A simpatia
ao som empoeirado, que faz a ponte sem escalas entre a década de 1970 e
os dias atuais, é inerente à maioria dos fãs de hard rock. E,
convenhamos, não poderia ser diferente, afinal o auge do gênero se deu
naquela época. Ao resgatar essa estética sonora, as bandas que se
aventuram por esse caminho apelam também para a memória afetiva, para o
subconsciente do ouvinte, pinçando com destreza os principais elementos
que fizeram história há quatro décadas atrás e os reembalando em novos
sons.
Porém, o saudosismo puro e simples não tem força para se sustentar sozinho. Uma banda que apenas recicla ideias de terceiros não tem como ficar em pé. E é justamente esse aspecto que separa o joio do trigo quando analisamos o gênero. Se de um lado temos bandas diferenciadas como Graveyard e Rival Sons, que estão construindo carreiras próprias partindo de sonoridades clássicas para encontrar o seu próprio caminho, no outro extremo assistimos a um enxame de grupos que não trazem nada de novo e ficam apenas dando voltas ao redor do rabo - dos outros, e não dos seus.
O trio alemão Kadavar é um caso interessante. Formado em 2010 em Berlim, o grupo chamou a atenção com o seu disco de estreia, batizado apenas com o nome da banda e lançado em 2012. Nele, havia um hard rock turbinado com bem sacadas influências de krautrock, tudo embalado em uma sonoridade crua que beirava o tosco. Cortante e direto, o disco cativou fãs mundo afora e chamou a atenção de muita gente. O resultado é que o Kadavar retorna em 2013 com o seu segundo álbum, agora lançado pela gigante Nuclear Blast, o que deve garantir ainda mais evidência para o grupo.
De cara, chama a atenção o som mais claro e cristalino, jogando para baixo do tapete a sujeira predominante do primeiro disco. Além disso, houve um acréscimo de velocidade em relação à estreia. Em 2012, as músicas do Kadavar eram arrastadas, sem pressa. Agora, vêm com andamentos mais rápidos em sua maioria. De modo geral, tem-se a impressão de estar ouvindo um Black Sabbath entupido de energéticos - e isso não é necessariamente um elogio. A sensação geral é que as coisas soam meio atropeladas, urgentes demais, sem dar tempo para que o que parece que vai acontecer, efetivamente, aconteça. Essa escolha faz com que as sutilezas, os detalhes, o algo mais, se perca pelo caminho.
De modo geral, o tracklist é fraco e inconsistente. A abertura, com “Come Back Life”, tem o seu melhor momento em um trecho que lembra “Take Me Out”, do Franz Ferdinand. “Abra Kadabra” é uma jam sem sentido e totalmente dispensável. Falta inspiração, tesão, faísca, combustão. No entanto, uma banda não perde totalmente o seu poder de um ano para o outro, e o Kadavar consegue acertar a mão em alguns momentos de Abra Kadavar. O principal deles é “Doomsday Machine”, uma senhora faixa que deixa claro o que esse segundo disco do trio poderia ter sido, mas não foi. “Dust” também agrada bastante com suas melodias, assim como a pra lá de lisérgica “Rhythm for Endless Mind”.
No entanto, de modo geral Abra Kadavar é um álbum decepcionante. Esperava algo bem mais convincente do Kadavar após o bom primeiro disco, e isso não aconteceu aqui, o que é uma pena. As composições são repetitivas, muitas vezes sem brilho, o que puxa o disco para baixo. Vamos aguardar o terceiro álbum desses alemães para enfim saber se eles fazem parte do trigo (como se imaginava) ou se não passam de mero joio.
Nota 6
Faixas:
1 Come Back Life
2 Doomsday Machine
3 Eye of the Storm
4 Black Snake
5 Dust
6 Fire
7 Liquid Dream
8 Rhythm for Endless Minds
9 Abra Kadavar
10 The Man I Shot
Por Ricardo Seelig
Porém, o saudosismo puro e simples não tem força para se sustentar sozinho. Uma banda que apenas recicla ideias de terceiros não tem como ficar em pé. E é justamente esse aspecto que separa o joio do trigo quando analisamos o gênero. Se de um lado temos bandas diferenciadas como Graveyard e Rival Sons, que estão construindo carreiras próprias partindo de sonoridades clássicas para encontrar o seu próprio caminho, no outro extremo assistimos a um enxame de grupos que não trazem nada de novo e ficam apenas dando voltas ao redor do rabo - dos outros, e não dos seus.
O trio alemão Kadavar é um caso interessante. Formado em 2010 em Berlim, o grupo chamou a atenção com o seu disco de estreia, batizado apenas com o nome da banda e lançado em 2012. Nele, havia um hard rock turbinado com bem sacadas influências de krautrock, tudo embalado em uma sonoridade crua que beirava o tosco. Cortante e direto, o disco cativou fãs mundo afora e chamou a atenção de muita gente. O resultado é que o Kadavar retorna em 2013 com o seu segundo álbum, agora lançado pela gigante Nuclear Blast, o que deve garantir ainda mais evidência para o grupo.
De cara, chama a atenção o som mais claro e cristalino, jogando para baixo do tapete a sujeira predominante do primeiro disco. Além disso, houve um acréscimo de velocidade em relação à estreia. Em 2012, as músicas do Kadavar eram arrastadas, sem pressa. Agora, vêm com andamentos mais rápidos em sua maioria. De modo geral, tem-se a impressão de estar ouvindo um Black Sabbath entupido de energéticos - e isso não é necessariamente um elogio. A sensação geral é que as coisas soam meio atropeladas, urgentes demais, sem dar tempo para que o que parece que vai acontecer, efetivamente, aconteça. Essa escolha faz com que as sutilezas, os detalhes, o algo mais, se perca pelo caminho.
De modo geral, o tracklist é fraco e inconsistente. A abertura, com “Come Back Life”, tem o seu melhor momento em um trecho que lembra “Take Me Out”, do Franz Ferdinand. “Abra Kadabra” é uma jam sem sentido e totalmente dispensável. Falta inspiração, tesão, faísca, combustão. No entanto, uma banda não perde totalmente o seu poder de um ano para o outro, e o Kadavar consegue acertar a mão em alguns momentos de Abra Kadavar. O principal deles é “Doomsday Machine”, uma senhora faixa que deixa claro o que esse segundo disco do trio poderia ter sido, mas não foi. “Dust” também agrada bastante com suas melodias, assim como a pra lá de lisérgica “Rhythm for Endless Mind”.
No entanto, de modo geral Abra Kadavar é um álbum decepcionante. Esperava algo bem mais convincente do Kadavar após o bom primeiro disco, e isso não aconteceu aqui, o que é uma pena. As composições são repetitivas, muitas vezes sem brilho, o que puxa o disco para baixo. Vamos aguardar o terceiro álbum desses alemães para enfim saber se eles fazem parte do trigo (como se imaginava) ou se não passam de mero joio.
Nota 6
Faixas:
1 Come Back Life
2 Doomsday Machine
3 Eye of the Storm
4 Black Snake
5 Dust
6 Fire
7 Liquid Dream
8 Rhythm for Endless Minds
9 Abra Kadavar
10 The Man I Shot
Por Ricardo Seelig
O Rival Sons consegue resgatar bem a sonoridade setentista com méritos e coloca sua personalidade no som, banda fantástica!
ResponderExcluirEntretanto existe muitas bandas que estão surfando nessa onda mas apenas no embalo, sem criatividade alguma. Não é isso que eu espero das bandas dos 10's para frente.
Para mim sons como o The Mercy House representam mais o futuro do que tentar voltar aos anos 70!
Mas o disco não era ótimo?
ResponderExcluirhttp://www.collectorsroom.com.br/2013/04/na-integra-abra-kadavar-o-segundo-e.html
Ou escutando mais atentamente o negócio não era tão bom assim?
Bom, ainda não escutei, mas como não sou tão adepto da evolução para este tipo de banda, acho que vou aprovar o resultado.
Como bom leitor assiduo da collectors, tomei coragem para escrever pela primeira vez . Estava esperando ansioso pelo review do Seelig neste disco, achando que ele ia dar uma nota 9 para cima. Particularmente eu tenho ouvido bastante , gostei muito desse album , especialmente do baixo . Eh um dos meus favoritos nesse ano de 2013. E achei que o Seelig ia dar uma nota bem mais alta para ele, pois para mim ele esta quase perfeito . Mas semopre eh bom poder ler uma review bem escrita , lendo aprendo a ouvir melhor :)
ResponderExcluirEngracado como o novo do Kadavar e do Witchcraft, eu gostei mais dos ultimos , e jah no caso do Ghost e do Graveyard nao. Sao discos que escutei algumas vezes mas nao me deram aquele estalo, aquela faisca pra jah comecar a ouvir denovo.
Eu tive a mesma impressão, Ricardo. Achei inclusive que, em alguns momentos, eles querem soar como o Grand Funk Railroad. É um bom disco, mas fica enjoativo ao longo da audição.
ResponderExcluirMesmo assim, é uma boa pedida.
Eu gostei, mas achei inferior ao EP de estréia da banda. Acho que curti mais o disco do que o autor da crítica do CD.
ResponderExcluirGostei do disco, mediano (7) e no geral é agradável de se ouvir.
ResponderExcluirRicardo,pretende fazer a crítica do "Mind Control" do Uncle Acid & the Deadbeats?
Eu ainda nem cheguei à última música do disco, porque as faixas (quase todas) são sem brilho e muito parecidas.
ResponderExcluirAntes de baixar o álbum, a primeira música que havia escutado era "Doomsday Machine". Essa música é maravilhosa e por ela eu fui enganado, achando que ouviria um dos melhores discos do ano.
Só não contava que a opinião do editor fosse ser parecida com a minha, por conta da postagem que o Diego Camargo lembrou! rs
Também fui enganado pelo single, Patrick
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