Killswitch Engage: crítica de Disarm the Descent (2013)

Disarm the Descent, novo disco do Killswitch Engage, é o primeiro trabalho da influente banda norte-americana em quatro anos, desde o auto-intitulado álbum lançado em 2009. O sexto CD do grupo marca o retorno do vocalista original, Jesse Leach, que havia deixado o conjunto em 2002. Completam o time os guitarristas Adam Dutkiewicz e Joel Stroetzel, o baixista Mike D’Antonio e o baterista Justin Foley.

Produzido pelo próprio Dutkiewicz - há tempos já estabelecido também nessa função, com trabalhos de destaque para bandas como All That Remains, Shadows Fall e As I Lay Dying -, Disarm the Descent é um dos discos mais consistentes da carreira do quinteto. Considerado um dos pais do metalcore, o Killswitch Engage mais uma vez mostra como o estilo deve soar, mostra como se faz. Unindo com precisão agressividade e melodia, a banda mostra-se inspirada e com gás renovado.

As vozes são o destaque principal do álbum, e não só a de Leach. O cantor, como esperado, tem uma grande performance, mas esse protagonismo é dividido pelos coros muito bem construídos, que levam, invariavelmente, a refrãos grudentos e agradáveis. Esse aspecto simpático, amigável, da música do Killswitch Engage, vem com tudo em Disarm the Descent, e faz a audição ser um ato de alegria, de diversão, de satisfação.

Mesmo que, de uma maneira geral, seja possível considerar o metalcore um estilo um tanto estagnado nos últimos anos, grande parte dessa sensação se dissipa ao ouvir este disco. Como a história nos ensinou e é de costume, cabe aos pioneiros, aos inovadores, aos originais, abrir caminhos e mostrar novas alternativas, e a banda abusa dessa prerrogativa em Disarm the Descent. Nada aqui soa datado, cansativo ou arrastado, muito pelo contrário. A energia é quase bruta, adornada por guitarras que despejam melodias inspiradas e que, em diversos momentos, nos trazem à mente nomes aparentemente distantes e antagônicos ao som do Killswitch Engage, como é o caso do Iron Maiden, por exemplo.

A estrutura instrumental das composições traz riffs que ora apresentam influências de thrash metal, ora da NWOBHM e, em alguns momentos mais extremos, até mesmo do death. O uso de blast beats é frequente, e, ao lado do vocal gutural de Jesse Leach, reforça a agressividade proposta pelo Killswitch Engage.

Ouça com atenção músicas como a paulada “The Hell in Me” (que abre o trabalho), “Beyond the Flames”, “New Awakening” e “In Due Time. Nelas está o DNA de uma das bandas mais influentes surgidas na última década. Essa capacidade, esse domínio que o grupo ostenta em relação ao gênero que executa, faz o Killswitch Engage explorar o metalcore como um todo, em todas as suas cores, em todas as possibilidades, fugindo da escolha fácil e comum a nomes menos talentosos que, ao se aventurar pelo estilo, soam repetitivos ao se limitar à óbvia estrutura “versos agressivos + refrão melodioso e com vocal limpo”.

Disarm the Descent representa um retorno necessário. Ele soa como a intervenção de um pai ao ver seus filhos perdidos no mundo e sem saber quais caminhos seguir, chamando-os para uma conversa e dizendo, do alto de sua calma e experiência: “Olhem, é por aqui”.

Que todos ouçam esse conselho, pois ele é excelente!

Nota 8,5





Faixas:
1 The Hell in Me
2 Beyond the Flames
3 New Awakening
4 In Due Time
5 A Tribute to Fallen
6 The Turning Point
7 All That We Have
8 You Don’t Bleed for Me
9 The Call
10 No End in Sight
11 Always
12 Time Will Not Remain

Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. Cara, gostei da review mas acho que faltou comentar um pouco da mudança que é a volta do Jesse em termos de letra. Além de trazer a emoção característica, ele sempre coloca letras de reflexão como the hell in me, que para mim é uma letra muito forte que cita o fato de termos o controle do bem e do mal em nossas mãos mas muitas vezes precisamos de algo ou alguém para domar nosso inferno interior. No mais, é isso mesmo que disse, conseguiram trazer algo novo para o estilo, sem dúvidas esse vai ficar um bom tempo na playlist.

    Abraços!

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  2. Realmente esse album apresenta uma qualidade impar. As letras sao fantasticas como o amigo disse acima.

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