Espaço do Leitor: o preço abusivo dos CDs e o eterno dilema dos downloads


Olá Ricardo e a todos do Collectors Room. 

Sou leitor assíduo do site e um apaixonado por hard rock e heavy metal. Estou sempre atento às novidades e agradeço a vocês por terem me apresentado bandas que hoje viraram minhas favoritas. 

Não sou um colecionador como vocês, pois o preço dos CDs , DVDs e LPs são altíssimos. E é essa pergunta que eu faço a todos. Com o preço da importação, e raros novos álbuns lançados no Brasil, se torna muito difícil não partir para os downloads. O que vocês acham dos downloads ilegais? 

É válido ser fã de uma banda e não gastar nada com ela, mesmo sendo por que não há condições? 

Abraços a todos!

Murilo Tinoco
Rio de Janeiro (RJ)

Salve Murilo, tudo na paz?

Obrigado por participar do Espaço do Leitor, e por acompanhar e curtir as novidades que buscamos trazer para os nossos leitores. Assim como você, também conheci muitas bandas legais por intermédio da Collectors Room, e essa troca de experiências musicais é muito gratificante para todos nós.

Até alguns anos atrás, eu tinha a mesma opinião que a sua sobre o preço dos itens que tanto gostamos de colecionar, como CDs e DVDs. Em alguns casos, lojistas realmente cobram preços exorbitantes sobre discos que não possuem nenhum atrativo a mais para nós, colecionadores. Considero um absurdo pagar mais de R$ 30,00 por um cd simples e em jewel case (aquelas caixinhas de acrílico que tanto preservamos e procuramos trocar quando quebram). Para mim, esse valor se justifica apenas em lançamentos duplos ou que apresentem algum tipo de diferencial, seja ele uma edição em digipack, um encarte bem caprichado ou uma edição importada. É um critério absolutamente pessoal, mas que serve de parâmetro para adquirir itens que realmente tenham relevância na minha coleção.

Por outro lado, pesquisando bem e com uma busca mais apurada pela internet em sites nacionais ou estrangeiros é possível encontrar várias lojas virtuais com itens a preços bem interessantes. Ultimamente tenho adquirido vários itens on line, que garantem além de praticidade, uma economia absurda em relação ao preço que via de regra é praticado por aí. Até mesmo em algumas lojas físicas e grandes redes varejistas é possível comprar itens a preços que caibam dentro do nosso limitado orçamento. Nada que uma pesquisa (e um pouco de tempo) não resolva.

Sobre sua dúvida a respeito dos downloads, taí um assunto que dá uma discussão bem bacana. Em primeiro lugar, discordo de você, Murilo, quando afirma que são raros os lançamentos por aqui no Brasil. Nos dias atuais, cada vez mais discos são disponibilizados pelas gravadoras em edição nacional, principalmente de artistas considerados do mainstream de seus segmentos musicais. Tudo bem que nem sempre eles saem por aqui com o capricho de uma edição importada, mas na maioria das vezes os encontramos em versão brazuca.

Seria hipocrisia de nossa parte dizer que não fazemos downloads dos discos que “vazam na rede” antes de seu lançamento oficial. Em tempos como esses que, ao contrário da época das fitas cassete e dos discos de vinil, é cada vez mais rápido e ágil conseguir ouvir aquele lançamento que tanto aguardamos, considero muito útil a audição de um disco antes de seu lançamento, até para termos certeza se vale a pena ou não comprar o mesmo em formato físico. Se valer a pena, adquiro o disco. Se não, excluo o arquivo. Acho muito estranho quando alguém diz que têm uma coleção de música, e ao ser perguntado sobre o tamanho dela, respondem em gigas ou terabytes. Por outro lado há vários sites de streaming de música a preços justíssimos, tendo como principais expoentes desse gênero o Deezer e o Rdio, que disponibilizam quase que simultaneamente ao lançamento físico a versão digital de uma infinidade de artistas dos mais variados gêneros musicais, além daqueles discos clássicos que adoramos ouvir de vez em quando. Recomendo demais, vale a pena!

E quanto ao seu último questionamento, deixo aqui uma reflexão que acredito servir como resposta. As bandas, principalmente aquelas não estabelecidas pelas vendas de seus discos quando esse formato ainda era a principal fonte de renda das mesmas, sobrevivem exclusivamente de seus shows e dos royalities gerados sobre a receita da venda de discos (tudo bem, esse último nem tanto assim atualmente). Como admiradores de seu trabalho, cabe a nós decidir se queremos que os conjuntos tenham sobrevida ou não. E essa decisão está exclusivamente implícita no comparecimento a suas apresentações e na compra de seus discos, camisetas, material promocional, etc. Uma coisa está diretamente ligada a outra, uma vez que, sem receita, os artistas não se mantém. Pense nisso!

Abraço! (Tiago Neves)

Participe você também do Espaço do Leitor enviando críticas, sugestões, pedidos e o que mais imaginar para o e-mail falacollectorsroom@gmail.com

Comentários

  1. Faz anos que não compro CDs, e confesso que fui adepto dos downloads ilegais por um bom tempo. Mas depois que assinei o Deezer, nunca mais baixei música! Recomendo muito pra quem ouve bastante no computador (em casa ou no trabalho) ou mesmo na rua com o celular. Pra colecionadores não sei se é uma boa, mas pra quem quer apenas ouvir boa música, conhecer novas bandas e ficar por dentro dos lançamentos, é um serviço ótimo! O preço é justo e o catálogo bem variado.

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  2. Marcos, assinei o Rdio em dezembro e desde então também não baixei mais nenhum disco. Ouço no trabalho, no iPhone, no iPad, em todo lugar. Muito bom, recomendo muito.

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  3. Interessante tema que gera acalorados debates com as mais variadas visões. A priori concordo inteiramente com o Tiago acerca de comparecimento a apresentações e compra de camisetas e material promocional dos artistas, no entanto, quanto a comprar os cd’s/dvd’s físicos não compartilho com tanta veemência de tal analise, senão vejamos: primeiramente a analise que farei aqui se refere exclusivamente a artistas/bandas que ainda tenham vínculos com grandes gravadoras (majors) pois, não sendo o caso, sou totalmente contrário a quem não adquiri itens (cd e dvd no caso) de gravadoras independentes ou mesmo que não façam parte de grandes conglomerados empresariais (universal, sony/bmg, emi, etc.), isso está fora de discussão para mim. No outro lado, das ditas “majors”, sou consumidor de rock há exatos 30 anos então passei e testemunhei muitas fases da indústria musical. Neste tempo todo comprei milhares de itens de PÉSSIMA qualidade com preços sempre INJUSTOS pra dizer o mínimo e não tinha escolha alguma, ou me rendia a isso ou não teria o prazer de curtir música na essência. A indústria musical e seus executivos engravatados e milionários, definitivamente, cagavam e andavam para os consumidores e para a qualidade do que era colocado no mercado até, pelo menos, o inicio deste novo século, sendo que tal assertiva foi dita e repetida diretamente para mim por várias pessoas que trabalhavam na área. Ok queridos, isso acabou...por culpa e risco exclusivamente destes mesmos indivíduos e pelo advento da internet. Agora temos liberdade de escolha e a minha escolha é não mais compactuar com essas situações, essas políticas e esses indivíduos que nada mais foram e ainda são lobos sedentos pelas melhores e maiores fatias do mercado musical e seus benefícios. Chega, cansei! E, o mais importante disso é que, como bem sabemos e já testemunhas vários e vários artistas (a lista é infindável, seria um comentário apenas para citá-los) que ainda tem vínculos (sejam totais ou parciais) com as “majors” falarem e repetirem...NÃO EXISTE ARTISTA OU BANDA QUE GANHA DINHEIRO COM VENDAS DE CD’s E DVD’s FÍSICOS...quando estes não possuem o controle sobre tais negócios. Apenas a indústria musical (digo, “majors”) ainda ganha algo com este tipo de produto, repassando valores irrisórios aos artistas que ganham dinheiro de verdade com shows, materiais promocionais e toda a gama de possibilidades que a democracia da internet e os métodos de marketing modernos podem lhes proporcionar para faturar em cima de sua arte...e ponto. Diante disso, e todas as nuances e detalhes que cercam a situação aqui exposta, sinceramente, não tenho o menor remorso se não compro um produto original de empresas com as características das supra citadas, até porque também não compro piratas ou genéricos que sustentem trafico de drogas ou atividades análogas, definitivamente troco arquivos e, caso encontre tais produtos a preços justos e honestos, geralmente bem depois de suas datas de lançamento, os adquiro se ainda tiver interesse. Em contrapartida disso não meço esforços ou dinheiro para estar nos shows de artistas/bandas que sou fã (até porque resido bem longe das regiões do país que são mais agraciadas por shows, internacionais principalmente) , bem como comprar todos os produtos destes que me interessem, seja nos shows ou nos sites oficiais porque, desta forma, tenho absoluta convicção que o que estou pagando está indo para o bolso de quem me interessa e de quem acho justo, simples assim. E, apenas relembrando, esta analise é apenas e exclusivamente para bandas/artistas que não sejam independentes, que não sejam “ajudados” por gravadoras pequenas e batalhadoras que suam suas camisas pela arte e pela música na essência ou que não tenham controle pleno sobre sua arte (tendo que “dividir” isto com grandes conglomerados empresariais da indústria do disco mundial e aceitar suas práticas), que tem meu total respeito, admiração, dinheiro e tempo disponível para celebrar a coisa que mais amamos...MÚSICA!
    FÁBIO NOBRE BRAZ
    Belém/Pa

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  4. Baixo sem dor na consciência...É ótimo pra conhecer e comecei a comprar mais discos depois que comecei a baixar. Gosto e acho justo ter o produto físico, mas só compro quando acho o preço justo...jamais vou pagar 50,60,70 reais por um CD simples (ouço o mp3 nesse caso até encontrar o disco por um preço justo)....mesmo que seja importado. Não sou colecionador...apenas compro os CDs que acho bons....nunca compraria...por exemplo o No prayer for the Dying do Iron pra completar a coleção pois acho o CD uma porcaria rs r r sr s r

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  5. Boa tarde,

    Eu tinha parado de comprar cd e Lp, mais quando conheci o colectors, voltei logo comprando todos os cd do GRAVEYARD, VIDUNDER, MOTHERSHIPS, KADAVAR..mais o meu esquema é baixa o album escutar e se valer! compro nao hora!! separo R$ 100,00 todo mes pra gastar com musica!!

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  6. Pra mim, não me adaptei a nenhum aparelho moderno sejam ereaders para ebooks, players mp3, etc., apesar de tê-los experimentado. Tive um problema moral com relação a isto. Porém faço downloads apenas para conhecer as obras. Nada substitui um lp, cd ou livro que abro e experimento a obra do artista por completo. Além do mais, pra mim, é muito difícil saber que posso baixar em segundos um livro, um disco do Motorhead ou do Jethro Tull que os artistas gastaram tanto suor para criar.

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  7. Eu compro cds todos os meses de gravadoras independentes e ou diretamente das bandas, pois nesse caso, sei para onde vai o dinheiro. É meu jeito de apoiar a cena e de não me sentir roubado, pois os preços praticados são sempre muito justos. Agora, quanto às grandes indústrias, concordo com o que disse o Fábio Nobre ali em cima: o artista é sempre explorado e pra elas meu dinheiro não vai, simples assim. NO mais, como meu mundo é o underground, semrpe tive acesso a vários cds/fitas/discos por meio de escambo, algo bem justo também e que não envolve dinheiro além daquele que se gasta no envio dos materiais. Enfim, alternativas aos downloads existem sempre, desde que se pesquise na internet ou entre os amigos mesmo, pq ouvir som apenas no computador ou no celular, sinceramente, não é pra mim.

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  8. Tentei comprar cds importados pela Amazon do Canadá e Americana e fui cobrado até pela empresa de entrega DHL uma tremenda empresa picareta, que cobra 50 reais só para lhe dizer que seu produto foi taxado, mas todos que esta empresa entrega são taxados, pode o cd custar 16 doletas ou 100 dólares, eles fazem questão dos fiscais taxarem para ganhar os 50 reais de cada produto. Já as empresas da Amazon da Europa são taxadas na maioria das encomendas, não todas, mas a maioria, e o preço cair por serem recolhido pelos correios, o maior problema é você receber uma encomenda de 20 Euros ou 35 dólares e ainda pagar taxas, os ficais da receita sabem que o limite é de 50 dólares ou 100 dólares entre pessoas físicas, mas eles não estão nem aí.
    Os cds e dvds são vendidos piratas na frente da receita e na porta da polícia federal, se você for em qualquer ponto de Ônibus ou praça pública tem caras com várias cópias piratas e ninguém faz nada. E o pior é que nós trabalhadores que gostamos de cultura, música em cds, dvds e Blurays e Filmes, somos taxados pelo imposto de renda na fonte, pelo IPTU, por IPVA e todos os tipos de impostos imagináveis. Agora pergunto a todos, por que eles não cobram uma taxa fixa para produtos deste tipo e justa? só para meter a mão em nosso suado dinheiro e roubarem, não tem outra explicação. Deveriam cobrar uma taxa de 10 % de Imposto federais e 5 % de ICMS, para CDS, DVDS, Blurays e Livros, não importa sobre o que seja, pois pode ser sobre música, conhecimentos técnicos, biografias, filmes em fim tudo para enriquecer a cultura de um povo e não enriquecer os governos que só pensam em desviar dinheiro. E hoje penso o seguinte, a senvergonhesa dos políticos independe da sigla, pode ser PT, PMDB ou PSDB, só muda a sigla mas a ganância é igual.
    Sou um consumidor de música a 28(vinte e oito anos) hoje tenho 40 anos de idade e sou Contabilista de Formação pela Universidade Federal.

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  9. Olha, eu sempre usei os downloads como uma maneira de saber onde meu dinheiro será investido. Obviamente que nem tudo que eu baixo eu compro, porém mais de 60% é certo. E sim, eu mantenho uma coleção digital também, por mais estranho que possa parecer.

    Esse lance de assinar sites de streaming é algo novo pra mim, por incrível que pareça, e vou procurar saber mais disso.

    Sobre os preços, concordo que comprar nacional não compensa hoje em dia, mas é indiscutível que comprar no ebay, por exemplo, compensa muito mais.

    Recentemente eu gastava R$100/mês e comprava em torno de 7 cds, desses, eu dividia em no máximo 3 lançamentos e o resto pra entrar na coleção.

    Acho que a situação (opções com custo "justo") hoje é boa para comprar álbum, e é bem mais fácil do que era nos anos 80, pelo que ouvimos dizer.

    Agora eu farei uma pergunta que sempre me intrigou: o assunto download/preço dos álbuns será eternamente discutido entre nós, amantes da boa música. Mas quantas vezes nós vimos artistas discutindo com gravadoras para diminuir o preço dos seus álbuns? Será que não está na hora de as próprias bandas começarem a agir também? E não falo só de edições especiais, digipacks, bônus songs e etc, por que isso já acontece hoje, mas não no sentido de engrandecer o produto que estamos comprando, mas sim no sentido de fazer-nos sentir menos incomodados com os preço que estamos pagando.

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