Adrenaline Mob: crítica de Men of Honor (2014)

Há uma alteração de curso em Men of Honor, segundo álbum do Adrenaline Mob. A saída de Mike Portnoy, substituído por AJ Pero (Twisted Sister), representou não apenas uma simples mudança na formação, trocando um instrumentista conhecido por sua técnica diferenciada por outro onde essas características não são o prato principal. A impressão que temos ao ouvir o disco é que o controle criativo, as rédeas da banda, que antes eram divididas entre Russell Allen e Portnoy, agora estão todas nas mãos do vocalista. E Russell, meu amigo, sabe o que faz.

Produzido pela própria banda, Men of Honor traz a sonoridade que os fãs conheceram em Omertà (2012), mas dá um passo adiante em relação ao disco de estreia. O metal cheio de groove que gerou críticas de alguns por soar demasiadamente semelhante ao Disturbed (banda que o baixista John Moyer também faz parte) agora divide espaço com um hard rock de personalidade própria. O guitarrista Mike Orlando, dono de uma técnica absurda e que em alguns momentos de Omertà e do EP Covertà (2013) passava do ponto em solos primordialmente fritadores, está mais focado na música, nos riffs e na melodia em Men of Honor. Isso, somado ao fato de AJ Pero criar levadas evidentemente menos elaboradas que as de Portnoy, tornou o som do Adrenaline Mob mais limpo e muito mais eficiente.

Por esses motivos, esse segundo disco acaba sendo superior a tudo que a banda lançou antes. Russell Allen, além da classe habitual de seus vocais, se destaca por colocar linhas vocais cativantes em todas as canções, o que torna a audição do álbum agradável do início ao fim. Ao mesmo tempo em que temos faixas que se aproximam do que foi feito no primeiro disco, como é o caso de “Mob is Back” e da ótima “Come On Get Up”, somos apresentados a um novo caminho sonoro em músicas como no delicioso hard rock “Dearly Departed”, com uma pegada bem anos 1980. Mesclando o groove com o hard, o Adrenaline Mob começa a encontrar a sua cara, e isso se reflete em todas as faixas. As baladas “Behind These Eyes” e “Crystal Clear” e a mid-tempo “Fallin’ to Pieces” estão entre os melhores momentos do trabalho, evidenciando o aspecto radio friendly.

Em termos individuais, Russell Allen é o destaque óbvio. No metal atual é muito difícil encontrar um vocalista com o gabarito do californiano. Ele é espetacular, variando entre timbres agressivos e momentos onde utiliza a sua voz de forma mais limpa. E, arriscando ser apedrejado pelos fãs, afirmo: para mim, a voz de Allen soa muito mais apropriada ao estilo do Adrenaline Mob do que ao prog metal do Symphony X, a banda que o tornou famoso em todo o planeta. AJ Pero segura a onda sem problemas, enquanto John Moyer é o recheio grudento e gorduroso do som do grupo, fazendo o seu baixo soar onipresente. E, como dito, Orlando soa mais contido, trabalhando para a banda e não apenas para mostrar como seus dedos são rápidos.

Men of Honor é um CD muito bom, que entrega ótimos momentos para o ouvinte. A qualidade de suas faixas tem tudo para tornar a banda ainda mais conhecida, e, dependendo da receptividade do público, transformar o Adrenaline Mob em prioridade total para todos os músicos envolvidos.

Nota 8,5

Faixas:
1 Mob is Back
2 Come On Get Up
3 Dearly Departed
4 Behind These Eyes
5 Let It Go
6 Feel the Adrenaline
7 Men of Honor
8 Crystal Clear
9 House of Lies
10 Judgment Day
11 Fallin’ to Pieces
12 Gets You Through the Night

Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. também achei esse disco bem mais maduro em um todo... mike orlando jogando mais pro time, a batera mais reta e com timbre muito bom, vocais absurdos... esse merece comprar o cd!

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  2. Não gostei muito do primeiro disco, apesar de ser fã do Allen e do Portnoy. Ouvi só a Come On Get Up e já achei muito bom. Vou ouvir o álbum inteiro depois dessa animadora crítica.

    PS: vai rolar uma crítica do novo álbum do Raimundos? Queria saber a opinião do Ricardo sobre o disco...

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  3. Eu sempre disse que sinto faltados grande bateristas que jogam pro time, como faz Ian Paice e o grande Cozy Powell. Tudo em exceso é ruim, e Portnoy apesar de ser esse monstro na bateria, muitas vezes acaba prejudicando o grupo como um todo. Esses novos bateristas acabam se tornando atletas do instrumento, técnica 10, sensibilidade zero

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  4. Esse cliché em relação ao Portnoy já deu. Não é pq é o Portnoy que ele sempre vai exagerar, jogar contra o time, bla bla bla. Pelo amor, Winery Dogs, Flying Colors estão ai pra mostrar isso. Aliás, tocar igual tocava no DT, até hoje, nunca mais tocou. Toca sim de formas diferentes (e variadas!), o que por si só já é muito bom. Sério, não aguento mais ler, em cada 9 de 10 vezes, sempre a mesma coisa sobre o Mike.

    Ainda não ouvi esse disco do Adrenaline Mob. Até agora não gostei de praticamente nada que esse grupo fez, vamos ver se será diferente com esse. Curioso pra ver o Orlando, pq esse sim me incomoda demais.

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  5. Eu achei esse disco novo mais melodico e essa "Behind Blues Eyes" to ouvindo todo dia!!! Candidata a musica do ano com certeza!!! Alias, esse AJ Pero fez um excelente trabalho.

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  6. De fato o disco é melhor que o anterior.
    Tbm concordo que o Mike Orlando está jogando mais pro time, ele realmente está menos chato, mas ainda passa do ponto.
    E o Russell...meu Deus! esse cara só me surpreende, Symphony X ficou pra trás.

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  7. Adrenaline Mob é uma banda que chegou para ficar. Aliás, alguém sabe a quantas anda o Symphony X?

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  8. MUSTAINE: “Tocar, para mim, fazer solos e coisas desse tipo, existem muitas coisas técnicas que as pessoas fazem, sweeping e coisas assim, e eles fazem muitas coisas que são bonitas de se ver e reais, mas quer saber, após um tempo de alguém subir e descer por todo o solo, já está na hora de parar. Eu acredito que David Gilmour pode fazer mais com uma nota do que a maioria desses garotos aí fora com esses solos incríveis.”

    Acho que por pensar assim, que eu implico tanto com o Mike Orlando.

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