
Na
última sexta-feira os gregos do Rotting Christ desembarcaram no Rio
de Janeiro para a sexta das sete apresentações em território
nacional previstas na turnê sulamericana. Pela primeira vez na
Cidade Maravilhosa, os irmãos Sakis (vocal, guitarra) e Themis Tolis
(bateria), ao lado de George Emmanuel (guitarra) e Vaggelis Karzis
(baixo) deixaram todos os quase 300 presentes no Teatro Odisseia com
o pescoço doendo de tanto headbanging!
A
apresentação teve início às 19h10, 40 minutos após a hora
marcada. O pequeno palco da casa, que dias antes havia recebido os
suecos do Crashdïet, ficou ainda menor graças à ornamentação que
consistia de duas faixas na vertical com os gárgulas/demônios/o
raio que forem que ilustram a capa do mais recente lançamento do
grupo, Kata Ton Daimona Eaytoy, que traduzido
para o português, nada mais é do que "faça o que tu queres"
– o mesmo de Raul Seixas, retirado da máxima de Alesteir Crowley,
o satanista-mór do século XX.
Themis
foi o primeiro a dar as caras e tomar o posto na bateria purpurinada
oferecida pela produção do show. Ainda durante a introdução,
George, Vaggelis e, finalmente, Sakis, subiram ao palco para a
contagem regressiva para a total insanidade. A clássica "The
Forest of N' Gai" abriu o show. Durante sua execução, a
guitarra de George desafinou um bocado, mas o músico conseguiu
resolver o problema sem perder o embalo da canção. "Athanati
Este" veio na sequência relembrando o pouco festejado Sanctus
Diavolos, mas teve boa resposta do público.
O
primeiro sing-along da noite ocorreu em "Nemecic", quando o
Odisseia inteiro foi tomado pelo "ooo ooo ooo" entoado a
uma só voz pela multidão de camisas pretas. "King of a Stellar
War" manteve todo mundo cantando junto e, a essa altura, o calor
era tanto que as camisas começaram a ser tiradas. Uma rodinha pra lá
de violenta tomou forma ainda nos primeiros acordes de "The Sign
of Evil Existence", diretamente dos primórdios da banda que
completa 25 anos de estrada em 2013.
Mais
cadenciada, apesar de transpirar peso, "Transform All Suffering
into Plagues" serviu para dar aquela descansada e se preparar
para os rounds seguintes, pois a partir daquele momento, o lado mais
brutal do Rotting Christ se faria presente através de algumas das
melhores músicas já registradas pelo grupo. A primeira delas foi
"Societas Satanas", originalmente gravada pelo Thou Art
Lord... e tome porradaria, como vocês podem ver no vídeo abaixo:
Kata
Ton Daimona Eaytoy foi representado por sua melhor canção, a
impressionante "In Yumen-Xibalba", que soou ainda mais
pesada ao vivo. Aliás, a ausência de teclados torna o Rotting
Christ muito mais pesado ao vivo, para a alegria dos
fundamentalistas, que acham que teclado em black/death não é
"true". A faixa-título do lendário Non Serviam foi
acompanhada com fúria: bastou Sakis pedir "make some fucking
noise!". Acredito que os cariocas não tenham decepcionado neste
quesito.
A
reta final trouxe dois sons de Theogonia (2007), que é o meu disco
favorito do Christ. "The Sign of Prime Creation" e "Phobos'
Synagogue" podem não ter sido escolhas certeiras, mas de fato,
mantiveram o nível da apresentação lá no alto. "Noctis Era"
fechou o setlist com o relógio batendo exatamente uma hora de show.
Bastou
a banda sair do palco para o coro "Rot-ting Christ" começar
e só terminar com a volta dos caras a seus postos. O bis, bem como
boa parte do setlist, já era do conhecimento de geral, então, não
foi surpreendente ver as clássicas "Archon" e "Fgment,
Thy Gift" serem cantadas a plenos pulmões com o que ainda
restava das vozes dos extasiados headbangers. Às 20h15, o Rotting
Christ deixou o palco de vez, com a sensação de dever cumprido por
ter oferecido uma noite tão marcante ao tão carente público do
extremo do Rio de Janeiro.
Depois
do show, Sakis e companhia ainda foram confraternizar com os fãs no
bar mais rock n roll da cidade... e, reza a lenda, deram uma
conferida nas moças de utilidade pública que fazem ponto na rua de
trás...





Por Marcelo Vieira
Fotos por Daniel Croce
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