Vitor Bemvindo é historiador e, acima de tudo, um grande fã de rock. Há anos está à frente do divertidíssimo podcast Mofodeu, especializado em rock clássico. Mas isso não quer dizer que o cara não esteja antenado com o que anda rolando, como podemos ver na sua lista de melhores de 2012.
Em 2011, o quarteto californiano já havia figurado entre os meus favoritos do ano com o seu ótimo Pressure and Time. Mas em 2012 eles se superaram com Head Down, com um absurdo amadurecimento, mesclando a influência zeppeliana direta do disco anterior com pitadas blues rock, progressivo, entre outros. Enfim, a obra-prima da banda.
A expectativa era enorme. Mas muitas também eram as desconfianças. Por isso, o retorno do Van Halen surpreendeu muita gente. O disco, apesar ser repleto de regravações de músicas perdidas da banda, traz uma fusão entre o som direto dos primeiros discos com o peso que vinham tentando fazer quando da interrupção da carreira, no fim dos anos 90. Ótima surpresa!
O ZZ Top não é uma banda que costuma se arriscar muito. Segue à risca suas receitas desde os primeiros discos. La Futura não seria muito diferente do que eles vêm fazendo desde o início da carreira, se não fosse o capricho nas distorções das guitarras e a primorosa produção de Rick Rubin. O toque de Rubin fez com que a banda não fugisse de suas características, mas soasse muito mais moderna. Arrisco-me a dizer que é um dos grandes discos da carreira do trio.
Não há como não esperar algo menos do que um trabalho competente do trio canadense. O Rush não costuma errar muito, e foi assim com Clockwork Angels. O hiato de cinco anos após o excepcional Snake & Arrows fez com que a expectativa para o novo disco fosse enorme. Acredito que ninguém se decepcionou. Apesar de ser menos direto e pesado que o seu antecessor, o álbum traz de volta músicas mais longas (não tanto como as dos anos 70) que dão a oportunidade de mostrar o quão competentes são os nerds de Toronto.
O novo trabalho do grupo de San Francisco traz claras influências de bandas californianas do final dos anos 60, como o Love. Mas reduzi-los a uma nova onda do rock psicodélico seria um pecado. A banda transita muito bem entre o hard rock, o blues, o funk e até música latina (como se percebe em faixas como “Phantom in the Valley”). O mais interessante é que a banda consegue fazer essa mescla em cada uma das faixas do álbum. “Self Made Man” é um exemplo claro disso, começa com riffs a la Black Sabbath, tem um refrão funkeado e um epílogo ultra psicodélico. Imperdível!
Os suecos do Graveyard são daqueles tipos que te surpreendem a cada audição. Eles também fizeram parte da minha lista em 2011 com Hisingen Blues, e voltam agora com o ainda melhor Lights Out. O disco já valeria se contasse apenas com a arrastada “Slow Motion Countdown”, a pegada “Endless Night” e a divertida “Goliath”. Mas o álbum tem muito mais. Vale muito a audição.
Bonamassa segue na incansável saga de lançar bons trabalhos um após o outro. Driving Towards the Daylight é menos autoral dos seus últimos trabalhos solos, mas nem por isso é menos interessante. As versões para canções de Robert Johnson, Howlin’ Wolf e Willie Dixon são todas primorosas e apontam para um retorno as suas raízes mais bluseiras. Entre as faixas de sua composição, destaque para a linda balada-título do álbum e para “Dislocated Boy”. Tudo com o selo Joe Bonamassa de qualidade.
Quando todos achavam que os cara-pintadas já haviam amarrado o burro na sombra e estavam mais preocupados com sua linha de brinquedos e produtos bizarros, eis que somos surpreendidos por um divertidíssimo álbum de rock and roll que só o Kiss seria capaz de nos proporcionar. Parece que Simmons, Stanley e companhia lembraram que são uma banda e que deveriam fazer música e, enfim, voltaram a fazer um trabalho digno de atenção. Monster é surpreendentemente bom e parece ter sido menos compromissado com a repetição de algum álbum clássico específico. Pode-se ouvir ali um pouco de tudo que a banda fez durante a carreira, e o melhor, com qualidade. O melhor trabalho da banda desde Creatures of the Night.
O encontro entre Hughes, Bonamassa, Bonham (o filho) e Sherinian parecia já ter encontrado a forma para agradar público e crítica: um hard rock furioso com evidentes influências dos trabalhos originais das árvores genealógicas de seus membros. Mas em Afterglow há uma clara ruptura com esse caminho. O disco é claramente mais calmo e sóbrio que os anteriores, com o a banda se arriscando por outros caminhos, com especial influência de um blues rock, a la Free ou Humble Pie. É sem dúvida o trabalho mais diversificado do grupo, o que pode ter decepcionado um pouco os fãs de um som mais pesado. No entanto, pelos riscos corridos e pela qualidade de canções como “Cry Freedom”. é justo que esteja entre os melhores do ano.
Não, esse não é um disco de fácil audição. Os ouvidos menos adaptados ao jazz ou ao fusion terão dificuldades para compreender a união de Jack Bruce (Cream) com Vernon Reid (Living Colour). O trabalho é, basicamente, uma homenagem ao baterista Tony Williams (tido como uma lenda do jazz e companheiro de Bruce no projeto Lifetime). Mesmo sendo um projeto majoritariamente não-autoral, as canções são propícias para a demonstração do talento desses grandes músicos, que contam ainda com o auxílio da baterista Cindy Blackman (Santana) e do tecladista John Medeski. Destaque para a alucinante “Wild Life”, remanescente do encontro de Bruce com Williams. Bela fusão do rock com o jazz.
Clipe do Ano
Slash segue fazendo boa música, ao contrário de sua banda original. Se ele fosse mais criterioso na escolha de seus vocalistas, talvez conseguisse fazer trabalhos ainda melhores. Os frontmen de suas bandas ou são loucos demais ou talentosos de menos.
Após dois bons discos de estúdios Vicious Cycle (2003) e God & Guns (2009) e a ótima apresentação no SWU, esperava-se muito mais do novo álbum, que tem mais elementos de AOR do que do tradicional southern rock. Poderia ter citado o novo do Aerosmith, mas ninguém espera mais nada da banda mesmo.
Ainda soando como zepelim de chumbo. Faz-nos imaginar o quanto seria maravilhoso vê-los juntos mais vezes.
Todo o talento explícito de Bonamassa aliado a grandes participações de Beth Hart, John Hiatt e, especialmente Paul Rodgers, com quem reeditou com maestria clássicos do Free. Já sabemos quem seria capaz de substituir Kossoff numa eventual reunião da banda.
Quem melhor para contar a história dos 50 anos de Rolling Stones do que os próprios Stones?
Esse show redefiniu o que eu entendo por concerto de rock, e poderia considerá-lo hors concours, pois certamente foi o maior espetáculo que já tive oportunidade de presenciar. Por isso cito algumas menções honrosas: Joe Bonamassa (Vivo Rio – Rio de Janeiro), G3: Steve Morse, John Petrucci & Joe Satriani (Citibank Hall – Rio de Janeiro) e Slash feat. Myles Kennedy and the Conspirators (Fundição Progresso – Rio de Janeiro).
Martin Scorsese (re)inventando o cinema 3D.
Rival Sons – Head Down
Em 2011, o quarteto californiano já havia figurado entre os meus favoritos do ano com o seu ótimo Pressure and Time. Mas em 2012 eles se superaram com Head Down, com um absurdo amadurecimento, mesclando a influência zeppeliana direta do disco anterior com pitadas blues rock, progressivo, entre outros. Enfim, a obra-prima da banda.
Van Halen – A Different Kind of Truth
ZZ Top – La Futura
O ZZ Top não é uma banda que costuma se arriscar muito. Segue à risca suas receitas desde os primeiros discos. La Futura não seria muito diferente do que eles vêm fazendo desde o início da carreira, se não fosse o capricho nas distorções das guitarras e a primorosa produção de Rick Rubin. O toque de Rubin fez com que a banda não fugisse de suas características, mas soasse muito mais moderna. Arrisco-me a dizer que é um dos grandes discos da carreira do trio.
Rush – Clockwork Angels
Não há como não esperar algo menos do que um trabalho competente do trio canadense. O Rush não costuma errar muito, e foi assim com Clockwork Angels. O hiato de cinco anos após o excepcional Snake & Arrows fez com que a expectativa para o novo disco fosse enorme. Acredito que ninguém se decepcionou. Apesar de ser menos direto e pesado que o seu antecessor, o álbum traz de volta músicas mais longas (não tanto como as dos anos 70) que dão a oportunidade de mostrar o quão competentes são os nerds de Toronto.
Howlin’ Rain – The Russian Wilds
O novo trabalho do grupo de San Francisco traz claras influências de bandas californianas do final dos anos 60, como o Love. Mas reduzi-los a uma nova onda do rock psicodélico seria um pecado. A banda transita muito bem entre o hard rock, o blues, o funk e até música latina (como se percebe em faixas como “Phantom in the Valley”). O mais interessante é que a banda consegue fazer essa mescla em cada uma das faixas do álbum. “Self Made Man” é um exemplo claro disso, começa com riffs a la Black Sabbath, tem um refrão funkeado e um epílogo ultra psicodélico. Imperdível!
Graveyard – Lights Out
Os suecos do Graveyard são daqueles tipos que te surpreendem a cada audição. Eles também fizeram parte da minha lista em 2011 com Hisingen Blues, e voltam agora com o ainda melhor Lights Out. O disco já valeria se contasse apenas com a arrastada “Slow Motion Countdown”, a pegada “Endless Night” e a divertida “Goliath”. Mas o álbum tem muito mais. Vale muito a audição.
Joe Bonamassa – Driving Towards the Daylight
Bonamassa segue na incansável saga de lançar bons trabalhos um após o outro. Driving Towards the Daylight é menos autoral dos seus últimos trabalhos solos, mas nem por isso é menos interessante. As versões para canções de Robert Johnson, Howlin’ Wolf e Willie Dixon são todas primorosas e apontam para um retorno as suas raízes mais bluseiras. Entre as faixas de sua composição, destaque para a linda balada-título do álbum e para “Dislocated Boy”. Tudo com o selo Joe Bonamassa de qualidade.
Kiss – Monster
Quando todos achavam que os cara-pintadas já haviam amarrado o burro na sombra e estavam mais preocupados com sua linha de brinquedos e produtos bizarros, eis que somos surpreendidos por um divertidíssimo álbum de rock and roll que só o Kiss seria capaz de nos proporcionar. Parece que Simmons, Stanley e companhia lembraram que são uma banda e que deveriam fazer música e, enfim, voltaram a fazer um trabalho digno de atenção. Monster é surpreendentemente bom e parece ter sido menos compromissado com a repetição de algum álbum clássico específico. Pode-se ouvir ali um pouco de tudo que a banda fez durante a carreira, e o melhor, com qualidade. O melhor trabalho da banda desde Creatures of the Night.
Black Country Communion – Afterglow
O encontro entre Hughes, Bonamassa, Bonham (o filho) e Sherinian parecia já ter encontrado a forma para agradar público e crítica: um hard rock furioso com evidentes influências dos trabalhos originais das árvores genealógicas de seus membros. Mas em Afterglow há uma clara ruptura com esse caminho. O disco é claramente mais calmo e sóbrio que os anteriores, com o a banda se arriscando por outros caminhos, com especial influência de um blues rock, a la Free ou Humble Pie. É sem dúvida o trabalho mais diversificado do grupo, o que pode ter decepcionado um pouco os fãs de um som mais pesado. No entanto, pelos riscos corridos e pela qualidade de canções como “Cry Freedom”. é justo que esteja entre os melhores do ano.
Spectrum Road – Spectrum Road
Não, esse não é um disco de fácil audição. Os ouvidos menos adaptados ao jazz ou ao fusion terão dificuldades para compreender a união de Jack Bruce (Cream) com Vernon Reid (Living Colour). O trabalho é, basicamente, uma homenagem ao baterista Tony Williams (tido como uma lenda do jazz e companheiro de Bruce no projeto Lifetime). Mesmo sendo um projeto majoritariamente não-autoral, as canções são propícias para a demonstração do talento desses grandes músicos, que contam ainda com o auxílio da baterista Cindy Blackman (Santana) e do tecladista John Medeski. Destaque para a alucinante “Wild Life”, remanescente do encontro de Bruce com Williams. Bela fusão do rock com o jazz.
Clipe do Ano
Graveyard - Endless Night
Quase Ficou Entre os 10
Slash – Apocalyptic Love
Slash segue fazendo boa música, ao contrário de sua banda original. Se ele fosse mais criterioso na escolha de seus vocalistas, talvez conseguisse fazer trabalhos ainda melhores. Os frontmen de suas bandas ou são loucos demais ou talentosos de menos.
Melhor Estreia
Spectrum Road – Spectrum Road
Retorno do Ano
Van Halen
Disco Decepção
Lynyrd Skynyrd - Last of a Dyin’ Breed
Após dois bons discos de estúdios Vicious Cycle (2003) e God & Guns (2009) e a ótima apresentação no SWU, esperava-se muito mais do novo álbum, que tem mais elementos de AOR do que do tradicional southern rock. Poderia ter citado o novo do Aerosmith, mas ninguém espera mais nada da banda mesmo.
Melhor Álbum Ao Vivo
Led Zeppelin – Celebration Day
Ainda soando como zepelim de chumbo. Faz-nos imaginar o quanto seria maravilhoso vê-los juntos mais vezes.
10 Melhores Músicas
ZZ Top - I Gotsta Get Paid
Joe Bonamassa & Jimmy Barnes – Lazy (cover do Deep Purple)
Rival Sons – Manifest Destiny, Pt. 2
Spectrum Road – Wild Life
Howlin Rain – Self Made Man
Graveyard – Endless Night
Van Halen – Outta Space
Black Country Communion – Cry Freedom
Richie Sambora – Burn That Candle Down
Rolling Stones – Doom and Gloom
DVD do Ano
Joe Bonamassa - Beacon Theatre: Live from New York
Todo o talento explícito de Bonamassa aliado a grandes participações de Beth Hart, John Hiatt e, especialmente Paul Rodgers, com quem reeditou com maestria clássicos do Free. Já sabemos quem seria capaz de substituir Kossoff numa eventual reunião da banda.
Melhor Documentário
Rolling Stones: Crossfire Hurricane
Quem melhor para contar a história dos 50 anos de Rolling Stones do que os próprios Stones?
Melhor Livro
Luz e Sombra: Conversas com Jimmy Page
Melhor Show
Roger Waters - “The Wall”, no Engenhão, Rio de Janeiro
Esse show redefiniu o que eu entendo por concerto de rock, e poderia considerá-lo hors concours, pois certamente foi o maior espetáculo que já tive oportunidade de presenciar. Por isso cito algumas menções honrosas: Joe Bonamassa (Vivo Rio – Rio de Janeiro), G3: Steve Morse, John Petrucci & Joe Satriani (Citibank Hall – Rio de Janeiro) e Slash feat. Myles Kennedy and the Conspirators (Fundição Progresso – Rio de Janeiro).
Melhor Capa
Slash – Apocalyptic Love
Mico do Ano
Chilique de Bill Ward e o retorno frustrado da formação original do Black Sabbath.
Filme do Ano
A Invenção de Hugo Cabret
Martin Scorsese (re)inventando o cinema 3D.
Melhor Rádio / Web Rádio
5 Melhores Sites / Blogs Sobre Música
Seja Bemvindo, Vitor kkk
ResponderExcluirSobre os vocalistas das bandas do Slash pós-Guns, via de regra penso um pouco diferente: os bons momentos do competente Myles Kennedy superam os ruins, e no caso de Slash´s Snakepit ele trouxe um bom e um ótimo(o fenomenal Rod Jackson).
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