Apesar de o subtítulo anunciar que trata-se de uma autobiografia, Sete Pecados Capitais, livro escrito por Corey Taylor, vocalista do Slipknot e do Stone Sour, está longe disso. O que temos em suas pouco mais de 200 páginas é uma espécie de manifesto, de modo de ver o mundo, a partir das opiniões e pontos de vista de um dos artistas mais emblemáticos do heavy metal.
Dono de um texto ácido, irônico e muito bem desenvolvido, Taylor usa os sete pecados capitais como palco para falar de momentos de sua vida, elaborar críticas à sociedade norte-americana e à sua geração. O que chama a atenção é a qualidade do texto de Corey, que revela-se um cronista inspirado em uma posição privilegiada, sentado no topo do mundo enquanto olha para trás e aponta o dedo para o seu passado e para as contradições e hipocrisias tão naturais aos Estados Unidos.
Quem espera encontrar em Sete Pecados Capitais a história da vida de Corey Taylor, a trajetória do Slipknot e a formação do Stone Sour, ficará frustrado. Não é disso que o livro trata. O único capítulo que pode ser considerado realmente autobiográfico é o sexto, intitulado Minha Waterloo, onde o vocalista relembra sua infância e adolescência. Os demais trazem trechos de memórias mesclados com raciocínios agressivos sobre a cultura, a sociedade e o american way of life.
Ao terminar a leitura, fica claro que Corey Taylor é não apenas um sobrevivente, mas um dos artistas mais inteligentes e singulares do rock. Mordaz, dono de uma ironia ácida e certeira, o cantor revela em Sete Pecados Capitais o seu modo de ver as coisas, apresentando seus pontos de vista como se estivesse falando com uma gigantesca plateia em um show - o que não deixa de ser verdade, já que o livro vendeu horrores nos EUA, indo parar na prestigiada lista de mais vendidos do New York Times.
Ótimo lançamento da editora Best Seller aqui no Brasil, com tradução de Bruno Cassoti.
Por Ricardo Seelig
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