíbrio. Para falar a verdade, não consigo enxergar isso em nenhuma publicação brasileira. Independente da linha editorial, todas elas pendem para um desses dois lados. Talvez isso aconteça pelo fato de os públicos serem diferente entre si. O cara que ouve rock clássico e se contenta em escutar sempre os mesmos álbuns do Deep Purple, Black Sabbath e Led Zeppelin está pouco interessado no que o Machine Head está fazendo, enquanto quem ouve Strokes, White Lies e The Vaccines não tem nenhum interesse em Rainbow, Clash e Yes. Entretanto, um lado não vive sem o outro. Enquanto as bandas novas se alimentam das influências do passado, os grupos antigos se reinventam em busca de novos ouvintes, em um círculo infinito onde quem ganha, sempre, é o ouvinte.

Na hora de ouvir um som desconhecido, vá despido de qualquer preconceito. Se você não curtir, pelo menos terá escutado e saberá porque, evitando o estúpido “não ouvi e não gostei”. E, se gostar, trará para o seu universo musical um novo integrante, desenvolvendo-se como ouvinte e tendo contato com um novo mundo sonoro que lhe reservará momentos surpreendentes.

Afinal, acima de tudo, parafraseando o crítico e escritor norte-americano Alex Ross, a música é algo que vale a pena amar.

Comentários

  1. Perfeito Ricardo...
    Tem que por o dedo na ferida mesmo ...

    A Rolling Stone Brasil não tem a música como foco...

    O Roadie Crew...embora venha melhorando... herdou vários defeitos da Brigade

    O que sobra pra gente....

    A internet.... ou as revistas gringas.... mas aí a gente não sabe oque está rolando por aqui se ler só os sites gringos...

    Abraços

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  2. ótimo txt ricardo! Muito bem embasado e contundente. Sempre leio seu blog.

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  3. Excelente texto Cadão! Você fez uma análise profunda e correta sobre o que sempre ocorreu com a crítica musical no Brasil. Particularmente nunca gostei dessa visão fechada e conservadora de ambos os lados. Tanto dos fãs radicais de Metal, como daqueles fãs de britpop e indie, que acham que qualquer bandinha de garagem que surge no subúrbio de Nova Iorque ou Londres é o novo hype do ano.
    Por essas e outras é que nunca houve uma revista que conseguisse agradar as duas vertentes, pois sempre havia um ranço preconceituoso de ambos os lados. A finada revista Zero até que tentou fazer algo nesse sentido, abrindo mais o leque musical enfocando tanto o Metal, quanto a música alternativa e também a MPB com o mesmo tratamento, mas infelizmente não durou muito tempo. Concordo que a Bizz foi a melhor revista de música do Brasil, mesmo com alguns defeitos, como os já citados em seu texto com propriedade.
    Hoje temos a Roadie Crew, que é segmentada e é muito boa no que se propõe a fazer e a Poeira Zine, também segmentada,que é ótima pois conta com um profundo conhecedor do estilo.
    Mas o ideal seria que tivéssemos uma revista que unisse os dois extremos, mesmo que isso seja algo totalmente utópico.
    Particularmente não sou avesso às novidades, pois gosto de muita coisa surgida nos últimos 10 anos. Cito como exemplos o Mastodon, Muse,Arcade Fire,etc.
    A única coisa que vivo reclamando é que a última década (de 2001 a 2010) foi muito pobre quando comparada com as anteriores. Isso não é saudosismo, mas sim uma constatação pessoal, que pode ter ou não um fundo de verdade, dependendo sob que aspecto isso for analisado.
    Finalizo te parabenizando novamente pelo texto. Um dos melhores que já li no teu blog. Um abraço

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  4. Muito bom o texto, é aquela coisa q é clara mas faltava ser dita. O duro é q não vejo como é possível no Brasil ter uma revista "meio-termo", acho q a maioria dos leitores está feliz assim.

    A Rolling Stone, por exemplo, foca no mainstream americano e no indie nacional, para os seus leitores "antenados". Nas poucas páginas de reviews eles nem dão conta de tudo q foi lançado no gênero, imagina se abrissem mais...

    Mas uma coisa q compraria fácil seria uma revista/almanaque apenas de reviews, no mesmo esquema do livro 1001 Discos. A cada 1-2 meses ter um compilado bem amplo de tudo q foi lançado por aí, fica a idéia caso alguem queria fazer. ;)

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  5. Ótimo texto, Cadão, concordo 100%. Acho que o conservadorismo do metal transforma muitos bangers em apenas isso, bangers, e não em fãs de música no sentido mais amplo do termo. E o povo indie é ainda pior, pois acaba pautando-se por resenhas novidadeiras de moleques de no máximo 20 anos de idade que escrevem na NME. Abordei o mesmo assunto de forma homeopática no meu blog fonedeouvido.net. Se tiver um tempinho, confere alguns dos textos. Abração!

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  6. Parabéns pelo texto Cadão. Em minha opinião há muito peconceito bobo de todas as partes, afinal de contas o que impede um Headbanger de curtir Caras muito legais como os do Nirvana, Foo Fighters, Dinosaur.Jr, At The Drive In (essa Banda é FODA), a turma do Hardcore tipo Dead Kennedys, Bad Religion, Nitorminds, Dead Fish, Garage Fuzz, Pennywise entre muitos outros.....
    Assim como o que impede de um indie modernoso curtir bandas fudidaças como o Immortal, Krisiun, Destruction, Sodom, Slayer.
    Isso é tudo besteira, o que importa é se a musica é boa, se ela agita de verdade, se mexe com as emoções e isso os grandes artistas do Rock como os que citei acima e muitos outros mais sabem fazer muito bem!!!

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  7. Particularmente eu acho mais cabível o termo "dinossauro" (sem o tom pejorativo) a você, Seelig, por parecer acreditar numa grande influência dessas publicações na formação de novos ouvintes. É irrelevante hoje em dia, a internet e esse próprio blog têm um alcance e importância muito maiores.

    Quando à parcialidade e o conservadorismo, é também uma questão de gosto pessoal. Eu, por exemplo, escuto regularmente poucas bandas novas. Sempre gostei mais do hard rock clássico, principalmente o setentista, e a forma que as bandas de rock em geral tocam hoje não me agrada, acho que a maioria pesa pra um lado indie ou então abusa demais de distorções pesadas. Tem a ver com a forma como produzem discos hoje também. A maioria das coisas modernas que me agrada não é rock. Mas essa é a razão pela qual virei leitor assíduo do blog, volta e meia descubro alguma coisa interessante aqui. Keep up the good work!

    PS: Ah, outra coisa. Sou muito fã de rock progressivo, deve ser o estilo que mais escuto, mas gostei muito de você não ter incluído nada da minha banda preferida, o Rush, entre os clássicos aí. Não acho muito adequado encaixar a banda nesse rótulo, enquanto essas que você citou são o prog clássico puro "de raiz" (exceção feita ao Jethro Tull).

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  8. Sobre publicações vou falar de uma que gosto muito e costumo acompanhar de vez em quando mas que muitas vezes dá umas escorregadas......
    A Roadie Crew, em uma edição comemorativa recente que falava dos 150 maiores Frontmens da história do Rock, acho que eles cometeram alguns erros graves ao excluir caras como Kurt Cobain, Dave Grohl, Chris Cornell, Jello Biafra(DK), Serj Tankian, Zack De La Rocha, Corey Taylor... entre outros, enquanto que incluiram caras como Kevin Dubrow(Quiet Riot), Tommy Aldridge, Billy Sheehan, entre outros.... tipo não que esses caras sejam ruins, mas os que listei acima têm uma presença de palco muito maior do que estes presentes na lista, sem duvida aí foi um caso clássico de preconceito com outros estilos,principalmente o rock dos anos 90 em diante. Algo que eu já percebi na Roadie, é que os editores de lá realmente não gostam do chamado "Grunge".

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  9. o texto nao cita que a midia brasileira sempre foi guiada pela critica gringa, seja metal ou indie, e isso perdura ate hoje. percebo uma grande falta de personalidade nestes ditos "criticos". a rock brigade so reproduzia aqui o discurso da critica europeia, enquanto o pessoal indie se dividia em copiar a imprensa americana e inglesa. e por isso que dou risada das manifestacoes da midia tupiniquim de que o publico brasileiro nao apoia as bandas nacionais. de certa forma os fas apenas reproduzem o discuro preconceituoso e o complexo de vira-lata desta mesma critica.

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  10. PERFEITO!!!
    Grande Ricardo, sempre gostei muito de seus textos, e devo dizer que vc conseguiu superar-se mais uma vez!
    Brilhante análise da mídia musical brasileira !!!
    Com o mesmo pensamento de que pode, sim, existir um meio termo na linha editorial de uma publicação, site ou qualquer mídia musical, fiz uma resenha do CD "Revanche" da banda FRESNO para o WHIPLASH.
    Ora, esse não é um site de ROCK e Heavy Metal? Não fiz nada demais postando uma resenha de um CD de rock, certo?
    Obviamente, das mais de 20 mil visualizações, a maioria das pessoas que leram o texto não entenderam a mensagem que tentei passar, mas fiquei muito feliz com os poucos que consegui convencer a pelo menos ouvir o album (gostar ou não é outra história ... )
    Gostaria MUITO de saber sua opinião sobre esse CD e (por que não?) da minha resenha.
    Um grande abraço e continue com esse grande trabalho!

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  11. Esqueci de postar o link da resenha:
    http://whiplash.net/materias/cds/127847-fresno.html

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  12. Sérgio, obrigado pelo comentário. Apesar de não gostar do Fresno, não vejo problema algum em um texto sobre a banda ser publicado no Whiplash, afinal, queiram ou não, a banda toca rock e o Whip é um site de rock. A sua resenha cumpre a sua função ao atiçar a curiosidade do ouvinte para o disco. Confesso que fiquei curioso para ouvir o álbum após lê-la.

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  13. Gosto desse tipo de postagem que gera debate aqui no blog.
    Cadão, não conheci a Rock Brigade das antigas, mas apesar de um reconhecido exagero, gosto de uma certa pretensão literária na crítica e o uso de figuras de linguagem. Isso era muito comum no chamado "gonzo journalism", o início do jornalismo rock na contracultura. Mas sempre há dificuldade de não se escorregar no exagero nessa seara. Discordo veemente de uma afirmação sua - de que a Bizz foi a melhor revista brasileira de música. Pra mim esse posto pertence à Rock, a História e a Glória. Caras como Tárik e Okki de Souza, Ana Maria Bahiana e Luiz Carlos Maciel são feras das letras. Se equilibravam muito bem entre crítica e análise musical, com muito senso artístico. As vezes, rolava uma parcialidade (como no caso do Ezequiel Neves), mas sempre com um nível de escrita absurdamente competente. E ali não tinha só Rock não. MPB (de diversas vertentes) aos montes, falaram do surgimento do Bob Marley, da disco music, babas do pop da época, etc, etc, etc...tudo isso tinha espaço. Até entrevista com o Paulinho da Viola falando de choro rolou...Esse ecletismo não existe mais nas revistas, pq o público tb não possui mais esse ecletismo. O Bento Araújo, as vezes, me soa objetivo demais na sua análise. Gosto dele, mas acho que sua escrita podia ser mais ousada e reflete idéias pré-concebidas e o uso de muitas comparações entre estilos, o que não acho propriamente salutar. O pouco público ainda interessado de fato em música que sobrevive, é o segmentado e daí que só existem revistas segmentadas. Uma pena.

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  14. Ronaldo, nunca li a Rock: A História e a Glória, por isso não posso opinar sobre ela. Já em relação à Bizz, cresci com a revista e ela foi a minha principal fonte de informação durante anos.

    Também gosto de uma certa pretensão literária na crítica, mas não esse exagero caricato exemplificado nos textos da Brigade postados. Você há de concordar que os caras passaram do ponto ali, correto?

    E você poderia explicar melhor esse seu comentário de "objetivo demais na análise"? Não entendi direito.

    Abraço, e obrigado pelo comentário.

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  15. Não vejo os textos antigos da brigade como caricatos em sua totalidade. Na verdade eles refletiam uma tendência que o próprio metal trouxe consigo: o uso de letras místicas, lendárias, com pouco apego a realidade. Talvez os críticos na época refletissem justamente o conteúdo que ouviam. Com o tempo as próprias bandas foram se reinventando, como disse o próprio Dio ao saudoso "Fúria Metal" da MTV: "O metal vai e vem e muda com o tempo, mas sempre está por aí.". Alguns críticos mantiveram esse "caráter" mais "humorado", e perduraram por bastante tempo, enquanto que outros partiram para uma análise mais musical, desmistificando as próprias bandas. Dio fez "Angry Machines", Iron Maiden fez "No Prayer For The Dying"... muitas bandas sentiram a necessidade de mudar seus conceitos. Não dá para ficar falando de dragões e espadas para sempre, embora o Manowar tente. Sinto falta sim da BIZZ, e suas biografias que vinham em formado de "poster" destacável. Essa foi uma grande revista.

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  16. Se o Brasil tivesse uma revista nos moldes da UNCUT seria o sonho !

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  17. Cadão! Não desmereço a Bizz, que tb acompanhei (de longe, reconheço). Só não acho a melhor. Concordo com vc, esses textos da Rock Brigade passaram do ponto!
    Pra te explicar melhor, vou pegar dois trechos de ambas as revistas (tô em casa de bobeira, ah que delícia ter tempo!), PZ e Rock a História e a Glória. A PZ é muito "informativa", muito histórica e descritiva. A Rock também era, mas era mais interpretativa. A PZ falando do Captain Beyond (um trecho):
    "Depois de oferecer o material a muitos selos, o CB acabou fechando negócio com a Capricorn Records de Phil Walden, antigo conhecido de Rhino, desde os tempos do Second Coming. Walden também se tornou manager do CB. Apesar de se conhecerem, reza a lenda que o CB somente conseguiu um contrato com a Capricorn graças a uma poderosa indicação de um ardoroso fã do grupo, Duane Allman".
    A Rock falando da história do Led Zeppelin: "Entre janeiro e julho de 69, Led Zeppelin I vendeu 500 mil cópias e recebeu o Disco de Ouro: feito inédito para um estreante. Mas desde então o quarteto jamais parou de colecionar recordes e proezas quase inacreditáveis. Sua carreira, como Jimmy previa consultando no zodíaco, nunca seria uma carreira comum. Só superlativos podem explicá-la e defini-la. Sua ascenção é fulminante. Seis meses após eles lançam um segundo: Led Zeppelin II simplesmente. Cheio de bombas de profundidade, clássicos eternos de rock-adrenalina como Whole Lotta Love, Heartbreaker, Living Love Maid, um inacreditável solo de bateria com as mãos em Moby Dick, um blues descaradamente sexual (The Lemon Song) e pelo menos uma melodia impecável, Thank You".
    E acho ainda tamanha a capacidade interpretativa da Rock devido a pouca (ou nenhuma) distância histórica das biografias que contavam ou das matérias que escreviam. Descrição por descrição histórica, temos esse mar de informação que é a internet, onde com mais ou menos boa vontade, conseguimos encontrar a informação. O que eu gostaria mesmo de ver é interpretação, nesse ponto acho o texto da PZ muito raso. As resenhas se detém em comparações, destaque a um ou outro aspecto musical, mas sem subjetividades que pesquem o leitor para o absoluto da música. É o único revés da revista.
    Abraço!!
    Ronaldo

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  18. Entendi, Ronaldo, mas tenho duas considerações sobre as suas observações:

    - a primeira é que já li textos que aliavam esse lado mais subjetivo com o aspecto histórico na pZ, e diversas vezes. Lembro de um sobre o Charlee, em que o Bento descrevia as faixas com muita inspiração. Talvez, com o passar dos anos, o estilo dele tenha evoluído, até pelo direcionamento da revista, para esse lado mais histórico, relatando as histórias das bandas sem cair na questão mais 'filosófica' da coisa, como uma espécie de historiador

    - e, na minha opinião, há uma grande diferença entre analisar um álbum fresquinho e um disco considerado clássico. Ao pegar um álbum clássico, por exemplo sempre vou falar dos aspectos históricos que o rodeiam, sua influência, essas coisas. Mas daí, a questão de o estilo ser mais 'frio' ou mais 'subjetivo' é pura questão do estilo do próprio escritor. Acho que é preciso um equilíbrio, na verdade, entre os dois lados. Lembro de um texto escrito por você, sobre uma banda que agora não vou lembrar, em que você classificava o som dos caras como "um hard poerento perfeito para pegar a estrada", além de outras frases repletas de adjetivos que tentavam transmitir ao leitor a sensação de ouvir o álbum. Muitas vezes, o resultado final dessa empreitada passa também pelo grau de inspiração na hora de escrever o texto, e os resultados, como sabemos, podem variar bastante para um lado ou para o outro.

    Deu para entender o meu raciocínio? (rs)

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  19. Entendi perfeitamente, Cadão!
    eu gosto da escrita do Bento, mas pra atingir meu gosto assim em cheio, umas puxadas mais imaginativas cairiam muito bem (bastante egoísta meu comentário, não?! hahahaha). Um ponto positivo que destaco, tanto nos textos dele como os do Marco Gaspari (que infelizmente não colabora mais com a PZ) é uma excelente contextualização histórico-geográfica (favorecida por essa msm distância histórica). Lembro disso da capa da PZ com o Rory Galagher, da matéria sobre o Magma, entre várias outras. A Rock também tinha bastante contextualização, mas de cunho literário-filosófico, principalmente pq vários que escreviam ali também eram ensaistas e cronistas que atuavam além do território musical. Obrigado por ter citado um texto meu (acredito ser sobre a banda Jamul); por influência da Rock, sempre tentava migrar minha escrita para ser uma forma de dividir sensações com que lê.
    Em tempo, essa postagem sua foi ótima!
    Abraço!
    Ronaldo

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  20. Ronaldo, estou procurando escrever mais, produzindo não somente resenhas, mas também matérias sobre os mais variados assuntos. Que bom que você curtiu esse post, porque eu gostei muito também.

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  21. Belíssimo texto, Cadão, e sou testemunha viva do que diz.
    Até hoje, uso as figuras de linguagem da Brigade antiga em certas resenhas, porque expressar certos sentimentos em palavras é um tanto quanto difícil, mas seu texto é ótimo, principalmente na questão não só dos hábitos na escrita, mas também no que diz em relação ao respeito que se deve ter com bandas novas, já que muitas vezes, existem bandas vivendo do próprio passado, enquanto novatas estão quebrando a banca, mas o público vira-lhe as costas...

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  22. A Rock Brigade, em seus primeiros anos de existência, cumpriu o seu papel como prestadora de informações para um público carente, quase sem contato com o mundo exterior em termos de notícias, novidades e lançamentos.

    Mas, quando as coisas começaram a crescer demais (e os negócios de Pirani, diversificarem) no final dos anos 80, ela perdeu o foco no trabalho editorial e passou a atuar apenas como uma agência de notícias para os artistas da casa e bandas "patrocinadas".

    Isso tirou a credibilidade da revista, de seus jornalistas e, principalmente, prejudicou demais a cena brasileira de Heavy Metal.

    Ou você era amigo dos "jornalistas" da revista e tinha seu material publicado, ou era sumariamente ignorado!

    Quantas bandas boas não sumiram pelo caminho porque nunca encontraram divulgação nos meios "especializados"?

    A Roadie Crew está indo exatamente pelo mesmo caminho, inclusive contratando parte "daquele pessoal" da Rock Brigade. Os "sites especializados", que poderiam se comportar como uma imprensa verdadeiramente independente, são uma piada. Não dá para levar a sério um Lokaos da vida que no final da resenha de um show agradece os promotores pela credencial de imprensa. Qual a credibilidade que uma página dessas passa?

    Com a exceção sublime do Poeira, todos parecem ter o rabo preso com alguém.

    E é isso! Vivemos em um mundo de conto de fadas onde a cena brasileira nunca evolui e fingimos que está tudo bem.

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  23. Ótimo comentário, Bruno. Escrevi sobre o Lokaos aqui, e a minha opinião é que, enquanto grande parte dos jornalistas especializados se comportarem como fãs e não como jornalistas, a coisa não irá andar.

    Só uma coisa: também não tenho o rabo preso com ninguém.

    Abraço, e obrigado por participar dessa discussão, que está muito interessante.

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  24. Concordo que você não tem o rabo preso, mesmo, Seelig! Sua análise sobre o Angra foi a grande prova disso.

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  25. Para o bem e para o mal, né Bruno ... (rs) ...

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  26. Bom texto,comecei lendo a Rock Brigade há muitos anos e eles avacalhavam violentamente o hard rock.A gravadora deles era uma piada mas não tinha outra revista,a Dynamite colocava o PUS e o Ministry na capa o ano todo,a Metalhead chegou a virar grunge.Hoje leio a unica revista musical do genêro que é a Roadie Crew,não concordo com muitas matérias(a seção de notas e o Discografia comentada eu já reclamei várias vezes) e como sou de SP de vem em qdo "tiro uma! na boa com o Claudio e o Batalha.Qdo eles iniciaram estas paradas de listas pra inicio de assunto é contraditória SEMPRE esquecerá alguns(esqueceram do icone do Death Metal,Chuck Schuldiner)porém que fique bem claro a Roadie Crew é uma revista de Classic Rock e Heavy Metal dito isto as observações do "agito" não podem ser levadas em uma revista como a Roadie Crew, eu acho Manowar tão chato qto Nirvana(seus pseudo-lideres são toscos bagaraio)se um dia ela colocar o tal de Kurt Cobain na capa,a Roadie Crew será implodida,isto não segue a linha editorial e espero q continue assim.Eu euço numa boa de Dimmu Borgir a System of a Down tranquilamente,vou em shows de Mr Big a Cruachan e hoje irei no Machine Head & Sepultura,porque eu escuto o que quero e compro a mais de uma década a revista única no Brasil que mostra estas bandas.Não gosta não compra.Daquelas bandas dos anos 90 a melhor é Alice in Chains influenciada demais por Candlemass.Comprei recentemente a Classic Rock inglesa REVISTAÇA e o melhor ignora os grunges(provocação,sim!)e comenta sobre o Machine Head "This is ends now"

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  27. Boa matéria concordo com ela vírgula por vírgula Ricardo penso que esse fundamentalismo que tem na música tem que acabar enfim já passou da hora.
    E essa construção feita pela revista citada em relação ao público do heavy metal enquanto aos seus fãs enfim direcionando-os a uma crença de que nada fora do Heavy Metal pode prestar foi mesmo um tiro no pé e realmente a credibilidade foi lá embaixo pelo menos aqui em Ribeirão Preto junto com a Roadie Crew era bem consumida num primeiro momento predominava mesmo trazendo as bandas consideradas perigosas no passado mas o que mais levou a revista na minha opinião como ex-leitor foi a queda na qualidade das matérias cujo teor sensacionalista remetia aos programas jornalisticos e fora a parcialidade já bem conhecida né!
    Mas a gota d'água foi a matéria com o Barão Vermelho eu já tinha deixado ler a revista já fazia uns trêss meses e me lembro depois de quatro meses essa revista despareceu das bandas ribeirão pretanas segundo uma amigo meu dono de banda e também fã de heavy metal disse que teve 30 exemplares e não vendeu nenhum durante dois meses consecutivos então nem quis mais a publicação que só ocupava espaço
    Mas enfim eu entendo que nesse ramo do entreitenimento o consumidor ele busca algo a mais além da música eu diria cria uma identidade com o produto que promete para ele a satisfação que ele não consegue realizar de uma outra maneira e qualquer coisa fora desse padrão a reação é variada mas sempre para o lado negativo e por isso bandas que fazem algo diferente sofrem ataques por mudarem sua sonoridade ou mudarem o estilo.
    Essa guerrinha me lembra a época da faculdade quando estudamos o nazismo (sou formado em história)e isso lembra perfeitamente a construção ideologica do outro a relação de alteriadade e estranhamento e o enfrentamento para definir o dono da verdade que é puramente anti democratica pq se um fala a verdade o outro é descartável o qu é uma grande mentira.
    Mas finalizado vi o cometário do Bruno em relação a Roadie Crew e só espero não ver os xarás Campos e Batalha caindo em contradição transformando o lixo do Nirvana (como eles mesmo disseram) em o próximo clássico ao lado dos grandes nomes

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  28. Obs: a revista Rolling Stone é focada na cultura pop no geral não fica só na música qualquer dúvida leia Ponto Final de Mikal Gilmour que é ou foi reporter da mesma.
    E convenhamos o cenário pop brasileiro não se comparam duas culturas totalmente diferentes eu prefiro o Brasil.

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  29. Taí Douglas... boa definição...
    Vai ver que é por isso que eu quase nunca compro a R Crew

    Sobre a classic Rock...talvez sua opinião mude se vc olhar a capa da nova edição :)

    Abraços

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