Após do bom trabalho feito no Elf ao lado de seu primo David Feinstein, o reconhecimento veio ao lado de Ritchie Blackmore no Rainbow, na segunda metade dos anos 1970. Depois da parceria com o homem de preto, Ronnie reinventou o Black Sabbath ao substituir Ozzy e fazer a banda soar totalmente diferente. E, finalizando esse processo, aplicou todo o conhecimento e experiência adquirido em anos na estrada com músicos do quilate de Blackmore, Cozy Powell, Tony Iommi e Geezer Butler na banda que batizou com o seu próprio nome e se tornou um dos mais importantes e influentes nomes do metal dos anos 1980.
É muito difícil apontar qual foi o melhor disco gravado por Ronnie James Dio em sua longa carreira. No entanto, três títulos inegavelmente se destacam em uma discografia: Rising (1976), Heaven & Hell (1980) e Holy Diver (1983). Abaixo, contamos detalhes e os motivos que fazem destes três álbuns o ápice de Ronnie James Dio.
Lançado em 17 de maio de 1976, Rising é o segundo disco do Rainbow, banda formada pelo genial Ritchie Blackmore após a sua saída do Deep Purple em 1975. Sucessor do debut auto-intitulado, acentua os propósitos épicos e medievais que Blackmore almejava e apresenta uma sonoridade que influenciou profundamente todo o heavy metal produzido nos anos posteriores. Ritchie manteve apenas Ronnie na formação que gravou o álbum de estreia, montando uma banda dos sonhos com Tony Carey (teclado), Jommy Bain (baixo) e Cozy powell (bateria). O resultado é um disco arrebatador, com uma produção poderosa assinada por Martin Birch.
A concepção musical de Rising é toda de Blackmore. Dio consta nos créditos como parceiro de Ritchie em todas as canções, mas isso se dá pelas letras, todas assinadas pelo vocalista. Além da dupla, o outro destaque principal do álbum é a bateria de Cozy Powell, técnica e pesadíssima. Talvez o principal discípulo de John Bonham, Powell tem em Rising a principal performance individual de sua carreira, abortada precocemente em um acidente de carro em 1998.
Com apenas seis faixas, Rising traz o grupo voando alto em clássicos como “Tarot Woman”, “Starstruck” e “Stargazer”, onde é possível ouvir de maneira clara e sentir quase fisicamente a força e a dimensão que o Rainbow da época conseguia imprimir em cada canção. Dio, mais seguro após a boa aceitação do primeiro disco, canta com personalidade e como se o posto ao lado de Ritchie Blackmore fosse seu por direito desde o início dos tempos. Apesar de já contar com 34 anos na época, Ronnie não deixava de ser um novato, já que suas bandas anteriores nunca haviam atraído os holofotes e, no Rainbow, ele era o braço direito de um dos maiores guitarristas da história.
Rising soa atual até hoje e é, na minha opinião, um dos três melhores álbuns de hard rock lançados durante os anos 1970 e um dos discos mais importantes e influentes do rock pesado.
Ronnie James Dio saiu do Rainbow em 1978 após Ritchie Blackmore decidir que levaria o som da banda em direção a uma música mais acessível, visando o mercado norte-americano, direcionamento esse que seguiu a risca em álbuns como Down to Earth (1979) e Difficult to Cure (1981). Dio, por sua vez, viu o mundo dar um giro de 180 graus. Na época, o Black Sabbath havia mandado Ozzy Osbourne embora devido aos problemas crônicos do vocalista com todo e qualquer tipo de entorpecente. Os caminhos de Ronnie e do Black Sabbath se cruzaram, e dessa união nasceu um dos melhores trabalhos da lendária banda inglesa.
Lançado em 25 de abril de 1980 e contando, assim como Rising, com Martin Birch na produção, Heaven and Hell reinventou o Black Sabbath. A música dos pais do heavy metal soa mais épica e técnica no disco, contrastando de maneira clara com os álbuns gravados com Ozzy durante a década de 1970. As oito canções, apesar de creditadas para toda a banda, são, na verdade, criações de Dio e Iommi. Ambos se acertaram de imediato como parceiros, transbordando inspiração. Heaven and Hell marca também um passo importante na carreira de Ronnie James por apresentar o músico indo além do que fazia no Rainbow, onde compunha apenas as letras e algumas melodias vocais, e trocando figurinhas de maneira profunda com Iommi, afirmando-se como excelente compositor.
Heaven and Hell soa praticamente como uma coletânea. Seis de suas oito faixas se tornaram clássicos do Black Sabbath - “Neon Knights”, “Children of the Sea” (primeira canção composta por Dio e Iommi), “Lady Evil”, “Heaven and Hell”, “Die Young” e “Lonely is the Word” -, comprovando a imensa capacidade criativa da nova encarnação do grupo. Livre da sombra de Blackmore, Ronnie chama para si a responsabilidade e assume sem maiores traumas um dos postos mais cobiçados no cenário musical da época, brilhando intensamente e revelando-se a pedra fundamental que provou ser possível a existência de um Sabbath sem Ozzy. Sua performance em todo o disco é arrebatadora, com destaque para os vocais de “Children of the Sea”, “Die Young” e da faixa-título.
Para muitos, Heaven and Hell é o melhor disco da carreira do Black Sabbath. Não há como dizer que os que pensam assim estão errados.
Desentendimentos causados durante o processo de mixagem do duplo ao vivo Live Evil (1982) - Dio fazia um mix durante o dia enquanto Iommi e Butler alteravam tudo à noite - fizeram com que Ronnie saísse do Black Sabbath em 1982. Porém, depois de anos dividindo as atenções com outros protagonistas, chegava a hora de Ronnie James Dio brilhar de maneira intensa em sua própria banda. Para ocupar o lugar que já havia sido de Blackmore e Iommi, Ronnie encontrou o jovem prodígio irlandês Vivian Campbell, então com apenas 22 anos. No baixo o parceiro dos tempos do Rainbow, Jimmy Bain, enquanto a bateria foi assumida por Vinny Appice, herdeiro da dinastia rítmica iniciada por seu irmão Carmine.
Holy Diver, estreia da banda batizada com o sobrenome artístico do vocalista, chegou às lojas em 23 de maio de 1983 e apresentou ao mundo o jeito Dio de fazer heavy metal. Com letras repletas de fantasia e uma música cortante e cheia de energia, o disco galgou rapidamente o gosto dos fãs e voou até o topo, transformando-se com o tempo em um dos maiores clássicos da música pesada. A produção, assinada pelo próprio Dio, contrastava com a refinada sonoridade criada por Birch para Rising e também com o gorduroso som presente em Heaven and Hell. Com a guitarra de Campbell lado a lado com sua voz, Dio, então com 41 anos, gravou aquele que é, provavelmente, o mais autoral de todos os seus trabalhos.
As faixas de Holy Diver formam um tracklist sólido, consistente e refrescante. Ao menos seis das nove canções fazem parte do inconsciente coletivo de qualquer fã de metal: “Stand Up and Shout”, “Caught in the Middle”, “Don’t Talk to Strangers”, “Straight Through the Heart”, “Rainbow in the Dark” e a fenomenal faixa-título.
Dio bate no peito e canta com a alma, no mesmo nível que apresentou em Rising e Heaven and Hell, porém acrescentando uma dose maior de agressividade como elemento permanente de sua performance a partir de então.
Ao pensar ou analisar o metal produzido durante a década de 1980, Holy Diver ocupa lugar fácil entre os 10 melhores discos produzidos no período - que, diga-se de passagem, é farto em excelentes títulos.
Rising, Heaven and Hell e Holy Diver apresentam, cada um a sua maneira, o ápice do vocalista em momentos diferentes de sua carreira. No auge de seus poderes, Ronnie James Dio construiu o culto em torno do seu nome e de sua voz com estes três álbuns. É quase impossível dizer qual é melhor. Por via das dúvidas, é sempre bom ouvi-los novamente, recordando canções e descobrindo novos detalhes.
E pra você, qual foi o melhor disco gravado por Ronnie James Dio?
Por Ricardo Seelig
Difícil , mas em minha opinião , Rising é o melhor. Por pouco é verdade ... rs
ResponderExcluirEu prefiro o "Mob Rules" que o "Holy Diver", mas se eu fosse apresentar o trabalho do Dio para alguém escolhendo 3 álbuns, com certeza citaria o "Holy Diver".
ResponderExcluirPara ser franco, todos os álbuns que o Dio gravou no Black Sabbath, os dois primeiros dele na carreira solo e o dois no Rainbow são fundamentais. A escolha do melhor é simples questão de preferência, porque todos esses são ótimos.
Eu não consigo me decidir entre o "Heaven and Hell" e o "Rising", mas se eu fosse escolher a melhor música com o Dio no vocal seria "Stargazer". Essa música é a perfeição, desde a introdução de bateria até o final.
Só lembrando que ele gravou três discos com o Rainbow, Thiago: o primeiro, Rising e Long Live Rock 'n' Roll.
ResponderExcluirIsso. Eu quis me referir ao outro como sendo o "Long Live Rock n' Roll", não curto muito o primeiro não.
ResponderExcluirDos três Rainbow com o Dio, é realmente o mais fraco.
ResponderExcluirMagica também é um ótimo disco gravado pelo Dio. Acho que foi o último grande disco que ele lançou.
ResponderExcluirTrês discos irretocáveis. Nota 10 de olhos fechados.
ResponderExcluirMinha ordem de preferência é:
1. Heaven and Hell
2. Rising
3. Holy Diver
E Stargazer é a música que define o que é heavy metal.
Nunca vou esquecer do dia 13 de maio de 2009, quando pude ver Dio e Tony Iommi juntos, em Brasília.
Um ano depois ele estaria morto e, se eu tivesse perdido, jamais me perdoaria.
Dia desses estava conversando isso com amigos e cada um achou um album desses 3 rsrs....Eu fico com o holy diver
ResponderExcluirDiego,
ResponderExcluirNão gosta de Master of the Moon 2004) ou de The Devil You Know (2009)?
Concordo que não são geniais, mas são discos bem legais...
Sou da mesma opinião que o Thiago M. quando disse não conseguir se decidir entre o Heaven and hell e o Rising, sendo Stargazer a melhor música com o Dio no vocal. E digo mais: considero ainda Stargazer uma das duas melhores músicas gravadas por Blackmore, empatando com Child in time do Purple.
ResponderExcluirOs três álbuns citados são realmente os melhores e mais importantes gravados pelo Dio.
No mais, considero The last in line (1984) o último grande trabalho do Dio.
Depois de várias minutos tentando me decidir por um: desisto! ...rs. Adoro o Dehumanizer! Batendo cabeça no escritório!
ResponderExcluirPrezados Ricardo e Thiago: Concordo com suas opiniões sobre o "Rising" "Long Live..."; porém, não tem como não destacar deste último, a magistral "Gates of Babylon".
ResponderExcluirPergunta dificil, pois eu tenho os três e eles fazem parte da minha vida.
ResponderExcluirSe fosse pra apresentar o "metal à lá Dio" acho que os três álbuns selecionados seriam realmente os melhores, mas gosto muito particularmente do Dehumanizer do Black Sabbath.
ResponderExcluir1º Rising
ResponderExcluir2º Heavan and Hell
3º Holy Diver
Porém, tenho a mesma preferência que o Thiago e gosto mais do Mob Rules do que o Holy Diver, mas pensando no melhor dele por onde passou, acho que a ordem é essa.
Stargazer realmente é o melhor desempenho do Dio, e do Rainbow, mas eu adoro a versão de Catch The Rainbow do On Stage
Ricardo, os álbuns analisados por você têm o mérito de soarem atuais ainda nos dias de hoje. Entretanto, prefiro o obscuro "Dehumanizer", ótimo disco para se ouvir em tardes frias e chuvosas de sábado! Dehumanizer é o álbum que situa o Sabbath na década de 90 e mostra que a banda ainda conseguia ser relevante, com grande performance dos músicos tanto na composição quanto na execução das músicas.
ResponderExcluirDio forever!
Ricardo . n verdade Dio tem 6 grandes ÁLBUNS P MIM .... Rising , Long Live.., Heaven and Hell . Mob Rules , Holy Diver e The Last in Line .....
ResponderExcluirÉ claro que ele tem outros grandes discos, Paulo, mas esses três são superiores aos outros, ao meu ver.
ResponderExcluir1º Rising
ResponderExcluir2º Heaven and Hell
3º Holy Diver
4º Dehumanizer
5º Mob Rules
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ResponderExcluirTanto os discos gravados com o Sabbath quanto o Rising e o Long Live Rock 'n' Roll são fantásticos. Eu diria que o meu disco favorito do BS é o Mob Rules, então fico com ele e com o Rising, que é o meu favorito do Hard setentista.
ResponderExcluirDio foi um dos grandes vocalistas de Metal da história. Digo sem sombra de dúvidas que a minha fase predileta do Sabbath conta com a voz dele, apesar de gostar muito do Ozzy e do Born Again.
Eu sou o único fã de Elf? Acho o Trying to Burn the Sun, terceiro álbum de estúdio, um dos melhores discos do Dio - lado a lado com o Rising e com o Heaven and Hell. E por eu não estar tão fã de metal ultimamente acho que prefiro o TTBTS entre todos os outros. Também cito o disco que Dio gravou em 1963, o Dio at Domino's, que conta com uma de suas melhores performances vocais, em An Angel is Missing. Também curto pra caramba o The Last In Line e o Sacred Heart, e heresia ou não, talvez até mais que o próprio Holy Diver, mas é claro, sem desmerecer a estupenda qualidade e importância dele, hehe.
ResponderExcluirEnfim, RJD é o cara, e mesmo que tenha decaído um pouco na segunda metade da década de 90, voltou com tudo nos anos 2000.
Só uma pergunta pro pessoal, alguém sabe o motivo de Ronnie não gostar de músicas lentas/baladas? No Elf tivemos umas quatro, cinco no máximo; no Rainbow apenas três; no Sabbath apenas Over and Over e Lonely is the Word; e no Dio apenas This is Your Life e aquela do Magica (esqueci o nome). Pergunto isso pq acho a voz dele melhor ainda em músicas mais lentas.
Pessoal, eu sou doido com o "Dehumanizer"...
ResponderExcluirQuando tinha banda, era muito afim de meter a "Computer God" no set list!
Quem sabe um dia...
Dio é um mestre! Já tive o prazer de encontrá-lo pessoalmente e afirmo que além de um grande talento, possui muita simpatia!
O Primeiro do Rainbow pode até mesmo ser o mais fraco deles, mas na minha opinião tem uma das músicas mais importantes da carreira do Dio, que é Catch the Rainbow.
ResponderExcluirAproveitando o espaço... Ricardo, existe algum bom livro biográfico sobre o Dio?
Rising Na Minha Opinião é um dos melhores, falar do
ResponderExcluirDio é complicado quando se para falar de musica, porque o cara era um genio, quem nunca tocou musica do Dio alguma vez na vida.
Boa pergunta não existe algum livro biográfico sobre o Dio?