Nota:
9
Algumas
coisas não têm como dar errado. Passear na beira do mar, com o
vento batendo no rosto. Reunir velhos amigos para colocar o papo em
dia. Fazer um show em seu país, revisitando músicas de todas as
épocas de sua carreira. É justamente isso que Glenn Hughes fez em
Live in Wolverhampton, novo álbum ao vivo que é um dos
melhores trabalhos de sua longa história.
Para
quem não conhece a história de Hughes, o baixista e vocalista
nasceu em Cannock, cidade próxima a Wolverhampton. Foi nessa segunda
que Glenn conheceu Mel Galley e Dave Holland e formou o Trapeze, o
ótimo trio que o lançou para a fama no início dos anos 70 e foi o
seu passaporte para o Deep Purple, onde tocou durante 1974 e 1976.
Glenn Hughes tem uma grande ligação com Wolverhampton, e é
inclusive torcedor do time de futebol da cidade, o Wolverhampton
Wanderes, que disputa a Premier League, o campeonato inglês de
futebol.
O
CD duplo, também disponível em DVD, é um presente para quem curte
a carreira de Hughes. O tracklist traz sons do Trapeze, do Deep
Purple e dos discos solo de Glenn, em uma retrospectiva que mostra
que, apesar dos altos e baixos normais para quem está na estrada há
40 anos, o saldo final é pra lá de positivo.
Merece
menção especial a ótima banda que acompanha Hughes em Live in
Wolverhampton. Jeff Kollman é um estupendo guitarrista e
comprova isso tocando de maneira inspirada, sem querer emular as
gravações originais. Ele respeita o que caras como Galley e Ritchie
Blackmore fizeram, mas coloca o seu toque especial, que é repleto de
bom gosto. O restante do grupo – Anders Olinder no teclado e Steve
Stevens na bateria – segue no mesmo caminho.
Mas
o ponto chave de tudo, como não poderia deixar de ser, é o próprio
Glenn Hughes. E aqui cabe um grande elogio ao lendário músico. Nos
últimos anos, tanto em trabalhos de estúdio quanto ao vivo, Hughes
desenvolveu a irritante mania de, ao invés de cantar, gritar
constante e desnecessariamente, ofuscando a beleza de sua voz. Em
Live in Wolverhampton, ao invés de seguir este caminho - uma
queixa recorrente de diversos de seus fãs, diga-se de passagem -,
Glenn vai ao outro extremo, cantando de maneira quase divina e
mostrando o porque de ser considerado, por muitos, como “a voz do
rock”. Usando a experiência a seu favor, Hughes carrega as faixas
de emoção nos momentos certos, utilizando todas as possibilidades
de sua voz privilegiada para transmitir as mais diversas sensações.
O resultado é uma aula prática de técnica vocal, uma performance
absurda que está entre os pontos mais altos de sua carreira.
Há
alguns destaques imediatos em Live in Wolverhampton. “What's
Going on Here”, do clássico Burn, ganhou uma interpretação
primorosa, com Anders Olinder honrando Jon Lord nos teclados.
“Mistreated” foi relida por Hughes com precisão, e nela os
holofotes apontam para a guitarra de Kollman. Mas é quando revisita
o catálogo do Trapeze que Hughes faz este duplo ao vivo valer muito
a pena. As interpretações para clássicos como “Jury”, “Coast
to Coast”, “Seafull”, “Your Love is Alright”, “Medusa”,
“You Are the Music” e “Black Cloud” são de arrepiar, com
Glenn e banda tocando de maneira iluminada, resgatando canções que
estão entre os momentos mais brilhantes da história do hard rock.
Live
in Wolverhampton é um excelente álbum ao vivo que não apenas
faz uma retrospectiva da carreira de Glenn Hughes, mas também mostra
que grandes canções não envelhecem, conservando intacta a sua
capacidade de tocar a alma de rockers das mais variadas gerações.
Faixas:
CD
1 – Glenn's & Purple Classics:
- Muscle and Blood
- You Got Soul
- Love Communion
- Don't Let Me Bleed
- What's Going on Here
- Mistreated
- Crave
- Hold Out Your Life
CD
2 – A Night with Trapeze:
- Way Back to the Bone
- Touch My Life
- Jury
- Coast to Coast
- Seafull
- Good Love
- Your Love is Alright
- Mesusa
- You Are the Music
- Black Cloud
Putz...finalmente ele não está berrando em momentos inoportunos !
ResponderExcluirPor Favor... saia em edição nacional... é só isso que eu quero !