Não que em You Could Have It So Much Better (2005) ou em Tonight:
Franz Ferdinand (2009) o quarteto tenha enveredado por uma pegada mais
pesada, violenta, dissonante. Nada disso. Mas digamos que os dois
álbuns foram responsáveis por afastá-los de sua herança, sempre muito
próxima das pistas de dança. Dá até para afirmar que seus grooves foram
ficando mais acinzentados. Não é o caso aqui. O céu se abriu e o sol
voltou a surgir entre as nuvens. Esta coleção de dez faixas retorna ao
ritmo roqueiro sacolejante, aquela inspiração que medalhões como os
Talking Heads (que, aliás, os caras do Franz Ferdinand adoram,
declaradamente, junto com o Gang of Four) trazem do funk, do R&B e
demais melodias negras americanas. A comparação com o irresistível Let's Dance, de David Bowie, ecoada por uma série de críticos que
amaram o disco, faz todo o sentido.
Absolutamente
funkadelic, "Right Action" já abre os trabalhos mostrando a que a banda
veio – e quando começa a terceira canção, "Love Illumination", é
inevitável sentir o pézinho batendo, graças a uma melodia de metais
irresistível que dá ainda mais corpo ao riff principal, simples e direto
ao ponto. Lá está você, entregue e conquistado. Mesmo a batida mais
crua e acelerada de "Bullet", que chega depois da climática (e
excelente) "Stand On The Horizon" e da pegada a la Beatles de "Fresh
Strawberries", não perde em nenhum momento esta característica de pop
grudento e energético, que injeta uma bem-vinda juventude ao longo de
toda a audição do disco. Chega até a ser engraçado ouvir Kapranos abrir a
última canção, "Goodbye Lovers & Friends" dizendo "Don't play pop
music / You know I hate pop music", numa letra de tom absolutamente
irônico. Afinal, estamos diante de rock que sabe ser pop sem medo, sem
frescura, e com uma qualidade impressionante.
Acessível, melódico, versátil, Right
Thoughts, Right Words, Right Action é rock indie único e maduro, porém
ainda soando jovem e fresco. É cheio de canções pegajosas, personalidade
e carisma, diferente das obviedades intelectualóides que permeiam a
obra da maior arte dos indies que a NME coloca na sua capa sob o título
de "a melhor banda de todos os tempos da última semana". É rock
independente com cérebro, com coração – e com um bom requebrado nos
quadris.
Nota 8
Tracklist:
1 Right Action
2 Evil Eye
3 Love Illumination
4 Stand on the Horizon
5 Fresh Strawberries
6 Bullet
7 Treason! Animals
8 The Universe Expanded
9 Brief Encounters
10 Goodbye Lovers & Friends
Por Thiago Cardim
Por Thiago Cardim
Eu, particularmente, gostei muito do som.
ResponderExcluirEu ainda não ouvi o disco todo... talvez eu esteja em uma fase de conhecimento da banda com maior profundidade, e no momento amando os primeiros discos! :)
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