Cult of Luna: crítica de Vertikal (2013)

Vertikal é o sexto disco da banda sueca Cult of Luna. O álbum acaba de sair através da gravadora Indie Recordings e é o sucessor de Eternal Kingdom, de 2008. Ou seja, é o primeiro trabalho do Cult of Luna em cinco anos e chega cercado de expectativa, principalmente pelo que os caras mostraram em seus LPs anteriores.

A sonoridade post-metal do Cult of Luna ganha um novo capítulo em Vertikal, que é um álbum conceitual baseado no clássico filme Metropolis, do diretor austríaco Fritz Lang, que chegou aos cinemas em 1927. Esse conceito não está apenas nas letras, mas também nas composições, que possuem estruturas lineares e repetitivas que remetem às máquinas da trama original.

Estilisticamente, as faixas são construídas sobre uma palheta de influências formada por gêneros aparentemente opostos, como o krautrock, synthpop, industrial e os primeiros movimentos do rock progressivo no final dos anos 1960, além do heavy metal. Isso faz com que as faixas intercalem trechos extremos com passagens melódicas e atmosféricas, criando contrastes muito interessantes. O uso de introduções calmas e climáticas é constante, forçando o ouvinte a parar o que está fazendo para apreciar as paisagens sonoras propostas pela banda.

Há um excelente trabalho de composição em Vertikal, e o resultado dessa ação metódica e eficiente é um disco belíssimo e às vezes desafiador, que apresenta um conceito fascinante para o ouvinte e não desvia de seu objetivo em nenhum segundo. Esta é a essência de uma expressão artística: dar vasão à criatividade e à pretensão do artista, e levar a ideia criada por ele até o público, proporcionando uma experiência única a quem embarcar no mesmo barco imaginativo dos criadores.

Vertikal não está aqui para ser um álbum simples, uma audição casual ou uma trilha de fundo enquanto você faz qualquer outra coisa. O Cult of Luna obriga você a parar o que está fazendo, tira a sua atenção de qualquer outra atividade para ouvir com atenção Vertikal, levando-o em uma jornada às vezes perturbadora, às vezes sombria, porém sempre fascinante.

Momentos excelentes ocorrem em profusão, como em “I: The Weapon”, a ótima “Vicarious Redemption” (com quase 19 minutos), “Syncronicity” e “Disharmonia”, músicas que exploram com eficiência e inteligência a proposta levada a cabo pela banda.

O Cult of Luna gravou um belíssimo disco, um álbum forte e que vai totalmente contra o consumo desvairado e compulsivo de tudo que envolve a música atualmente. Vertikal não é um arquivo de computador sem cara e sem identidade, é uma obra densa e complexa, rude e bela, que conquista por sua originalidade e ambição.

Pode me cobrar depois: presença certa nas listas de melhores de 2013 mundo afora daqui há 11 meses.

Nota 9



Faixas:
1 The One
2 I: The Weapon
3 Vicarious Redemption
4 The Sweep
5 Syncronicity
6 Disharmonia
7 Mute Departure
8 In Awe Of
9 Passing Through

Comentários

  1. Sempre foi assim: Albuns conceituais densos, estrutura complexa. Cult of Luna faz um Post Metal de respeito - assim como o finado ISIS. Crítica Relevante.

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