Vou ser bem sincero com vocês: este é um disco complicado de avaliar. Escrever sobre Skull, quarto CD da banda inglesa Evile, não é tarefa das mais fáceis. O motivo são as sensações conflitantes que o álbum provoca.
Se por um lado trata-se de um trabalho absolutamente empolgante, na
mesma medida revela-se um disco que joga baldes de água fria sobre o
ouvinte em diversos momentos. A razão: a extrema semelhança que o Evile
apresenta com os três primeiros discos de uma certa banda
norte-americana chamada Metallica. Do timbre vocal de Matt Drake,
passando pela estrutura das faixas e até mesmo a produção, a sensação é
que estamos ouvindo, novamente, o sucessor de Master of Puppets (1986) - novamente porque já era possível ter essa sensação com o último trabalho do grupo, Five Serpent’s Teeth (2011).
Essa dualidade de sentimentos faz com que Skull seja um disco controverso. Quem procura algo original ou com personalidade própria deve passar longe. Já quem não se importa com isso, venha bem pra pertinho. Aqui, vale um parênteses: não defendo a ideia de que uma banda deva reinventar a roda, fazer o que nunca foi feito antes. Afinal, já temos mais de cinco décadas de rock nas costas, e é realmente difícil ser original, criar algo novo. Entretanto, é necessário caminhar com as próprias pernas e não apenas seguir o caminho aberto por outros grupos.
Produzido por Russ Russell (Dimmu Borgir, Napalm Death, Amorphis), Skull foi gravado em fevereiro no Parlour Studios, localizado na cidade inglesa de Kettering, e traz nove faixas. Completam a banda, além de Matt Drake no vocal e guitarra, o guitarrista Ol Drake, o baixista Joel Graham e o baterista Ben Carter.
Volto lá para o primeiro parágrafo. Skull é difícil de ser avaliado porque está longe de ser um disco ruim, muito pelo contrário. As músicas que compõe o disco são thrash metal puro e eficiente, capazes de entortar pescoços e causar torcicolos persistentes. É um bom trabalho, isso é inegável, mas é também inegável que não há nada de original aqui. Ainda que a banda possua talento - todos são instrumentistas excelentes -, seria muito bem-vindo um distanciamento maior da sonoridade que consagrou o Metallica. É claro que, pelo passado afetivo que grande parte dos fãs de metal possui com os primeiros anos do grupo de James Hetfield e Lars Ulrich, e pelo abandono por parte do quarteto norte-americano dessa sonoridade a partir da morte de Cliff Burton, é reconfortante ouvir alguém retomar o caminho abortado pelo Metallica em 1986 - e, acima de tudo, fazer isso com competência. Mas é incômodo, por exemplo, ouvir uma música como “Head of the Demon” e identificar sem grande esforço um trecho idêntico a “For Whom the Bell Tolls”. Essa sensação se repete várias vezes durante a audição, o que, evidentemente, não conta pontos para o Evile.
Me parece que a avaliação de um disco como Skull passa por uma escolha que o ouvinte deve fazer não só ao escutar esse álbum, mas na forma como consome música de maneira geral. Quem procura algo com personalidade própria, uma sonoridade construída de forma singular, não ouvirá isso não só em Skull, mas em toda a discografia do Evile. Entretanto, quem não coloca esse quesito como essencial e quer apenas ouvir um bom disco - e repito mais uma vez, Skull é um bom disco -, certamente irá gostar bastante. Há ótimos riffs, as músicas são bem feitas, mudanças de andamento são constantes, a performance é contagiante, transformando a audição em um ato de bater cabeça de forma incessante.
Eu estou confuso, muito confuso. Esse disco mexeu com a minha cabeça. Há vezes que o coloco para rodar e fico empolgadíssimo com faixas como “Underworld”, “Skull” e “Words of the Dead”. Em outros momentos, me incomoda demais a semelhança e a falta de originalidade citadas durante todo esse review. Poderia dar uma nota alta ou baixa para Skull devido aos sentimentos opostos que ele me fez sentir, e foi muito difícil me decidir sobre qual seria a decisão correta.
No final das contas, a paixão pelo metal, o histórico de anos de fã do gênero, acabam pesando mais alto que o lado crítico. Skull me empolgou tremendamente em diversos momentos, independente de soar original ou não. Por essa razão, recomendo e dou a nota que dou. Mas que no próximo álbum o Evile poderia se afastar um pouquinho do universo do Metallica, ah isso podia ...
Nota 8
Faixas:
1 Underworld
2 Skull
3 The Naked Sun
4 Head of the Demon
5 Tomb
6 Words of the Dead
7 Outsider
8 What You Become
9 New Truths, Old Lies
Por Ricardo Seelig
Essa dualidade de sentimentos faz com que Skull seja um disco controverso. Quem procura algo original ou com personalidade própria deve passar longe. Já quem não se importa com isso, venha bem pra pertinho. Aqui, vale um parênteses: não defendo a ideia de que uma banda deva reinventar a roda, fazer o que nunca foi feito antes. Afinal, já temos mais de cinco décadas de rock nas costas, e é realmente difícil ser original, criar algo novo. Entretanto, é necessário caminhar com as próprias pernas e não apenas seguir o caminho aberto por outros grupos.
Produzido por Russ Russell (Dimmu Borgir, Napalm Death, Amorphis), Skull foi gravado em fevereiro no Parlour Studios, localizado na cidade inglesa de Kettering, e traz nove faixas. Completam a banda, além de Matt Drake no vocal e guitarra, o guitarrista Ol Drake, o baixista Joel Graham e o baterista Ben Carter.
Volto lá para o primeiro parágrafo. Skull é difícil de ser avaliado porque está longe de ser um disco ruim, muito pelo contrário. As músicas que compõe o disco são thrash metal puro e eficiente, capazes de entortar pescoços e causar torcicolos persistentes. É um bom trabalho, isso é inegável, mas é também inegável que não há nada de original aqui. Ainda que a banda possua talento - todos são instrumentistas excelentes -, seria muito bem-vindo um distanciamento maior da sonoridade que consagrou o Metallica. É claro que, pelo passado afetivo que grande parte dos fãs de metal possui com os primeiros anos do grupo de James Hetfield e Lars Ulrich, e pelo abandono por parte do quarteto norte-americano dessa sonoridade a partir da morte de Cliff Burton, é reconfortante ouvir alguém retomar o caminho abortado pelo Metallica em 1986 - e, acima de tudo, fazer isso com competência. Mas é incômodo, por exemplo, ouvir uma música como “Head of the Demon” e identificar sem grande esforço um trecho idêntico a “For Whom the Bell Tolls”. Essa sensação se repete várias vezes durante a audição, o que, evidentemente, não conta pontos para o Evile.
Me parece que a avaliação de um disco como Skull passa por uma escolha que o ouvinte deve fazer não só ao escutar esse álbum, mas na forma como consome música de maneira geral. Quem procura algo com personalidade própria, uma sonoridade construída de forma singular, não ouvirá isso não só em Skull, mas em toda a discografia do Evile. Entretanto, quem não coloca esse quesito como essencial e quer apenas ouvir um bom disco - e repito mais uma vez, Skull é um bom disco -, certamente irá gostar bastante. Há ótimos riffs, as músicas são bem feitas, mudanças de andamento são constantes, a performance é contagiante, transformando a audição em um ato de bater cabeça de forma incessante.
Eu estou confuso, muito confuso. Esse disco mexeu com a minha cabeça. Há vezes que o coloco para rodar e fico empolgadíssimo com faixas como “Underworld”, “Skull” e “Words of the Dead”. Em outros momentos, me incomoda demais a semelhança e a falta de originalidade citadas durante todo esse review. Poderia dar uma nota alta ou baixa para Skull devido aos sentimentos opostos que ele me fez sentir, e foi muito difícil me decidir sobre qual seria a decisão correta.
No final das contas, a paixão pelo metal, o histórico de anos de fã do gênero, acabam pesando mais alto que o lado crítico. Skull me empolgou tremendamente em diversos momentos, independente de soar original ou não. Por essa razão, recomendo e dou a nota que dou. Mas que no próximo álbum o Evile poderia se afastar um pouquinho do universo do Metallica, ah isso podia ...
Nota 8
Faixas:
1 Underworld
2 Skull
3 The Naked Sun
4 Head of the Demon
5 Tomb
6 Words of the Dead
7 Outsider
8 What You Become
9 New Truths, Old Lies
Por Ricardo Seelig
cara muito adorei o disco
ResponderExcluirAchei o disco muito foda! Sobre a originalidade, eu achei que o disco se parece muito mais com Slayer, principalmente o timbre do vocalista, que lembra muito o do Tom Araya! A nota 8 classifica muito bem o álbum, que peca somente nesse quesito de seguir uma "fórmula pronta". De resto, é só aumentar e bater cabeça!
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