Houston: crítica de II (2013)

Foi através de um amigo que conheci o Houston, banda sueca de AOR que vem fazendo bonito desde 2010, quando seu álbum de estreia papou o título de melhor do gênero pela Classic Rock. No último dia 2, o trio, formado por Hank Erix, Ricky Delin e Freddie Allen, lançou II e, pelo que este demonstra, estamos diante de um forte candidato ao bicampeonato na conceituada revista britânica. 

O som que se ouve no decorrer dos 45 minutos do play é algo que, não fosse a produção de altíssimo nível, poderíamos desconfiar ter vindo diretamente da segunda metade dos anos 1980, quando o mundo testemunhou o nascimento (ou mesmo o ápice) das melhores bandas de Melodic Rock da história. E é nas tetas dessa turma das antigas que o Houston mama até não poder mais, incorporando tudo que é indispensável, mas preservando uma individualidade que se dá justamente pela união de elementos tão diversos e de diversas origens. Se tratando de um grupo sueco, é natural que a maior influência por aqui seja do Europe, mas há resquícios de Journey, Survivor e até mesmo um quê setentista a la Boston em determinados momentos. 

"Glory" dá partida no motor com teclado matador na introdução, quebra de padrão no pré-refrão e harmonias vocais de primeira. O single "I'm Coming Home" eleva a temperatura munido de uma energia positiva que toma proporções inimagináveis no refrão grudento, e novamente o teclado assume a linha de frente. "Talk to Me" é outra que mostra o bom funcionamento dos backing vocals. A frase de teclado que marca a introdução parece ter sido chupada do riff de "Thrills in the Night" do KISS, mas pode ser apenas uma feliz coincidência. 

O que seria a abertura do lado b, "24 Hours" tem cara mesmo é de abertura de show — dá até pra imaginar a cena: palco todo apagado, um foco de luz no tecladista e, de repente, aquela explosão de luz em simultâneo ao ataque conjunto da banda, para acelerar tudo que é batimento cardíaco na plateia. E se o show ideal começaria com "24 Hours", o bis mais que perfeito teria "On the Radio" na comissão de frente. O pedal de volume da guitarra é acertado em "Losing", mas o instrumento só permanece no comando até o piano dar as caras e reger o melhor refrão de todo o álbum. 

Alguém aí se lembra do filme Águia de Aço, que passava exaustivamente na Sessão da Tarde, ou dos comerciais do cigarro Hollywood? Tanto "Just Friends" quanto "Believe" parecem ter vindo diretamente dessas trilhas sonoras. Impossível não desconfiar da procedência, pois isto aqui é pura década de 1980. Comprovadamente, a produção impecável é que nos localiza em pleno século 21. Em sua missão de vestir em trajes modernos um gênero que muitos consideram datado, o Houston gabarita. Não consigo pensar em nenhuma outra banda nova que faça exatamente este tipo de som com o mesmo padrão de qualidade. Top 10 garantido! 

Nota 9,5 

01. Glory 
02. I’m Coming Home 
03. Return My Heart 
04. Talk To Me 
05. Back To The Summer Of Love 
06. 24 Hours 
07. On The Radio 
08. Losing 
09. Just Friends 
10. Believe 

 Por Marcelo Vieira

Comentários

  1. Não conheço. Ouvi I’m Coming Home agora e gostei. É tão oitentista que eu tive uma visão de ombreiras e permanente. *.*

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  2. Não sou muito chegado nesse tipo de som, mas ouvi as duas primeiras desse disco e, rapaz, que coisa bonita.

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  3. Ah, e que diabos há com a Suécia?! Que beleza de lugar!

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