Parece
ser consenso que 2011 tenha oferecido muitos discos incríveis, seja
lá em que segmento se procure. A dificuldade em selecionar 10 álbuns
foi irritante e acabou se tornando injusta para alguns nomes que não
apareceram, mas aí está a listinha, naturalmente dividida entre
nacionais e gringos. Afinal, é indiscutível a ebulição criativa
que a cena brasileira está desfrutando nos últimos anos!
O
norte-americano While Heaven Wept fez de seu quarto álbum, Fear
Of Infinity,
um verdadeiro camaleão sonoro que mantém a perspectiva doom e power
de sua proposta, mas seguindo com uma complexidade que o aproxima do
progressivo, com interlúdios acústicos, clímax brutal, devaneios
barrocos, tudo construído com melodias majestosas que aí estão
para potencializar a faceta épica e melancólica que tornou o grupo
cultuado ao longo de uma trajetória que completou a segunda década.
E o melhor: o While Heaven Wept assinou com a Nuclear Blast, o que
facilita o acesso a seus trabalhos.
Desde
a entrada do vocalista Tomi Joutsen em 2005, o finlandês Amorphis
lançou uma impressionante sequência de ótimos trabalhos, tendo em
The
Beginning of Time
outra amostra de como o heavy metal pode ser uma bonita arte. Com
distorção e melodias equilibradas e uma sutil tendência ao
mainstream, o Amorphis é um mestre em capturar e extravasar
sentimentos enquanto desfila pelos temas do Kalevala,
livro de poemas do escritor Elias Lönnrot baseado nas velhas lendas
da Terra dos Mil Lagos.
Rotular
de forma coerente o canadense Mitochondrion é uma tarefa
desgastante. Parasignosis
é seu segundo álbum e, ainda
que tudo soe primitivo em seu jeitão death meio old school, agora se
percebe uma vibração black metal que não era tão evidente no
registro anterior. Mas estas são as facetas mais óbvias em um
primeiro momento, pois a coisa toda continua avançando com
experimentos alinhados de forma complexa, repleto de detalhes que
tornam tudo ainda mais obscuro e, principalmente, inacessível.
Tortuoso e intrigante são adjetivos aplicáveis ao Mitochondrion.
Ainda
que muitos prefiram a fase em que o Royal Hunt tinha como vocalista o
carismático DC Cooper, os dinamarqueses nunca liberaram um disco que
fosse realmente ruim, independente de quem estivesse atrás do
microfone. De qualquer forma, Show
Me How to Live
mostra a banda retornando ao seu heavy metal trabalhado com pomposas
sinfonias e com ninguém menos do que o próprio Cooper assumindo as
vocalizações. Uma bela surpresa bem no finalzinho de 2011!
Embora
os dois primeiros álbuns do Trivium oferecessem o que há de melhor
em termos de metalcore, posteriormente os norte-americanos passaram a
explorar outras áreas, inclusive injetando algumas doses de heavy
metal extremo ao lado de suas melodias tão grudentas. In
Waves
mostra a invejável fase pela qual o Trivium está passando, em outra
obra exemplar do metal contemporâneo.
Com
alguns clássicos em sua discografia, o norte-americano Iced Earth é
um nome que quase sempre atraiu as atenções no que concerne ao
tradicionalismo no heavy metal. Com Dystopia,
Mr. Schaffer elaborou outro importante álbum que se caracteriza pelo
retorno ao saudável metal movido à riffs galopantes e contando com
a potente e versátil voz de Stu Block, que já havia feito bonito na
máquina canadense Into Eternity.
The
Devil's Dance
é o terceiro disco do paulista de Piracicaba Ivory Gates, que mostra
canções mais cruas, mas não o suficiente para se afastar das
fortes características progressivas que tornaram o grupo tão
respeitado entre os amantes do gênero. Pesadíssimo e passeando com
desenvoltura por estilos que vão desde o rock dos anos 70, AOR e
(naturalmente) o progressivo da década de 80, seus músicos possuem
extremo controle da melodia e privilegiam com sobriedade o fator
sentimento, em detrimento da pirotecnia técnica.
Loneliest
Loneliness
é mais um ótimo exemplo do que Santa Catarina pode oferecer em
termos de metal extremo. Demorou uma década para o Sodamned marcar
sua estreia em disco, mas que resultado alcançou! O grande lance por
aqui é a personalidade da proposta, cujo cerne é o death metal de
arranjos diversificados e com uma curiosa configuração melódica
que nunca ofusca a faceta extrema do grupo, além de um riquíssimo
trabalho vocal.
Peixe
Homem
é o segundo trabalho do paraense – agora com base na capital
paulista – Madame Saatan, e mostra uma banda que enxugou alguns
excessos do passado para destilar um rock and roll pesadíssimo,
fruto de flertes descarados com o heavy metal, hardcore e
generosamente enfeitado com música regional. Some a isso as ótimas
letras e a voz potente da menina bonita Sammliz e temos um belo
coquetel tupiniquim, dos mais explosivos e que empurra o Madame
Saatan a um novo patamar.
Com
músicos gaúchos e catarinense, o Drunk Vision liberou um primeiro
álbum matador. Day
After foi
elaborado tendo como tônica o heavy metal extremo, mas com
complexidade suficiente para também se enquadrar na faceta
progressiva do gênero. Seus três integrantes deram tudo de si para
continuar na ativa, mas a falta de espaço para tocar simplesmente
implodiu o Drunk Vision. A cena brasileira saiu perdendo, mas quem
adquiriu este debut pode se considerar um felizardo.
O
Carniça é um trio gaúcho que andou sumido por uns anos, mas
retornou com um álbum matador. Temple's
Fall ... Time to Reborn
é fortemente
influenciado pela estética old school, mas evita
se prender aos rótulos ao mesclar com grande flexibilidade death,
thrash e metal tradicional, com uma sensibilidade melódica digna de
poucos e que nunca minimiza a atmosfera mais extrema que permeia cada
centímetro do repertório.
De
lambuja, mais 10 que insistiram em não sair do toca-discos:
Arkona
-
Slovo
Of
The Archaengel - The
Extraphysicallia
Vintersorg
- Jordpuls
Gigan
– Quasi - Hallucinogenic
Sonic Landscapes
Rival
Sons - Pressure
and Time
Ecliptyka
- A
Tale of Decadence
Suidakra
- Book
of Dowth
HellLight
- …
And Then, The Light of Consciousness Became Hell ...
Voodoo
Highway -
Broken
Uncle’s Inn
Muqueta
na Oreia - Lobisomem
em Lua Cheia
Ei Cadão vc sabe como eu faço p/ adquirir este Day After do Drunk Vision ? q puta disco matador....
ResponderExcluirAgito: mande um email para drunkvision@gmail.com
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