Extol: crítica de Extol (2013)


Entre as mais complexas e singulares bandas que se propuseram a unir a absurda técnica musical ao death metal com severas tendências progressivas e atmosféricas, os noruegueses do Extol se mantiveram ativos desde 1997 com uma proposta cada vez mais aprimorada, que evoluía a passos largos a cada novo lançamento.


Desde 2007, porém, após o seu até então mais dinâmico trabalho, The Blueprint Dives, os músicos deixaram o grupo em hiato indefinido para se dedicarem a outros projetos (a saber, Mantric e Dr Midnight and the Mercy Cult), retornando apenas em 2012, ao anunciar o documentário Extol: of Light and Shade e o seu novo álbum de estúdio. Produzido por Jens Bogren, a obra foi lançada pela Indie Recordings no final do último mês de junho.


O passado ligado ao technical death metal da banda permanece praticamente intacto em “Betrayal”, faixa de abertura marcada pelas complexas alterações de andamento e passagens mais tranquilas para quebrar os trechos caóticos. Interessante notar que apesar da técnica apurada, os noruegueses não martelam o ouvinte com nada que seja incompreensível, mantendo tudo de forma extremamente coerente, como também pode ser visto em “Open The Gates”, que apesar do início meio meshuggiano acaba por apresentar um desenvolvimento mais prog (sem abandonar a agressividade).


Mantendo a mesma linha, a gélida “Wastelands” traz uma série de momentos extremamente quebrados, com um Extol transbordando e acumulando ideias que se complementam dentro de músicas relativamente curtas (se compararmos com outras bandas de estilo semelhante, as faixas poderiam facilmente chegar ao dobro da duração), o mesmo ocorrendo em “A Gift Beyond Human Reach”, que soa como uma versão grosseira e infernal do Haken.


Talvez para uma banda norueguesa seja praticamente impossível esconder as raízes extremas do black metal, e em “Faltering Moves” o trio extrapola essas influências de forma  um tanto quanto arrastada e atmosférica (nada mal para uma banda que sempre tratou de temas cristãos em suas músicas), bem diferente da técnica inserção brutal de jazz em “Behold The Sun” e da bonita, porém completamente dispensável, instrumental “Dawn of Redemption”.


“Ministers” segue um rumo diferente e consegue ficar no limite entre aquele death metal rebuscado da escola Schuldiner, o metal progressivo e novamente o (un)black metal. Esta tendência se mantém em “Extol”, faixa que dá nome à banda (certo, lançada vinte anos depois de sua fundação), e, talvez como uma referência aos seus primórdios, é relativamente mais simples e dentro do praticado por congêneres desde um distante final de década de noventa. O seu fim praticamente se interliga com a última faixa, “Unveilling The Obscure”, notável pelo equilíbrio entre o mais extremo e o mais progressivo lado da banda, cuja união é, de fato, a sua característica mais marcante.


E esse equilíbrio aparentemente é o objetivo musical pelo qual o Extol trabalha ao longo de todo o álbum e, apesar de atingi-lo de forma exímia em boa parte, em determinados momentos acaba por se perder em um mar de informações em uma jornada que se revela mais complexa e esquisita do que o planejado, necessitando de diversas tentativas antes de atingir a real superfície e contemplá-lo por completo.


Porém, isso soa perfeitamente plausível para um disco de retorno, quando a banda ainda está recolocando as coisas em seu devido lugar e buscando uma nova forma de trabalho, por mais que já esteja há praticamente duas décadas junta.


O mais importante é como os noruegueses não parecem ter retomado as atividades apenas com o intuito de seguir com a sua discografia sem grandes novidades, mas sim em pegar todos os elementos que foram desenvolvidos ao longo dos anos e levá-los para outro nível, algo essencial para reerguer-se e ficar novamente acima do extremamente saturado cenário.


E isso eles estão muito, mas muito próximos de atingir.


Nota 8


Faixas:
01. Betrayal
02. Open The Gates
03. Wastelands
04. A Gift Beyond Human Reach
05. Faltering Moves
06. Behold The Sun
07. Dawn of Redemption
08. Ministers
09. Extol
10. Unveilling The Obscure

Por Rodrigo Carvalho, do Progcast

Comentários

  1. Tinha visto o post referente ao Extol que vcs fizeram do novo videoclipe deles e achei interessante o som q a banda faz. Vou tentar baixar o disco e ouvir pra entender melhor a proposta deles.

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