Lançado
em novembro de 1972, The Magician's Birthday é o quinto álbum
do grupo inglês Uriah Heep. Ele é o sucessor do clássico Demons
& Wizards, que chegou às lojas em 19 de maio daquele ano e
transformou a banda em um dos maiores nomes do hard rock setentista.
Seria
de se esperar que, por ter sido composto e gravado apenas alguns
meses após o aclamado Demons,
e tendo o peso de suceder o disco que mudou as suas vidas, os músicos
seguissem em The Magician's Birthday o mesmo direcionamento
musical, mas não foi o que aconteceu. Vestidos de coragem e
convicção, David Byron (vocal), Mick Box (guitarra), Ken Hensley
(teclado e guitarra), Gary Thain (baixo) e Lee Kerslake (bateria)
surpreenderam com um álbum totalmente diferente. No lugar do hard
rock pesado e cru surgia um som mais limpo, com uma grande presença
de instrumentos acústicos e uma característica muito mais
progressiva, revelando uma até então insuspeita faceta do grupo. O
passo inicial dado pelo Uriah Heep em The Magician's Birthday
serviria de pedra fundamental para a sonoridade que a banda
desenvolveria durante os anos seguintes, tornando o seu hard rock
mais complexo e atraente ao incluir elementos prog e folk ao peso de
sua música.
A
melodia é o traço que mais se sobressai no disco. Influenciados
pela música tradicional inglesa, os músicos, capitaneados pela
mente inquieta e criativa de Hensley, compuseram um álbum que não
devia nada ao seu antecessor. As letras viajantes e um tanto
esotéricas, recheadas de magos e duendes, ganharam a moldura
perfeita com arranjos refrescantes e idílicos. A bela arte da capa,
criada por Roger Dean, famoso pelo seu trabalho para o Yes, reforça
ainda mais essa sensação, levando o ouvinte para um mundo
fantástico, recheado de cores e sons.
A
magia do trabalho, a sua força, provém da capacidade que o álbum
tem, até hoje, de cativar o ouvinte. Sabe aqueles discos que parecem
cercados por uma aura sobrenatural, de outro mundo? The Magician's
Birthday é um deles. A força das composições prende o ouvinte
em uma dimensão paralela, tornando impossível encontrar o portal de
saída antes que os últimos acordes da faixa-título, que fecha a
bolacha, se encerrem.
Os
gritos agudos de Byron em “Sunrise”, primeira faixa, são como o
anúncio da chegada de um enxame de bruxas carregadas de más
intenções. Fazendo o instrumental respirar e fluir naturalmente,
“Sunrise” leva o ouvinte sem escalas para o boogie de “Spider
Woman”, prima não tão distante assim de “Easy Livin'”, um dos
maiores clássicos do grupo.
O
primeiro choque vem com a ótima “Blind Eye”, onde uma base
acústica faz a cama para guitarras gêmeas derramarem uma melodia
simples e bela. Mais teatral do que nunca, Byron canta uma letra
enigmática que mais parece uma revelação, um testemunho, de um ser
antigo que há muito está entre nós.
“Echoes
in the Dark” é um hard misterioso dono de uma beleza melancólica
e perturbadora. A melodia sombria que serve de fio condutor da canção
torna o ambiente mais escuro e congelante, fazendo as palavras de
Byron soarem como presságios de algo que está por vir. E o que está
por vir é “Rain”, uma balada arrepiante conduzida pelo piano de
Ken Hensley, que fecha as cortinas do primeiro ato, encerrando o lado
A do vinil.
O segundo lado do LP começa com a melodia fantasmagórica de “Sweet Lorraine”, que cai em um hard cadenciado com uma surpreendente, e muito bem encaixada, guitarra com um certo tempero funk e um apimentado wah-wah a cargo de Mick Box.
E
então um novo universo se abre. “Tales” é uma obra-prima
sensitiva e sensorial, uma passagem de primeira classe para um mundo
muito mais atraente do que esse em que vivemos. Uma das melhores
composições da carreira do Uriah Heep – na minha opinião,
simplesmente a melhor -, carrega o ouvinte em um tapete voador
aconchegante, levando-o através das paisagens criadas por Roger Dean
para a capa. Com Byron cantando de forma iluminada e com um arranjo
onde os instrumentos se entrelaçam infinitamente, a audição conduz
e acalma a mente, colocando cada coisa em seu devido lugar.
Os
mais de dez minutos da faixa que dá nome ao disco encerram o álbum
em uma odisséia épica cativante, onde o ceú – ou o inferno, você
escolhe – é o limite. O arranjo vai do hard rock a passagens mais
cadenciadas e swingadas que remetem ao soul psicodélico sessentista
e até mesmo ao jazz. Como em uma explosão multicolorida, traz novas
matizes e tons de maneira surpreendente, colocando em primeiro plano
a criatividade cristalina do quinteto. O solo de Mick Box é o
destaque, jogando notas faiscantes pelo ar enquanto o conjunto segura
tudo lá atrás com um groove hipnotizante.
Duas
faixas foram lançadas como single. “Blind Eye” alcançou a
posição 97 na parada norte-americana, enquanto “Sweet Lorraine”
ficou na 91. “Spider Woman” virou hit na Alemanha, alcançando a
décima-terceira posição nos charts do país. Tudo isso fez com que
o álbum tivesse uma boa performance nas vendas, ganhando Disco de
Ouro nos Estados Unidos em janeiro de 1973.
Em
2004, a gravadora inglesa Castle lançou uma edição turbinada de
The Magician's Birthday com nove faixas bônus, incluindo
outtakes e versões alternativas.
The
Magician's Birthday acabou ofuscado por Demons & Wizards,
mas o fato é que é tão bom quanto o seu antecessor. Na minha
opinião, as mudanças que a banda fez em seu som tornaram a sua
música ainda mais atraente e, por essa razão, o álbum é o meu
favorito em toda a discografia do Urian Heep.
Mergulhe
em um mundo mágico repleto de elfos, duendes e fadas, e saiba porque
certos discos são, e sempre serão, imortais.
Muito bem lembrado esse disco Ricardo, é mesmo sem sombra de dúvida uma obra prima do hard setentista como disse. Queria aproveitar e fazer um convite à todos hardeiros de plantão para domingo agora 22/01 comparacer à antiga FOFINHO onde por acaso terá um especial de mais de 1 hora de URIAH HEEP e com certeza várias perolas desse disco irá rolar!!!
ResponderExcluirabraço!!
O que é Fofinho, Marcelo? E em que cidade fica?
ResponderExcluirFofinho é um salão de hardrock anos 70 que está na ativa desde os anos 70, é um salão estilo a LEDSLAY, aliás as duas sempre foram rivais (no bom sentido), fica na Av. Celso garcia (em frente o bombeiro, pois não sei o número)no tatuapé!! Qualquer dia que puder dê um passada lá, uma de poucas casas q ainda rola um pauleira a moda antiga (som mecânico).
ResponderExcluirEssa Banda é a prova viva que nem sempre podemos nos pautar na crítica especializada pra ouvir ou deixar de ouvir alguma coisa.... o som deles é em alguns momentos dificil de classificar... talvez isto tenha confundido cabeças....
ResponderExcluirMagician's Birthday é fantástico, e pra mim também é o melhor da discografia do Uriah Heep. "Sunrise", "Spider Woman", "Sweet Lorraine", "Tales", só musicão.
ResponderExcluirMatou a pau nessa, Seelig!
Valeu, rock people!
ResponderExcluirDiscaço, provavelmente meu preferido do Uriah. E a capa é sensacional!
ResponderExcluirBom texto Cadão, parabéns.
http://themetropolismusic.blogspot.com/
Sensacional esse álbum!
ResponderExcluirÉ meu disco preferido deles!
ResponderExcluirOuvindo de novo aqui. Discão!
ResponderExcluirFoi o primeiro disco de rock que eu ouvi na minha vida por volta dos meu 5 anos, eu pirava na parte instrumental da faixa título.Tenho a versão brasileira em vinil lançada pela Bronze, mas sem encarte duplo e sem letras, só a capa simples mesmo!!! Mas pra mim é o melhor trabalho do grupo!!!
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