Sábado sempre foi o dia de comprar discos, e de uns tempos pra cá essa tradição se estabeleceu de vez. Depois da correria da semana, nada melhor que relaxar no sétimo dia buscando novos itens para rodar.
Aqui em Floripa existem alguns sebos interessantes. Um deles fica na Lagoa da Conceição. A Lagoa, pra quem não sabe, é o bairro mais boêmio, mais festivo e mais relax da ilha. Lá, as coisas são contrastantes. Enquanto de um lado tudo parece andar em câmera lenta e ao som sempre esfumaçado do reggae, do outro vemos turistas de todo o Brasil e do mundo afogando o stress e bebendo demais bem longe de seus lares.
Existe uma praça bem no centrinho da Lagoa. Nesta praça rola uma feirinha. E, atrás desta praça, há um sobrado de madeira. Neste sobrado fica o sebo que falei. Ele se chama BL Som, e, além dos discos, vende também instrumentos musicais e aparelhos de som antigos.
Sábado, saí de cada aí pelas 10 da manhã e fui pra lá. Cheguei, dei uma caminhada pelo lugar, fiquei viajando enquanto olhava o mar e seus horizontes. Isso abriu o apetite, que foi devidamente derrotado com um saboroso churrasco acompanhado de algumas cervejas geladas. Até que, à uma da tarde, a BL finalmente abriu. Subi lá e encontrei um dos donos, um senhor carioca que aparenta ter mais de 70 anos. Como sempre, ele estava ouvindo Paul Chambers, um dos grandes baixistas da história do jazz e que é a trilha oficial dos sábados por lá.
Depois de fuçar nestas duas caixas, mude o seu foco para um expositor que fica no lado de fora da loja. Como ela fica no segundo piso, há uma área livre no sobrado, e lá está um móvel com cinco áreas que mais parecem pequenas caixas, recheadas de vinis. Nesse local você irá encontrar LPs mais baratos do que aqueles que estão lá dentro. Os preços variam de R$ 5 a R$ 70 - o item mais caro era um Live After Death, o duplo ao vivo clássico do Iron Maiden, na edição nacional lançada durante a década de 1980.
Neste sábado, como já tinha pegado alguns itens das caixas de dentro em visitas anteriores, me concentrei nas caixas externas. E lá fiz um pequeno rancho. Levei para casa o duplo Rattle and Hum (1988) do U2, o sensacional Ringo (1973) (na edição brasileira de 1974, com direito ao lindo livro com ilustrações de Klaus Voormann), o segundo do Ed Motta (Um Contrato com Deus, de 1990), o único disco solo do baterista Alan White (Ramshackled, lançado em 1976, com participação de vários colegas do Yes e uma linda capa em alto relevo) e o Kick (1987) do INXS. De brinde, ganhei de presente a edição nacional do segundo álbum solo do baterista Billy Cobham, Crosswinds, lançado em 1974.
Fazia, literalmente, décadas que não escutava as músicas de Kick. E como elas continuam incríveis! As doze faixas do álbum são um desfile de sucessos impressionante. Cinco delas (quase a metade) se transformaram em singles que tocaram (e venderam) até dizer chega: “New Sensation”, “Devil Inside”, “Need You Tonight”, “Never Tear Us Apart” e “Mistify”. Além delas, músicas excelentes como “Guns in the Sky”, “Mediate”, “Kick” e “Tiny Daggers”. Tudo isso em apenas um disco!
Com quase 26 anos de idade, Kick continua soando muito bem. Ele não envelheceu e não soa datado em nenhum momento. E a performance do falecido vocalista Michael Hutchence é sublime, cantando como nunca.
Kick mudou a carreira do INXS. Foi o ponto de virada na vida dos australianos, os transformando em uma banda de sucesso em todo o planeta. E mudou a minha vida também, ao mostrar que música de qualidade também existia fora do heavy metal, o que era uma surpresa para um garoto de 15 anos e que achava que apenas guitarras distorcidas faziam sentido.
Um chute na cabeça, e que continua ressoando até hoje.
Por Ricardo Seelig
Puts... Acabei de vender 2 rádios meu pra comprar um novo e um toca discos separado também...
ResponderExcluirEssa matéria só instigo mais ainda pra pegar meu toca discos logo!!
Eu tenho um Philips GA212. Já gosto dele e ainda achei uma foto do Jimmy Page ouvindo música com um igualzinho, agora que não largo mais o aparelho...hehehe
ResponderExcluirMeu receiver também é Gradiente, mas um Model 900.
Do System 96 tenho o toca-discos e o toca-fitas. Logo vão para o conserto.
Vou arrumar eles porque eram do meu tio e tenho lembranças desse aparelho da minha infância, principalmente quando ele escutava o Speak of the Devil e eu saia correndo com medo da capa. Nem sonhava que aquele disco ia rodar muito nas minhas mãos.
Histórias, por isso amo vinil.
Eu tinha um Sony "tudo" em 1 também, aparelho velho de guerra esse viu...
ResponderExcluirMas a tecnologia e o espaço físico me fizeram abrir mão dele(e do outro que usava para ouvir mp3) e comprar um som mais simples, que toque só cd e um toca discos separado, esse aqui ó:
http://www.kabum.com.br/produto/30291/ion-toca-discos-de-vinil-c-conversor-digital-usb-quickplayfl/?tag=toca%20discos
Sabadão irei no sebo aqui na minha cidade ver o que consigo!!