Considerações sobre o Monsters of Rock 2013

Após uma ausência de 15 anos, o festival Monsters of Rock retornou ao Brasil e aconteceu neste final de semana em São Paulo, no Anhembi. O balanço final foi muito positivo, com ótimos shows e um grande público nos dois dias, estimando em aproximadamente 30 mil pessoas tanto no sábado quanto no domingo.

A escolha por escalar bandas bastante distintas nos dois dias me pareceu bem acertada. Sem se fixar a uma sonoridade específica, a escalação do Monsters foi de um extremo ao outro: nomes mais atuais e agressivos no sábado e um domingo dedicado ao festivo hard rock norte-americano. Isso fez com que o público, também, se comportasse de forma distinta. A audiência do sábado foi claramente mais participativa, pulando e cantando junto com os grupos, enquanto no domingo o que se viu foi um público mais apático, que apenas cantou e mostrou estar vivo quando as duas principais atrações do dia, Whitesnake e Aerosmith, subiram ao palco.

Com som muito bom, ótima estrutura e organização praticamente impecável, o Monsters of Rock mostrou que retornou para ficar pelas mãos da XYZ Live, produtora responsável pelo evento. O que se viu no Anhembi foi um festival de primeiro mundo, e com grande público em todos os dias.

Em relação às bandas, há de se fazer alguns comentários específicos. No sábado tivemos grandes shows durante todo o dia, com destaque para o Hatebreed (que deu uma aula de violência e energia e levantou o público), Limp Bizkit (apesar de não curtir a banda, só um cego não percebeu a ótima receptividade e a grande participação do público durante o show dos caras), KoRn (com um show excepcional, com ótima performance dos músicos e, na opinião desse que vos escreve, ganhando com folga o título de melhor show do Monsters) e Slipknot (sempre uma experiência impressionante, tanto visual quando musicalmente). O Killswitch Engage também fez uma boa apresentação, apesar de a receptividade do público à banda ter ficado aquém da esperada.

Já no domingo, as coisas não correram tão bem. O Dokken fez uma apresentação muito fraca, com Don Dokken não conseguindo esconder os seus problemas vocais. O que já havia sido ruim desceu a um nível inimaginável com o Queensrÿche de Geoff Tate, responsável pelo pior show do festival, em todos os sentidos. Interação praticamente inexistente com o público, performance distante e mudanças no arranjo das composições, além da execução pra lá de discutível dos músicos, mostraram que o melhor caminho para Tate é demitir toda a banda e sair em busca de outros instrumentistas. Buckcherry e Ratt fizeram bons shows, mas infelizmente o mesmo não pode ser dito do Whitesnake. David Coverdale é outro que já não apresenta a mesma capacidade de cantar as composições criadas por ele mesmo, e recorreu aos backing vocals da competentíssima banda que o acompanha - onde os destaques foram o guitarrista Doug Aldrich e o baterista Tommy Aldridge - além da conta. Era fácil perceber que, nos trechos com vocais mais agudos, Coverdale simplesmente afastava o microfone da boca e deixava essas passagens por conta do guitarrista Reb Beach e do tecladista Brian Ruedy. Além disso, visivelmente acima do peso e carregadíssimo na maquiagem, David Coverdale foi uma triste e deprimente figura no palco do Monsters of Rock, longe da imagem icônica construída em torno do seu nome. Se pudesse dar uma dica para ele, diria para esquecer os tons mais altos de sua voz e focar apenas nos mais graves, onde ainda canta de forma correta.

O fechamento, com o Aerosmith, foi em altíssimo nível, salvando um dia de shows apenas medianos. Steven Tyler e sua turma mostraram estar na ponta dos cascos, principalmente o cantor, que do alto dos seus 65 anos cantou de maneira excepcional durante toda a apresentação. A única crítica negativa durante o concerto do Aerosmith vai para o público, que mostrou desconhecer praticamente toda e qualquer canção gravada pela banda durante a década de 1970. O Aerosmith não surgiu com Pump, informem-se melhor na próxima vez.

O saldo final do retorno do Monsters of Rock foi muito positivo, e mostrou que há um enorme público para um festival destinado ao hard rock e ao heavy metal aqui no Brasil. Parabéns à organização do evento, e esperamos que o Monsters se consolide como uma atração anual no calendário de shows brasileiro.

Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. Whitesnake inovou ao colocar um cantor de Death Metal soltando uns guturais. E ainda dizem que o Hard Rock não se atualiza...

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  2. Acompanhei Ontem que é o som que curto (Hard Rock), Ratt & Buckcherry fizeram um bom show , apenas isso.

    O Whitesnake não diria que foi uma decepção total porque o Doug, Tommy & o Reb Beach ainda estão muito bem , mas o Mr. Coverdale , o que posso dizer..... me deu pena , um dos melhores vocalistas da História cantando daquele jeito, não aguentando e forçando em praticamente todo o show algo que ele não consegue mais alcançar (Still of the night foi o maior fiasco do show).

    Já o Aerosmith , pô , simplesmente EXCEPCIONAL , Steven Tyler & Joe Perry estão muito bem , pra falar de uma forma geral a banda toda está bem (Faltou o Tom Hamilton, estava doente e ficou nos EUA), Steven Tyler é na minha opinião o maior vocalista da atualidade.

    Os Mestres mostraram como se faz um puta Show.

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  3. Me lembrei de quando Joe Lynn Turner, há uns anos atrás, falou que o Coverdale não conseguia mais cantar. Deu até uma polemicazinha na época...

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  4. Torcendo para o festival crescer muito !!!!
    Sonho que um dia tenha vários palcos... pra rolar algo como o Sunset...com bandas que estão detonando mas não são tão conhecidas por aqui como Rival Sons, Graveyard, Protest the Hero etc etc

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  5. Nenhuma consideração ao show do Gojira, que tocou pela primeira vez em terras brasileiras? Tudo bem que foram miseros 45 minutos de apresentação, mas creio que dá pra fazer uma resenha a respeito também.

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  6. acho que você pulou a melhor parte... nesse texto simples. Killswitch Engage...Que apresentação linda!!!

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  7. Assisti um pouco o show do Whitesnake pela TV e realmente notei que ele estava de certa forma cansado e com a voz rouca, sem muita força. Mas fui no primeiro show em Curitiba e ele cantou muito, correu de uma lado ao outro. Foi um ótimo show e eu fiquei maravilhado por assistir o Whitesnake e David Coverdale ali na minha frente, de tão perto.

    Acho que tirar conclusões por uma noite só não é tão válido.

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  8. Fernando, os problemas com a voz do Coverdale já vem de anos. Esse texto fala um pouco sobre tudo isso http://www.vandohalen.com.br/fa-ou-torcedor/

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  9. Não consegui ver 10 minutos do Show do Korn. Que porcaria. Limp Bizkit nem vi nada. Não é heavy metal.. aliás, a única banda que tem algo de metal mesmo foi o Slipknot...ainda bem que o Domingo veio e as afinações das guitarras e o som da batera voltaram ao normal

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  10. E concordo plenamente sobre o Coverdale. Aliás, comentei ontem que, apesar do disco Forevermore ter sido muito bom, acho que seria muito mais digno ele voltar a explorar aquele som mais "mela-cueca" do Restless Heart ou da carreira solo dele, visto que seus graves estão muito bons.
    Prefiro ver um Coverdale mais Ronnie Von, assumindo sua idade e limitações, do que um Coverdade meio Dinho Ouro Preto, tentando mostrar uma jovialidade que não existe mais.

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  11. Vi os shows pela TV. Gostei do Ratt, concordo com o pessoal que fala da voz do Coverdale, pelo menos o pedaço que vi estava muito ruim. Agora o Queensryche (?) foi realmente vergonhoso.

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  12. Triste ver o Coverdale nestas condições, e não é de hoje que ele está com a voz totalmente comprometida. O esquema para ele é fazer um trabalho estilo Robert Plant, já que o grave na voz ainda está lá. Mas aqueles agudos estão constrangedores. Como fã dele fui obrigado a trocar de canal.

    E fiquei surpreso com o Aerosmith, um exemplo de banda bem entrosada. Apesar do destaque óbvio para o Steven Tyler, é impressionante ver como as guitarras do Brad e do Perry se completam ao vivo, não é aquela coisa massante de duas guitarras tocando os mesmos power chords, muita harmonia entre os dois.

    Destaque também para os timbres de guitarra, depois de um monte de bandas aumentando um JCM800 no máximo (acho que o Aldrich é uma exceção, apesar do timbre saturado, é bem definido e "gordo"), ver o show de guitarras e amplificadores que eles levam para o palco é muito legal. Pode parecer bobagem, mas prestando atenção é bem perceptível as nuances de cada guitarra e dos vários amps (alguns raros) no palco.

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  13. Legal o retorno do Monsters. Assisti às edições do festival de 1996 e de 1998 (3ª e 4ª edições).

    Após 15 anos de hiato, tomara que tenha voltado para ficar.

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  14. Tomara que se fixe como nicho de consumo dos metaleiros e clássicos, assim como o Terra, Lolla fizeram com os alternos e indies.

    SWU poderia continuar, pois tava numa pegada boa.

    Desde o Metal Open Air, eu venho cantando essa bola de que o mercado de metal precisava de um evento só dele. É muita gente, público segmentado, louco pra torrar $$$$$$ e sem ter alguém pra capitalizar isso.

    Continuam sempre fortes os regionais: Abril Pro Rock (Nordeste) e Porão do Rock (Centro-Oeste).
    Morreram: o Claro Q É Rock, Free Jazz, Hollywood Rock, Tim Festival
    Suspenso: SWU
    Ressuscitou: Monsters of Rock

    O Ruffles Reggae ainda existe?

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  15. Acho estranho fazer análise de festival sem nem mesmo estar presente. Daqui uns dias nego vai fazer análise pela transmissão do youtube

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  16. O David Coverdale canta com uma técnica que esforça e sempre esforçou suas cordas vocais. Uma coisa é você cantar burn durante 40 anos, e outra é cantar "love me do" durante 40 ou 50 anos. Ele já demonstrava desgaste de suas cordas vocais pelo envelhecimento natural e provocado, pelo estilo desregrado de vida comum a muitos rocks stars desde 1987. Agora, ele foi um dos maiores mestres nessa "escola" de vocalistas que cantam com o tão falado e difícil de fazer - drive, e muitas das músicas que ele compôs, além de terem influenciado muitas bandas que vieram depois, resistiram e resistirão ao teste do tempo e Deus é que saberá até quando! Portanto, acho que isso já produz motivo de sobra para fãs de Coverdale e mesmo para os simpatizantes respeitarem seu trabalho. Acredito que essa linha de pensamento seja compartilhada por muitos inclusive pelo autor do texto talvez, e portanto falar que ele foi uma figura triste e deprimente no palco do Monsters of rock me "cheira" uma simples treta, talvez brincadeira polêmica, botando ON no "modo" da minha ingênua percepção.

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  17. O David Coverdale canta com uma técnica que esforça e sempre esforçou suas cordas vocais. Uma coisa é você cantar burn durante 40 anos, e outra é cantar "love me do" durante 40 ou 50 anos. Ele já demonstrava desgaste de suas cordas vocais pelo envelhecimento natural e provocado, pelo estilo desregrado de vida comum a muitos rocks stars desde 1987. Agora, ele foi um dos maiores mestres nessa "escola" de vocalistas que cantam com o tão falado e difícil de fazer - drive, e muitas das músicas que ele compôs, além de terem influenciado muitas bandas que vieram depois, resistiram e resistirão ao teste do tempo e Deus é que saberá até quando! Portanto, acho que isso já produz motivo de sobra para fãs de Coverdale e mesmo para os simpatizantes respeitarem seu trabalho. Acredito que essa linha de pensamento seja compartilhada por muitos inclusive pelo autor do texto talvez, e portanto falar que ele foi uma figura triste e deprimente no palco do Monsters of rock me "cheira" uma simples treta, talvez brincadeira polêmica, botando ON no "modo" da minha ingênua percepção.

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  18. Com um sol de derreter capacete no domingo, os Bombeiros bem que podiam ajudar com uma "chuva d'água" na cabeça dos presentes

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  19. Nenhum comentário... resenha... opinião.. crítica ou citação ao Gojira?!?!?

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  20. Concordo.
    Nesse evento, pra mim, a atração melhor é o Gojira.
    Limp Biskit ... passou!

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  21. O Gojira não passou na TV, logo... Sinceramente, acho que "reviews de sofá" tendem a ser injustos pra caramba com os artistas e, muitas vezes, com o próprio público. Já começa pela mixagem do som, que chega completamente "zoado" na TV. Isso sem falar no "punch" e na emoção de um espetáculo, que se perde completamente em uma transmissão. Bem, fica aqui uma crítica (construtiva, espero), de deixar os reviews de shows pra quem efetivamente compareceu aos eventos.

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  22. Em nenhum momento foi dito que essa matéria era um review sobre o festival. Tratam-se de observações sobre o evento, apenas isso.

    O review do festival irá ao ar amanhã, com o nosso redator que esteve presente nos dois dias do evento.

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  23. Que bom, o review do show in loco é o que realmente vale

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  24. Não é assim, também. Nem 8 e nem 80. A transmissão televisiva é uma ótima ferramenta para acompanhar as apresentações e serve, sim, de parâmetro para avaliar a performance de uma banda. Se a TV traz o distanciamento que impede com que o espectador esteja no calor do momento assistindo ao vivo, também faz com que esse distanciamento não o contagie por todos os elementos que cercam um show, fazendo a pessoa se concentrar apenas na música. Ambas as experiências tem as suas qualidades. Afinal, se não fosse assim, bandas não lançariam DVDs com suas apresentações, certo?

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  25. Não é assim, também. Nem 8 e nem 80. A transmissão televisiva é uma ótima ferramenta para acompanhar as apresentações e serve, sim, de parâmetro para avaliar a performance de uma banda. Se a TV traz o distanciamento que impede com que o espectador esteja no calor do momento assistindo ao vivo, também faz com que esse distanciamento não o contagie por todos os elementos que cercam um show, fazendo a pessoa se concentrar apenas na música. Ambas as experiências tem as suas qualidades. Afinal, se não fosse assim, bandas não lançariam DVDs com suas apresentações, certo?

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  26. Mais ou menos. Eu vejo os DVDs como um recurso para a pessoa ter aquele determinado show sempre que quiser a sua disposição ou um espetáculo em outro pais que não passou pelo nosso território. Havendo a possibilidade, um show ao vivo SEMPRE será melhor do que assistir pela TV ou gravação. A sensação de estar no show é o mais importante na música, a interação da banda com seu público. Para mim é ela que as coisas realmente acontecem.

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  27. EXCELENTES COMENTARIOS!!!

    tive a mesma impressão do whitesnake, eu so iria alem, diria que foi um verdadeiro fiasco saber como é a musica original e a tentativa fracassada dele cantar suas proprias musicas, o cara esta totalmente fora de forma, nao sabia se caminhava ou gritava(pq cantar ele nao canta mais) fora a cara entupida de pó e creme, ridiculo.
    geof tate foi outro, que simplesmente mostrou que sua voz terminou.
    os dois cantores deram um show de quem cantaria pior. decisao dificil em escolher qual o pior do dia.

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  28. Me desculpe mas sem estar presente não tem como saber se o festival teve "som muito bom, ótima estrutura e organização praticamente impecável". E um dvd é completamente diferente de uma transmissão pela TV, nem tem como comparar

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  29. Concordo com o que foi escrito. Para mim o melhor show do festival também foi o do Korn e é bizarro ver como os mais radicais não admitem isso. No domingo o show do Whitesnake foi deprimente! Melhores de domingo para mim foram: Dr. Sin e Aerosmith.

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  30. Mas William, não é só questão de ser radical. O som do Korn não me agrada (diferente do Limp Bizkit que acho uma bosta mesmo), como eu posso achar ele o melhor??? Não posso negar a competência da banda, mas O melhor é uma opinião particular de cada um e para mim nada tem a ver com radicalismo nesse caso.

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  31. Só discordo do "som muito bom". Só se pra quem estava assistindo pelo Multishow. O som no show do Ratt estava insuportável. Agudo e alto a ponto de ferir os ouvidos. Ruim mesmo!

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  32. Aliás, não concordo com quase nada do que foi escrito. Acho que estávamos em festivais diferentes. Nem quanto sobre o que foi escrito sobre a organização (rolou uma briga feia ao meu lado no sábado e não apareceu um segurança sequer, que pareciam estar lá só pra impedir penetras), entre outras falhas na organização, como, como sempre, falta de transporte público adequado (tô muito mal acostumada com o Rock In Rio que põe ônibus na porta e segurança a dar com pau!). Em comparação ao show que vi em 2011, com o Judas Priest, a performance do Covardale melhorou e muito. Quanto aos Queensryche, o repertório foi muito melhor que o show do ano passado e não considerar o Slipknot o melhor show de sábado... bom, questão de gosto mesmo. Acho que o único ponto que concordo é a lástima que foi o vocal do Dokken, o que é uma tristeza, diga-se de passagem.

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