Anthrax: crítica de Anthems (2013)


É muito difícil um disco de covers ser ruim. Eles são divertidos, mostram as influências da banda que se aventura em regravar canções de terceiros e, de maneira geral, deixam claro o tesão que os envolvidos estão sentindo ao tocar tais músicas.

Anthems, novo EP do Anthrax, não foge à regra. Com um repertório bem escolhido - “Anthem” do Rush, “T.N.T.” do AC/DC, “Smokin’” do Boston, “Keep On Runnin’” do Journey, “Big Eyes” do Cheap Trick e “Jailbreak” do Thin Lizzy, mais duas versões de “Crawl”, música presente em seu último disco, Worship Music (2011) -, proporciona uma audição descompromissada e agradável.

Produzido pela banda ao lado de Jay Ruston e Rob Caggiano, Anthems é também o último registro de Caggiano com o grupo (o guitarrista agora faz parte do Volbeat). A capa, simples e direta, foi criada pelo baterista Charlie Benante ao lado do artista Stephen Thompson.

A principal qualidade do EP é que o Anthrax foi competente nas releituras que se propôs a fazer. Os momentos mais altos estão em uma “Anthem” mais pesada e que beira o thrash, em “T.N.T.” e “Smokin’”, essa última com sensacional participação do tecladista Fred Mandel, que já tocou com nomes como Alice Cooper, Elton John, Queen e Supertramp. “Keep On Runnin’” e “Big Eyes” não comprometem e soam corretas, enquanto “Jailbreak” não empolga e fica abaixo do esperado. Parece que a banda tocou o clássico do Thin Lizzy com o freio de mão puxado.

Instrumentalmente muito bom, Anthems possui um problema evidente e claro, e ele se chama Joey Belladonna. Se em Worship Music o vocalista foi um dos grandes destaques, aqui acontece justamente o contrário. A sua voz soa irritante e forçada em diversos momentos, notadamente em “Anthem”. Com uma performance abaixo do esperado, Belladonna quase enterra o projeto, e só não faz isso pela excelente participação dos outros músicos - compare a sua voz em “Crawl” e nas demais faixas e entenderá claramente o que estou falando.

Em relação a “Crawl”, juro que não entendi a sua inclusão. Se era para colocar uma canção de Worship Music, que fossem as ótimas “In the End” e “Judas Priest”, que homenageiam respectivamente Ronnie James Dio e a lendária banda britânica e estão muito mais afinadas tematicamente com a proposta do EP.

Legal, e só isso.

Nota 7

 
Faixas:
1 Anthem
2 T.N.T.
3 Smokin’
4 Keep On Runnin’
5 Big Eyes
6 Jailbreak
7 Crawl
8 Crawl (remix)

Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. Achei EXTREMAMENTE clichê.
    Metaleiros velhos gravando coisas 70 e 80.
    Moral comigo é tipo Sepultura com cover de Prodigy e Deftones com cover de Sade, Cocteau Twins, Cars, Cardigans, Duran Duran e o escambau.

    Desculpe, mas no meu filtro, pra fazer cover tem que ter CORAGEM. E isso faltou nessa galera, apesar de a cover do Rush ter ficado coisa de louco. Não tiro mérito do trabalho ser ESCUTÁVEL e AUDÍVEL como música. Mas o que contesto é ser ARTÍSTICO. Pra mim, é clichê e genérico: mais do mesmo.

    Pra fazer cover, tem que ter CORAGEM e EXPERIMENTALISMO, tipo isso aqui:

    Bjork - Travessia (Milton Nascimento cover)

    Everything But The Girl - Corcovado (Tom Jobim cover)

    Beck - Michelangelo Antonioni (Caetano Veloso Cover)

    George Harrison - Anna Julia (Los Hermanos cover)

    Metallica - I'm Only Happy When It Rains (Garbage Cover)

    Sepultura - Firestarter (Prodigy cover)

    David Bowie - Debaser (Pixies Cover)

    David Bowie - Cactus (Pixies cover)

    Johnny Cash - Rusty Cage (Soundgarden cover)

    Johnny Cash - Hurt (NIN cover)

    Faith no More - PokerFace (Lady Gaga cover)

    Deftones- No Ordinary Love (Sade Cover)

    Deftones - Wax and Wane (Cocteau Twins Cover)

    Procure no youtube, mais tarde.

    Depois dos 30 anos, geralmente, não se compactua mais com GESSOS do metal e coisas clichês que rondam só os 70 e 80.

    Chega!

    Gostei da resenha: "Legal, e só isso."
    Não é artístico. Só é técnico ("Instrumentalmente muito bom").

    Pra mim, depois dos 30, me comporto como esse artigo aqui de vocês: "A Estagnação criativa do Thrash Metal". Pra mim, hoje, os metaleiros são os roqueiros MENOS artísticos hoje em dia. Uma pena isso porque é o meu nascedouro, mas não posso deixar de admitir isso. Uma pena.

    Valeu pela resenha não deixar esse disco que, é a agradável e audível, passar em branco. Não deixa de ser uma opção de entretenimento em 2013, né?

    Abraços

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