Tiago Ferreira é editor do site Na Mira do Groove e colaborador de publicações como a Revista Brasileiros e Revista da Livraria Cultura. Também já colaborou no Scream & Yell e escreveu um pequeno livro para a Mojo Books inspirado no álbum Fun House, dos Stooges.
O primeiro disco desse grupo de noisy-rap lançado em 2012 é ainda mais agressivo que o antecessor, Exmilitary. Ouvi-lo é mais ou menos como uma experiência tribal ambientada num mundo pós-Matrix. A voz de Stefan Burnett consegue ser ágil e hipnótica de uma forma que deixa o ouvinte atônito e quase esquizofrênico.
Quando se fala de Dr. John muita gente recorre ao Gris-Gris (1968), mas o fato é que ele é um disco difícil. Quem sabe o interesse da nova geração para Dr. John não cresça com este discaço, produzido por um membro do Black Keys? Claro que as guitarras aqui são forte ênfase, mas a voz e as insanidades do Seu João são espetáculos à parte.
Essa mulher tem o dom de não lançar discos ruins – o que justifica os longos hiatos para o lançamento de um para o outro. Aqui, ela está mais crua e mais agressiva, comparável a um Jelly Roll Morton com pianos que se impõem tal qual uma Edith Piaf. Sem falar que ela não mede a raiva em canções como “Regret” e “Daredevil”, feitas de uma sinceridade que é a marca singular de Fiona.
O R&B nesses últimos anos está passando por reformulações estéticas grandes, mas foi preciso distorções maiores feitas por The Weeknd ou How To Dress Well para que Frank Ocean encontrasse o seu caminho e selasse o ápice dessa mudança – algo que já vinha sendo feito com o anterior nostalgia ULTRA. Baita disco, com baitas canções.
O que falar de canções como “Sleeping Ute” e “Yet Again”? São lindas, cristalinas, como o indie de qualidade deveria ser. Eles criaram uma estética própria que os separam desse monte de bandinhas com nomes esquisitos que se acham no topo da pirâmide. Também vale destacar a complexidade melancólica de “Half Gate”, uma das melhores músicas que a banda já fez.
Vamos falar de pop? Sim, Devotion é um disco pop que agrega as novas possibilidades sonoras desenvolvidas nesses últimos 5 anos (não, não tem dubstep pessoal). Jessie Ware tem uma voz que lembra os melhores anos de Sade. Uma sensualidade hipnótica de força e impacto. Escute “Running” e “Night Light” pra comprovar.
Uma boa surpresa do hip hop. Este disco conta a trajetória pessoal de um adolescente que sabe que poderia ter trilhado caminhos mais benevolentes. Ele não se autocensura por suas escolhas e nem tenta justificar porque as teve. É um retrato sincero de si mesmo e do que está à sua volta de forma bem mais convincente do que passear com Lamborghinis e Ferraris para justificar seus meios.
Cara, é Leonard Cohen. O tempo passou e, por mais velho que sabemos que ele está, ele sabe que continua a aprender nesse mundo cada vez mais distanciado. A velhice é bem explanada em canções como “Show Me the Place” e “Going Home”, que são quase messiânicas.
Há 40 anos esse cara nos surpreende. E há 40 anos ele continua a nos estranhar com seu avant-garde sombrio, pungente e nada previsível. A pancada começa logo com “See You Don’t Bump His Head”, que remete a um sentido atônito de perdição em outro mundo. Por mais que tenha mais de 20 minutos, a longa “SDSS14+13B (Zercon, A Flagpole Sitter)” é hiper-contemplativa e exige paciência do ouvinte: tentar entendê-la pode ser um dos melhores exercícios musicais a se ter pelos próximos 10 anos.
Um disco de 2 horas, certo? Mas, faça um favor a si mesmo: ouça esse disco de 2 horas. Nenhum som é previsível. Certamente o retorno do ano. Da linda e singela “Song For a Warrior”, com participação de Karen O, à pesadíssima “Mother of the World”, The Seer prenuncia-se desde já como um dos álbuns da década.
Death Grips - The Money Store
O primeiro disco desse grupo de noisy-rap lançado em 2012 é ainda mais agressivo que o antecessor, Exmilitary. Ouvi-lo é mais ou menos como uma experiência tribal ambientada num mundo pós-Matrix. A voz de Stefan Burnett consegue ser ágil e hipnótica de uma forma que deixa o ouvinte atônito e quase esquizofrênico.
Dr. John - Locked Down
Quando se fala de Dr. John muita gente recorre ao Gris-Gris (1968), mas o fato é que ele é um disco difícil. Quem sabe o interesse da nova geração para Dr. John não cresça com este discaço, produzido por um membro do Black Keys? Claro que as guitarras aqui são forte ênfase, mas a voz e as insanidades do Seu João são espetáculos à parte.
Fiona Apple - The Idler Wheel…
Essa mulher tem o dom de não lançar discos ruins – o que justifica os longos hiatos para o lançamento de um para o outro. Aqui, ela está mais crua e mais agressiva, comparável a um Jelly Roll Morton com pianos que se impõem tal qual uma Edith Piaf. Sem falar que ela não mede a raiva em canções como “Regret” e “Daredevil”, feitas de uma sinceridade que é a marca singular de Fiona.
Frank Ocean - Channel Orange
O R&B nesses últimos anos está passando por reformulações estéticas grandes, mas foi preciso distorções maiores feitas por The Weeknd ou How To Dress Well para que Frank Ocean encontrasse o seu caminho e selasse o ápice dessa mudança – algo que já vinha sendo feito com o anterior nostalgia ULTRA. Baita disco, com baitas canções.
Grizzly Bear - Shields
O que falar de canções como “Sleeping Ute” e “Yet Again”? São lindas, cristalinas, como o indie de qualidade deveria ser. Eles criaram uma estética própria que os separam desse monte de bandinhas com nomes esquisitos que se acham no topo da pirâmide. Também vale destacar a complexidade melancólica de “Half Gate”, uma das melhores músicas que a banda já fez.
Jessie Ware - Devotion
Vamos falar de pop? Sim, Devotion é um disco pop que agrega as novas possibilidades sonoras desenvolvidas nesses últimos 5 anos (não, não tem dubstep pessoal). Jessie Ware tem uma voz que lembra os melhores anos de Sade. Uma sensualidade hipnótica de força e impacto. Escute “Running” e “Night Light” pra comprovar.
Kendrick Lamar - good kid, m.A.A.d city
Uma boa surpresa do hip hop. Este disco conta a trajetória pessoal de um adolescente que sabe que poderia ter trilhado caminhos mais benevolentes. Ele não se autocensura por suas escolhas e nem tenta justificar porque as teve. É um retrato sincero de si mesmo e do que está à sua volta de forma bem mais convincente do que passear com Lamborghinis e Ferraris para justificar seus meios.
Leonard Cohen - Old Ideas
Cara, é Leonard Cohen. O tempo passou e, por mais velho que sabemos que ele está, ele sabe que continua a aprender nesse mundo cada vez mais distanciado. A velhice é bem explanada em canções como “Show Me the Place” e “Going Home”, que são quase messiânicas.
Scott Walker - Bish Bosch
Há 40 anos esse cara nos surpreende. E há 40 anos ele continua a nos estranhar com seu avant-garde sombrio, pungente e nada previsível. A pancada começa logo com “See You Don’t Bump His Head”, que remete a um sentido atônito de perdição em outro mundo. Por mais que tenha mais de 20 minutos, a longa “SDSS14+13B (Zercon, A Flagpole Sitter)” é hiper-contemplativa e exige paciência do ouvinte: tentar entendê-la pode ser um dos melhores exercícios musicais a se ter pelos próximos 10 anos.
Swans - The Seer
Um disco de 2 horas, certo? Mas, faça um favor a si mesmo: ouça esse disco de 2 horas. Nenhum som é previsível. Certamente o retorno do ano. Da linda e singela “Song For a Warrior”, com participação de Karen O, à pesadíssima “Mother of the World”, The Seer prenuncia-se desde já como um dos álbuns da década.
Clipe do Ano
Anthony & the Johnsons - Cut the World
Quase Ficou Entre os 10
Godspeed You! Black Emperor - Allelujah! Don't Bend! Ascend!
Melhor Estreia
Jessie Ware - Devotion
Retorno do Ano
Swans - The Seer
Disco Decepção
Otto - The Moon 11:11
10 Melhores Músicas
Dr. John - Revolution
Grimes - Oblivion
Grizzly Bear - Yet Again
Leonard Cohen - Darkness
Frank Ocean - Pyramids
Fiona Apple - Regret
Jack White - Sixteen Saltines
Bobby Womack - The Bravest Man in the Universe
Michael Kiwanuka - Tell Me a Tale
Cat Power - Ruin
Melhor Show
BNegão & Seletores de Frequência
Melhor Capa
Death Grips - No Love Deep Web
Mico do Ano
Cancelamento sem aviso do Festival SWU
Filme do Ano
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
5 Melhores Sites / Blogs Sobre Música
Swans - The Seer 2 HORAS DE PURA CHATISSE SALVA UNS MINUTOS O RESTO É CHATO DEMAIS, VC NÃO VAI AGUENTAR OUVIR.
ResponderExcluirFiquei contente que alguém citou o Swans - The Seer, realmente um álbum magnifico.... obviamente não é um disco muito palatável... as estruturas são estranhas mesmo... mas entrando no clima e gostando deste tipo de som...a viagem é garantida !!!
ResponderExcluirSwans fez o disco do ano, an minha opinião. Uma das melhores e mais completas listas até agora.
ResponderExcluirrealmente, não entendo como gostaram desse disco, mais respeito.
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