Led Zeppelin, The Who e a lei da oferta e procura

A lei da oferta e da procura estabelece a relação entre a demanda de um produto — isto é, a procura — e a quantidade deste produto que é oferecida, que está disponível em mercado, a oferta. Se ambas, demanda e oferta, são altas, o valor é nivelado por baixo, mas se a demanda é alta e a oferta é baixa, recordes podem ser quebrados.

A equação é simples: demanda + escassez = valor.

The Who e Led Zeppelin, duas bandas lendárias que dominaram o mundo do rock nos anos 1970. Ambas nasceram no final dos anos 1960, têm raízes musicais bem definidas e possuíam grandes e inovadores bateristas que partiram desta vida por razões atreladas direta ou indiretamente ao alcoolismo — Keith Moon e John Bonham.

A diferença entre Who e Zep reside em como cada banda reagiu a perda de seus bateristas. Keith Moon morreu dormindo, na madrugada de 7 de setembro de 1978, vítima de uma overdose acidental de, veja você, medicamentos prescritos para combater o alcoolismo. O The Who virou a página e encontrou na figura de Kenney Jones, ex-Small Faces, o substituto ideal, com o qual gravariam Face Dances (1981) e It's Hard (1982). Após idas e vindas e a morte de outro integrante da formação original (John Entwistle, o baixista, se foi em 2002), o The Who segue embarcando em turnês esporadicamente.


Já o Led Zeppelin deixou de existir após a morte de John Bonham, em 25 de setembro de 1980. Assim como Moon, o baterista do Led Zeppelin teve morte acidental — só que causada por nada menos que umas 40 doses de vodka. Desde então, Jimmy Page, Robert Plant e John Paul Jones só se reuniram como Led Zeppelin em três ocasiões, sendo a primeira delas em 1985, no festival Live Aid, trazendo Phil Collins (Genesis) na bateria, numa apresentação "bestial", segundo Plant. Em 2007, os três decidiram se apresentar no show em memória de Ahmet Ertegun, presidente da Atlantic Records. Com Jason Bonham, o filho do homem, na bateria, entraram para o Livro Guinness dos Recordes como "Maior Procura por Ingressos para um Concerto Musical". Foram mais de 20 milhões de pedidos online.

Houve quem apostasse em turnê de reunião ou coisa que o valha, mas, realmente, não passou daquele one night only. Exibido em mais de 40 países, o show arrecadou em torno de 2 milhões de dólares. Em 2012, chegou às lojas em DVD e Blu-ray com o título mais adequado possível: Celebration Day.

Tanto o The Who quanto o Led Zeppelin merecem ter reconhecidos os seus lugares entre as maiores bandas de rock da história, mas em se tratando de agregar valor à marca, o Led soube fazê-lo ao manter a oferta muito abaixo da procura.

Por Marcelo Vieira

Comentários

  1. Vejo isso de forma completamente diferente e até esperava uma análise MUITO mais aprofundada. Existe um hype óbvio por cima do Zeppelin por conta do fim após a morte do Bonham. Existe em qualquer banda que despontou, fez sucesso e acabou rápido, geralmente com morte. O texto simplesmente pegou duas inferências ocasionais mais de 30 anos após tais fatos acontecerem. Assim é fácil de tecer comentários, não chega a ser uma análise na realidade.

    As bandas sequer pensaram em lei de oferta e procura quando seus músicos morreram e nem continuaram pensando nisso ao longo dos anos.
    Para mim - e deixando claro que é a minha opinião -, a diferença é que o The Who tinha mais o que oferecer enquanto banda mesmo após a morte de Keith Moon. Já o Led Zeppelin, não. Aproveitaram a deixa para findar algo já desgastado.

    Isso, novamente deixando claro que é ao meu ver, se reflete musicalmente nos últimos álbuns das duas bandas antes das mortes.

    "Who Are You" não é um disco bom, mas mostra que o The Who queria inovar, trabalhar em coisas diferentes e estava procurando por novas direções artísticas. Algo comprovado nos discos seguintes, inclusive. "In Through The Out Door" mostra o contrário para mim. Soa forçado, tem cara de álbum de despedida mesmo.

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  2. O texto faz sentido, mas não quer dizer que a tese seja verdadeira.

    Se dependesse do Jimmy Page, o Led teria voltado pra valer em 2007 com tour mundial e até disco novo, como o Sabbath no ano passado. Isso não aumentaria o valor de tudo que eles fizeram no passado, pois este valor nada tem a ver com demanda/escassez ou leis de mercado. É um valor artístico, que já está registrado na história como um clássico, se tornando, portanto, parte da própria obra.

    Da mesma forma, o fato do Who ter continuado a gravar discos e fazer tours até hoje não diminui em nada o valor da sua "marca". E mais: ver o Who hoje, mesmo já velhinhos, sem Moon ou Entwhistle, ainda é uma experiência fantástica, a qual tive o privilégio de conferir no ano passado em um dos shows da tour de 40 anos do Quadrophenia.

    Talvez o valor do cachê de um possível show/tour do Led Zeppelin nos dias de hoje poderia valer mais do que um do The Who, devido a demanda que você citou no texto. Porém, há anos o Pete Townshend sai alguns meses do ano se divertindo por aí tocando a sua guitarra enquanto o Jimmy Page está, infelizmente, apenas em casa ou nos estúdios, cuidando das edições deluxe dos velhos discos do Zep. O que será que tem mais valor?

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