Mary Fahl: crítica de From the Dark Side of the Moon (2011)


Fazer um álbum de covers é uma das formas que um artista encontra para homenagear suas influências ou prestar tributo a grandes canções. A americana Mary Fahl conseguiu fazer mais do que uma homenagem: ela recriou o maior clássico do Pink Floyd, The Dark Side of the Moon, tarefa que certamente não foi fácil.

Mary Fahl, ex-vocalista do October Project, é uma cantora versátil. Seu estilo é uma mistura de pop, jazz e new age, e é exatamente essa mistura que está na essência desse tributo. Depois de ter gravado alguns trabalhos solo sem muita expressão, Mary percebeu que precisava de um repertório mais consistente para gravar um novo disco, optando então por fazer um álbum de covers. Mas ao invés de uma compilação de sucessos distintos, o produtor David Werner sugeriu que a cantora regrava-se uma obra clássica completa, e assim surgiu From the Dark Side of the Moon.

Por algum motivo não esclarecido pela cantora (ao menos não em seu site oficial), o disco só foi lançado em 2011, mas o material estava engavetado desde 2007. Pelo menos foi nessa época que a gravação completa começou a circular pela internet não oficialmente. A roupagem pop/new age é o elemento mais curioso do disco, que apresenta uma versão moderna de um apanhado de canções já bem conhecidas do público.

As surpresas já começam em “Speak to Me”. O arranjo coloca a voz em um ambiente tribal, fazendo com que a introdução lembre a sonoridade de um ritual. Em “Breathe” nota-se os primeiros traços jazzísticos que estarão presentes em boa parte do álbum, e é também onde se percebe o talento da cantora, que possui um timbre de voz intimidante.

Grande parte de The Dark Side of the Moon é instrumental. Mary brincou com esse fator, misturando jogos vocais a instrumentação dos trechos que não são cantados, como em “On the Run”, que ganhou uma roupagem pop interessante. Dando sequência, “Time” (que teve o som dos despertadores substituídos por uma sirene de incêndio unida a um barulho que lembra o alarme de um carro) inicia de forma suave, em oposição a enigmática versão original, mostrando que a proposta de Mary é revestir as músicas com uma certa sofisticação. Em “Time” a letra é interpretada de forma melancólica.

Em “The Great Gig in the Sky”, a interpretação não chega a agradar. Apesar de sua competência, Mary não impressiona tanto quanto Clarre Torry no seu improviso vocal. “Money” é a canção mais pop do disco, com levadas agradáveis de guitarra, gaita de boca e baixo.

“Us and Them” ficou basicamente bonita. Já “Any Colour You Like” recebeu pitadas de canto gregoriano que modernizaram o teor tranquilizante da versão original. “Brain Damage” é interpretada como se fosse um apelo, conseguindo ser uma das músicas mais emocionantes do trabalho, ao lado da última faixa, “Eclipse”.

O maior trunfo de From the Dark Side of the Moon é apresentar um disco fundamental a gerações e públicos que possam não ter dado a atenção necessária a ele. Para Mary serviu também como forma de popularizar seu nome fora dos círculos new age e das trilhas sonoras para cinema.

Nota 7,5





Faixas:
1. Speak To Me
2. Breathe
3. On The Run
4. Time / Breathe
5. The Great Gig In The Sky
6. Money
7. Us And Them
8. Any Colour You Like
9. Brain Damage
10. Eclipse
 

(por Nelson Júnior)

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