Entre as mais complexas e singulares bandas que se
propuseram a unir a absurda técnica musical ao death metal com severas
tendências progressivas e atmosféricas, os noruegueses do Extol se mantiveram ativos desde 1997 com uma proposta cada vez
mais aprimorada, que evoluía a passos largos a cada novo lançamento.
Desde 2007, porém, após o seu até então mais dinâmico
trabalho, The Blueprint Dives, os músicos deixaram o grupo em hiato
indefinido para se dedicarem a outros projetos (a saber, Mantric e Dr Midnight and
the Mercy Cult), retornando apenas em 2012, ao anunciar o documentário Extol:
of Light and Shade e o seu novo álbum de estúdio. Produzido por Jens
Bogren, a obra foi lançada pela Indie Recordings no final do último mês de
junho.
O passado ligado ao technical death metal da banda permanece
praticamente intacto em “Betrayal”, faixa de abertura marcada pelas complexas
alterações de andamento e passagens mais tranquilas para quebrar os trechos
caóticos. Interessante notar que apesar da técnica apurada, os noruegueses não
martelam o ouvinte com nada que seja incompreensível, mantendo tudo de forma
extremamente coerente, como também pode ser visto em “Open The Gates”, que
apesar do início meio meshuggiano acaba por apresentar um desenvolvimento mais
prog (sem abandonar a agressividade).
Mantendo a mesma linha, a gélida “Wastelands” traz uma série
de momentos extremamente quebrados, com um Extol transbordando e acumulando
ideias que se complementam dentro de músicas relativamente curtas (se
compararmos com outras bandas de estilo semelhante, as faixas poderiam
facilmente chegar ao dobro da duração), o mesmo ocorrendo em “A Gift Beyond
Human Reach”, que soa como uma versão grosseira e infernal do Haken.
Talvez para uma banda norueguesa seja praticamente
impossível esconder as raízes extremas do black metal, e em “Faltering Moves” o
trio extrapola essas influências de forma
um tanto quanto arrastada e atmosférica (nada mal para uma banda que
sempre tratou de temas cristãos em suas músicas), bem diferente da técnica
inserção brutal de jazz em “Behold The Sun” e da bonita, porém completamente
dispensável, instrumental “Dawn of Redemption”.
“Ministers” segue um rumo diferente e consegue ficar no
limite entre aquele death metal rebuscado da escola Schuldiner, o metal
progressivo e novamente o (un)black metal. Esta tendência se mantém em “Extol”,
faixa que dá nome à banda (certo, lançada vinte anos depois de sua fundação),
e, talvez como uma referência aos seus primórdios, é relativamente mais simples
e dentro do praticado por congêneres desde um distante final de década de
noventa. O seu fim praticamente se interliga com a última faixa, “Unveilling
The Obscure”, notável pelo equilíbrio entre o mais extremo e o mais progressivo
lado da banda, cuja união é, de fato, a sua característica mais marcante.
E esse equilíbrio aparentemente é o objetivo musical pelo
qual o Extol trabalha ao longo de
todo o álbum e, apesar de atingi-lo de forma exímia em boa parte, em
determinados momentos acaba por se perder em um mar de informações em uma
jornada que se revela mais complexa e esquisita do que o planejado,
necessitando de diversas tentativas antes de atingir a real superfície e contemplá-lo
por completo.
Porém, isso soa perfeitamente plausível para um disco de
retorno, quando a banda ainda está recolocando as coisas em seu devido lugar e
buscando uma nova forma de trabalho, por mais que já esteja há praticamente
duas décadas junta.
O mais importante é como os noruegueses não parecem ter
retomado as atividades apenas com o intuito de seguir com a sua discografia sem
grandes novidades, mas sim em pegar todos os elementos que foram desenvolvidos
ao longo dos anos e levá-los para outro nível, algo essencial para reerguer-se
e ficar novamente acima do extremamente saturado cenário.
E isso eles estão muito, mas muito próximos de atingir.
Nota 8
Faixas:
01. Betrayal
02. Open The Gates
03. Wastelands
04. A Gift Beyond Human Reach
05. Faltering Moves
06. Behold The Sun
07. Dawn of Redemption
08. Ministers
09. Extol
10. Unveilling The Obscure
01. Betrayal
02. Open The Gates
03. Wastelands
04. A Gift Beyond Human Reach
05. Faltering Moves
06. Behold The Sun
07. Dawn of Redemption
08. Ministers
09. Extol
10. Unveilling The Obscure
Por Rodrigo Carvalho, do Progcast
Tinha visto o post referente ao Extol que vcs fizeram do novo videoclipe deles e achei interessante o som q a banda faz. Vou tentar baixar o disco e ouvir pra entender melhor a proposta deles.
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