
“Não se trata de sobra de estúdio, mas de músicas que ficaram incompletas, acabaram esquecidas mas que, de alguma forma, foram importantes pra que viéssemos a entender o nosso próprio som”, é o que diz o guitarrista Marco Donida, principal compositor do quarteto e seu músico apenas nas versões em estúdio. Estão presentes em Thunder Dope músicas que nunca ganharam registro em disco e boas faixas (como “Terror em Dashville” e “De Volta à Tombstone”) que podiam ser ouvidas nas longínquas fitas-demo de 1998 e 1999, quando o Matanza começava a lapidar a sua inusitada mistura de metal, hardcore e country, ainda aprendendo a desenvolver as letras que abordam seus temas favoritos de “vida na estrada”, “bebedeira” e “velho oeste sangrento”.
Com a tradicional saudação já conhecida de canções como “Bebe, Arrota e Peida”, o álbum abre com “Goreddom Jamboree”, praticamente um filhote de “Santa Madre Cassino” e um dos muitos sons em inglês que a banda dispara ao longo das treze faixas. Mas, no fim das contas, nada muda. Seja em inglês ou em português, o grandalhão ruivo Jimmy London mantém aquele mesmo estilão próprio na interpretação vocal. Dá para dizer, no entanto, que as músicas com sotaque gringo (a exemplo de “Alabama Death Tenebris”) soam exatamente como se o filho de Johnny Cash tivesse crescido ouvindo Motörhead, ou algo assim. O baixo encorpado a la Lemmy, aliás, abre os trabalhos de “Estrada de Ferro Thunder Dope”, um dos momentos que mais têm chance de se tornar hinos, com um refrão potente o suficiente para ser cantado a plenos pulmões pelos fãs nas apresentações ao vivo.
No entanto, nem tudo, ao longo de Thunder Dope, é acelerado e porradeiro como a mal educada (e genial) “Dashville Chainsaw Massacre”. É o caso do dançante ode à cachaça “My Old Friend Liver”; do blues-rock “Mulher Diabo”, sobre uma mulher maldosa que pode tornar a vida de qualquer bebum ainda pior; e o country demente, quase demoníaco, de “Devil Horse”, que transforma as guitarras em banjos para contar a trajetória de um alazão infernal.
Thunder Dope é uma adição de responsa a uma coleção de qualidade, que se conecta perfeitamente ao que o quarteto produziu nos últimos anos e mostra que o futuro promete continuar sendo velho, sujo e fedorento. Do jeito que o diabo (ou a Mulher Diabo, no caso) gosta.
Nota 8,5
Faixas:
1. Goreddom Jamboree
2. Matanza em Idaho
3. Mulher Diabo
4. Estrada de Ferro Thunder Dope
5. Devil Horse
6. Dashville Chainsaw Massacre
7. My Old Friend Liver
8. Country Core Funeral
9. Die Hillbilly
10. Alabama Death Tenebris
11. Sunday Morning After
12. She Is Evil But She Is Mine
13. Pane nos Quatro Motores
Por Thiago Cardim
Considero não mais que um arremendo e tentativa de emular bandas como Motorhead e similares, sem nenhum grande toque diferencial, de criatividade. Curtia há uns anos, mesma coisa de Velhas Virgens e tal, mas considero o tipo de som que logo enjoa, não tão rapidamente e nem tão devagar.
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