Dando continuidade, apresentamos mais 10 nomes e seus álbuns
que podem trazer algo de completamente inédito, ou podem ser uma versão
revisada dos clássicos. Mas o mais importante, e independente disso, são bandas
que comprovam que material de qualidade continua a chegar até nós
ininterruptamente, com todas elas tendo algo a dizer.
Altars
Da mesma forma que a música extrema está em ascensão nos
Estados Unidos, algo semelhante também ocorre na Austrália, em menor escala,
mas com a mesma versatilidade. O Altars é um dos nomes mais comentados no
underground do país, algo explicável ao conferir a produção cristalina da
agressão contida em Paramnesia, seu
primeiro disco, pela Nuclear Winter Records. Seguindo a linha da escola
americana do death metal, não é tarefa das mais árduas encontrar as influências
de Morbid Angel, Cannibal Corpse e Immolation, ao mesmo tempo em que os temas e
a atmosfera parecem reverenciar nomes como Behemoth e Belphegor. Absurdamente
pesado e épico.
Black Willows
Apesar de o stoner rock, no geral, ter entrado recentemente em
um ciclo vicioso (muitas bandas surgindo com discursos e ideias pouco memoráveis
e com menos ainda a acrescentar), basta pesquisar um pouco para encontrar aqueles
que ainda conseguem trazer novas ideias e enriquecer o estilo. E este é o caso do
suíço Black Willows e o seu perfeitamente nomeado álbum Haze. O torpor que as composições do quarteto trazem cria uma
atmosfera enevoada cheirando a incenso, graças às tendências psicodélicas
combinadas com música ambiente, noise e raga rock. Se o Black Sabbath e o Led
Zeppelin passassem um tempo meditando na Índia, talvez esta fosse uma de suas
crias.
Capa
Imagine um híbrido entre o black metal americano atual com o
sludge. Agora, acrescente uma produção equilibradíssima, interlúdios de música
ambiente e aquele clima proporcionado por trilhas sonoras de filmes antigos de
nenhum orçamento sobre assuntos abissais e aterrorizantes. O resultado final
talvez chegue ligeiramente perto do que este quarteto americano da Pensilvânia
fez em seu primeiro álbum completo, This is the Dead Land This is Cactus Land.
Blackgaze, post-black metal, chame como quiser – o Capa possivelmente fez deste
trabalho uma das grandes obras do metal extremo em 2013.
Grey Season
Uma banda que tenta afastar aquele sentido mais manchado
sobre ser um grupo “progressivo” (auto-indulgência e virtuose sem sentido,
leia-se) e levar para um significado relativo ao experimental, sobre a busca
por algo novo. E os alemães do Grey Season cumprem de forma belíssima o seu
objetivo logo cedo com o disco Septem,
apresentando oito faixas que vagueiam por extremos como djent, mathcore e
passagens que beiram o industrial, o post-metal e a música clássica, tornando
difícil compará-los com qualquer outro grupo. A única semelhança talvez esteja
na voz de Blazej Lominski, que lembra vagamente a de Matthew Heafy.
Haapoja
Diferentemente do que ocorria há alguns anos, quando a
Finlândia era referência no famigerado power metal (ou metal melódico, como
preferir), a história musical recente do país viu o levante de uma nova geração
de bandas voltadas para a sonoridade mais extrema e suja, do punk ao grindcore,
sempre envolta por aquela veia gélida. E o Haapoja se encontra entre estes
grupos, que com background muito mais ligado ao heavy metal de seus jovens
integrantes, torna a música de seu álbum de estreia autointitulado uma
miscelânea de influências que vai do crust ao black metal com tendências sludge
e progressivas. Uma mescla entre o Converge e o Kvelertak, com certa dose de
melancolia cantada em seu idioma natal.
Ishmael
Ao ouvir o som do Ishmael durante alguns segundos, você pode
acreditar estar ouvindo uma daquelas bandas de eventos da alta sociedade. Mas a
proposta deste trio nova-iorquino vai além, graças à proposta das mais
contemplativas, com influências que vão desde o post-rock e o jazz até o rock
progressivo setentista (há algo de Peter Gabriel e Jon Anderson por aqui) e a
apurada técnica do prog metal utilizada sutilmente à bem da música em si. Lotic é um trabalho indicadíssimo para
quem aprecia os momentos mais tranquilos do Porcupine Tree e do Anathema, por
exemplo.
Nomadic Rituals
A Irlanda pode ser a terra de inúmeros grupos de punk, mas o
trio Nomadic Rituals foge completamente a regra – e não apenas isso, parece ir
completamente na direção oposta com as cinco faixas que compõe os quase
cinquenta minutos de Holy Giants. Andamentos
lentíssimos de um doom metal dopado, assombrado por uma brutalidade rastejante
que faria bandas como Electric Wizard e Ahab soarem excessivamente velozes, e
abrilhantado por sutis toques de space e stoner rock. Para apreciar sem a menor
pressa.
Palms
Chino Moreno é um sujeito a ser respeitado. Não apenas o
frontman de uma das mais bem sucedidas bandas do metal americano alternativo
dos anos noventa, como também está envolvido nos interessantes Crosses e Team
Sleep. Em 2011, então, ele começou a trabalhar com três membros do recém
encerrado Isis (Jeff Caxide, Aaron Harris e Bryant Clifford Meyer) para formar
o Palms, resultando em sua sonoridade definida como uma amálgama entre o mais
recente Deftones e o mais atmosférico do próprio Isis, unida por uma fina aura
de shoegaze.
Stolas
Aos amantes daquele post hardcore com severas facetas
progressivas e exageradamente técnicas, no melhor estilo Protest The Hero e
Exotic Animal Petting Zoo, este grupo de Las Vegas e seu debut Living Creatures podem ser de absoluta
serventia. Afinal de contas, desde os aspectos visuais, às estruturas musicais
e ao conteúdo lírico, não sobra espaço para nenhum segredo sobre quais são as
fontes da banda. Ensurdecedor e confuso no primeiro instante, o que torna ainda
mais gratificante quando compreende-se cada uma das loucuras contidas aqui.
The Moth Gatherer
Segundo Victor Wegebron e Alex Stjernfeldt, o duo sueco por
trás das composições do The Moth Gatherer, a banda foi formada em 2009 para ser
uma espécie de terapia para que ambos conseguissem lidar com certas frustrações
e perdas pessoais em suas vidas. E isto é, no mínimo, essencial para
compreender de onde todo o sentimento carregado, pesaroso e brutal que assombra
as cinco músicas em A Bright Celestial
Light tem sua origem. Uma aposta certeira da Agonia Records, este disco
pode se encaixar como uma das melhores estreias de uma banda de sludge (com
certa veia experimental) dos últimos anos, e aos que já apreciam sons como Cult
of Luna e The Ocean, podem vir a pensar o mesmo.
Por Rodrigo Carvalho
Valeu, Rodrigo! Checaremos.
ResponderExcluirSensacional esse tipo de compilação, facilita muito a nossa vida.
ResponderExcluirVou selecionar uma banda de cada lista, pra ouvir com atenção e não ficar perdido no meio de tanta coisa. Dessa vez, escolhi o Stolas. Que banda foda!
Valeu,
Vinícius Gomes - Florianópolis/SC
Interessante, vou procurar algumas dessas.
ResponderExcluirAgora cá entre nós, o Stoner Rock/Sludge/Whatever é o novo "famigerado" Power Metal. Poucos anos depois do boom e já está saturadíssimo. Confesso que ando fugindo das bandas com esse rótulo.
Qual é a onda atual? Shoegaze/blackgaze? Occult rock também já passou ...
ResponderExcluirTalvez Ricardo. Eu não sei, estou sempre um passo atrás dessas coisas. Quando do boom do stoner, eu ignorei completamente.
ResponderExcluirDaí comecei a ouvir várias bandas recomendadas do estilo, garimpando em vários sites, blogs, etc. Mas são tantas que dei um pause nisso.
O Occult Rock tem uma vantagem, já que o que une essas bandas é a temática, implicando em sonoridades mais diversas, o que ajuda a evitar a saturação do ouvinte.
Como sempre boas dicas de albuns. Dessa vez vou de Altars e Capa. Realmente nesse mar de stoner/sludge, shoegaze/post-rock/post-black metal, é dificil ter tempo de ouvir tantas bandas. Só garimpando mesmo. Valeu pelas dicas, estou sempre acompanhando esta coluna.
ResponderExcluirOlha, eu tb acho que essa onda Sludge/Stoner está super saturada. Existem 2 extremos que estão indo super bem lá fora e que nao vejo por aqui (nao com tanta frequencia): a cena Djent e a cena melodic Rock. Que tal cobrir um pouco bandas como The Kindred, Alaya, Tides of Man, Degreed, Vega, W.E.T. etc..
ResponderExcluirSe aceitarem sugestões, dois pitacos de bandas:
ResponderExcluir- DEATH TOLL 80K (grindcore da Finlândia): tem um álbum (Harsh Realities) e um punhado de splits, mas nesse estilo que costuma apresentar certa limitação eles apresentam coisas acima da média. Essa ano vão estar no Maryland Death Fest.
https://www.facebook.com/pages/Death-Toll-80k/200505546660944?fref=ts
- TORTURE DIVISION (death metal sueco): tem uma proposta que não tinha visto antes: eles não tem gravadora, tudo o que criam - geralmente com produção do Dan Swano - é postado no site "de grátis" em troca de incentivo no merchandising.
http://www.torturedivision.net/
https://www.facebook.com/torturedivisionsweden?fref=ts