Com a chegada da vida adulta e da correria que sempre toma conta de nossas semanas, o sábado se transformou em um dia especial. É nele que saímos na busca por novos títulos, novos itens, novas peças, para os nossos acervos. Colecionar discos é divertido, ouvir música faz bem. Sempre.
Estou em um processo de paixonite aguda pelos meus LPs. Pra falar a verdade, estou comprando apenas vinis nos últimos meses. Para vocês terem uma ideia, comprei apenas três CDs este ano: os últimos do Black Sabbath, Ghost e Daft Punk. O resto, só vinil.
Houve uma alteração bem clara, e com cara de definitiva, no meu modo de ouvir música. Hoje, esse hábito saudável é dividido em diversas plataformas diferentes. No trabalho, ouço música no computador. Crio meus anúncios, comerciais e peças publicitárias com o fone no ouvido, com a música servindo como principal inspiração.
Indo ou voltando da agência, as coisas mudam. Nesses trajetos, meu companheiro é o iPhone, onde me revezo entre alguns álbuns que coloco nele e o sensacional aplicativo TuneIn, que possibilita sintonizar rádios de todo o planeta. Quando uso o carro, é ali que os CDs entram em cena. Ouço CDs apenas dentro dele, me deslocando de um lugar ao outro. Como utilizo o carro somente nos finais de semana, são somente nestes dois dias que uso os meus disquinhos.
E em casa, sentado tranquilamente na sala de estar, é que os LPs se tornam protagonistas. A experiência de ouvir música em vinil é totalmente diferente de escutar som em qualquer outra das formas citadas acima. O som é mais profundo, mais macio, mais cheio. Tudo é mais vivo. A experiência é mais completa, exigindo uma parceria ativa do ouvinte. Você escolhe o disco, tira o LP de dentro, coloca na vitrola, relaxa na poltrona e viaja junto. Depois, vira o lado para seguir navegando.
Todo essa sensação não encontra paralelo similar, pelo menos não um que eu conheça. E, para torná-la ainda mais rica, a busca constante, a caçada infinita por novos títulos, jamais acaba. Em minhas últimas aventuras, tenho encontrado LPs muito interessantes pelo caminho. O segundo disco solo de Tina Turner, Acid Queen (1975), foi um deles. Uma pérola de rock e funk com releituras matadoras para clássicos dos Stones (“Under My Thumb” e “Let’s Spend the Night Together”), The Who (“I Can See for Miles” e “Acid Queen”) e Led Zeppelin (“Whole Lotta Love”), em um LP original da época.
Outros desembarques de peso na minha prateleira foram O Inimitável (1968) de Roberto Carlos, Equinox (1967) de Sergio Mendes, The Creek Drank the Cradle (2002) do Iron & Wine, Greatest Hits (1978) do Steely Dan, Made in Europe (1976) do Deep Purple, Theatre of Fate (1989) do Viper, a estreia do Garotos da Rua (1986) e o duplo A Arte de Gal Costa (1975), todos em edições originais da época e em perfeito estado. O cheiro, a textura, o som, são únicos.
Para deixar esses discos em ponto de bala, tenho um ritual. Os LPs que apresentam algumas marcas de sujeira passam por um processo. Lavo esses títulos com uma esponja (usando o lado amarelo, macio, não preciso nem dizer, certo?) e detergente de côco, fazendo surgir muita espuma. Não há problema em colocá-los embaixo da água (fria, é claro). O selo central pode ser molhado, ele não descola. Depois de lavá-los, deixo-os secando ao natural no escorredor de louças. E, depois de prontos, vão para o player para serem tocados e devidamente apreciados. Esse processo de limpeza de LPs é encontrado facilmente em diversos vídeos no YouTube, e fez uma diferença enorme no resultado final.
A caçada por novos discos segue firme e forte, sem data para acabar. É essa busca infinita que move e motiva um colecionador como eu. Bater de frente com um LP inesperado em uma loja de discos é uma das sensações mais legais que existe. Você não estava esperando encontrá-lo, mas mesmo assim ele muda totalmente o seu estado de espírito.
É isso que a música faz comigo. É isso que ela faz com a gente.
Por Ricardo Seelig
Foto: Dust & Grooves
Legal seu texto Ricardo. Ele expressa o que muitos fãs dos vinil realmente sentem ao escutar seus discos. A procura de novos títulos também é um vício para mim, ainda mais agora que comecei a expandir meu gosto musical (a collector's é o grande culpado disso kk). Semana passada comprei o Heroes do Bowie, estava difícil encontrar e acabei achando em uma loja especializada em punk e hard core. Também peguei o LP duplo do magnífico Anjo Gabriel e a versão japonesa do Taking Over do Overkill. É isso ae, a procura parece que sempre será eterna.
ResponderExcluirOi Luiz, obrigado pelo comentário. Tenho esse do Anjo Gabriel e é realmente muito bom.
ResponderExcluirOlá Ricardo,
ResponderExcluirEste é o sentimento! Este fim de semana estava falando para um amigo exatamente isto, o prazer de você comprar um disco e o quanto este universo é enorme,não há fim, se você garimpar sempre vai achar e conhecer coisas boas. Parabéns!
Obs.: Você não apresentará/entrevistará mais colecionadores?
Abraço
Sensacional é apelido pro TuneIn! =D
ResponderExcluirmuito bom o texto! eu também, tenho adquiridos pouquissimos cds e a maioria das aquisições em vinil, principalmente na toca do disco de Porto Alegre!
ResponderExcluirComo andam os preços por aí, Fernando?
ResponderExcluirMuito bom, tenho esse mesmo sentimento que você. Desde que recomecei a comprar vinil, diminui muito os demais formatos. O problema é achar lojas com vinis a preços não exorbitantes... 1 abraço!
ResponderExcluirSó não compro vinil pq os preços são proibitivos demais...até daqueles bem porcaria... imagina então dos novos de 180 gramas
ResponderExcluirAbraços
Fábio
Já eu lavo os meus discos com uma solução de detergente neutro dissolvido em água embebido em algodão hidrófilo. Ajuda que é uma beleza. Sempre que compro lps dou um 'banho' neles primeiro.
ResponderExcluirJá eu lavo os meus discos com uma solução de detergente neutro dissolvido em água embebido em algodão hidrófilo. Ajuda que é uma beleza. Sempre que compro lps dou um 'banho' neles primeiro.
ResponderExcluirPor favor...
ResponderExcluirOs que compram LPs poderiam listar as lojas que tem bons preços
de preferência brasileiras
Abraços
Fábio em SP eu costumo comprar na galeria Nova Barão no centro, pois lá tem várias lojas com os mais variados gêneros e preços. Em particular eu gosto muito da Big Papa, pois lá sempre há discos importados, sem ser relançamentos, bem conservados e com ótimos preços. Comprei o Pictures at eleven do Robert Plant, edição americana, por R$35 e eles ainda dão um desconto em cima do valor original. Também tem o Tuca discos, uma das lojas mais completas da galeria. Lá vale mais a pena pela conservação dos discos, sempre impecáveis, até os usados. Mas os preços variam muito. De qualquer maneira aqui no Brasil, nas lojas físicas é difícil encontrar discos baratos. O jeito é sair à caça por sebos e tentar encontrar alguma surpresa. Eu já comprei o Breakfast in America do Supertramp por R$2 e Priest... Live por R$20 praticamente novos.
ResponderExcluirBig Papa - https://www.facebook.com/bigpaparecords?fref=ts
Tuca Discos - https://www.facebook.com/tuca.discos?fref=ts
Bem legal o texto, embora eu não seja um entusiasta do vinil (aliás, bem pelo contrário). Meus primeiros discos foram em CD (e olha que eu já estou beirando os 30 rs), e antes deles dezenas (ou centena, nem lembro) de K7, as quais não tenho nenhuma saudade!!!
ResponderExcluirPorém esse espírito de coleção, sei bem como é. Aliás, o que me faz ter uma admiração pra quem coleciona vinil. Eu já praticamente não tenho mais espaço para guardar meus CDs, DVDs, livros e HQs, se eu ainda comprasse vinil, tava perdido! hehe
Ricardo, os preços de vinis novos em Porto Alegre não diverge muitos das demais lojas do Brasil, normalmente são caros! Mas, a toca oferece discos usados em ótimo estado e numa variedade bem bacana!
ResponderExcluirTenho duas dicas no Mercado Livre: LOCOMOTIVASDISCOS que tem bons preços e HIPHOPVINIL que é de belo horizonte que tem bastante black music e os preços são muito bons!
ResponderExcluirEssa postagem sintetiza bem o que a gente sente, desde o tempo que, quando tu não conhecia um som que um amigo tinha, gravava numa fita K7 (Scotch, Basf, Sony) lembram??? Claro que hoje tá fácil, baixar mp3 e tal... Mas a motivação ainda é o vinil... O problema é que as poucas lojas que ainda sobrevivem inflacionam o preço da bolacha. A solução é as feiras de vinil e mercados de pulgas, se alguém quiser conferir o movimento de vinil aqui em Joinville, SC, pode dar uma olhadinha no meu blog:
ResponderExcluirhttp://voxdiscos.blogspot.com.br/
Vida longa ao Vinil !!!
Um muito obrigado aos amigos que colocaram os endereços das lojas !!!
ResponderExcluirAbraços
Aqui em Floripa, a principal loja é a Roots Records (http://www.rootsrecords.com.br/). Eles tem um grande acervo de LPs novos, com preços que variam de 60 a 200, ou mais. Há também uma ala com LPs usados, mas eu acho os preços destes usados muito alto.
ResponderExcluirTemos também os sebos, que sempre reservam boas garimpagens. No centro, ao lado das Lojas Americanas, tem uma galeria e lá no final existe um sebo chamado Elemental, com bons vinis com preços agradáveis. Ao redor da Praça XV, em frente à Catedral, também existem diversos sebos. O que recomendo é a segunda loja da Elemental, que fica em uma dessas ruas paralelas e possui um grande acervo de LPs.
E há também o folclórico Seu Lima, que tem uma banca de LPs, CDs e livros em frente à Catedral nas quartas, quintas e sextas. Lá, o preço varia de acordo com o humor dele, e é possível encontrar discos bem interessantes.
Na Lagoa da Conceição também existem boas opções de lojas. A BL Som fica atrás da praça central da Lagoa, em um sobrado de madeira. A loja é no segundo piso, a entrada é pela lateral. Lá tem muitos LPs legais e com preços simpáticos. E tem também um senhor que possui uma banca de discos na feirinha da Lagoa. Todo domingo ele está na praça central da Lagoa com os seus discos, e às vezes também pinta por lá no sábado.
E aproximadamente a cada 45 dias acontece por aqui uma Feira do Vinil, com lojistas da cidade e também de Joinville e Curitiba. Nelas sempre se encontram títulos muito bons, e com preços mais competitivos.
Meu último cd foi em abril de 2004.
ResponderExcluirMeu último vinil foi tipo em junho de 2003.
Depois, enchi o saco de tanto espaço que ocupa e passei 800 títulos pra amigos, na altura de 2007. Também tinha umas 150 fitas K7 ... que tipo em 2004 eu passei tudo pra frente. Umas 50 fitas VHS também e DVD's aos montes.
Não tenho apego nenhum a formatos.
Preguiça de limpar e ocupa muito lugar.
Mas acho bonito quem ainda curte essa coisa.
Eu adorava ir a sebos da minha cidade e garimpar livros, cd's, vinis, HQ, K7 ... tempo bom ... Hoje, meu ebay e compras paypal passam MUITO longe da música.
Gostei do texto ... me fez lembrar umas coisas boas.
Valeu
Caramba YO !!!
ResponderExcluirPena que eu não era um desses seu amigos rs rs
Abraços
Nossa!!! Que sensação, cara. Mesmo pela internet, a espera pelos correios... é bem legal. Recentemente comprei o Elephant, do White Stripes,Live, do Donny Hathaway e o últimos dos Stokes, mas o campeão de "audiência" tem sido o Operation: mindcrime do Queensryche, reedição, 180g, que nos leva novamente à adolescência. E isso não tem preço.
ResponderExcluirSeu texto é muito gostoso de ler, dá até vontade de comprar um bom aparelho de som e começar uma grande coleção de LPs. Mas infelizmente ainda não tenho condições, só me resta brincar de imaginar com minha enorme coleção de álbuns (cerca de 20.000, ainda não ouvi tudo, claro), mas que infelizmente a maioria está em MP3 e FLAC, mesmo. Mas já dá pra me imaginar com uma bela coleção física, ouvindo no Foobar com uma pequena ajuda do DFX. Abraço, Ricardo, um dia chegarei lá também!
ResponderExcluirSeu texto é muito gostoso de ler, dá até vontade de comprar um bom aparelho de som e começar uma grande coleção de LPs. Mas infelizmente ainda não tenho condições, só me resta brincar de imaginar com minha enorme coleção de álbuns (cerca de 20.000, ainda não ouvi tudo, claro), mas que infelizmente a maioria está em MP3 e FLAC, mesmo. Mas já dá pra me imaginar com uma bela coleção física, ouvindo no Foobar com uma pequena ajuda do DFX. Abraço, Ricardo, um dia chegarei lá também!
ResponderExcluirGostei do texto e é verdade mesmo, os discos diferentes que aparecem ao acaso mudam o estado de espírito é quase uma reforma do humor e muda o dia.
ResponderExcluirTem uma loja chamada Locomotiva, em São Paulo e lá os lp's novos vão de R$ 60,00 a até R$ 200,00. Eu vi uns box como o do Black Sabbath por R$900,00, o Bob Dylan em Mono por R$ 650,00 e mais um dos Grateful Dead por R$ 390,00.
Acho que vale a pena, eu mesmo já peguei algumas coisas lá e provavelmente no próximo mês vou pegar outras. Para lavar os meus discos, eu uso água bidestilada, álcool de pinheiro e sabão de coco ma seguinte proporção água 70%, álcool 20% e sabão 10% e a limpeza fica perfeita e o disco brilha.
Atualmente estou tentando importar um aparelho que limpa cujo sistema é igual de um toca discos, mas no o braço é um aspirador e faz o serviço muito bem feito, mas o problema é o preço U$$ 500,00 e por isso não consigo encontrar ninguém que o traga. Seria perfeito!!!
Por enquanto vou me despedindo ao som do Argus, do Wishbone Ash. Ricardo Seelig já está nas livrarias a auto biografia do Tony Iommi e o preço é R$ 35,90, na rede Saraiva.
Parabéns pela coleção, Ricardo.
ResponderExcluirTambém sou um apaixonado pelas bolachonas.
Continuo colecionando vinis e acho que nunca vou parar - mesmo adorando também as experiências digitais. Muitas pessoas da minha geração (nasci em 1973) tem uma relação curiosa com os suportes para música - também gosto muito de CD e em inúmeros momentos ouvir música no iPod (com um rip cuidadosamente configurado e com um excelente fone de ouvido) pode ser muito bom. Somos Três - eu, minha esposa e nossa filha de 02 meses, sem babá, nada. Ouço muita música lavando a louça com o meu Classic no bolso. E ouço com qualidade!
Mas nada, nada supera o ritual de sentar em frente ao seu equipamento, com as caixas devidamente posicionadas e com aquele lindo set de capa/encarte/vinil prontos para aquele momento.
Aqui alguns excelentes sites e selos para compra de vinis. o eBay ainda é o meu lugar virtual favorito, mas as opções abaixo podem gerar também ótimos garimpos.
ResponderExcluirhttp://www.musicstack.com/
http://www.discogs.com/sell/list?format=Vinyl
http://www.recordheaven.net/index.cfm?x=browsetype&ID=7
http://www.recordheaven.net/index.cfm?x=browsetype&ID=160
https://www.burningshed.com/store/vinyl/
http://shop.napalmrecords.com/sound/vinyl.html
http://www.spincds.com/vinyl
http://www.blackvinylrecords.com/
http://www.hagglevinyl.com/
http://www.vinyltap.co.uk/
http://www.vinylrecords.co.uk/
http://www.recordsbymail.com/browse/rareVinyl.php
http://www.dustygroove.com/
http://www.vinylrecords.ca/brazil-c-82.html
http://www.blackscaped.de/Vinyl:::91.html
http://www.sundazed.com/shop/#
http://www.forcedexposure.com/index.html
http://www.hrrshop.de/
http://www.industrial-silence.com/lp-list.php?letter=#
http://lastrightsrecords.storenvy.com/
http://www.htfr.com/latest_vinyl
http://vongrimmrecords.bigcartel.com/
http://www.shinybeast.nl/
https://www.normanrecords.com/
http://www.boogiebobsrecords.com/
http://991.com/Buy/PresetList.aspx?pageID=9825
http://www.banquetrecords.com/search.jsp?query=strypes
http://www.soulbrother.com/
http://www.hotstuff.se/
http://www.gemm.com/
Ricardo, voce nem precisa me convecer do imenso valor do vinil. Estou abrindo uma aqui em Teresina ( cuja demanda é grande, acredite! e gostaria de receber algumas dicas sobre distribuidoras/ importadoras, cuja venda [e por atacado. Desde já agradeço pelas dicas e sugestões que voce me der. grande abraço.
ResponderExcluirAndré Luiz Oliveira andreoesouzza@hotmail.com
Excelente matéria! Coleciono discos a dois anos, moro em Limeira, interior de São Paulo e zerei os discos de rock dos sebos aqui. Estou a procura de um disco do Alice in Chains, self title, que tem um cachorro de três patas na capa, no ebay custa entre 250 a 500 reais. O problema é que nunca comprei lá. Tenho o cartão internacional, só falta a coragem e o conhecimento para comprar. Se alguém puder me ajudar, segue meu email: paulloserggyo@gmail.com. Abraço a todos
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