"Funeral for a Friend/Love Lies Bleeding" é a primeira a fazer isso. Com a tradicional pontualidade britânica, abre o show às 21h05 e usa seus 11 minutos para mostrar quanto Elton John é versátil e entende do riscado. Um medley progressivo que poderia figurar em qualquer álbum do Focus. Piano no melhor estilo Thijs Van Leer.
A sequência inicial privilegia o brilhante Goodbye Yellow Brick Road (1973), sétimo disco de estúdio de Elton John e que inspira sua atual turnê, denominada Follow the Yellow Brick Road - além de Goiânia, passa também por Rio de Janeiro (19), Salvador (22) e Fortaleza (26). Depois da abertura apoteótica, o álbum é representado por outras três: "Bennie and the Jets", "Candle in the Wind" e "Grey Seal". Só na quinta, "Levon", é que o britânico contempla outro discaço de sua autoria, Madman Across The Water (1971).
Com o público já nas mãos, Elton John anuncia o que, talvez, seja sua obra-prima: "Tiny Dancer". A execução é primorosa. Difícil não se encantar com a magia dessa canção, mundialmente conhecida por ilustrar uma das melhores cenas do filme Quase Famosos (2000), de Cameron Crowe. No ápice do refrão, automaticamente vem à cabeça o diálogo entre William Miller (Patrick Fugit) e Penny Lane (Kate Hudson):
- Eu preciso ir para casa.
- Você está em casa.
Outros destaques da primeira metade da apresentação são "Holiday Inn", "Goodbye Yellow Brick Road", o hino "Rocket Man", cantado praticamente em uníssono, além da ótima "Hey Ahab", do disco The Union (2010), feito em parceria com o mago Leon Russel. Ao vivo, ela fica pesadíssima e mostra que há coisas excelentes na produção recente do gordinho.
Do meio para o fim, o show esquenta de vez. Com a predominância de músicas mais dançantes, Elton John colocou o Goiânia Arena para celebrar uma verdadeira aula de rock e R&B. Destaques para a esperta "I Guess That's Why They Call It The Blues", a malícia de "Sad Songs" e outra trinca certeira de Goodbye Yellow Brick Road: "All the Girls Love Alice", "Your Sister Can't Twist (But She Can Rock'n Roll)" e "Saturday Night's Alright for Fighting". Teve gente que ficou sem entender nada. Coitados.
Ainda que mais intenso, o show continuou tendo espaço para baladas. A interpretação de canções como "The One", "Skyline Pigeon" e a belíssima "Home Again", de seu mais recente disco, The Diving Board (2013), causou comoção. Apesar de bastante modificada, a voz de Elton John, um tanto quanto mais grave, continua conseguindo emocionar multidões. A perspicácia no piano, idem. A banda que acompanha o britânico também é um arraso. Vale ressaltar fundamentalmente as lendas Davey Johnstone (guitarra) e Nigel Olsson (bateria), juntos com o cantor desde os primórdios. Muito carismáticos e competentes.
No encerramento, às 23h35m, um encore simplesmente incrível. A genialidade de "Your Song" e o clima de festa de "Crocodile Rock". Fim de um show irretocável, com 27 canções, e que mostrou toda a capacidade que Elton John, aos 66 anos, tem de tocar os sentimentos das pessoas com sua música. Desde o fã mais die hard até aquele que foi só para ouvir a "música do Rei Leão", não ouviu, mas acabou descobrindo um repertório vasto e encantador. Desde o coxinha que foi só pelo status de ser um show internacional até o incoveniente que adora fazer piadinhas sobre a orientação sexual do cantor. Até esses devem ter saído boquiabertos.
Setlist
Funeral For a Friend/Love Lies Bleeding
Bennie and the Jets
Candle in the Wind
Grey Seal
Levon
Tiny Dancer
Holiday Inn
Mona Lisas and Mad Hatters
Believe
Philadelphia Freedom
Goodbye Yellow Brick Road
Rocket Man
Hey Ahab
I Guess That’s Why They Call It The Blues
The One
Skyline Pigeon
Someone Saved My Life Tonight
Sad Songs
All The Girls Love Alice
Home Again
Don’t Let The Sun Go Down on Me
I’m Still Standing
The Bitch is Back
Your Sister Can’t Twist (But She Can Rock'n'Roll)
Saturday Night’s Alright For Fighting
Your Song
Crocodile Rock
Elton John Band
Davey Johnstone - guitarra, bandolim e banjo
Nigel Olsson - bateria
Matt Bissonette - baixo
Kim Bullard - teclado
John Mahon - percussão
Por Guilherme Gonçalves
Estive no show do Rio, na quarta feira. É incrível o que o coroa ainda consegue fazer. Com quase 70, tocando por duas horas e meia sem parar, e quase o tempo todo enfiando o pé nos rocks... não é pra qualquer um, não!
ResponderExcluirFantástico show, emocionante do início ao fim. O Brasil inteiro está podendo conhecer o grande artista que é Elton John e o que o cara consegue fazer com os nossos corações. Banda fantástica, impecável. Elton sempre nos deixa com gostinho de quero mais...e eu espero que tenha mesmo muito mais!
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