A rebeldia fabricada de Miley Cyrus


Recentemente, a MTV reprisou o documentário Miley: The Movement (originalmente exibido em outubro de 2013), cuja premissa era colocar em pratos limpos a despirocada dada pela ex-Hannah Montana, que culminou na polêmica (para não dizer lamentável) apresentação no VMA do ano passado — e tudo o mais que veio em seguida. Mas a impressão que o filme deixa é a de que tudo não passa de uma tremenda jogada de marketing, a começar pelo filme em si, uma mea culpa disfarçada de tapa na cara da sociedade.

Miley começou cedo na música, seguindo os passos do pai, o cantor Billy Ray Cyrus. Desde criança teve mente e talento direcionados para o showbiz. Como muitas, teve de abrir mão de uma infância normal para estabelecer a base de uma carreira promissora na música pop. A própria reconhece que, não fossem seus dias de ídolo teen, seu nome não estaria onde está. Mas isso não impede que se refira ao passado com resignação, como se aquilo tudo não refletisse a artista que idealizava dentro de si.

Os pouco mais de 40 minutos registram desde o lançamento do single "We Can't Stop" até sua chegada ao topo da parada do iTunes. Passagens incluem ensaio e apresentação no Good Morning America, visita à sede do Twitter em São Francisco e até mesmo um encontro com sua ídolo-mór, Britney Spears, da qual confessa ter chupado o "lado stripper" — coisa que Britney, pela cara que fez, não gostou nem um pouco de ter ouvido. Mas os momentos mais ultrajantes são aqueles filmados na residência de Miley, na qual discorre sobre seu novo momento pessoal e artístico. "Finalmente despertaram a vagabunda que existe dentro de mim", diz. Particularmente, me incomoda viver num mundo em que todo mundo tem um lado devassa.

Ao anunciar aos quatro ventos que seu álbum The Movement soaria como algo jamais ouvido, Miley se esquece de dizer o porque. Sua rebeldia fabricada é tão plástica quanto a produção hip hop de segunda de Mike Will. A língua para fora, o visual a la Maria Gadu e até própria rispidez na fala — algo que Justin Bieber já havia usado anteriormente como forma de combater as dúvidas em relação a sua sexualidade — não escondem a fragilidade no olhar, os passos incertos e, sobretudo, a certeza de que Miley ainda não saiu em definitivo das fraldas — o que é acentuado pelo fato de sua mãe ser sua empresária e não sair do seu pé em momento algum.

As mesmas garotinhas que viram Miley despontar de estrela do Disney Channel para o status de cantora pop cresceram e, a menos que sua nutrição tenha sido à base de leite com pera, desenvolveram algum senso crítico, fator que diferencia o fã de verdade do boçal cuja idolatria impede reconhecer que mesmo tal artista ou banda seja capaz de agir feito um mongolóide às vezes. A apresentação de Miley no VMA foi só o começo. A enormidade de vergonhas alheias que vieram na sequência não me deixam mentir.

A regra é clara no marketing musical: all press is good press. Ou seja, "falem mal, mas falem de mim". 


E motivos para falar mal não faltam.


Por Marcelo Vieira

Comentários

  1. Personagens fabricados sem nenhuma ideologia ou causa. Querem apenas manter a imagem para perpetuar a falsidade em que vivem — já que não possuem a mente criadora perfeita para ingressarem na história da música, tentam entrar pela margem, apropriando-se da figura, ideologia e nome de outros (Miley citou Sinead O'Connor na ocasião).

    Será que não veem que essa revolta é batida? Não percebem que tudo já foi feito antes?

    Aprendam o que é arte primeiro. Aí, quem sabe, conseguirão algo palpável e inusitado.

    Por enquanto, o destino está nas sombras. Será que sobrevivem por 30 anos?

    Eternidade é para poucos.

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  2. Todo o mal da música dar enfase a pré-adolescentes e todo esse público teen vem lá das boybands 70 (Jacksons), dos anos 80 (Menudo, New Kids on the Block), dos anos 90 (Backstreet Boys, N'Sync, Five) e por aí vai.

    Justin Bieber e Miley Cyrus: Il mashup "facciale", gemelli del destino?.

    Hoje, a música tá na mão desse Justin Bieber e essa Miley Cirus que tão empenhados em mostrar que são "capetinhas", mas é tudo tão fake que não cola mais. A fórmula está muito gasta. Não tem B.O. forjado e nem macona-cafona em palco de EMA que dê conta de tanto teen postiço.

    Anos 60 = música na mão de universitários (18-24) e notívagos (24-35 anos).
    Anos 70 = nasce a merda
    Anos 80 = a merda começa a engatinhar
    Anos 90 = a merda anda de bike e se intensifica
    Anos 00 = a merda tira a carteira e não tem volta
    Anos 10 = nem a puberdade, nem os pré e nem os adolescentes veem mais graça na merda. Fica todo mundo: WTF?

    Miley Cyrus "maconheira".

    O engraçado também é que a Miley Cyrus fez base com a Disney, mas essa base está sendo ESNOBADA por ela e usada pela Katy Perry: que é a cantora infantil do momento com temas criança e fofinhos ... sempre no topo da billboard. Tudo invertido. Nem os teens aguentam essa falsidade do comportamento bipolar meio PROGRAMAÇÃO MONARCA que tão fazendo nela.

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  3. Aluna da escola Madonna de marketing. O engraçado é ver como essa velha fórmula (promover escândalos e factóides) ainda funciona muito bem.

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  4. O que me irrita mais é que EU AMO MÚSICA! E me enoja essas "figurinhas" que usam da "musica" como veículo (máscara, na verdade) para adentrar e ocupar uma posição no universo pop das celebridades instantâneas, acerebradas e vulgares.

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  5. A Miley é uma ótima cantora, tecnicamente, mas errou muito no senso artístico com essa persona fake transloucada. Não convence ninguém. Se seguisse na linha Hannah Montana, ela tinha condições de ser uma nova Sheryl Crow e dominar o Pop e ainda o Country competindo com a Taylor Swift, que anda ganhando rios de dinheiro com o vácuo que ficou no country da Shania Twain e Garth Brooks. Se tem coisa que é vírus nos EUA é country.

    Mas a Miley podia ser uma coisa meio Pop e Folk, como a Sheryl Crow ... tranquilamente e como muito louvor.

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  6. A Miley Cyrus é um prato cheio para a mídia marrom, mas essa postura transloucada e libertina não me convence, assim como o novo jeito rebelde sem causa daquele Bieber. Fico com vergonha quando vejo o noticiário dando importância para as polêmicas fabricadas desses dois.

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  7. Eu vou falar uma parada que tem nego que vai duvidar, mas eu desconheço quem seja essa pessoa.

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  8. cara, eu jurava que 'miley cyrus' era um homem

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  9. Fiquei surpreso com essa matéria aqui. O que sei sobre essa moça é que ela canta músicas pop/ruins e veste camisetas do Iron Maiden de vez em quando (o Whiplash adora publicar essas bobagens). Pela lógica, em breve deve aparecer aqui um texto sobre o Justin Bieber e suas bandidagens, né? Afinal, pelo que entendi, são casos parecidos...

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  10. É absurda a quantidade de conteúdo emburrecedor que a mídia enfia goela a baixo do público...

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  11. Acho que ela quer se desvincular da figura da Hannah Montanna e se tornar a próxima Madonna. Mas soa falso e artificial demais. Lady Gaga é 10 vezes mais verdadeira, e Britney já fez tudo o que M. Cyrus vem fazendo. Vai durar mais uns 4 trabalhos, um DVD e sumir, enfurnada em escândalos fabricados ou vícios decorrentes da busca pela fama a qualquer preço. Só não venha tentar fazer rock and roll... ela não leva jeito nem para o POP!

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  12. Miley, Britney e Justin “Biba”: pop adolescente de qualidade rasa. Artistas mimados e de caráter questionável que envergonham a juventude atual.

    Link para um texto de mesma temática sobre o Justin “Biba”: http://www.brasilpost.com.br/cleber-facchi/seu-odio-faz-a-minha-fama_b_4697774.html?utm_hp_ref=diversao.

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