Bandas de Um Disco Só: Saints & Sinners

A breve história do Saints & Sinners se assemelha à de praticamente todas as bandas de glam metal que apareceram após a virada dos anos 1990. A banda teve início na francófona cidade de Montreal, no Canadá, em 1991, a partir da junção de forças entre o vocalista Rick Hughes (Sword) e o tecladista Jesse Bradman (Aldo Nova, Night Ranger e UFO). Stephane Dufour (guitarra), Martin Bolduc (baixo) e Jeff Salem (bateria) completavam a escalação que entrou em estúdio para registrar o que seria o único trabalho do grupo.

Fugindo à regra que se aplicava às bandas de selos independentes, o Saints & Sinners contou com um verdadeiro time de feras na gravação de seu disco. Na mesa de som, ninguém menos que Paul Northfield, que acabara de trabalhar no clássico Empire (1990) do Queensrÿche e desde Systemathic Chaos (2007) é a primeira opção do Dream Theater. A masterização ficou a cargo do respeitado e premiado Bob Ludwig. E quem produziu? Aldo Nova, aquele cujo nome provoca arrepios na turminha chegada num AOR.

A partir do momento em que virou receita de bolo — ou de grana fácil —, o glam metal foi perdendo a expansividade, com um zilhão de bandas surgindo e lançando trabalhos cada vez mais homogêneos. Quando o fator novidade caiu por terra, o gênero enfiou o pé na cova. Diante disso, não se pode esperar algo original do Saints & Sinners. A fórmula é batida, ok, mas nos quesitos de desempate o quinteto se dá bem: execução, carisma e o caráter "festinha", que funciona como uma espécie de ISO 9000 do glam metal. Afinal, se não empolga e se não agita, jogue fora!

Em pouco mais de 40 minutos, o que se ouve são guitarras pontiagudas e muitas vezes em dobro; teclado aparecendo em momentos cruciais; bateria e baixo estabelecendo uma base sólida; e o vocal sempre à beira do abismo, tendo um fundo vocal de primeira como anteparo. Os refrãos são ganchudos, os solos são esmerilhos furiosos, o conjunto brilha uniforme. A título de referência, algo por aqui me lembrou o Winger do disco de estreia, bem como o Dokken em sua fase de transição pós-Tooth and Nail (1984).

Destaques pessoais para "Lesson of Love" (chi-cle-te!), "Kiss the Bastards" (porque toda banda de glam metal que se preze tem que ter uma faixa sobre ser um badass) e "Frankenstein", uma peça de quase dez minutos, fragmentada em duas partes no CD, na qual o grupo mergulha de cabeça num mar de peso adicional e complexidade, tanto temática quanto musical.

Saints & Sinners chegou às lojas em 1992 — no Canadá via Aquarius e nos EUA via Savage. Cada versão do álbum possui uma capa diferente, mas isso só depende da maneira que você dobrar o encarte. A falta de interesse da mídia e do público como um todo levou ao rompimento um ano mais tarde. Mas independente disso, vamos ver o que o grupo, de fato, oferece em termos de som. Músicas de trabalho foram três: "Walk That Walk", "We Belong" e a baladaça "Takin' My Chances".

Faixas:
1 Shake
2 Rip It Up
3 Walk That Walk
4 Takin' My Chances
5 Kiss the Bastards
6 Wheels of Fire
7 Lesson of Love
8 We Belong
9 Frankenstein (Intro)
10 Frankenstein
11 Slippin' Into Darkness

Por Marcelo Vieira

Comentários

  1. Marcelo, esse Saints & Sinners é bom demais. Faz tempão que não ouço. Agora falando em bandas de um disco só, dá uma checada no Heavy Bones.....na minha opinião coloca o Saints & Sinners no bolso.

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  2. Heavy Bones, outra bandaça. Gary Hoey destruindo na guitarra!

    Pode ser um dos próximos posts, valeu pela lembrança! ;)

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