Soen: crítica de Cognitive (2012)

O Soen é a nova banda do baterista Martin Lopez, ex-Opeth. Ao lado do músico estão o vocalista Joel Ekelöf (Willowtree), o guitarrista Kim Platbarzdis e o respeitado baixista Steve DiGiorgio (Death, Testament, Iced Earth e inúmeras outras bandas). O quarteto foi formado em maio de 2010 e, segundo declaração de Lopez, faz um som “melódico, pesado, intrincado e muito diferente de tudo”.

Ouvindo as dez faixas de Cognitive, primeiro disco do Soen - o play saiu lá fora em fevereiro deste ano e agora desembarca nas lojas brasileiras através da Hellion Records -, é impossível não concordar com a afirmação de Lopez. Realmente o som do Soen é bastante melódico, um tanto pesado (mas mais suave do que os primeiros discos de sua ex-banda, o Opeth, por exemplo) e cheio de intrincadas passagens. No entanto, o “muito diferente de tudo” é questionável, já que há uma evidente influência do Tool na sonoridade do Soen. As similaridades entre as duas bandas são grandes, ainda que a música do Soen soe um pouco mais progressiva e atmosférica do que a do Tool.

Mas isso não compromete o belo resultado alcançado por Martin Lopez e sua turma em Cognitive. As faixas são todas interessantes, com um excelente trabalho de baixo e bateria - como era de se esperar -, que tornam o som bastante percussivo. Um dos pontos mais altos do trabalho, como já mencionado, são os vocais de Joel Ekelöf. O timbre limpo e agradável do vocalista dá às composições uma identidade muito forte que, somada à maneira com que Ekelöf canta - sempre calmo, quase recitando as letras, sem precisar levantar a voz ou gritar em nenhum momento -, imprimem ao disco um clima atmosférico que casa perfeitamente com a riqueza da intrincada parte instrumental.

Os arranjos são muito bem feitos, e passam a sensação de terem sido desenvolvidos exaustivamente. As melodias são todas bem construídas, e em diversos momentos proporcionam momentos de rara beleza. Na contramão da urgência, no lado oposto de um mundo cada vez mais frenético, o Soen gravou um disco que obriga o ouvinte a parar o que está fazendo para apreciar a música em sua plenitude. Cognitive não foi feito para uma audição casual. O álbum é complexo, demanda atenção, mas retribui esse esforço com faixas excelentes. É o caso de “Delenda”, “Fractions” e “Savia”, destaques imediatos em um trabalho nivelado por cima.

O Soen chegou com um disco agradável, dono de uma sonoridade hipnótica, intrincada e contemplativa, mas, mesmo assim, acessível. Para o futuro, seria interessante a banda se afastar da influência onipresente do Tool, encontrando um som próprio e com mais identidade. Apesar disso, o resultado alcançado em Cognitive é digno de elogios, e aponta para uma trajetória bastante interessante para os próximos anos.

Nota: 8


Faixas:
  1. Fraktak
  2. Fraccions
  3. Delenda
  4. Last Light
  5. Oscillation
  6. Canvas
  7. Ideate
  8. Purpose
  9. Slithering
  10. Savia

Comentários

  1. Eu daria uma nota maior.....mas ficou muito boa a crítica do disco....

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  2. Quanto você daria?

    E obrigado pelo comentário e pelo elogio.

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  3. O disco é bem feito, mas parece demais com o som do Tool. Demais mesmo. Vão precisar trabalhar a identidade melhor, acho. Daria um 7 pro disco por causa disso.

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  4. Boa tarde,

    Acho que a banda esta indo no caminho certo tem tantas bandas que fazem sucesso, copia chupada! SOEN É PERFEITO...SOMZÃO!! BAIXO E BATERIA TERRIVEL!!!! ACABEI DE COMPRAR O CD NO MERCADO LIVRE!!!!

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